“CRIADO IGUAL” (“CREATED EQUAL” – a
tradução literal para o português é minha, já que o filme ainda não chegou por
aqui), 2017, Estados Unidos, 1h31m, direção do veterano ator Bill Duke.
Roteiristas: Michael Ricigliano, Joyce Renee Lewis, Theta Catalon e Ned Bowman,
que adaptaram a história para o cinema baseados no romance de Roger A. Brown. É um filme de
fundo religioso, filosófico e, principalmente, jurídico, já que grande parte
dele tem como cenário um tribunal. A história começa com a jovem Alejandra
Batista (Edy Ganem), noviça que trabalha como auxiliar numa escola para crianças
carentes administrada por freiras católicas. O sonho dela é entrar para o
seminário e se tornar padre. Como o seu pedido é recusado pela Arquidiocese de
New Orleans, ela decide entrar com um processo. Indicado para defendê-la, sem
honorários (o tal pro bono, que os grandes escritórios norte-americanos
de advocacia costumam promover “para o bem público”). O advogado Thomas Reily
(Aaron Tveit) é nomeado para trabalhar no processo. Pessimista quanto ao
resultado final, Thomas começa a acreditar que a fé de Alejandra é tão forte
que pode interferir no resultado final. O caso gera imediata repercussão e logo ganha
uma grande legião de inimigos: os fervorosos católicos, incluída entre eles a
própria mãe de Thomas, além de um radical disposto a assassinar a noviça rebelde.
Começa o julgamento. A defesa dos preceitos da Igreja no tribunal fica a cargo do
Monsenhor Renzulli (Lou Diamond Phillips). Os principais argumentos de Thomas são
baseados na questão da discriminação de gêneros, ou seja, na igualdade de
direitos que nos Estados Unidos é garantida pela constituição. E por aí vão as
discussões, que resultam em diálogos muito interessantes. Batalha dura para Thomas
e Alejandra. Não é fácil modificar uma norma milenar que faz parte do Código do
Direito Canônico da Igreja Católica. No desfecho, quando começam a subir os
créditos, aparece o Papa Francisco dando uma entrevista coletiva falando
justamente sobre esse tema: “Com relação à ordenação de mulheres, a Igreja já
falou que não. A porta está fechada”. Fora os prós e contras, o filme é muito
interessante ao abordar tema tão polêmico. Só achei que a abordagem ficou na
superfície, poderia ir muito mais fundo, ainda mais que trabalharam no roteiro
uma equipe de quatro roteiristas. Achei um outro defeito de roteiro que me
chamou muito a atenção. Durante todo o processo, ninguém orientou Alejandra a ingressar num convento e estudar para ser freira. Dá para assistir "Criado Igual" numa boa e
depois discutir o tema com os amigos. Vai dar briga boa.
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