“VIVER DUAS VEZES” (“VIVIR DOS
VECES”), 2019, Espanha, produção Netflix, 1h41m, direção de María
Ripoll, com roteiro assinado por María Mínguez. Mesmo tratando de temas não
muito agradáveis, como o Mal de Alzheimer e a deficiência física infantil, essa
produção espanhola, para amenizar o contexto, tira partido de muito humor e de momentos de alta sensibilidade. Ou seja, “Viver Duas Vezes” diverte e emociona
na dose certa, transformando-se num filme bastante agradável de assistir. A
história é centrada no professor universitário aposentado Emílio (Oscar
Martínez), um gênio da matemática reconhecido no mundo inteiro. Chega o dia em
que ele começa a ter alguns apagões, como esquecimentos e desorientações, confirmando-se,
depois de alguns exames médicos, que ele sofre do Mal de Alzheimer. Ele começa
a ter atitudes esquisitas, como sair à noite pelas ruas de pijama e jogar para
o alto a comida. Nesses casos, claro, o doente precisa ser vigiado o dia inteiro,
tarefa que acaba recaindo sobre a família, no caso, a filha Julia (Inma
Cuesta), o genro Felipe (Nacho López) e a neta Blanca (Mafalda Carbonell), uma
garota esperta que enfrenta, desde que nasceu, uma grave deficiência nas
pernas. Independente desse problema, Blanca é uma garota muito esperta que
adora colocar palavrões em suas frases, para desespero dos pais. No dia em que Julia
recebe o pai para almoçar e expõe não saber o que fazer, Blanca dá o recado na
lata: “Mãe, leva ele para o asilo. É o que todo mundo faz”. A garotinha é
terrível mesmo, mas é ela que será a cúmplice do seu avô numa grande aventura.
Emílio resolve tentar encontrar um antigo amor de infância, uma tal Margarita. Blanca
tentar ajudar o avô navegando pelas redes sociais e descobre uma possibilidade
na cidade de Navarra. Emílio e a neta partem para a estrada, mas não contavam
com um problema mecânico no velho automóvel. Avô e neta ficam retidos num posto
de gasolina à espera de Júlia e do marido. O road movie continua, pois Júlia
decide, tal qual Blanca, ajudar Emílio em seu sonho quase impossível. Além da
história marcante, é sem dúvida no elenco que está o maior trunfo de “Viver
Duas Vezes”. A começar pelo grande ator argentino Oscar Martínez (“Ninho Vazio”,
“Cidadão Ilustre”, “Relatos Selvagens” e “Inseparáveis”, este último refilmagem
da comédia francesa “Intocáveis”). E a sensacional espanhola Inma Cuesta, que além de bonita é excelente atriz. Lembro dela em filmes como "Branca de Neve", "Todos já Sabem", "La Novia" e "La Voz Dormida". Mas a grande surpresa positiva é a presença de Mafalta Carbonell, cuja ótima atuação
(de estreia no cinema) garante os momentos mais divertidos. A diretora Maria Ripoll, ao dirigir "Ahora o Nunca" ("Agora ou Nunca"), em 2015, alcançou a posição invejável de diretora com a maior bilheteria da história do cinema espanhol. Enfim, “Viver Duas
Vezes” é um filme bastante sensível, diverte e emociona. Mais uma joia preciosa
lapidada pelo cinema espanhol. IMPERDÍVEL!
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