quarta-feira, 16 de janeiro de 2019


Selecionado para representar o Paraguai na disputa do Oscar 2019 de Melhor Filme Estrangeiro, “AS HERDEIRAS” (“LAS HEREDERAS”) ganhou o aval dos críticos profissionais que o premiaram nos Festivais de Berlim, onde estreou, e em Gramado. Trata-se de um drama, cuja história é centrada em Chela (Ana Brun), mulher de meia-idade lésbica que vive com a companheira Chiquita (Margarita Irún) há muitos anos – no começo, pensei que eram irmãs (aliás, o filme não especifica claramente a relação, podendo gerar especulações). Ambas, como o filme dá a entender, pertenciam a famílias abastadas, mas agora são obrigadas a vender seus pertences para sobreviver. A casa onde vivem recebe muitas visitas de mulheres que se interessam em comprar jogos de copos de cristal, estátuas, mesas, toalhas, prataria etc. Chela é uma mulher de falar pouco, sempre com uma atitude passiva. Tanto que, quando chegam as pessoas para comprar suas coisas, quem negocia é a empregada Pati (Nilda González). Chela fica num canto da casa só observando. Chela só fica brava quando Pati não coloca de maneira correta copos, xícaras e remédios em sua bandeja do café da manhã. Depois que Chiquita é presa por sonegação fiscal, Chela se vê ainda mais sozinha e é justamente em Pati que ela vai buscar aconchego. Até que um dia, ao dar uma carona para uma vizinha rica, Pituca (María Martins, ótima), Chela aceita, meio constrangida, “uma caixinha”. Ela então passa a trabalhar como uma taxista amadora, levando pra lá e pra cá as amigas de Pituca. Nessas andanças ela conhece a fogosa Angy (Ana Ivanova), bem mais nova, e daí surge uma amizade bem próxima de uma paixão. Chela muda seu comportamento depois de conhecer Angy e culmina com um ato desesperado depois que sua companheira, depois que saiu da prisão, vende o carro sem o consentimento da parceira. O roteirista e diretor Marcelo Martinessi, em seu primeiro longa-metragem, conseguiu um belo registro intimista de um mundo exclusivo das mulheres de meia-idade, suas fragilidades, carências e frustrações. Sem dúvida, um filme bastante sensível, cinema de alta qualidade. E que atriz é Ana Brun!      

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