
segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

sábado, 28 de dezembro de 2019
“MAMÃE SAIU DE FÉRIAS” (“MAMÁ
SE FUE DE VIAJE”), 2019, México, 1h40m, roteiro e direção de
Fernando Sariñana. Trata-se de um remake do filme argentino “Mamá se Fue
de Viaje”, de 2017, que também teve uma versão italiana este ano, “10 Giorni
Senza Mamma”. A versão mexicana, tema deste comentário, é muito divertida.
Cassandra (Andrea Legarreta), a dona da casa, resolve tirar umas férias para
fazer um curso de Ioga. Deixou os quatro filhos aos cuidados do pai,
completamente inexperiente na função, pois dedica-se integralmente à empresa
onde trabalha como gerente. Ah, ainda sobrou o cachorro da família, “Canabis”.
Aquelas confusões de sempre: acordar cedo para fazer o café para a criançada, cuidar
das roupas de cada um, deixar comida com o cachorro, levar e buscar no colégio
etc. E ainda ter que cuidar de contratar uma faxineira, pois a antiga sofreu um
acidente e está de licença. Como toda a desgraça não vem sozinha, Gabriel tem
de mostrar serviço na empresa, já que haverá uma promoção para um cargo mais
alto e ele é cotado como favorito. Sua maior chance de conquistar o cargo pode
estar no Dia da Família, um evento anual organizado pela empresa no qual os
funcionários levam suas famílias para participar de brincadeiras, jogos e
muitas diversões. As cenas dessa festa são as mais engraçadas do filme. “Mamãe Saiu
de Férias” é uma ótima dica para uma sessão da tarde com a família. Para rir à
vontade!
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019
“EL REINO”, 2018,
Espanha, 2h12m, roteiro e direção de Rodrigo Sorogoyen (“Que Dios nos Perdone”).
Um filme poderoso e impactante, onde os bastidores sujos da política – corrupção,
traições, negociatas etc. – são expostos de forma crua e impiedosa. A história
é inspirada num dos mais famosos esquemas de corrupção da Espanha, o “Caso Gürtel”,
descoberto em novembro de 2007 e que levou gente graúda do Partido Popular (PP)
para a cadeia. No filme, o personagem principal é Manuel López-Vidal (Antonio
de la Torre, ótimo), vice-secretário de um governo regional que está sendo cotado para
ser candidato de seu partido a um alto cargo no governo espanhol. A turma partidária
de Manuel inclui políticos importantes (é nesse grupo que se baseou o título
original do filme). São os chamados “caciques” do partido. Eles se reúnem constantemente
em restaurantes e hotéis luxuosos e até no iate de um deles, além de festinhas
tipo Sérgio Cabral e quadrilha em Paris. O objetivo dessas reuniões é o de
sempre: festejar alguma maracutaia bem-sucedida, derrubar algum inimigo (ou até
um amigo) político e planejar o próximo golpe. Enfim, gente da pior qualidade e
sempre com a pior das intenções (lembram políticos de algum país que você conhece?).
Até que um dia Paco (Nacho Fresnada), um dos políticos da turma de Manuel,
acaba denunciado e preso acusado de conceder contratos públicos a empresas em
troca de dinheiro. As acusações recaem também sobre Manuel, que, ao ver sua
carreira política praticamente arruinada, decide que não vai “cair” sozinho. O elenco
conta ainda com Bárbara Lennie (excelente), Josep Maria Pou, Mónica López, Luis
Zahera e Ana Wagener. “El Reino” foi o grande vencedor do 33º Prêmio Goya de
Cinema (o Oscar espanhol), recebendo nada menos do que 13 indicações. Ganhou em
sete categorias, entre as quais Melhor Diretor, Melhor Ator (Antonio de La
Torre) e Melhor Roteiro Original. Também arrancou elogios entusiasmados quando
foi exibido no 66º Festival de San Sebastian e ainda na Seção “Contemporany
World Cinema” do Toronto International Film Festival/2018. Sem dúvida, um
grande filme. Imperdível!
terça-feira, 17 de dezembro de 2019
PÂNICO NAS ALTURAS (“OTRYV”), 2019,
Rússia, 1h25m, direção de Tigran Sakakyan, que também é autor do roteiro com a
colaboração de Denis Kosyakov e Alexandr Nazarov. É o primeiro longa-metragem
do cineasta russo Tigran. Uma boa estreia, aliás, pois realizou um suspense de
tirar o fôlego. Na noite de Ano Novo, cinco amigos resolver alugar um
teleférico para subir numa montanha dos Montes Urais e de lá descer até a base de
snowboarding. Programa de maluco, enfrentar um frio de muitos graus
abaixo de zero (a cordilheira é uma das mais frias do mundo), tempestades etc.
