Ao ser exibido como filme de abertura do Festival de Cannes
2016, dentro da Mostra “Um Certain Regard”, o drama egípcio “CLASH” (“Eshtebak”), roteiro e direção
de Mohamed Diab, surpreendeu e causou polêmica não apenas pelo forte teor
político, mas também pela estética inovadora. Trata-se de um filme bastante
perturbador, cuja ação é toda ambientada dentro de um camburão da polícia. Cairo,
2013, a capital egípcia vive momentos de alta tensão com a queda do presidente
islamita Mohamed Morsi. As manifestações de rua são violentas e precisam ser
reprimidas. Uns manifestantes são a favor deste ou daquele credo religioso,
como também pró-exército, além dos fanáticos defensores da Irmandade Muçulmana e daqueles
que defendem outras ideologias. Ninguém se entende, uma confusão danada. O tal camburão – sempre filmado
de dentro –, percorre as
ruas do Cairo recolhendo os manifestantes mais exaltados, sejam eles adultos,
jovens, mulheres, velhos e até crianças. Claro que no camburão as diferenças
serão colocadas em jogo, tumultuando ainda mais o ambiente. As pessoas detidas
no camburão gritam o tempo todo defendendo cada qual sua posição política, aumentando ainda mais a tensão e a sensação
claustrofóbica. Resumo da ópera: é um filme bastante interessante e, ao mesmo
tempo, muito indigesto e desagradável. “Clash” foi o representante oficial do Egito na disputa
do Oscar 2017 de Melhor Filme Estrangeiro, lembrando que foi o segundo filme
escrito e dirigido pelo diretor Mohamed Diab – o primeiro foi o também elogiado “Cairo 678”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário