“TÁXI
SÓFIA” (“POSOKI”), 2017, Bulgária, roteiro e direção de Stephen
Komandarev, que também assina o roteiro ao lado de Simeon Ventsislavov. Ao
abordar a rotina diária de trabalho de seis taxistas na capital Sófia,
Komandarev cria um interessante mosaico da atual situação sócio-econômica e cultural
da Bulgária, um dos países mais pobres da Europa. As conversas dos motoristas
com seus passageiros e as situações, algumas insólitas, revelam um quadro de inconformismo e desesperança do povo búlgaro, mas Komandarev ameniza o contexto que poderia
ser dramático com um sutil e irônico bom humor, tom que predomina durante todo
o filme. As situações, por exemplo: o motorista de táxi leva a filha
adolescente para o colégio e aceita pegar outra estudante para uma corrida, no
meio da qual ela se revela uma prostituta de luxo. Em outra sequência, um motorista
quer conversar com os passageiros sobre o filho morto recentemente. Ninguém lhe
dá ouvidos. Aí ele para o carro e vai desabafar com um cachorro. Tem até um
padre que trabalha como motorista de táxi, outro que salva um homem que queria
se atirar de uma ponte e ainda uma motorista que trava um interessante diálogo
com um cirurgião cardíaco, entre outras situações inusitadas. Enfim, um filme
que foge da mesmice geral, realizado com inteligência e muita criatividade. A
primeira exibição de “Táxi Sófia” aconteceu durante o Festival de Cannes 2017,
quando participou da Mostra “Um Certain Regard”. Injusto que não tenha sido selecionado
pela Bulgária para disputar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, pois, na minha
opinião, é um dos melhores filmes que assisti nos últimos anos. Imperdível!
sábado, 8 de setembro de 2018
quinta-feira, 6 de setembro de 2018
“KINGS”, 2017, coprodução EUA/França,
roteiro e direção de Deniz Gamze Ergüven. A história é toda ambientada na Los
Angeles de 1992, quando a população de South Central - periferia de LA - se rebela depois do
resultado de dois julgamentos, o primeiro de uma comerciante chinesa que acabara
de assassinar uma garota negra dentro de seu estabelecimento comercial. O
segundo, de maior notoriedade, envolveu o espancamento do taxista negro Rodney
King por policiais brancos. Tanto a chinesa quanto os policiais foram
absolvidos, gerando uma onda de protestos violentos, com saques a
supermercados, incêndios e agressões contra brancos e policiais que ousassem passar
pelo bairro. Em meio a toda essa confusão está Millie (Halle Berry), uma mãe
solteira que cuida com muito sacrifício de oito filhos, alguns deles adotados. Sua
principal preocupação é não deixar que seus filhos entrem para a marginalidade,
como a maioria dos seus colegas. Seu vizinho, Ollie (Daniel Craig, péssimo), talvez o
único branco do pedaço, tenta dar uma força para a família de Millie,
principalmente depois que os protestos entram na fase mais violenta. A diretora
turca Deniz Gamze Ergüven tinha o roteiro pronto desde 2011, mas não conseguiu
financiamento para tocar o projeto adiante. Só conseguiu depois de escrever e
dirigir o ótimo “Mustang” (aqui traduzido por “Cinco Graças”), que representou
a França na disputa do Oscar 2016 de Melhor Filme Estrangeiro. A estreia
mundial de “KINGS” aconteceu no Toronto International Film Festival, em
setembro de 2017, e logo depois foi exibido nos festivais de Torino e
Estocolmo. Até a primeira metade do filme eu estava gostando, envolvido pelo
forte clima de tensão. Depois, achei que a diretora descambou para um
sentimentalismo exacerbado, amenizando o impacto das cenas mais fortes. Cheguei
a achar que tinha jeito de Oscar 2019, mas fiquei decepcionado com o resultado
final. Mais interessante do que bom.
quarta-feira, 5 de setembro de 2018
terça-feira, 4 de setembro de 2018
O drama norte-americano “CHAPPAQUIDDICK”, 2017, direção de John
Curran e roteiro de Andrew Logan, revela os bastidores do rumoroso caso
envolvendo o então senador Ted Kennedy no final dos anos 60. No dia 18 de julho
de 1969, Ted estava reunido com a equipe de assessores em sua casa na Ilha de
Chappaquiddick. O objetivo era combinar estratégias e iniciar o planejamento
para sua candidatura à presidência dos EUA em 1972. Enquanto seu pessoal
comemorava o início da campanha, Ted aproveitou um dos intervalos para dar um “passeio”
de carro com a assessora Mary Jo Kopecane
- aparentemente sua amante, o que o filme não entrega. No caminho, Ted
perde a direção e o carro despenca no rio, matando a moça. Segundo foi apurado
posteriormente pela polícia, Ted demorou horas para comunicar o acidente,
colocando em dúvida sua afirmação de que tentara salvar Mary Jo. É claro que o
caso virou manchete no mundo inteiro, aniquilando sua carreira política e as
pretensões de concorrer às eleições presidenciais de 1972. O filme destaca os
esforços dos assessores em lidar com a tragédia, tentando aliviar a barra do
irmão mais novo de John Kennedy. Aliás, naquele ano, o único vivo dos quatro irmãos. Outro
destaque é dado ao relacionamento de Ted com o patriarca Joseph Kennedy, já
muito velho e doente. Fica claro que Ted nunca foi o mais querido dos irmãos.
Pelo contrário, era tratado pelo pai como o ovelha negra da família. O elenco é
muito bom: Jason Clarke (Ted), Kate Mara (Mary Jo), Ed Helms (Joe Gargan,
principal assessor), Bruce Dern (Joseph Kennedy) e Clancy Brown (Robert McNamara).
O filme estreou nos Estados Unidos no dia 6 de abril de 2018 e ainda não tem
data para ser exibido por aqui.
domingo, 2 de setembro de 2018

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