No meio do caminho, quando estão bem lá no alto, lá embaixo, na sala de
controle, o maquinista sofre um grave acidente, provocando a parada do
equipamento. Ou seja, o teleférico ficou ao sabor do vento, deixando os amigos
apavorados. O filme relata o sofrimento desse pessoal até o desfecho. A gente
acompanha tudo na maior aflição, num alto nível de tensão e suspense, pois a
cada minuto acontece algo para piorar ainda mais a situação. A gente fica com a
impressão de que apenas nós, os espectadores, sobreviveremos. No elenco – para mim, de ilustres
desconhecidos - estão Irina Antonenko (uma atriz russa lindíssima), Anastasiya
Grachyova, Vladimir Gusev, Denis Kostakov (também um dos roteiristas) e Andrey
Nazimov. Um bom programa para quem gosta de sofrer curtindo o sofrimento dos
outros.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

domingo, 15 de dezembro de 2019

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

terça-feira, 10 de dezembro de 2019
“AD ASTRA – RUMO ÀS ESTRELAS”
(“AD ASTRA”), 2019, Estados Unidos, 2h01m, roteiro e direção
de James Gray. Trata-se de uma ficção científica bem arrojada, com uma história
pra lá de mirabolante, maluca mesmo, indicada para quem curte filmes com naves
espaciais e viagens interplanetárias. Estamos num futuro bastante distante, quando
o mundo inteiro de repente é afetado por ondas elétricas vindas não se sabe de
onde e que estão ocasionando apagões em todo nosso planeta. O major Roy McBride
(Brad Pitt), engenheiro e astronauta, é enviado para espaço com o objetivo de
descobrir o que está acontecendo. Ele chega primeiro à Lua e depois a Marte. Em
ambos estão instaladas bases militares espaciais norte-americanas. No meio da
missão, os superiores entram em contato com Roy e dizem ter evidências de que
seu pai, o também astronauta Clifford McBride (Tommy Lee Jones), que se perdeu
no espaço há 20 anos no caminho para Netuno, pode estar vivo. Segundo foi
apurado, Clifford abandonou sua missão inicial e partiu para outras galáxias
tentando provar que existe vida inteligente em outros planetas, ao contrário
das versões oficiais que já comprovaram não existir vida além da Terra (a
afirmação é do filme). Perturbado pela notícia sobre a possibilidade de seu pai
estar vivo, Roy desobedece a seus superiores, sequestra uma nave e parte para
encontrar seu pai, se é que realmente está vivo. Se há algo que deve ser
elogiado no filme de Gray (“Uma Vez em Nova Iorque”, “Z: A Cidade Perdida”) é o
design de produção, com cenários deslumbrantes e uma fotografia das mais
competentes, além de algumas cenas de ação muito bem realizadas. O que me
irritou foi a utilização demasiada da narração em off, na qual Roy
exprime seus pensamentos. Uma chatice que lembra os filmes abomináveis do
intragável cineasta norte-americano Terrence Malick. No mais, “Ad Astra” (momento cultural: do
latim traduzido para o português, “Rumo às Estrelas”) não merece muitos elogios e poucos motivos para recomendá-lo. Mas sou
suspeito em dizer isso, pois nunca fui muito fã de filmes de ficção científica,
principalmente aqueles com naves, astronautas, viagens interplanetárias e alienígenas. Completam o elenco Liv Tyler, Ruth Nega e Donald Sutherland. O filme estreou durante a programação oficial do Festival de Veneza no dia 29 de agosto de 2019. Indicado para aqueles que vivem no mundo da Lua.
domingo, 8 de dezembro de 2019
“CONEXÃO DE ELITE” (“THE
PREPPIE CONNECTION”), 2016, EUA, 95 minutos, feito originalmente para TV, roteiro e direção de
Joseph Castelo (é o seu 3º longa-metragem). A história é baseada em fatos reais
e inspirada na vida de Derek Oatis, um estudante de família pobre que na década
de 80, por intermédio de uma bolsa, conseguiu se matricular numa renomada escola preparatória particular. Para se
enturmar com um grupo de jovens estudantes ricos e bagunceiros, Derek ingressou na turma para
ficar perto de uma menina que ele adorava, mas que namorava um outro cara. Na
convivência com os ricaços da faculdade, Derek percebeu que podia ganhar
dinheiro vendendo cocaína e, assim, ajudar os pais financeiramente. Com a colaboração
de um aluno colombiano cujo pai era embaixador, Derek conseguiu viajar para a
Colômbia e lá entrar em contato com um traficante, arranjar a droga e depois
comercializá-la na faculdade. Fez isso várias vezes, mas abusou da sorte e
acabou preso (o verdadeiro Derek aparece dando um depoimento durante os
créditos finais). O caso foi um escândalo nacional, pois envolveu filhos de políticos
e empresários importantes. No filme, Derek ganhou o nome de Tobias Hammel
(Thomas Mann), assim como os outros personagens tiveram os nomes alterados, provavelmente
por questões judiciais, como Alexis Hayes (Lucy Fry), Ellis Tynes (Logan
Huffman) e Ingrid (Amy Hargreaves), entre outros. Aos 28 anos, o bom ator Thomas
Mann já tem um currículo extenso no cinema, com 5 séries de TV e 26 filmes,
entre os quais “João e Maria: Caçadores de Bruxas” (2013), “Escola de Espiões” (2015),
“Herança de Sangue” (2016) e “Estrada Sem Lei” (2018).
sábado, 7 de dezembro de 2019
“INVASÃO AO SERVIÇO SECRETO” (“ANGEL
HAS FALLEN”), 2019, EUA, 2h1m, direção de Ric Roman Waugh,
que também é autor do roteiro com a colaboração de Katrin Benedikt, Robert Mark
Kamen, Matt Cook e Creighton Rothenberger. Este é o terceiro filme da série que
conta como principal personagem o agente secreto Mike Benning (Gerard Butler, também
protagonista dos dois primeiros, “Invasão à Casa Branca”, de 2013, e “Invasão a
Londres”, de 2016). Desta vez, ou mais uma vez, Mike tenta proteger o
presidente norte-americano Allan Trumbull (Morgan Freeman) de uma conspiração comandada
por integrantes de uma organização ligada à indústria de armas, cujo objetivo é
assassinar Trumbull e provocar uma guerra com a Rússia. Entre eles, alguns ex-agentes secretos que trabalharam com Benning. No primeiro atentado contra
o presidente, durante uma pescaria num lago, os criminosos utilizam um sofisticado
“exército” de drones equipados com bombas. Morre quase todo mundo, numa
espetacular cena de prender o fôlego. Ao longo
das investigações realizadas pelo FBI, descobre-se que existe alguém ligado à
alta cúpula do governo que está vazando informações não só para a imprensa,
como também para a organização criminosa, que não sossega enquanto não matar o
nº 1 dos EUA. Enquanto isso, o pessoal do FBI recebe um dossiê falso que aponta
como o idealizador de toda a trama o próprio Benning, que é obrigado a fugir e
depois tentar provar sua inocência. Leah Benning, esposa do agente, e o pai
dele, Clay Benning (Nick Nolte), acabam também envolvidos na história, correndo
risco de vida. Mas o nosso herói vai resolver tudo da melhor maneira possível,
garantindo um desfecho mais do que previsível. O ator escocês Gerard Butler,
que já esbanjou charme em “O Fantasma da Ópera (2004) e barriga de tanquinho em
“300” (2006), mostra agora uma evidente decadência física. Está meio inchado,
resultado das biritas que adora tomar. Talvez não faça a 4ª versão, se houver. De
qualquer forma, “Invasão ao Serviço Secreto” tem todos os ingredientes de um
bom filme de ação, geralmente um gênero que dá folga aos nossos neurônios. Saco
de pipoca na mão e boa sessão da tarde!
quinta-feira, 5 de dezembro de 2019
“PÁSSARO DO ORIENTE” (“EARTHQUAKE
BIRD”), 2019, coprodução EUA/Japão em conjunto com a Netflix,
1h48m, roteiro e direção do cineasta inglês Wash Westmoreland. A história é
baseada no livro “The Earthquake Bird", de 2001, escrito pela romancista inglesa
Susanna Jones, um grande best seller na época. Tóquio, 1989. A cena
inicial mostra Lucy Fry (Alicia Vikander) sendo interrogada numa delegacia de
polícia sobre o desaparecimento de sua amiga Lily Bridges (Riley Keough).
Durante os diálogos, surpreende como a sueca Vikander domina o idioma japonês.
Tinha que ser assim, pois seu personagem mora já há cinco anos no Japão. Lucy trabalha
como tradutora numa empresa no centro de Tóquio e, aparentemente, é uma jovem
normal e trabalhadora, porém muito solitária. Em flashbacks, o filme
recorda os fatos que antecederam ao sumiço de Lily. Primeiro, o envolvimento
amoroso de Lucy com Teiji (Naoki Kobayashi), um japonês charmoso que trabalha
como cozinheiro num restaurante, mas que nas horas vagas é fotógrafo amador. Os
dois se apaixonam e o romance vai bem até a chegada de Lily dos Estados Unidos.
Ao apresentar Lily a Teiji, Lucy percebe que os dois se atraem e pinta o maior
ciúme. O suspense do filme gira em torno justamente do que Lucy fará a
respeito. Eliminar Lily, como sugere o episódio que se desenrola na delegacia? Como
sugestão para colocá-la como principal suspeita, o filme aborda um fato traumático de seu passado, justamente o que a motivou a se mudar para o Japão. Ou quem sabe Teiji,
que adora retratar pessoas mortas e quer provar seu amor por Lucy? Nada mais é
possível acrescentar para não estragar o final da história. O filme é bastante
interessante, apresentando como um de seus maiores destaques os cenários da
capital japonesa, valorizados pela fotografia deslumbrante do sul-coreano Chung
Chung-hoon. Com relação à história, o diretor Westmoreland (“Para Sempre Alice”
e “Colette”) consegue manter um clima de tensão que nos leva a querer chegar logo
ao fim para descobrir o que realmente aconteceu. Também merecem destaque as
atuações da atriz sueca Alicia Vikander, vencedora do Oscar 2015 de Melhor Atriz Coadjuvante pelo seu
trabalho em “A Garota Dinamarquesa” e protagonista de “Tom Raider: A Origem”
(2018) como Lara Croft. Na vida real, Alicia é casada, desde 2017, com o ator
Michael Fassbender. Quanto à bela e boa atriz Riley Keough, lembro que é filha
da cantora Lisa Marie Presley e, portanto, neta de Elvis. Com quase 1m90 de
altura, Naoki Kobayashi foge um pouco do estereótipo de seus conterrâneos. Além
de ator, o galã Naiki é cantor de um grupo pop, além de dançarino e modelo. Voltando a
“Pássaro do Oriente”, cuja estreia aconteceu dia 10 de outubro de 2019 no BFI
London Film Festival (na Netflix, foi exibido pela primeira vez no dia 5 de novembro
de 2019), trata-se de um filme bastante criativo, bem escrito e dirigido.
Recomendo.
terça-feira, 3 de dezembro de 2019
“O IRLANDÊS” (“THE IRISHMAN”), 2019,
EUA, direção de Martin Scorsese, distribuição da Netflix (no Brasil, estreou
dia 27 de novembro de 2019). Posso afirmar, com toda certeza, que este é o
grande favorito ao Oscar 2020 em várias categorias. Um épico com a marca registrada
do grande diretor Martin Scorsese. Com roteiro de Steven Zaillian, adaptado do
livro “I Heard You Paint Houses”, escrito por Charles Brandt, a história, baseada
em fatos reais, acompanha, durante décadas, desde o pós-Segunda Guerra Mundial,
a trajetória de Frank Sheeran (Robert De Niro), um simples motorista de
caminhão que transportava carnes para um frigorífico pertencente a um chefão da
Máfia. Aos poucos ele vai se aproximando do crime organizado e logo se transforma
num assassino de aluguel sob o mando de Russel Bufalino (Joe Pesci), chefão
mafioso da Pensilvânia. Também se transforma em homem de confiança e segurança
do lendário líder sindical Jimmy Hoffa (Al Pacino), que mantinha estreitas
ligações com os chefões do crime organizado. Scorsese prioriza a questão da
honra entre os integrantes da máfia italiana, os acordos realizados em mesas de
restaurantes, muitos resultando em mortes encomendadas – sim, há muita
violência -, vinganças, traições e toda a sujeira que envolve a atividade
criminosa. Completam o elenco, entre outros, Karvey Keitel, Bobby Carnevale,
Anna Paquin e Stephen Graham. Mas os destaques são, sem dúvida, os desempenhos
magistrais de De Niro, Pacino e, principalmente, Joe Pesci (aposto que vai
ganhar o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante). Eu acreditava que nenhum outro filme sobre
a Máfia superaria “Os Bons Campanheiros”, do próprio Scorsese. E não é que ele
se superou? “O Irlandês” é sensacional, uma obra-prima, 3h30m do mais puro deleite
cinematográfico, um filme que você não quer que termine. Logo depois de seu
lançamento, em 27 de setembro durante o 57º Festival de Cinema de Nova Iorque, “O
Irlandês” já foi considerado o melhor filme de 2019 e o melhor roteiro adaptado
pela National Board of Review, organização que reúne críticos de cinema e profissionais
da indústria cinematográfica norte-americana. Obrigado, Scorsese!
segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

domingo, 1 de dezembro de 2019
“ERA UMA VEZ EM...HOLLYWOOD” (“ONCE
UPON A TIME...IN HOLLYWOOD”), 2019. EUA, 2h40m, roteiro e
direção de Quentin Tarantino. Este é o 9º longa-metragem do diretor
norte-americano e, para mim, o melhor. Ele ambienta a história em 1969, o ano
em que turma do Charles Manson matou a atriz Sharon Tate e amigos, naquela que
é considerada até hoje a maior tragédia ligada à história do cinema. Além de
ser casada com o cineasta polonês Roman Polanski e estar grávida quando foi
assassinada, Sharon (Margot Robbie) era uma atriz em grande ascensão. Este
episódio tão nefasto ocupa grande parte do final do filme de Tarantino. Na
verdade, o grande cineasta norte-americano fez uma comédia satirizando
Hollywood, ao mesmo tempo em que homenageia o Cinema em geral e,
particularmente, o gênero western ou, como nós o chamamos, faroeste. E
Tarantino conhece como ninguém a sua grande paixão, desde que trabalhava como
atendente numa videolocadora. A história é centrada em Rick Dalton (Leonardo Di
Caprio), um ator de grande sucesso em séries de TV que decide arriscar o estrelato
em Hollywood. Quem o acompanha no seu dia a dia é o amigo Cliff Booth (Brad
Pitt), seu dublê oficial há vários anos, além de motorista, segurança e companheiro
nas bebedeiras. Em meio à rotina de trabalho de Rick nos sets de
filmagem, Tarantino acrescenta a aparição de astros da época, como Bruce Lee
(Mike Moh) e um impagável Steve McQueen (Damian Lewis). E ainda utiliza efeitos
especiais para colocar Rick Dalton contracenando em filmes famosos das décadas
de 50 e 60, mais uma das grandes atrações deste filme genial de Tarantino, na
minha opinião, como já disse, o melhor do cineasta. O elenco também conta com
astros do porte de Al Pacino, Bruce Dern, Margaret Qualley, Kurt Russell, Dakota
Fanning, Luke Perry, Austin Butler, Lorenza Izzo, Julia Butters e Rafal
Zawierucha. “Era uma Vez...” estreou na programação oficial do 72º Festival Internacional
de Cinema de Cannes, em maio de 2019. A recepção foi a melhor possível.
Realmente, um filmaço!
sexta-feira, 29 de novembro de 2019
“STYX”, 2018,
Áustria/Alemanha, 1h35m, direção de Wolfgang Fischer, que assina o roteiro juntamente
com Ika Künzel. A história é centrada em Rieke (Susanne Wolff), uma médica que
resolve enfrentar uma grande aventura nas suas férias: velejar sozinha, no iate
“Asa Gray”, partindo de Gibraltar (sul da Espanha) até a Ilha de Ascensão, no Oceano
Atlântico. Trata-se de uma ilha britânica visitada várias vezes por Charles
Darwin em suas pesquisas. Logo você percebe que Rieke é uma navegadora
experiente. O filme quase inteiro acompanha essa viagem, sem qualquer diálogo –
a não ser dela com a rádio da Guarda Costeira -, mostrando o árduo trabalho de
Rieke em içar velas, corrigir a rota, verificar os equipamentos e enfrentar uma
ou outra tempestade. Mas nem por isso o filme é monótono. Pelo contrário, é
bastante movimentado, principalmente porque o barco vai pra lá e pra cá, sobe e
desce na agitação do alto-mar. Você tem a sensação de estar a bordo. Haja Dramin! Apesar
de uma forte tempestade que quase vira o barco, o restante da viagem transcorre
na maior normalidade. Até que Rieke chega perto da Ilha de Cabo Verde, perto da
costa do Senegal. Ali, ela avista um barco à deriva repleto de refugiados
africanos precisando de ajuda. Rieke tenta a todo custo pedir o auxílio da Guarda
Costeira, que determina, de forma autoritária, que ela fique longe do barco e siga
adiante com sua viagem. Como médica, porém, ela não dará atenção à ordem e
tentará ajudar os refugiados, mesmo que sua viagem seja prejudicada. O filme é
tão bom que conquistou mais de 30 premiações em festivais internacionais de
cinema, sendo ainda finalista do Prêmio Lux de Cinema do Parlamento Europeu.
Também foi exibido na Mostra Panorama do 68º Festival de Cinema de Berlim.
Fiquei intrigado com o título original, “STYX”. Pesquisei bastante e encontrei
o seu significado. Trata-se de uma ninfa na mitologia grega. Era filha de Tétis
e ajudou Zeus na Guerra Titanomaquia contra os titãs. Tá explicado? Resumo da
ópera: o filme é muito bom, valorizado pelo excelente desempenho da bela atriz
alemã Susanne Wolff, que, aos 46 anos, mostra excelente forma física. Não é à
toa que carrega o filme nas costas...
quinta-feira, 28 de novembro de 2019
Como é possível realizar um
filme agradável de assistir utilizando apenas três personagens, somente um
cenário e acrescentar humor (negro) quando o assunto principal é a eutanásia? O
diretor suíço Lionel Baier conseguiu essa façanha com “A VAIDADE” (“LA
VANITÉ”), 2016, coprodução Suíça/França, 1h15m. É bom esclarecer que ele
teve a ajuda do roteirista Julien Bouissoux. Poderia ter sido uma peça de
teatro, mas ficou muito bem na telinha. Vamos à história: David Miller (Patrick
Lapp), um arquiteto consagrado, à beira dos 80, está com câncer terminal no cérebro
e, depois de três cirurgias, não conseguiu se livrar da doença. Preferiu então
contratar os serviços de uma instituição especializada em realizar eutanásias
assistidas – na Suíça, a eutanásia assistida é permitida desde 1942. Como local
de seu último suspiro, David escolheu um motel que ele e a falecida esposa,
também arquiteta, projetaram há muitos anos e que hoje está totalmente
decadente. Esperanza (a atriz espanhola Carmen Maura, a musa de tantos filmes
de Almodóvar) é a funcionária da organização encarregada de ministrar os
remédios fatais. De acordo com o protocolo da firma e da própria lei suíça, o
procedimento exige que haja uma testemunha. Davi e Esperanza precisaram
improvisar, convocando o prostituto Trépleu (Luan Georgiev), um imigrante russo
que naquela ocasião recebia seus clientes no quarto vizinho. A reunião entre estes três
personagens é que dá impulso à história. Cada um deles fala de seu passado,
problemas conjugais, suas escolhas na vida e conversam muito sobre a questão da
eutanásia. Tudo realizado com um pitadas de humor inteligente, principalmente durante
os diálogos, tornando esta produção suíça um ótimo entretenimento, valorizada
ainda mais pelo desempenho dos veteranos David Lapp e Carmen Maura, além de
Ivan Georgiev. No Swiss Film Prize, o Oscar suíço, Patrick Lapp e Ivan Georgiev
foram premiados por sua atuação. Enfim, cinema da melhor qualidade.
