Confesso de cara que não foi fácil
resistir até o final das 2h7min de duração do drama romeno “ANA, MON AMOUR”, 2017, escrito
e dirigido por Calin Peter Netzer, o mesmo diretor do ótimo “Instinto Materno”.
A história é baseada no livro “Luminita, Mon Amor”, escrito por Cezar Paul-Bädescu
(que também colaborou na elaboração do roteiro). O tédio já começa com dois
estudantes de filosofia discutindo Nietzsche. Dessa forma erudita é que começa
o romance entre Ana (Diana Cavallioti) e Toma (Mircea Postelnicu). A partir
daí, o filme acompanha a relação tumultuada entre os dois durante muitos anos
depois. Ana é uma mulher depressiva crônica, tem ataques de ansiedade e pânico
e é emocionalmente perturbada, talvez porque tenha sido estuprada pelo padrasto
quando era adolescente – pelo menos é o que o filme dá a entender. Toma é
inseguro, também depressivo, fuma sem parar e se entrega totalmente aos
defeitos de Ana, que se transforma numa obsessão para ele ao longo dos anos em que ficam juntos. Para aguentar o
tranco, Toma se submete a sessões de psicanálise mostradas ao espectador de
forma bastante tediosa. Um aviso importante para quem se sujeitar a acompanhar esse
drama: tire as crianças da sala, pois tem cenas de nú frontal e de sexo explícito,
aliás, de muito mau gosto. Outra cena que choca é aquela em que Toma é obrigado
a limpar as sujeiras de Ana depois de um surto. A cena que achei mais
interessante, porém, é aquela em que os editores do jornal em que Toma trabalha discutem
a pauta da próxima edição. A ideia é colocar, como destaque, uma entrevista com
o escritor brasileiro Paulo Coelho. Toma é contra, dizendo que Coelho não é bom
escritor e que, por isso, não merece destaque, ao que foi contestado pelo
editor-chefe, que defende a entrevista dizendo que nenhum escritor no mundo
vende tanto quanto Paulo Coelho. O filme estreou no 67º Festival de Berlim e
foi exibido por aqui durante a 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo,
em outubro de 2017.
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