“O PEQUENO QUINQUIN” (“P’tit Quinquin”), 2014, foi produzido, originalmente, como
uma minissérie para a TV francesa, em quatro episódios. Agora chega ao cinema,
com 3h20 de duração. É um filme interessante, a começar do elenco, constituído integralmente
por atores amadores, alguns deles com defeitos físicos bem evidentes, como o
rosto disforme do próprio Quinquin (Alane Delhaye). A história é toda
ambientada num vilarejo litorâneo, provavelmente na Normandia, e gira em torno
de três macabros assassinatos. Pedaços de corpos humanos são encontrados no
interior de vacas mortas, uma delas resgatada num bunker remanescente da Segunda Grande
Guerra. Em paralelo às investigações realizadas pelo capitão Van der Weyden
(Bernard Pruvost) e seu assistente abobado Carpentier (Philippe Jore), o jovem Quinquin
e sua turma passam os dias aprontando as maiores traquinagens. Todos os atores
são amadores. Bernard Pruvost, por exemplo, que interpreta o capitão Van der
Weyden, é jardineiro na vida real. O diretor francês Bruno Dumont (“O Pecado de
Hadewijch”, “Camille Claudel”) não economizou no politicamente incorreto. Além
de Quinquin, a maioria dos atores tem um defeito físico, como o próprio capitão
Van der Weyden, manco e cheio de cacoetes. O politicamente incorreto também
está na atitude racista com relação a um negro filho de imigrantes africanos, xingado
e humilhado em várias cenas. Não é um filme comum e, com certeza, não seria exibido
em nossos canais abertos. Apesar da história trágica, tem muito humor e
momentos até hilariantes, como a cena da missa em homenagem a um dos mortos.
Trata-se, na verdade, de mais uma excentricidade do diretor Bruno Dumont. Talvez
sirva como aval o fato do filme ter sido eleito pelos críticos da Revista
Cahiers Du Cinéma como o Melhor de 2014.
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