quarta-feira, 27 de novembro de 2019
“A ESCOLA DA VIDA” (“L’ÉCOLE BUISSONNIÈRE”), 2017,
França, 116 minutos, direção de Nicolas Vanier, que escreveu o roteiro com a
colaboração de Jérôme Tonnerre. A história, ambientada nos anos 30 do século
passado, é centrada em Paul (Jean Scandel), um garoto que vivia desde que
nasceu num orfanato. Certo dia, uma mulher, se apresenta para adotar uma
criança e ela escolhe justamente Paul. Ela é Célestine (Valérie Karsenti), uma
das empregadas da mansão do Conde de La Fresnaye (François Berléand). Quando
chega com o menino à propriedade, na zona rural da França, ela se justifica ao
marido, Borel (Éric Elmosnino, de “Gainsbourg, O Homem que Amava as Mulheres”),
dizendo que Paul é filho de uma prima que mora em Paris e que passaria ali apenas
as férias, a mesma versão que contou ao conde. Durante um passeio para conhecer
as terras ao redor da mansão, Paul conhece Totoche (François Cluzet, de “Intocáveis”),
um caçador que vive na floresta. É com Totoche que Paul aprenderá a pescar, a
caçar e a viver em contato direto com a Natureza. Para quem ficava trancado no
orfanato, Paul encontrou o seu Paraíso, além do afeto paterno que nunca teve. Aos
poucos, o espectador vai se envolvendo com a história, torcendo por um final feliz
para o garoto. Pouco antes do desfecho, uma revelação surpreendente valoriza
ainda mais este simpático drama francês, realizado com humor e sensibilidade. O
diretor Vanier destacou na história inúmeros momentos dedicados à Natureza
selvagem do lugar. Vanie é conhecido como diretor de documentários que enfocam a Natureza selvagem, além de filmes com a mesma abordagem, como “Loup – Uma Amizade para Sempre” e “Belle e Sebastian”. “A
Escola da Vida” é um ótimo entretenimento para uma sessão da tarde com a
família e, claro, um balde de pipoca ao lado.
“PRIMEIRO,
MATARAM MEU PAI” (“FIRST THEY KILLED MY FATHER”), 2017,
coprodução Camboja/EUA, em parceria com a Netflix (a estreia mundial ocorreu em setembro de 2017), 2h16m, direção de Angelina Jolie, que também escreveu o
roteiro baseada no livro de memórias da cambojana Loug Ung (“First Day Killed
my Father: A Daughter of Campodia Remembers”). Loug Ung era uma menina de 5 anos
quando, em abril de 1975, o Khmer Vermelho assumiu o controle da capital do
país, Phnon Penh, instaurando um dos mais violentos regimes comunistas do
mundo, que duraria no Camboja até 1979. Loug (Sarfum Srey Moch, sensacional) e seus três irmãos, juntamente com
o pai e a mãe, fugiram para não serem presos. Corriam um grande perigo, pois o
pai (Phoeung Kompheak) era um militar do antigo regime. A fuga da família, os
perigos enfrentados no caminho, fome, doenças, torturas, separações, trabalhos forçados e
uma série de outros percalços foram mostrados no filme, que contou com um
grande elenco formado somente por amadores, além de centenas de figurantes. Um
trabalho sensacional da diva Angelina Jolie como diretora – foi o seu terceiro longa
(os outros dois foram “Na Terra de Amor e Ódio”, de 2011, onde o pano de fundo
é a guerra na Bósnia, e “À Beira-Mar”, de 2015, quando Jolie atuou ao lado do
então marico, Brad Pitt). A ligação de Jolie com o Camboja vem desde 2001,
quando ela e Brad adotaram um bebê cambojano, ao qual deram o nome de Maddox
Jolie-Pitt, hoje com 18 anos e cursando uma universidade na Coreia do Sul. Essa
ligação com o país levou Angelina a ler o livro escrito por Loug Ung,
entusiasmando-a a realizar este filme que é bastante esclarecedor sobre as
atrocidades cometidas pelo Khmer Vermelho, que, durante os quatro anos em que
esteve no poder assassinou mais de 2 milhões de cambojanos. “Primeiro, Mataram
Meu Pai” é obrigatório para quem gosta de História, e mais obrigatório ainda
para comprovar que Angelina Jolie também é uma competente diretora. O filme foi
selecionado para representar o Camboja na disputa do Oscar 2018 como Melhor
Filme Estrangeiro. Imperdível!
