segunda-feira, 4 de julho de 2022

 

“MADRES, MÃES DE NINGUÉM” (“MADRES”), 2021, Estados Unidos, disponível na plataforma Amazon Prime Video, 1h24m, roteiro e direção de Ryan Zaragoza. Mais do que um filme de suspense e terror, trata-se de um filme-denúncia, pois relata, de forma realista, a prática, nos Estados Unidos, da esterilização não consentida em mulheres grávidas que chegam ao país como imigrantes ilegais, principalmente mexicanas. Ao longo do século passado, mais de 64 mulheres e homens foram esterilizados à força nos EUA como parte do infame Movimento Nacional de Eugenia, cujo objetivo era restringir os direitos reprodutivos dos considerados geneticamente inferiores. Em 1975, um grupo de imigrantes mexicanas processou um hospital de Los Angeles onde foram esterilizadas sem permissão. Não deu em nada. A prática voltou neste século no Estado da Geórgia. A história de “Madres” é ambientada nos anos 70 e tem como personagem principal um casal de origem mexicana, Diana (Ariana Guerra) e Beto (Tenoch Huerta), ela grávida prestes a dar à luz. Eles chegam a uma pequena cidade da Califórnia e alugam uma casa assombrada pelo fantasma de uma mulher. Sem entrar muito nos detalhes da história para não estragar as surpresas, Diana acaba como paciente de uma dessas clínicas de esterilização. O filme tem o clima de suspense e alguns sustos, mas está longe de ser um filme de dar medo, ou seja, um terror digno do nome. Quando o filme começa há uma citação do escritor Joseph Conrad que explica o que vamos assistir: “A crença em uma origem sobrenatural do mal não é necessária; o Homem, por si só, é capaz de qualquer maldade”. Trocando em miúdos, “Madres” consegue o objetivo de denunciar uma prática execrável da medicina nos EUA (até hoje, nenhuma das vítimas foi indenizada).  

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