sábado, 14 de junho de 2014

Muita gente não vê um filme só porque é preto e branco. Quem pensa dessa forma pode estar perdendo filmes magistrais. Só para citar dois exemplos: o recente “Nebraska” e “Manhattan”, a obra-prima de Woody Allen. E, se por causa disso, não assistir “Oh Boy”, 2012, vai se arrepender por não ter visto um dos filmes alemães mais surpreendentes, criativos e inteligentes dos últimos anos. Já começa pela deliciosa trilha sonora, bem ao estilo de Allen, com um jazz instrumental das décadas de 30/40. Vamos à história. Chegando aos 30 anos, Niko Fischer (Tom Schilling) não tem emprego, acabou de largar a faculdade de Direito, brigou com a namorada, o pai cortou sua mesada, perdeu a carteira de motorista e ainda foi atestado por um psicólogo como um desequilibrado emocional. Enfim, um fracassado. Independente de tudo isso, Niko é boa gente. O filme, narrado pelo próprio Niko, dura um dia e uma noite. É durante esse período que ele vai peregrinar por Berlim com o amigo Matze (Marc Hosemann), visitar um estúdio onde é produzido um filme sobre o nazismo, conversar com os tipos mais estranhos e ainda reencontrar uma antiga colega de colégio, a maluquete Julika (Friederike Kempter). Mesmo quando o assunto exige um pouco mais de seriedade, os diálogos são construídos dentro do mais fino humor, assim como também são bem-humoradas as situações envolvendo Niko. Com uma fotografia deslumbrante, que lembra mais uma vez “Manhattan”, de Allen, o diretor Jan Ole Gerster apresenta cenários pouco conhecidos de uma Berlim pulsante, moderna, em contínuo movimento. Imperdível!

Nenhum comentário: