“MADRES, MÃES DE NINGUÉM” (“MADRES”),
2021,
Estados Unidos, disponível na plataforma Amazon Prime Video, 1h24m, roteiro e
direção de Ryan Zaragoza. Mais do que um filme de suspense e terror, trata-se
de um filme-denúncia, pois relata, de forma realista, a prática, nos Estados
Unidos, da esterilização não consentida em mulheres grávidas que chegam ao país
como imigrantes ilegais, principalmente mexicanas. Ao longo do século passado,
mais de 64 mulheres e homens foram esterilizados à força nos EUA como parte do
infame Movimento Nacional de Eugenia, cujo objetivo era restringir os direitos
reprodutivos dos considerados geneticamente inferiores. Em 1975, um grupo de
imigrantes mexicanas processou um hospital de Los Angeles onde foram
esterilizadas sem permissão. Não deu em nada. A prática voltou neste século no
Estado da Geórgia. A história de “Madres” é ambientada nos anos 70 e tem como
personagem principal um casal de origem mexicana, Diana (Ariana Guerra) e Beto (Tenoch
Huerta), ela grávida prestes a dar à luz. Eles chegam a uma pequena cidade da
Califórnia e alugam uma casa assombrada pelo fantasma de uma mulher. Sem entrar
muito nos detalhes da história para não estragar as surpresas, Diana acaba como
paciente de uma dessas clínicas de esterilização. O filme tem o clima de
suspense e alguns sustos, mas está longe de ser um filme de dar medo, ou seja,
um terror digno do nome. Quando o filme começa há uma citação do escritor
Joseph Conrad que explica o que vamos assistir: “A crença em uma origem sobrenatural
do mal não é necessária; o Homem, por si só, é capaz de qualquer maldade”.
Trocando em miúdos, “Madres” consegue o objetivo de denunciar uma prática
execrável da medicina nos EUA (até hoje, nenhuma das vítimas foi
indenizada).
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