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domingo, 6 de maio de 2018


Confesso de cara que não foi fácil resistir até o final das 2h7min de duração do drama romeno   “ANA, MON AMOUR”, 2017, escrito e dirigido por Calin Peter Netzer, o mesmo diretor do ótimo “Instinto Materno”. A história é baseada no livro “Luminita, Mon Amor”, escrito por Cezar Paul-Bädescu (que também colaborou na elaboração do roteiro). O tédio já começa com dois estudantes de filosofia discutindo Nietzsche. Dessa forma erudita é que começa o romance entre Ana (Diana Cavallioti) e Toma (Mircea Postelnicu). A partir daí, o filme acompanha a relação tumultuada entre os dois durante muitos anos depois. Ana é uma mulher depressiva crônica, tem ataques de ansiedade e pânico e é emocionalmente perturbada, talvez porque tenha sido estuprada pelo padrasto quando era adolescente – pelo menos é o que o filme dá a entender. Toma é inseguro, também depressivo, fuma sem parar e se entrega totalmente aos defeitos de Ana, que se transforma numa obsessão para ele ao longo dos anos em que ficam juntos. Para aguentar o tranco, Toma se submete a sessões de psicanálise mostradas ao espectador de forma bastante tediosa. Um aviso importante para quem se sujeitar a acompanhar esse drama: tire as crianças da sala, pois tem cenas de nú frontal e de sexo explícito, aliás, de muito mau gosto. Outra cena que choca é aquela em que Toma é obrigado a limpar as sujeiras de Ana depois de um surto. A cena que achei mais interessante, porém, é aquela em que os editores do jornal em que Toma trabalha discutem a pauta da próxima edição. A ideia é colocar, como destaque, uma entrevista com o escritor brasileiro Paulo Coelho. Toma é contra, dizendo que Coelho não é bom escritor e que, por isso, não merece destaque, ao que foi contestado pelo editor-chefe, que defende a entrevista dizendo que nenhum escritor no mundo vende tanto quanto Paulo Coelho. O filme estreou no 67º Festival de Berlim e foi exibido por aqui durante a 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro de 2017.   
      

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