terça-feira, 26 de novembro de 2019
“RIR
OU MORRER” (“SUOMEN HAUSKIN MIES”), 2018, coprodução Finlândia/Suécia,
1h43m, roteiro e direção de Heikki Kujanpää. Filme visto por aqui durante a programação oficial da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro de 2019. A história é baseada em incríveis
fatos reais ocorridos na Finlândia em 1918. Alemães e russos brigavam para quem
conseguiria dominar o país. Os alemães ganharam e aí começaram a prender os “vermelhos”
que apoiavam os russos, entre os quais muitos intelectuais, artistas,
escritores e atores de teatro, todos enviados para uma ilha que servia de campo
de concentração. “Rir e Morrer” é todo ambientado nesta ilha, onde os presos
passavam frio, fome e, de vez em quando, recebiam uma torturinha. Entre os presos,
alguns eram muito conhecidos, como o comediante Joivo Parikka (Martti Susalo), considerado
o homem mais engraçado da Finlândia. Helen Kalm (Leena Pöysti), esposa do violento
e sádico comandante da prisão Hjalmar Kalm (Jani Volanen), era amante de teatro
e fã de Parikka. Foi ela quem convenceu o marido a deixar Parikka criar uma
comédia para ser apresentada aos oficiais alemães que visitariam o campo de
concentração. Parikka acertou com o comandante que se os oficiais alemães
dessem risada, o pessoal do grupo teatral seria salvo do fuzilamento. Caso
contrário, seriam fuzilados logo após a peça. O filme apresenta, com muito
humor, os bastidores de tudo o que aconteceu, desde a elaboração do roteiro da
peça, que deveria obrigatoriamente exaltar os alemães, a escolha do elenco e os
preparativos finais para a estreia num palco improvisado. Apesar do contexto
dramático de um campo de concentração, o diretor Heikki Kujanpää fez de “Rir ou
Morrer” um filme bastante divertido. Mas o que deixa essa história ainda mais
saborosa é o fato de que é baseada em acontecimentos reais. Comédia dramática
das melhores.
segunda-feira, 25 de novembro de 2019
“6 BALÕES” (“6 BALLOONS”), 2018,
EUA, 1h15m, estreia no roteiro e direção da atriz Marja-Lewis Ryan. Trata-se de
um filme independente adquirido pela Netflix, que posteriormente o distribuiu
em seu sistema de streaming. Entre os coprodutores estão o ator Channing
Tatum e Samantha Housman. Pois foi na experiência real vivida por Housman que
Marja-Lewis teve a inspiração para escrever o roteiro. Trata-se de um impactante
drama familiar ambientado em apenas um dia em Los Angeles. Enquanto começam a chegar os convidados para a
festa-surpresa que preparou para o namorado, Katie (Abbi Jacobson) sente falta
do seu irmão mais novo, Seth (Dave Franco, irmão mais novo do também ator James
Franco), e resolve buscá-lo em casa. Quando chega, logo percebe que ele teve
uma recaída na droga – é viciado em heroína. Ela o coloca no carro, juntamente
com a filha dele de 4 anos no banco de trás. No meio do caminho, Seth começa a
ter claros sintomas de abstinência e não consegue se controlar. Sem saber o que
fazer, Katie resolve levá-lo a algum centro de recuperação, tarefa que se torna
quase impossível, mesmo porque é feriado nacional (4 de julho, Dia da Independência).
O filme, até o seu desfecho, acompanha a angustiante tentativa de Katie em
resolver o problema e ainda retornar à festa que organizou. As excelentes
atuações de Dave Franco (emagreceu bastante para fazer o papel) e Abbi Jacobson valorizam ainda mais esta produção que tem
como foco uma triste realidade do mundo em que vivemos, ou seja, os jovens se
entregando cada mais ao vício das drogas, destruindo vidas e famílias. Nesse contexto, “6 Balões” é um filme
bastante esclarecedor e impactante.
domingo, 24 de novembro de 2019
“CYRANO MON AMOUR” (“EDMOND”),
2019,
França, 1h53m, filme de estreia como roteirista e diretor do ator e dramaturgo
Alexis Michalik. Uma comédia baseada em fatos reais. Um prato (palco) cheio
para quem gosta de teatro. E mesmo para quem não gosta. O filme conta toda a
história de como o poeta e dramaturgo francês Edmond Rostand (1868-1918) –
interpretado por Thomas Solivérès – se inspirou para criar e escrever aquela
peça que seria o maior sucesso mundial do teatro clássico: “Cyrano De Bergerac”.
Ao mesmo tempo, conta tudo o que aconteceu às vésperas da grande estreia da
peça em Paris, em dezembro de 1897. Por exemplo, a escolha do elenco, encabeçado
pela grande estrela da época, o ator Benoît-Constant Coquelin (o ótimo Olivier
Gourmet), a pressão dos produtores, muita confusão durante os ensaios e o
estresse de Edmond, que não tinha o texto da peça pronto pouco antes da sua
estreia. O filme revela ainda que uma das principais inspirações de Edmond para
escrever a peça surgiu da vida atribulada de Hector Saviniende Cyrano de Bergerac,
um escritor francês sem grande sucesso que viveu no Século XVII. Outra
inspiração veio da paixão ardente de Léo Volny (Tom Leeb), melhor amigo de Edmond,
pela bela Jeanne D’Alcie (Lucie Boujenah). Apesar de bonito, Léo não tinha
cultura suficiente para escrever versos para a amada, uma condição que, na época,
era quase obrigatória para se conquistar uma mulher. Edmond escrevia cartas em
nome do amigo e as enviava para Jeanne. Edmond também tinha uma amiga que sempre
acreditou no seu talento e o ajudou muito: a diva do teatro Sarah
Bernhardt (Clémentine Célarie). O filme é um espetáculo, um retrato divertido e
delicioso dos bastidores de uma peça teatral que, a partir de sua estreia, se
transformou num dos maiores sucessos da dramaturgia mundial. Sem dúvida, a
inspiração para escrever o roteiro contou com a experiência de palco vivida pelo
jovem ator e dramaturgo Alexis Michalike, que também assumiu a direção com
muita competência, mesmo sendo seu primeiro longa-metragem. Também estão no
elenco o próprio Alexis Michalike, Mathilde Seigner e Alice de Lencqvesaing. Imperdível!
sexta-feira, 22 de novembro de 2019

quinta-feira, 21 de novembro de 2019
“PARADISE BEACH”, 2019,
França, 1h33m, roteiro e direção de Xavier Durringer. O filme começa em preto e
branco, mostrando um assalto a banco em Paris, a chegada da polícia, um tiroteio,
um policial morto e um assaltante ferido – os outros cinco fugiram com o dinheiro.
