“NO LUGAR DA OUTRA” (“EL LUGAR
DE LA OUTRA”), 2024, Chile, 1h29m, em cartaz na Netflix, estreia
na direção de longas de Maite Alberdi, mais conhecida como diretora de
documentários, seguindo roteiro assinado por Inés Bortagaray e Paloma Salas. A
história é baseada em fatos reais, ou seja, o caso de assassinato que envolveu a
escritora chilena María Carolina Geel (1913-1996), conforme descrito no livro “Las
Homicidas”, de Laura Trabucco Zerán. María Carolina foi presa, julgada e
condenada por ter matado a tiros, no dia 14 de abril de 1955, no restaurante do
Hotel Crillón, na capital Santiago, seu amante Roberto Pumarino Valenzuela. A
personagem central da história, porém, provavelmente criada pelos roteiristas, é
Mercedes (Elisa Zulueta), funcionária do tribunal responsável pela investigação
e julgamento da escritora. A pedido do juiz que presidia o inquérito, Mercedes
ficou encarregada de esmiuçar a vida particular da acusada, além de visitar seu
apartamento para pegar algumas roupas e objetos pessoais. Com as chaves do imóvel na mão, Mercedes
passou a visitar constantemente onde a escritora morava, admirando a luxuosa
decoração, suas roupas de grife, tudo de muito luxo e
bom gosto. Aos poucos, Mercedes acaba obcecada pelo modo de vida da
assassina, principalmente quando a comparava com a simplicidade de sua própria
casa, seu marido pouco romântico e seus filhos rebeldes, que dormiam num
beliche dentro de um quartinho. Mercedes se encantou com a vida que a escritora
levava e começou a se vestir como ela, a usar seus cosméticos. Enfim, assumiu a
personalidade da outra e usufruindo de todo aquele luxo. Espero não estar
exagerando em apontar “No Lugar da Outra” como uma pequena joia do cinema
chileno. O roteiro é primoroso, o elenco é excelente, com destaque para as atrizes Elisa Zulueta, como Mercedes, e Francisca Lewin, como a escritora assassina. Além disso, a ambientação de época é um capricho só, destacando-se os figurinos e os cenários - o desfile de carros antigos pelas ruas é outro grande atrativo do filme. Não é por outros motivos que o filme está sendo indicado para
representar o Chile na disputa do Oscar 2025 na categoria de Melhor Filme
Internacional. Talvez não ganhe, mas garanto: é ótimo. Não perca!
Nenhum comentário:
Postar um comentário