sexta-feira, 3 de outubro de 2025

“MAESTRO(S)” (O mesmo título no original), 2022, coprodução França/Bélgica, 1h27m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Bruno Bauer Chiche, que também assina o roteiro com Yaël Langmann, Clément Peny e Joseph Cedar. O longa é uma adaptação da comédia dramática israelense “Notas de Rodapé” (2011), sobre a rivalidade entre pai e filho que lecionam estudos talmúdicos em uma universidade de Jerusalém. Adaptado para o mundo da música clássica, “Maestro(s)” é mais um daqueles filmes escondidos no catálogo de um streaming que merece ser visto por quem curte cinema de qualidade. Na verdade, “Maestro(s)” é uma pequena joia. Mais enciumado do que orgulhoso, o veterano maestro François Dumar (Pierre Arditi) assiste pela TV o filho, também maestro, Denis Dumar (Yvan Attal), receber o importante prêmio “Victoires de La Music Classique”. Dias depois, durante o ensaio com a orquestra que dirige, François recebe o telefonema de um representante do famoso Teatro La Scala, de Milão, convidando-o para assumir a regência da sua orquestra. Regente conceituado internacionalmente, François se empolgou com o convite, considerando-o uma verdadeira e justa consagração de sua longa carreira. Só que havia um problema: o convite foi feito por engano, pois o Dumar escolhido não é ele, e sim o seu filho Denis. Essa reviravolta desencadeia uma montanha-russa de emoções entre pai e filho, envolvendo também seus familiares e amigos. O drama da situação só seria resolvido no desfecho, um gran finale repleto de emoção. Também estão no elenco Miou-Miou, Caroline Anglade, Caterina Murino, Pascale Arbillot e Vandelina Vandelli, André Marcon e Benoït Moret. Sem falar na primorosa e envolvente trilha sonora, “Maestro(s)” é um filme para assistir de smoking e vestido de gala. IMPERDÍVEL, assim mesmo, em letras maiúsculas.

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

“CÓDIGO PRETO” (“BLACK BAG”), 2025, Inglaterra, 1h33m, em cartaz na Prime Vídeo, direção do cineasta norte-americano Steven Soderbergh (“Onze Homens e um Segredo”, “Traffic”, “Magic Mike”), seguindo roteiro assinado por David Koepp. Trata-se de um suspense psicológico de espionagem envolvendo uma equipe de agentes do serviço secreto inglês. O chefe da equipe é o experiente agente George Noodhouse (Michael Fassbender). A ele é revelado que um dos membros do grupo vazou informações confidenciais ligadas ao programa de software chamado “Severus”. Pior: tudo indica que sua esposa, a também agente Kathryn (Cate Blanchett) é a principal suspeita pela traição. Na tentativa de descobrir a verdade, George primeiro convida outros dois casais de agentes para um jantar, durante o qual ocorrem verdadeiros embates verbais, num jogo mental em que a desconfiança geral acaba com qualquer apetite. Para o espectador, o jantar faz parecer um reality show. E assim continua a história, George travando um jogo psicológico em várias frentes. Talvez tenha faltado ao roteiro alguma ação, tipo perseguição, tiros etc., mas ficou tudo na base dos diálogos. Completam o elenco Pierce Brosnan, Regé-Jean Page, Naomie Harris, Marisa Abela e Tom Burke. Mesmo com todos os defeitos, “Código Preto” é um filme inteligente, interessante, foge do padrão reinante. Recomendo.      

