sábado, 12 de abril de 2025


“CABRINI”, 2024, coprodução Estados Unidos/Itália, 2h22m, em cartaz na Netflix, direção do mexicano Alejandro Gómez Monteverde (“Som da Liberdade”), que também assina o roteiro com a colaboração de Rod Barr. Confesso que não conhecia a incrível história da missionária italiana Francesca Xavier Cabrini (1850-1917). Desde que foi ordenada freira, ainda jovem, Cabrini (Cristiana Dell’Anna) se dedicou a acolher os pobres na Itália, fundando orfanatos e escolas. Não satisfeita, pediu ao Vaticano para ser transferida para a China, dizendo que havia muita pobreza por lá. “O mundo é pequeno demais para o que pretendo fazer”, afirmou diretamente ao Papa Leão XIII (Giancarlo Giannini). Só que o destino da missionária seria outro: Nova Iorque. Havia notícias de que os imigrantes italianos na metrópole norte-americana viviam à beira da pobreza absoluta, além de serem tratados como cidadãos de segunda classe. Com um grupo de missionárias, Cabrini chega a Nova Iorque em 1889 com inúmeros desafios a vencer. A começar pela língua inglesa, que não dominava, além da falta de apoio das autoridades locais, inclusive as eclesiásticas. Cabrini descobriria que a situação era muito pior do que imaginava, com muitos imigrantes, a maioria crianças, vivendo nos túneis subterrâneos por onde passava o esgoto da cidade. Para sensibilizar as autoridades municipais, Cabrini conseguiu convencer um jornalista do Jornal New York Times a fazer uma reportagem a respeito da situação. Ao longo dos anos, já naturalizada cidadã norte-americana, Cabrini fundou hospitais, orfanatos e escolas. Seu trabalho de expandiu mundo afora, à frente da Ordem Cabrini, inclusive na China. Cabrini foi canonizada pelo Papa Pio XII em 1946, tornando-se a primeira santa norte-americana. Ainda bem que o cinema resgata essa história maravilhosa de amor ao próximo, coragem e dedicação extrema. Completam o elenco John Lithgow, David Morse, Romana Maggiora Vergano, Rolando Villazón e Jeremy Bobb. Além de contar com ótimo elenco - destaque para o excelente desempenho da atriz italiana Cristiana Dell'Anna como Cabrini -, um roteiro bem elaborado e uma primorosa reconstituição de época, “Cabrini” conta uma história que merecia ser revisitada e divulgada. Imperdível!      

quinta-feira, 10 de abril de 2025

 

“ATAQUE TERRORISTA” (“OMERTA: 6/12”) – nos países de língua inglesa, “Attack on Finland”, 2021, coprodução Finlândia/Estônia, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Aku Louhimies, seguindo roteiro assinado por Jari Olavi Rantala e Antti J. Jokinen (roteiro adaptado do livro “6/12”, de Ilkka Remes). Durante a comemoração do Dia da Independência da Finlândia, 6 de dezembro, terroristas invadem o palácio presidencial, matam diversos convidados e mantêm reféns o presidente Kosvivuo (Robert Enckell) e outras autoridades importantes do país. No meio dos reféns está o general Jean Morel (Zijad Gracic), um dos alvos dos terroristas, cujas exigências incluem a soltura de um coronel assassino, pai de um dos terroristas. Também feita refém está a agente especial Sylvia Madsen (Nanna Blondell), designada como guarda-costas do general Morel. Depois de muitas negociações, os terroristas conseguem fugir levando alguns reféns com destino à Estônia, onde está o mentor do ataque, Leonid Titov (Juan Ulfsak). O agente Marcos Tanner (Jasper Pääkkönen), das forças especiais da Finlândia, fica encarregado da difícil missão de resgatar os reféns, aqui incluída sua colega Sylvia Madsen. “Ataque Terrorista” tem muita ação, cenários deslumbrantes e suspense do começo ao fim. Um filmaço!

quarta-feira, 9 de abril de 2025

 

“O ÚLTIMO DUELO” (“THE LAST DUEL”), 2021, coprodução Estados Unidos/Inglaterra/Irlanda do Norte, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Ridley Scott, seguindo roteiro assinado por Nicole Holof Cener, Ben Affleck e Matt Damon. Uma ótima história, um diretor consagrado, um elenco de primeira e uma cenografia espetacular (cenários deslumbrantes e uma primorosa reconstituição de época). Esses aspectos fazem deste épico histórico, baseado em fatos reais detalhados no livro homônimo de Eric Jager, lançado em 2004, um filmaço de tirar o fôlego. Na França medieval (século XIV), um caso polêmico de estupro chegou à corte do Rei Charles VI (Alex Lawther). O escudeiro Jacques Le Gris (Adam Driver) é acusado por Marguerite de Carrouges (Jodie Comer) de tê-la estuprado. Para complicar a situação, Marguerite é casada com sir Jean de Carrouges (Matt Dammon), amigo de Le Gris. Os dois estiveram juntos em várias batalhas e solidificaram uma grande amizade. Marguerite resolveu denunciar Le Gris para o marido e para as autoridades. De início, não lhe foi dado o devido crédito, ainda mais que o estuprador insistia em sua inocência. Resumindo, os dois ex-amigos duelariam entre si, com um detalhe pra lá de mórbido: se Jean perdesse, Marguerite seria imediatamente queimada. Para saber o que aconteceu, sugiro assistir a este ótimo épico. Completam o elenco Ben Affleck, irreconhecível como o conde Pierre D’Alençon, Serena Kennedy, Julian Firth, Marton Czokas, Chloe Harris, Chloé Lindau, Nathaniel Parker e Adam Nagaitis. O veterano diretor Ridley Scott, que está à beira dos 90 anos, ainda mantém o vigor com o qual nos brindou com filmes que se tornaram clássicos, tais como “Thelma & Louise”, “Blade Runner” e “Falcão Negro em Perigo”, entre tantos outros. Em “O Último Duelo”, Ridley Scott comprova que é um craque também em cenas de ação, todas primorosas. Resumo da ópera: mais um grande filme do diretor inglês. Não perca!

