sábado, 7 de junho de 2025

 

“O CONTADOR 2” (“THE ACCOUNTANT 2”), 2025, Estados Unidos, 2h13m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Gavin O’Connor, seguindo roteiro assinado por Bill Dubuque. Sequência de “O Contador”, de 2016, do mesmo diretor e com grande parte do elenco original, na época um grande sucesso de bilheteria nos EUA. Só para relembrar, o personagem principal é Christian Wolff (Ben Affleck), um contador que presta serviços para organizações criminosas, paralelamente ao seu escritório legítimo de contabilidade. Neste segundo filme, Christian é contratado pela agente Marybeth Medina (Cynthia Addai-Robinson), do Tesouro Americano, para ajudá-la a desvendar o mistério que envolve o assassinato do seu ex-chefe Ray King (J.K. Simmons). Como demonstrará na prática, Christian utiliza métodos politicamente incorretos para obter respostas, incluindo muita violência e chantagens. Para isso, conta com a ajuda do irmão Brax (Jon Bernthal), além de uma equipe de adolescentes gênios em informática. Em comparação com o primeiro filme, este tem mais ação e humor, mas não é melhor do que o primeiro. O roteiro dificulta o entendimento da história, deixando o espectador meio perdido. Não é a única falha. Os diálogos, de tão sem graça e sem conteúdo nenhum, beiram a mediocridade. Mesmo com algumas ótimas cenas de ação, o resultado final é decepcionante.         

quinta-feira, 5 de junho de 2025

“SEM RASTRO” (“IMMERSTILL”), 2023, coprodução Áustria/Alemanha, 1h33m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Eva Spreitzhofer, que também assina o roteiro em conjunto com Wolf Jakoby. Suspense policial ambientado num vilarejo austríaco fictício durante um rigoroso inverno. Depois de uma festa de carnaval num clube, duas adolescentes desaparecem misteriosamente. Como a polícia local demora para iniciar as buscas, Lisa Schiller (Christina Cervenka), irmã mais velha de uma delas e que acaba de chegar de Viena, pressiona os policiais a tomarem alguma atitude. Durante as buscas iniciais realizadas com a ajuda de moradores, uma das garotas é encontrada morta à beira de um rio. Resta saber onde está a outra, justamente a irmã de Lisa. Como a polícia está mais perdida que cego em tiroteio, ela resolve investigar por conta própria, com a ajuda do jovem policial Patrick Pollanc (Michael Glantshnig), seu ex-namorado. Um dos primeiros suspeitos é Hubert Lipus (Michael Weger), um sujeito de meia-idade conhecido por assediar as mocinhas do vilarejo. Outros suspeitos aparecem pelo meio do caminho, motivando o espectador a adivinhar quem será o provável culpado, revelado apenas no desfecho, numa reviravolta surpreendente. Trocando em miúdos, o filme demora a engrenar, o ritmo é lento e o roteiro pouco criativo, tão frio quanto os cenários.    

terça-feira, 3 de junho de 2025

“O JOGO DA VIÚVA” (“LA VIUDA NEGRA”), 2025, Espanha, 2h2m, em cartaz na Netflix, direção de Carlos Sedes (“O Caso Asunta”, “Fariña), seguindo roteiro assinado por Ramón Campos e Gemar R. Neira. Ótimo suspense espanhol baseado em fatos reais. Em agosto de 2017, o corpo do engenheiro Antonio Navarro Cerdán foi encontrado na garagem de um edifício no Bairro de Patraix, em Valência. Ele havia sido assassinado com sete facadas. O caso, de grande repercussão na mídia espanhola, ficou conhecido como “A viúva negra de Patraix”, já que a viúva, Maria Jesús Moreno, foi apontada como uma das principais suspeitas do crime – não vou dar spoilers sobre o desfecho do caso. Na adaptação da história para o cinema, a viúva é Maje (a ótima Ivana Baquero, de “O Labirinto do Fauno"), uma enfermeira que tem dois empregos, um num hospital e outro em uma casa de repouso. Mesmo noiva do engenheiro Antonio Navarro (Álex Gadea), ela tem um caso com outro homem. Antonio a perdoou. Só que o casamento não segurou o ímpeto baladeiro da moça, que continuou saindo com as amigas para dançar e, pior, colecionar amantes. Quando o marido é encontrado morto, Maje fica arrasada, mas acaba caindo na desconfiança da inspetora Eva (Carmen Machi), encarregada de investigar o caso, que também aponta como suspeitos os amantes da viúva. Numa trama bem urdida, graças ao primoroso roteiro e uma história envolvente, além do ótimo elenco, “O Jogo da Viúva” é um excelente entretenimento, um filmaço!  


