“POROROCA”, 2017,
Romênia, 2h32m, roteiro e direção de Constantin Popescu. Atração da programação
oficial da 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, “Pororoca” é mais um
exemplo primoroso da surpreendente escola cinematográfica da Romênia, responsável
por tantos grandes filmes. Trata-se de um drama pesadíssimo, perturbador. De
uma forma angustiante, e durante quase toda a projeção, o espectador acompanha
a trajetória de dor, culpa e sofrimento de um pai, Tudor Ionescu (o excelente
ator Bogdan Dumitrache), que
num domingo leva seus filhos Marie, de 5 anos, e Ilie, de 7 anos, para passear
no parque da cidade (não deu para identificar se é Bucareste ou outra cidade).
Enquanto conversa no celular com o amigo, Tudor se distrai dos filhos por
alguns segundos, o suficiente para Marie simplesmente sumir. Desespero total, mães
e pais ajudando a procurar a menina. Sem sucesso. O sumiço já provoca sua
primeira consequência: o casamento entra em crise, já que Cristina (Iulia Lumanare),
a esposa, acusa Tudor de ter negligenciado a menina e, portanto, é o
responsável por seu desaparecimento. Ela vai para a casa dos pais, leva o
filho, e deixa Tudor alimentar sua culpa, que aos poucos se transforma numa
paranoia histérica e, por fim, numa insanidade assassina. O filme acompanha
todo o desespero de Tudor, para terminar num desfecho chocante, tornando
este drama romeno bastante impactante. Tudo bem que o filme é muito bem escrito
e dirigido por Constantin Popescu, que conseguiu criar um clima angustiante de tensão
ao acompanhar o sofrimento de Tudor. Aliás, posso afirmar que o excelente ator
romeno Bogdan Dumitrache carrega o filme nas costas, assim como sua culpa e
dor. Sua atuação é tão marcante que conquistou o Prêmio de Melhor Ator no
importante Festival de Cinema de San Sebastián (Espanha). Com relação ao título
original, “Pororoca”, tentei de tudo que é jeito descobrir a relação com a
história e a razão dessa escolha. Não consegui. Todo mundo sabe que é um
fenômeno do encontro das águas fluviais com as do oceano. Mas o que tem a ver
com o filme? Um comentarista tentou explicar: “é o desaguar de emoções”. Aí também não... Bom, vamos ao resumo da
ópera: “Pororoca” é mais uma pérola do cinema romeno, uma pequena obra-prima, uma verdadeira aula de cinema.
Portanto, IMPERDÍVEL!
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