domingo, 6 de abril de 2025

 

“REAGAN”, 2024, Estados Unidos, 2h15m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Sean McNamara, seguindo roteiro assinado por Howard Klausner. Mais do que uma ótima cinebiografia do 40º presidente norte-americano, “Reagan” apresenta um panorama primoroso da situação política dos Estados Unidos e do mundo durante os anos mais conturbados do Século XX. O roteiro é baseado no livro “O Cruzador: Ronald Reagan e a Queda do Comunismo”, de Paul Kengor, lançado em 2006. No filme, a história é apresentada sob o ponto de vista de um ex-agente da KGB, Viktor Petrovich (Jon Voight), encarregado pela União Soviética de acompanhar todos os passos do então presidente norte-americano. Ronald Reagan (1917-2007) é interpretado com muita competência pelo veterano ator Dennis Quaid (quando jovem, por David Henrie). Desde a infância e juventude, quando presenciou as bebedeiras homéricas do pai alcóolatra, o primeiro emprego como salva-vidas, o sucesso como ator de Hollywood, os dois casamentos, seu trabalho como diretor do sindicato dos atores e seu ingresso na política, primeiro como governador e depois como presidente, o filme acompanha a trajetória de Reagan apresentando como pano de fundo o conjunto de acontecimentos políticos da época em que foi presidente, exaltando sua aversão ao comunismo e seu poder de negociação, revelando sua firmeza e, ao mesmo tempo, uma veia humorística que encantava os mais importantes políticos da época, de Margaret Tatcher (Lesley-Anne Down) a Mikhail Gorbachev (Aleksander Krupa). Completam o elenco Mena Suvari como Jane Wyman, primeira mulher de Reagan, Penelope Ann Miller como Nancy Reagan, a segunda esposa, Scott Stapp (Frank Sinatra), Kevin Dillon e Pat Boone. Segundo pesquisa feita pelo portal Rotten Tomatoes, “Reagan” alcançou incríveis 98% de aprovação por parte do público consultado. Realmente, é muito bom. Um filmaço!      

"KOMPROMAT – O DOSSIÊ RUSSO” (“KOMPROMAT”), 2022, França, 2h7m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Jérôme Salle (“A Odisseia”, os filmes da franquia Largo Winch), que também assina o roteiro com a colaboração de Caryl Ferey. A história é baseada na experiência real vivida pelo diplomata francês Yoann Barbereau em 2016 e relatada no livro “Dans Les Geôles De Sibérie”. No filme, Yoann transformou-se no personagem Mathieu Roussel (Gilles Lellouche), que foi com a mulher e o filho para a cidade de Irkutisk, na Sibéria, para comandar a Alliance Française, cujo objetivo era divulgar a arte e a cultura francesa aos russos. Depois de promover uma peça de teatro na qual dois atores se beijam na boca, Roussel é preso pelo FSB (Serviço Federal de Segurança), que nada mais é do que a nova versão da antiga e sádica KGB. Acusado de pedófilo e estuprador da própria filha, ele é levado para uma penitenciária e jogado numa cela com presos de alta periculosidade. Quando ficam sabendo de que o novo “colega” é estuprador, partem pra cima dele e o agridem violentamente. Logo depois, o advogado contratado pela Embaixada da França consegue a liberdade condicional de Roussel, que sai da cadeia usando uma tornozeleira eletrônica, sair de casa em horários determinados e impedido de usar celular. Ele fica sabendo que a esposa Alice Roussel (Elisa Lasowski) e a filha voltaram para a França. Segundo relatório do FSB, foi Alice quem o denunciou. Aqui, faço uma pausa para esclarecer que o termo “Kompromat” é utilizado na Rússia como um dossiê falso concebido para incriminar opositores do governo – na verdade, o FSB acreditava que o francês era espião. Roussel pediu ajuda ao embaixador francês, que a negou com a desculpa de prejudicar o relacionamento com a Rússia. O francês então empreendeu uma fuga maluca pelo território russo, com o objetivo de chegar à fronteira da Estônia e então conquistar a liberdade. A única pessoa a ajudá-lo foi a jovem russa Svetlana (a atriz polonesa Joanna Kulig). As etapas da fuga e o sofrimento infringido a Roussel, que passou fome e frio, além da perseguição por parte dos agentes da FSB, são destacados em grande parte do filme, tornando-o um suspense de prender a respiração. Mais interessante ainda é o fato de revelar uma história verídica. Recomendo.