Aliás, com uma quantia bem volumosa. Quinze anos depois, Mehdi (Sami Bouajila), o tal
bandido ferido, sai da cadeia e ruma para a Tailândia, onde seus comparsas se
estabeleceram investindo o dinheiro roubado. Todos moram na cidade de Pucket,
também conhecida por Paradise Beach. Realmente, uma praia paradisíaca – os cenários
do filme são deslumbrantes. Mais do que matar a saudade dos amigos – um deles
seu irmão, Hicham (Tewfik Jallab) -, Mehdi quer, na verdade, a sua parte da
grana roubada. Aí a coisa fica feia, pois todos alegam que gastaram todo o
dinheiro. Em meio a esse conflito de interesses, uma gangue de imigrantes
africanos “roubam” algumas strippers da boate de Franck (Hugo Becker).
Para proteger o amigo, Mehdi inicia uma guerra sanguinolenta contra a turma de afrodescendentes.
E por aí vai a história, Mehdi tentando se salvar dos inimigos e, ao mesmo
tempo, recuperar sua parte no dinheiro do assalto. Ao comentar sobre “Paradise
Beach”, alguns críticos de cinema o elegeram como “o pior filme já produzido pela
Netflix”. Eu não chegaria a tanto, mas concordo que o filme é bem ruizinho. A
começar pelo elenco. Com exceção de Sami Bouajila, ator experiente do cinema
francês, o restante do elenco é muito fraco. Outro detalhe: como um filme que se
diz de ação consegue ser tão monótono?
quarta-feira, 20 de novembro de 2019
“ANNA – O PERIGO TEM NOME”
(“ANNA”), 2019, França, roteiro e direção de Luc Besson, 1h59m. Entretenimento
dos melhores, muita ação, tiros, perseguições, suspense e, principalmente, uma
mulher linda como protagonista principal. A história é ambientada nos anos 80,
quando a Guerra Fria ainda era quente. Anna (a atriz e ex-modelo russa Sasha
Luss) é uma modelo internacional que transita por vários países desfilando para
os principais estilistas da moda. Por onde passa, porém, deixa um rastro de
mortes e destruição. Anna utiliza sua fachada como modelo para servir à KGB, que
a treinou como espiã especialista em artes marciais e no manuseio das mais
diferentes armas de tiro. Sua mentora e chefe é Olga (Helen Mirren), ambas
subordinadas ao poderoso Vassiliev (Eric Godon), chefão da KGB. E seu parceiro
em algumas missões é Alex Tchenkov (Luke Evans) – incomoda, a mim pelo menos,
dois atores ingleses (Mirren e Evans) falando em inglês e tentando imitar o
sotaque russo; por que não utilizaram atores russos falando russo? Numa de suas
missões mais importantes, Anna é desmascarada pelo agente norte-americano Lenny Miller (Cillian
Murphy), da CIA, que, em troca de mantê-la viva, obriga-a a se tornar uma espiã
também da CIA. E uma de suas primeiras missões para o “outro lado” é assassinar
justamente o chefão Vassiliev. Muitas reviravoltas acontecerão até o desfecho,
valorizando ainda mais este ótimo filme de espionagem e ação. Dessa forma, "Anna" comprova a competência do cineasta francês Luc Besson em escrever e dirigir filmes de ação, que já tinha em seu currículo excelentes produções do gênero, como “Nikita – Criada para Matar”, “Lucy”,
“O Quinto Elemento”, “Imensidão Azul” e “O Profissional”, este último revelando
a ainda adolescente Natalie Portman. E foi Besson também o responsável por
revelar para o cinema a modelo e agora atriz Sasha Luss, que estreou em “Valerian
e a Cidade dos Mil Planetas”, de 2017, também de Besson. “Anna” é mais um gol de placa do
cineasta francês. Se você gosta de filmes de ação, não perca!
terça-feira, 19 de novembro de 2019
“O SEGREDO DE NORA” (“ANIMALES
SIN COLLAR”), 2018, suspense, produção espanhola da Netflix,
1h40m, filme de estreia no roteiro e na direção de Jota Linares, cineasta mais
conhecido por documentários. O filme começa com um grupo de amigos no fim de
uma balada regada a muita bebida e drogas. Um deles, porém, sofre uma overdose
e é praticamente jogado na porta de um hospital. A história é retomada anos
depois, quando Nora (Natalia de Molina) está casada com Abel (Daniel Grao), um
político de sucesso prestes a concorrer a um cargo no alto escalão do governo
espanhol. Nora e Abel estavam naquele grupo. Abel, por sinal, era irmão do
rapaz que morreu de overdose. Até aí ninguém ficara sabendo o que tinha
acontecido e o segredo deveria ser preservado para não prejudicar as ambições
políticas de Abel. Sem o marido saber, Nora estava sendo chantageada por um
outro amigo, Víctor (Ignacio Mateos), que presenciara o trágico acontecimento daquela
fatídica noite. No meio da história, surge Virgínia (Natalia Mateo), outro
personagem que participou da farra daquela noite. Não há para o
seu misterioso retorno. Aliás, o filme deixa várias pontas soltas, sem
explicação. Achei a história mal contada. Afinal, qual o segredo de Nora, a
chantagem ou o que aconteceu naquela noite. Terminou o filme e fiquei sem
saber. Se há um atrativo que mereça uma visita a este filme é a presença da
bela e competente atriz Natalia de Molina, que ficou ainda mais bonita com os cabelos loiros.