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

"BAILARINA" ("BALLERINA"), 2025, Estados Unidos, 2h05m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Len Wiseman (“Anjos da Noite”, “Total Recall”), seguindo roteiro escrito por Shay Hatten e Derek Kolstad. Baseado no universo de John Wick, filme foi feito especialmente para o público que curte filmes de ação. E este não economiza em tiros, pancadarias, explosões, sangue jorrando etc. E tem mais o trunfo de um elenco de primeira. Eve (Ana de Armas) era ainda uma menina quando testemunhou a morte do pai por uma turma da pesada. Ela acabou adotada por uma organização secreta denominada Ruska Roma, cujo comando é exercido por uma mulher misteriosa, papel de Angelica Huston. A fachada da organização é uma academia de balé, mas o real e clandestino treinamento era dado para formar jovens mercenários e assassinos. Eve tornou-se uma das principais assassinas, especialista em artes marciais, armas e explosivos. Depois de algumas ações bem sucedidas, Eve resolve desobedecer sua chefe e ir atrás dos assassinos de sua família, cujo chefão reside na cidade austríaca de Halstatt, onde Eve nasceu. É aqui que a coisa vai pegar de vez, ainda mais que surge no pedaço o próprio John Wick (Keanu Reeves). Haja munição! Completam o elenco Gabriel Byrne, Anne Parillaud, Ian McShane, Catarina Sandino Moreno, Juliet Doherty, Norman Reedus, Lance Reddick e Sharon Duncan-Brewster. Apesar de franzina, a atriz cubana Ana de Armas dá conta do recado quando é obrigada a enfrentar dezenas de adversários, o que acontece deste o início do filme até o explosivo final.       

domingo, 28 de setembro de 2025

“POBRES CRIATURAS” (“POOR THINGS”), 2023, coprodução EUA/Irlanda/Inglaterra, 2h21m, em cartaz na Prime Vídeo, direção do cineasta grego Yorgos Lanthimos, seguindo roteiro assinado por Tony McNamara. A história é baseada no livro homônimo do escritor escocês Alasdair Gray (1934/2019). O filme, considerado pela crítica como uma visão contemporânea do dr. Frankenstein, foi a grande sensação de 2023, um dos mais premiados do ano (veja no final do comentário). Difícil incluí-lo num gênero específico. Seus ingredientes incluem ficção científica, comédia de humor negro, personagens bizarros, horror comedido e situações surreais. Há que se elogiar a primorosa fotografia, a direção de arte e a recriação de época – a história é ambientada durante a era vitoriana (século XIX). O visual realmente é deslumbrante. Resumo da história: grávida de 8 meses, Victoria Bessington (Emma Stone) comete suicídio atirando-se nas águas do Rio Tâmisa (Londres) e seu corpo é resgatado, sem vida, pelo médico Godwin Baxter (Willem Defoe). Cientista renomado, Godwin resolve fazer uma experiência um tanto mórbida: transplanta o cérebro do bebê para Victoria, que renasce como criança e passa a se chamar Bella Baxter, filha adotiva do médico. Não demora muito e ela descobre os prazeres do sexo e começa a atrair a atenção masculina. O primeiro a pedi-la em casamento é o estudante de medicina Max McCandles (Ramy Youssef), assistente de Godwin. Depois surge em cena Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo), que se encanta com a moça e a leva para conhecer algumas cidades da Europa. Devidamente emancipada, Bella acaba trabalhando como prostituta, sendo o grande sucesso da casa comandada pela cafetina Swiney (Kathryn Hunter). O filme usa e abusa da nudez, tanto feminina como masculina, mais um motivo para tirar as crianças da sala. Completam o elenco Margaret Qualley, Christopher Abbott e a atriz alemã Hanna Schygulla. Enfim, um filme que causou grande polêmica, assim como outros filmes fora dos padrões normais do diretor grego que tive a oportunidade de assistir, entre os quais “A Lagosta”, “Attrenberg”, “Dente Canino” e “O Sacrifício do Cervo Sagrado”. Admito: são muito criativos, mas difíceis de digerir. De qualquer maneira, “Pobres Criaturas” foi indicado para o Oscar 2024 em 11 categorias, vencendo em quatro: Melhor Atriz (Emma Stone), Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem e Penteados e Melhor Figurino. Também ganhou outros prêmios importantes no Festival de Cinema de Veneza, no BAFTA (o Oscar inglês) e no Globo de Ouro, entre outros festivais mundo afora, além de ter sido eleito um dos 10 melhores filmes de 2023 pelo American Film Institute e pelo National Board of Review.