segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Ao ser exibido como filme de abertura do Festival de Cannes 2016, dentro da Mostra “Um Certain Regard”, o drama egípcio “CLASH” (“Eshtebak”), roteiro e direção de Mohamed Diab, surpreendeu e causou polêmica não apenas pelo forte teor político, mas também pela estética inovadora. Trata-se de um filme bastante perturbador, cuja ação é toda ambientada dentro de um camburão da polícia. Cairo, 2013, a capital egípcia vive momentos de alta tensão com a queda do presidente islamita Mohamed Morsi. As manifestações de rua são violentas e precisam ser reprimidas. Uns manifestantes são a favor deste ou daquele credo religioso, como também pró-exército, além dos fanáticos defensores da Irmandade Muçulmana e daqueles que defendem outras ideologias. Ninguém se entende, uma confusão danada. O tal camburão – sempre filmado de dentro , percorre as ruas do Cairo recolhendo os manifestantes mais exaltados, sejam eles adultos, jovens, mulheres, velhos e até crianças. Claro que no camburão as diferenças serão colocadas em jogo, tumultuando ainda mais o ambiente. As pessoas detidas no camburão gritam o tempo todo defendendo cada qual sua posição política, aumentando ainda mais a tensão e a sensação claustrofóbica. Resumo da ópera: é um filme bastante interessante e, ao mesmo tempo, muito indigesto e desagradável. “Clash” foi o representante oficial do Egito na disputa do Oscar 2017 de Melhor Filme Estrangeiro, lembrando que foi o segundo filme escrito e dirigido pelo diretor Mohamed Diab – o primeiro foi o também elogiado “Cairo 678”. 

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