quarta-feira, 15 de abril de 2020


“CRIADO IGUAL” (“CREATED EQUAL” – a tradução literal para o português é minha, já que o filme ainda não chegou por aqui), 2017, Estados Unidos, 1h31m, direção do veterano ator Bill Duke. Roteiristas: Michael Ricigliano, Joyce Renee Lewis, Theta Catalon e Ned Bowman, que adaptaram a história para o cinema baseados no romance de Roger A. Brown. É um filme de fundo religioso, filosófico e, principalmente, jurídico, já que grande parte dele tem como cenário um tribunal. A história começa com a jovem Alejandra Batista (Edy Ganem), noviça que trabalha como auxiliar numa escola para crianças carentes administrada por freiras católicas. O sonho dela é entrar para o seminário e se tornar padre. Como o seu pedido é recusado pela Arquidiocese de New Orleans, ela decide entrar com um processo. Indicado para defendê-la, sem honorários (o tal pro bono, que os grandes escritórios norte-americanos de advocacia costumam promover “para o bem público”). O advogado Thomas Reily (Aaron Tveit) é nomeado para trabalhar no processo. Pessimista quanto ao resultado final, Thomas começa a acreditar que a fé de Alejandra é tão forte que pode interferir no resultado final. O caso gera imediata repercussão e logo ganha uma grande legião de inimigos: os fervorosos católicos, incluída entre eles a própria mãe de Thomas, além de um radical disposto a assassinar a noviça rebelde. Começa o julgamento. A defesa dos preceitos da Igreja no tribunal fica a cargo do Monsenhor Renzulli (Lou Diamond Phillips). Os principais argumentos de Thomas são baseados na questão da discriminação de gêneros, ou seja, na igualdade de direitos que nos Estados Unidos é garantida pela constituição. E por aí vão as discussões, que resultam em diálogos muito interessantes. Batalha dura para Thomas e Alejandra. Não é fácil modificar uma norma milenar que faz parte do Código do Direito Canônico da Igreja Católica. No desfecho, quando começam a subir os créditos, aparece o Papa Francisco dando uma entrevista coletiva falando justamente sobre esse tema: “Com relação à ordenação de mulheres, a Igreja já falou que não. A porta está fechada”. Fora os prós e contras, o filme é muito interessante ao abordar tema tão polêmico. Só achei que a abordagem ficou na superfície, poderia ir muito mais fundo, ainda mais que trabalharam no roteiro uma equipe de quatro roteiristas. Achei um outro defeito de roteiro que me chamou muito a atenção. Durante todo o processo, ninguém orientou Alejandra a ingressar num convento e estudar para ser freira. Dá para assistir "Criado Igual" numa boa e depois discutir o tema com os amigos. Vai dar briga boa.       

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