“THEEB”, 2014, Jordânia, marca a estreia
do diretor inglês de família jordaniana Naji Abu Nowar na direção de longas.
Ele também é responsável pelo roteiro, que conta a aventura vivida pelo jovem
Theeb, filho mais moço de uma família de beduínos que vive na Província de Hejaz
(região a oeste da Arábia Saudita). Seu pai, um xeique já falecido, era o chefe
da tribo. Toda a ação acontece durante o
ano de 1916, em plena 1ª Guerra Mundial. Theeb (Jacir Eid Al-Hwietat) e o irmão
mais velho Hussein (Hussein Salameh) são recrutados para guiar o oficial inglês
Edward (Jack Fox) numa expedição cujo objetivo é encontrar um poço romano.
Durante a viagem, feita no meio de um deserto inóspito (o cenário inteiro do
filme), eles enfrentarão muitos perigos, o maior deles um ataque de violentos e
sanguinários rebeldes. Mas a fome e a sede também são inimigos mortais. Um
detalhe exemplifica bem o sentimento dos beduínos com relação aos ocidentais e
suas modernidades. Ao invés de elogiarem a ferrovia construída pelos ingleses,
os habitantes locais ignoram os benefícios que a obra trará e a consideram uma
intrusão demoníaca. Chamam os trens, por exemplo, de “burros de ferro”. O filme
é muito bom, mas passa longe de conter um apelo comercial, o que certamente dificultará
sua exibição no circuito normal de cinemas.
Ao
contrário do que o título sugere, “SAMBA”, 2014, França, não tem nada a ver com o
nosso tradicional ritmo. Samba Cissé (o simpático Omar Sy, de “Intocáveis”) é
um imigrante do Senegal que vive há 10 anos em Paris. Trabalha em restaurantes
como limpador de pratos e seu sonho é um dia ser “chef” de cozinha. Como
imigrante ilegal, porém, ele acaba detido e ameaçado de ser deportado. É quando
conhece Alice (Charlotte Gainsbourg), a nova integrante de uma Ong que ajuda os
imigrantes, com a qual faz amizade. Alice está afastada de seu trabalho de
executiva de uma grande empresa por causa de um episódio de estresse, e o
trabalho na Ong faz parte do seu tratamento. Samba (pronuncia-se Sambá) também
conhece Wilson (o ótimo Tahar Rahim), outro imigrante com problemas, que se diz
brasileiro. Embora trate de uma questão delicada e bastante atual como é a
situação dos imigrantes na França, o filme tem uma levada de comédia, o que
ameniza o contexto dramático. Duas das cenas mais divertidas têm como trilha
sonora Gilberto Gil e Jorge Benjor. O filme foi escrito e dirigido por Eric
Toledano e Olivier Nakache, dupla responsável pelo imperdível “Intocáveis”. O
bom elenco conta ainda com Izïa Higelin, Issaka Sawadogo, Liya Kebedeen. Mais
um filme francês de qualidade. Não perca!
Depois
de “O Exorcista”, dirigido por William Friedkin em 1973, nenhum outro filme sobre
exorcismo conseguiu assustar tanto a plateia. O pessoal continua tentando, mas
o resultado final sempre fica muito distante do original. É o caso, por
exemplo, deste “EXORCISTAS DO VATICANO” (“The Vatican Tapes”), 2014, EUA, mais um que nada acrescenta de novidade
ao gênero. A jovem Angela Holmes (Olivia Taylor Dudley) fere o dedo ao cortar o
seu bolo de aniversário. O ferimento infecciona depois que um corvo dá uma
bicada no seu dedo e, partir daí, o comportamento da moça muda completamente.
Para pior, é claro, incluindo assassinatos e outras situações que só uma
possessão maligna pode provocar. Ao desconfiar que é exatamente o que está
acontecendo com a moça, o Padre Lozano (Michael Peña) entra em contato com o
Vaticano e relata o caso. O Cardeal Bruun (Peter Andersson), especialista em
exorcismo, viaja para os EUA com o objetivo de investigar a possuída. Ele chega
à terrível conclusão de que o Anticristo assumiu o corpo da moça e que será
preciso eliminá-lo para salvar a humanidade. O final do filme é sinistro,
deixando a seguinte mensagem: o Anticristo pode estar entre nós. Sai pra lá,
capeta!!!
“ENCONTRO MARCADO” (“5 to 7”), 2015, roteiro e direção de Victor Levin (“Ironias do Amor” e “Quase me
Apaixono”). Trata-se de uma charmosa e simpática comédia romântica ambientada
em Nova Iorque e valorizada por um elenco de primeira: Anton Yelchin, a bela atriz
francesa Bérénice Marlohe, o também francês Lambert Wilson, Olivia Thirlby e as
participações especiais de Glenn Close e Frank Langella. Os cenários da Big Apple também fornecem charme e
glamour ao filme, como as cenas no Museu
Guggenheim, no Restaurante Carlyle, no Hotel St. Regis e no Central Park. Tudo filmado com muita classe e bom gosto. O jovem candidado a escritor Brian
(Yelchin), de 24 anos, conhece Arielle (Bérénice), de 33 anos, casada com um
diplomata francês, Valery (Wilson). Brian e Arielle tornam-se amantes, com a
concordância do marido dela. O casal francês é totalmente liberal, tanto que
ele também tem uma amante, a editora Jane (Olivia). Há, porém, um acordo que
deve ser respeitado: os encontros devem acontecer sempre entre 5 e 7 horas da
tarde (daí o título), horário ideal para o adultério, segundo os franceses. Só que Brian
se apaixona perdidamente, a ponto de apresentar a amante para seus pais (Close
e Langella) num jantar que se transforma num dos momentos mais engraçados do
filme. Ao pressionar Arielle, propondo que ela se separe do marido e dos dois
filhos, Brian coloca a amante na difícil situação de decidir entre a segurança de
um casamento de anos e um futuro totalmente incerto com um jovem nove anos mais
moço. Quem quiser saber qual foi a decisão de Arielle, só vendo o filme, que, aliás, é ótimo.