Enfim, um filme para quem gosta de decifrar mistérios e sair do cinema (ou de
frente da telinha) com uma grande dúvida: valeu a pena assistir?
segunda-feira, 18 de novembro de 2019
“UMA GUERRA PESSOAL” (“A
Private War”), 2018, coprodução EUA/Inglaterra, direção de
Matthew Heineman – é o seu primeiro longa-metragem. O roteiro foi escrito por
Arash Amel, baseado no artigo “Marie Colvin’s Private War”, da jornalista Marie
Brenner e publicado na Revista Vanity Fair, meses após a morte da sua colega de
profissão Marie Colvin, personagem principal dessa história. A norte-americana
Colvin (1956/2012) foi uma das jornalistas mais famosas e corajosas,
responsável por coberturas memoráveis em países em guerra como correspondente
do jornal inglês The Sunday Times. Ela esteve na frente de batalha no Zimbábue,
Somália, Tunísia, Iraque, Palestina, Chechênia, Kosovo, Líbia, Timor Leste e em
outros países em conflito. Durante a cobertura da guerra civil no Sri Lanka, em
2001, ela perdeu o olho esquerdo devido a estilhaços de uma granada. A partir
de então, passou a usar um tapa-olho, que foi sua marca registrada até 2012,
quando morreu na Síria, vítima de um míssil enviado pelo exército do ditador
Assad diretamente ao edifício onde estavam os jornalistas. “Uma Guerra Pessoal”
conta toda essa história e mostra que Colvin sofria do tal estresse
pós-traumático, o mesmo que acomete os soldados quando voltam para casa. Traumatizada
com as lembranças das áreas de conflito, Colvin começou a beber e nos anos
finais de sua vida já era alcoólatra. O filme também mostra sua amizade com o companheiro
de muitas coberturas, o fotógrafo Paul Conroy (Jamie Dornan, de “50 Tons de
Cinza”), que também morreu na Síria, e seu relacionamento com editor-chefe do
The Sunday Times (Tom Hollander). A atriz inglesa Rosemund Pike, que interpreta
a jornalista, foi indicada para o Globo de Ouro de 2019, mas não ganhou, e nem
ao menos recebeu indicação ao Oscar. Seu trabalho em “Uma Guerra Pessoal” é fantástico, melhor do que as cinco atrizes indicadas juntas. Mais uma grande
injustiça do Oscar, talvez a maior dos últimos anos. Além da história pessoal
de Marie Colvin, “Uma Guerra Pessoal”, que tem como um dos produtores a atriz
Charlize Theron, mostra com bastante realismo e muitas cenas de ação como é a cobertura dos
correspondentes de guerra e a coragem e o sangue-frio que precisam ter para
enfrentar os perigos nas zonas de combate. O filme é excelente e a história melhor ainda, pois apresenta uma mulher com a coragem que muitos homens não teriam. IMPERDÍVEL!
sexta-feira, 15 de novembro de 2019
“O MESMO SANGUE” (“LA MISMA
SANGRE”), Argentina, 1h53m, produção da Netflix – sua estreia
mundial aconteceu dia 28 de fevereiro de 2019 -, roteiro e direção de Miguel Cohan.
Mais um bom suspense argentino. Depois de uma reunião familiar, a matriarca
Adriana (Paulina Garcia) desce para a cozinha industrial que mantém no porão da
casa para concluir uma encomenda. Algum tempo depois, ela é encontrada morta, enforcada
pelo colar que prendeu numa máquina. Tudo leva a crer que foi um acidente. Só
que o genro Sebastián (Diego Velásquez), ao constatar algumas evidências
estranhas, começa a desconfiar de Elías (Oscar Martinez), o viúvo. É bom
esclarecer que Elías está atolado em dívidas, principalmente com relação à
fazenda que herdou do pai. Como um verdadeiro detetive, Sebastián começa a
investigar a fundo a sua desconfiança, o que provocará uma crise em seu
casamento com Carla (Dolores Fonzi), que defende a inocência do pai com unhas e
dentes. Até o desfecho, o caso terá sido esclarecido, pelo menos para o
espectador, que lá pela metade do filme fica sabendo o que realmente aconteceu.
É o terceiro longa-metragem escrito e dirigido por Miguel Cohan – os dois
primeiros foram “Sin Retorno”, de 2010, e o aclamado “Betibú”, de 2014. Em “O
Mesmo Sangue”, Cohan fez mais um bom trabalho, prendendo a atenção do espectador
até o desfecho. Destaco o ótimo elenco, comandado pelo excelente Oscar Martínez.
Demorei para reconhecer a atriz chilena Paulina Garcia, do espetacular “Glória” (2013),
no papel de Adriana. Outros destaques são as presenças de Dolores Fonzi, talvez
a mais bela atriz do cinema argentino atual, e ainda o “detetive” Diego
Velásquez.
“HAPPY HOUR – VERDADES E CONSEQUÊNCIAS”, 2019,
coprodução Brasil-Argentina, 1h54m, roteiro e direção de Eduardo Albergaria. Trata-se
de uma comédia romântica focada no relacionamento tumultuado de Horácio (Pablo
Echarri), um professor universitário argentino radicado no Rio de Janeiro, e
Vera (Letícia Sabatella), uma deputada estadual que está prestes a lançar sua
candidatura ao cargo de prefeita. O casamento não anda às mil maravilhas, mas os
dois tentam manter as aparências. Até que um dia, num lance puramente casual,
Horácio vira herói depois de ser considerado responsável pela prisão de um marginal
conhecido como “ladrão aranha”, pois escala edifícios para roubar os
apartamentos. Com seu “suposto” ato de
coragem, Horácio não apenas ganha espaço na mídia, como também passa a atrair ainda
mais a atenção de suas alunas mais ousadas. Uma delas, Clara (Aline Jones),
fará com que Horácio reveja seus conceitos de fidelidade. Num rompante de pura
ingenuidade, Horácio diz a Vera o que está sentindo pela aluna e que,
provavelmente, a levará para a cama, o que aumenta ainda mais o estresse entre
o casal. Divórcio à vista, fato que pode atrapalhar a campanha de Vera. Aí entra
em ação o marqueteiro Arlindo (Chico Diaz, ótimo), que fará de tudo para que a
candidatura de Vera siga adiante independente da crise conjugal da deputada. Neste
que é seu filme de estreia como diretor, Albergaria (é brasileiro, apesar do
sobrenome) acerta principalmente ao privilegiar o humor e, como trunfo, tem a boa
atuação dos protagonistas principais, o galã argentino Pablo Echarri e a bela e
competente Letícia Sabatella. Soma-se à dupla um bom elenco de coadjuvantes,
como Chico Diaz, Aline Jones, Marcos Winter e Luciano Cáceres. Só fiquei em
dúvida com a escolha do título, que ainda não descobri que relação tem com a
história. Resumo da ópera: tipo do filme para ser curtido como entretenimento
fácil, sem exigir muito dos neurônios.
quarta-feira, 13 de novembro de 2019

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