segunda-feira, 4 de maio de 2020


“VIVER DUAS VEZES” (“VIVIR DOS VECES”), 2019, Espanha, produção Netflix, 1h41m, direção de María Ripoll, com roteiro assinado por María Mínguez. Mesmo tratando de temas não muito agradáveis, como o Mal de Alzheimer e a deficiência física infantil, essa produção espanhola, para amenizar o contexto, tira partido de muito humor e de momentos de alta sensibilidade. Ou seja, “Viver Duas Vezes” diverte e emociona na dose certa, transformando-se num filme bastante agradável de assistir. A história é centrada no professor universitário aposentado Emílio (Oscar Martínez), um gênio da matemática reconhecido no mundo inteiro. Chega o dia em que ele começa a ter alguns apagões, como esquecimentos e desorientações, confirmando-se, depois de alguns exames médicos, que ele sofre do Mal de Alzheimer. Ele começa a ter atitudes esquisitas, como sair à noite pelas ruas de pijama e jogar para o alto a comida. Nesses casos, claro, o doente precisa ser vigiado o dia inteiro, tarefa que acaba recaindo sobre a família, no caso, a filha Julia (Inma Cuesta), o genro Felipe (Nacho López) e a neta Blanca (Mafalda Carbonell), uma garota esperta que enfrenta, desde que nasceu, uma grave deficiência nas pernas. Independente desse problema, Blanca é uma garota muito esperta que adora colocar palavrões em suas frases, para desespero dos pais. No dia em que Julia recebe o pai para almoçar e expõe não saber o que fazer, Blanca dá o recado na lata: “Mãe, leva ele para o asilo. É o que todo mundo faz”. A garotinha é terrível mesmo, mas é ela que será a cúmplice do seu avô numa grande aventura. Emílio resolve tentar encontrar um antigo amor de infância, uma tal Margarita. Blanca tentar ajudar o avô navegando pelas redes sociais e descobre uma possibilidade na cidade de Navarra. Emílio e a neta partem para a estrada, mas não contavam com um problema mecânico no velho automóvel. Avô e neta ficam retidos num posto de gasolina à espera de Júlia e do marido. O road movie continua, pois Júlia decide, tal qual Blanca, ajudar Emílio em seu sonho quase impossível. Além da história marcante, é sem dúvida no elenco que está o maior trunfo de “Viver Duas Vezes”. A começar pelo grande ator argentino Oscar Martínez (“Ninho Vazio”, “Cidadão Ilustre”, “Relatos Selvagens” e “Inseparáveis”, este último refilmagem da comédia francesa “Intocáveis”). E a sensacional espanhola Inma Cuesta, que além de bonita é excelente atriz. Lembro dela em filmes como "Branca de Neve", "Todos já Sabem", "La Novia" e "La Voz Dormida". Mas a grande surpresa positiva é a presença de Mafalta Carbonell, cuja ótima atuação (de estreia no cinema) garante os momentos mais divertidos. A diretora Maria Ripoll, ao dirigir "Ahora o Nunca" ("Agora ou Nunca"), em 2015, alcançou a posição invejável de diretora com a maior bilheteria da história do cinema espanhol. Enfim, “Viver Duas Vezes” é um filme bastante sensível, diverte e emociona. Mais uma joia preciosa lapidada pelo cinema espanhol. IMPERDÍVEL!

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