“A ÚLTIMA SESSÃO DE FREUD” (“FREUD’S
LAST SESSION”), 2023, coprodução Estados
Unidos/Irlanda/Inglaterra, 1h50m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção
de Matthew Brown (“O Homem que Viu o Infinito”). Londres, setembro de 1939. Em
seus últimos dias de vida, o psicanalista Sigmund Freud recebe a visita do
escritor e professor universitário irlandês C.S. Lewis, que mais tarde ficaria
famoso pela autoria de “Crônicas de Nárnia”, entre outros romances. Esse
encontro fictício foi imaginado pelo psiquiatra Armand Nicholi no livro “The Question of God: C.S. Lewis and Sigmund Freud Debate God, Love, Sex and The Meaning of
Life”, que mais tarde seria adaptado para o teatro na peça “Freud’s Last
Session”, do dramaturgo Mark St. Germain. Agora, o tema acabou virando o filme
que comento neste espaço. Aliás, um filme excelente, não muito fácil de
digerir, pois é integralmente feito de diálogos em que Freud e C.S. Lewis
discutem temas como amor, sexualidade, filosofia, espiritualidade, religião, a existência
de Deus, o futuro da humanidade. Enfim, conversas do mais alto nível entre dois
dos mais importantes cérebros do século XX, com direito a uma participação especial,
também fictícia, do escritor J.R.R. Tolkien (“O Senhor dos Anéis”). Em meio aos
diálogos, o filme destaca cenas de batalha da 1ª Guerra Mundial, motivo
principal dos traumas de C.S. Lewis, que lutou no conflito. Estão no elenco Anthony Hopkins (Freud),
Matthew Goode (Lewis), Liv Lisa Fries (Anna Freud), Jody Balfour (Dorothy
Burlingham, amante de Anna), Sephen Campbell Moor (J.R.R. Tolkien), Jeremy
Northam (Ernest Jones) e Orla Brady (Nanie Moore). Trocando em miúdos, um filme
que passa longe de um entretenimento leve, mas de muita qualidade.
sexta-feira, 14 de novembro de 2025
terça-feira, 11 de novembro de 2025
“IL BOEMO”, 2022, em cartaz na Prime Vídeo, coprodução República Tcheca/Itália/Eslováquia, 2h20m, direção de Petr Václav, cineasta tcheco radicado na França, que também assina o
roteiro com a colaboração de Gilles Taurand. Trata-se da cinebiografia do
compositor e maestro tcheco Josef Myslivecek (1737/1781), que teve grande importância
na história da música erudita e da ópera na segunda metade do século 18. O
filme acompanha a chegada de Josef em Veneza, na Itália, para estudar música
com o maestro Finocchietti (Alberto Gracco). Para sobreviver, Josef dava aulas
de violino e piano. Nessa época, então um ilustre desconhecido, o músico tcheco
começou um romance com uma mulher da corte, que o incentivou a compor uma
ópera. Assim começou a fase áurea de Myslivecek, também conhecido pelo apelido
de “Il Boemo”, contratado por vários teatros italianos para dirigir suas
orquestras e compor óperas. O filme dedica espaço para as inúmeras aventuras
amorosas do músico, interpretado pelo ator Vojtech Dyk, também músico e cantor
de profissão. E ainda um encontro muito especial com Wolfgang Amadeus Mozart, um menino prodígio que surpreendeu o musico tcheco reproduzindo com perfeição uma música do maestro que acabara de ouvir. A vida promíscua de Myslivecek teria um resultado trágico depois
que o maestro contraiu sífilis terciária, causando-lhe a morte. Completam o
elenco Elena Radonicich, Barbara Ronchi, Lana Vlady e Federica Vecchio. O filme
é um deleite visual e sonoro. A recriação de época é primorosa, destacando os
cenários e os figurinos, além de uma maravilhosa trilha sonora, um brinde
especial para quem gosta de música erudita. “Il Boemo” representou a República
Tcheca na disputa da categoria Melhor Filme Internacional no Oscar 2023. Imperdível.
domingo, 9 de novembro de 2025
“FRANKENSTEIN”, 2025,
Estados Unidos, 2h29m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção do cineasta
mexicano Guillermo Del Toro, cujo currículo compreende uma excelente
filmografia, na qual incluo “A Forma da Água”, Oscar de Melhor Filme e Melhor
Diretor em 2018, “O Labirinto do Fauno”, “A Espinha do Diabo” e a animação “Pinóquio”,
vencedor da categoria no Oscar 2023. Acredito que “Frankenstein” deva ser também indicado para algumas categorias no Oscar 2026. O filme é um deleite visual, ao
estilo romantismo gótico que o cineasta mexicano domina como poucos. Esta nova
adaptação do romance escrito por Mary Shelley em 1818 traz o ator guatemalteco
Oscar Isaac como o médico e cientista Victor Frankenstein, criador do monstro
que tem assustado plateias desde 1931, quando a criatura foi papel de Boris
Karloff. Outras adaptações foram feitas, mas a melhor continuo achando a de
Karloff, quando a criatura tinha a cabeça quadrada e um enorme parafuso no
pescoço, como também foi estilizado em revistas de quadrinhos. Completam o
elenco nesta última versão de Frankenstein a atriz Mia Goth, Jacob Elordi (a
criatura), Christoph Waltz, Felix Kammerer, Charles Dance, David Bradley e Lar
Mikkelsen. Sob a batuta de Guillermo Del Toro, "Frankenstein" ganhou um tratamento estético dos mais primorosos. Não perca!
“HEDDA”, 2025, Estados Unidos, 1h48m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Nia DaCosta (“A Lenda de Candyman”, “As Marvels”). Logo nas primeiras cenas percebi que os diálogos eram bem teatrais. Acertei em cheio, pois depois verifiquei que se tratava de uma releitura da peça “Hedda Gabler”, escrita em 1891 pelo dramaturgo norueguês Henrik Ibsen. A adaptação é provocativa e moderna, sendo toda a ação ambientada numa única noite em que Hedda Gabler (Tessa Thompson) e seu marido George Tesman (Tom Bateman) promovem uma grande festa para apresentar a mansão totalmente reformada para a qual o casal acaba de se mudar – o imóvel pertencia ao General Gabler, pai de Hedda. Os convidados representam a alta sociedade, incluindo professores universitários e algumas autoridades. Fácil perceber que Hedda, insatisfeita no casamento e infeliz como dona de casa, é uma mulher manipuladora. Com intrigas e mentiras, ela desenvolve uma série de atritos que acabam gerando desavenças. Nesse contexto são envolvidos os personagens de seu marido, de sua ex-amante Eileen Lovborg (a atriz alemã Nina Hoss) e de uma mulher que não havia sido convidada, papel de Imogen Poots. Muita bebida, cocaína à vontade e sexo casual pelos jardins da mansão. Enfim, uma festa que provavelmente não terminará bem. Completam o elenco Nicholas Pinnock, Finbar Lynch e Mirren Mack. Não conheço a peça de Ibsen, portanto não sei se a adaptação foi bem feita. De qualquer forma, achei o filme bastante interessante.