segunda-feira, 2 de junho de 2025

 

“MÁFIA S.A.” (“MAFIA INC.”), 2020, Canadá, 2h15m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Daniel Grou, seguindo roteiro assinado por Sylvain Guy. O tema Máfia já gerou inúmeros filmes, dois deles verdadeiras obras-primas do cinema: “O Poderoso Chefão” e “Os Bons Companheiros”. Posso garantir que “Máfia S.A.” também é um dos melhores. É violento e ao mesmo tempo nostálgico, com uma trilha sonora de primeira. A história, fictícia, é baseada no livro “Mafia Inc.: The Long, Bloody Reign of Canada’s Sicilian Clan” (“Máfia S.A.: O Longo e Sangrento Reinado do Clã Siciliano do Canadá”), dos jornalistas Andre Cédilot e André Noël. A família Paternò, comandada com mão de ferro por Don Frank Paternò (o ator italiano Sergio Castellitto, ótimo), que durante os anos 90 do século passado dominava o crime organizado em Montreal, no Canadá. Seu braço direito é o sanguinário e violento Vincente ‘Vince’ Gamache (Marc-André Grondin), originário de outra família mafiosa, os Gamache. Em meio às inúmeras desavenças e traições nesse núcleo mafioso, o filme destaca também um lance ousado de Don Frank, que reúne outras famílias mafiosas para investir num grande projeto: uma ponte que ligaria a Sicília ao continente italiano. Enfim, “Máfia S.A.” é mais um grande filme sobre a máfia italiana.    

domingo, 1 de junho de 2025

“CORAÇÃO DELATOR” (“CORAZÓN DELATOR”), 2025, Argentina, 1h29m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Marcos Carnevale. Trata-se de um drama romântico leve, sensível e muito agradável de assistir. Conta uma história simples sem pretensão de chegar a um filme cult. Juan Manuel (Benjamín Vicuña) é proprietário de uma grande empresa da construção civil em Buenos Aires. Solteiro, vive num casarão às vezes visitado por uma namorada de ocasião. Tudo vai às mil maravilhas até que um dia ele sofre um infarto. Ele precisa de um transplante de coração. O doador acaba sendo um trabalhador humilde residente na periferia da capital argentina, casado e pai de um menino. A cirurgia é um sucesso e Juan Manuel se recupera rapidamente. Como acontece na maioria desses casos, o receptor do órgão quer saber quem é o doador. Mal sabe ele que o bairro onde o doador morava é alvo de desapropriação por parte de sua empresa. Fingindo ser primo do padre da paróquia, Juan vai ao bairro e conhece a viúva do seu doador, Valeria (Julieta Díaz). Mais do que previsível, os dois se apaixonam. Ao interagir com o pessoal do bairro, Juan começa a rever os seus conceitos. O maior trunfo do filme é a química entre o casal protagonista. Benjamín Vicuña é um ator simpático que já mostrou seu talento principalmente no recente “O Silêncio de Marcos Tremmer”, outro ótimo filme argentino. A atriz Julieta Díaz é conhecida pelas comédias “Coração de Leão – O Amor não tem Tamanho” e “2 mais 2”. O cineasta Marcos Carnevale comprova mais uma vez o seu talento, tendo em seu currículo pequenas obras-primas do cinema argentino, como “Elsa & Fred”, “Inseparáveis” e “Coração de Leão”, quando também dirigiu Julieta Diaz. Trocando em miúdos, “Coração Delator” é um filme que toca o coração, emociona e diverte.