“UMA NOITE EM MIAMI” (“ONE
NIGHT IN MIAMI”),
2020, Estados Unidos, disponível na plataforma American Prime Video, 1h54m, filme
de estreia na direção da atriz Regina King. E que estreia! Antes, porém, de
iniciar meu comentário, aviso que o filme não é recomendado para o grande
público, mas sim para o público grande, ou seja, o público adulto. Na verdade,
o filme é uma adaptação da peça teatral homônima, escrita em 2013 pelo
dramaturgo Kemp Powers, também autor do roteiro. Em sua peça, Powers teve a
ideia de criar um encontro fictício em fevereiro de 1964 em um hotel de Miami,
reunindo quatro dos principais ícones negros da época: o lutador de boxe Cassius Clay,
o ativista Malcom X, o cantor e compositor Sam Cooke e o astro do futebol americano
Jim Brown. As quatro celebridades se reuniram depois de assistirem Clay ganhar
o título de campeão dos pesos pesados ao vencer Sonny Liston. É um filme de
diálogos, aliás muito bem escritos, relevantes e atuais, colocando em discussão
temas como o racismo, os direitos civis dos negros e ainda a conversão de Malcom X e Cassius Clay para a Nação do Islã. Naquele mesmo ano, Cassius Clay mudaria seu nome para Muhammad
Ali. Para interpretar os personagens principais, Regina King convocou Eli Goree
(Cassius Clay), Kingsley Ben-Adir (Malcolm X), Aldis Hodge (Jim Brown) e Leslie
Odom Jr. (Sam Cooke), todos ótimos e muito bem caracterizados. Também estão no elenco
Lance Reddick, Michael Imperioli, Law Rence Gilliard Jr., Derek Roberts, Beau
Bridges, Matt Fowker, Jeremy Pope e Christopher Gorgham. O surpreendente filme
de Regina King estreou no Festival de Cinema de Veneza em setembro de 2020, foi
exibido em inúmeros outros festivais – sempre com muitos elogios da crítica -, e
culminou com três indicações ao Oscar 2021: Melhor Ator Coadjuvante (Leslie
Odom Jr.), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Canção Original (“Speak Now”). Não
levou nenhuma estatueta. Acho que foi injusto também não ter sido indicado a Melhor
Filme. Trocando em miúdos, “Uma Noite em Miami” parte de uma ideia genial, transforma-se
em uma peça teatral e, finalmente, em um grande filme. Aliás, um FILMAÇO!,
assim mesmo, com letras maiúsculas.
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