“NOVEMBRO: PARIS ATACADA” (“NOVEMBRE”)
–
na divulgação oficial aparece “Paris Atacado”, talvez um erro de digitação -,
2023, França, 1h46m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Cédric Jimenez, que também
assina o roteiro com Olivier Demangel. Já conhecia o diretor Cédric Jimenez de
outros filmes, como o ótimo “Bac Nord: Sob Pressão”, de 2021. Um craque dos
filmes de suspense e ação. Em “Novembre”, ele dá um show de suspense para
contar o trabalho das equipes antiterrorismo e da polícia parisiense para
identificar e prender os responsáveis pelos vários atentados à bomba ocorridos
na capital francesa em 2015, que resultaram em 112 mortos e dezenas de feridos.
A história é toda baseada em fatos reais, acompanhando as investigações por
cinco dias, entre vigilância ininterrupta a locais suspeitos, prisões e interrogatórios. O ritmo é
alucinante, destacando com realismo o estresse pelo qual passaram as
autoridades francesas naqueles dias. Enfim, um filmaço. No elenco, destaque
para Jean Dujardin (“O Artista”), Anaïs Demoustier, Sandrine Kiberlain, Jérémie
Renier, Lyna Khoudri, Cédric Kahn, Sofian Khammes, Sami Outalbali, Stéphane Bak
e Sarah Afchain.
sábado, 15 de junho de 2024
quinta-feira, 13 de junho de 2024
“TERRA DE SANTOS E PECADORES”
(“IN THE LAND OF SINNERS AND SAINTS”), 2023, Irlanda, 1h46m, em
cartaz no Prime Vídeo, direção de Robert Lorenz, seguindo roteiro assinado por
Mark Michael McNally e Terry Loane. Estamos em 1974, a Irlanda vivendo
a violência dos atentados praticados pelo IRA (Exército Republicano Irlandês).
Um desses atentados, em Dublin, é mostrado no início do filme, no qual também
são mortas algumas crianças. Os terroristas fogem e se escondem na pequena
cidade litorânea de Glen Colm Cille. A chefona desse grupo é a sádica e
violenta Doireann McCann (Kerry Condon, ótima). O caminho deles, porém, vai cruzar
com Finbar Murphy (Liam Neeson), um ex-herói de guerra que agora faz bicos como
assassino de aluguel. Ao contrário dos últimos filmes do ator Liam Neeson,
repletos de ação, este é mais comedido, mais reflexivo, embora tenha alguma
violência. Neeson está literalmente em casa, pois é irlandês. Completam o
elenco – em sua grande maioria irlandeses – Ciarán Hinds, Niamh Cusack, Jack
Gleeson, Desmond Eastwood, Colm Meaney, Sarah Greene e Conor MacNeill. Além da
boa história e do ótimo elenco, mais um destaque são os cenários naturais do
litoral da Irlanda, valorizados por vistas panorâmicas deslumbrantes. O filme
estreou com elogios no Festival de Cinema de Veneza, confirmando o carisma do
ator Liam Neeson como mocinho defensor dos fracos e oprimidos.
quarta-feira, 12 de junho de 2024
"UNABOMBER: TERRORISTA” (“TED
K”),
produzido em 2021, mas lançado somente em 2023, Estados Unidos, 2h02m, em
cartaz no Prime Vídeo, roteiro e direção do cineasta independente Tony Stone.
Mais do que um filme, este drama é um relato documental que mais parece um estudo psicológico
do terrorista Theodore John Kaczynski, que nos anos 70 e 80 assustou a
população norte-americana com suas cartas-bomba enviadas pelo correio e que
causaram a morte de três pessoas e ferimentos em outras 23. Logo chamado de “Unabomber”,
ele escolhia como seus principais alvos lojas de informática, escritórios de companhias aéreas
e faculdades de Ciência. Kaczynski não era um qualquer. Aos 16 anos, ingressou
na Universidade de Harvard, formando-se em Matemática. Logo em seguida, foi
contratado pela Universidade da Califórnia-Berkeley como seu mais jovem
professor. Ele tinha um QI de 167, ou seja, um gênio, mas desistiu de tudo e
foi morar isolado em uma pequena casa de madeira na Floresta de Lincoln, em
Montana, onde viveu até ser preso pelo FBI em 1998 – morreria na prisão em
2023. O ator sul-africano Sharlto Copley interpreta o “Unabomber”, com uma
atuação brilhante. Em sua estreia no Festival de Berlim, o filme foi aclamado
pela crítica. Eu também gostei, mas adianto que não é muito fácil de digerir,
pois destaca, em quase toda sua duração, uma narração detalhada de como funcionava
a mente perturbada de um gênio que se perdeu no radical ativismo ecológico, desprezando
a sociedade moderna e a tecnologia que se deslumbrava naquela época. De
qualquer forma, o filme é muito interessante, talvez mais ideal para ser
exibido em aulas nas faculdades de psiquiatria e psicologia.
domingo, 9 de junho de 2024
“SOB AS ÁGUAS DO SENA” ("SOUS
LA SEINE”), 2024, França, 1h44m, em cartaz na Netflix,
roteiro e direção de Xavier Jens. Como teste final para a organização dos Jogos
Olímpicos de Paris, agora em 2024, a prefeitura da capital francesa anuncia a
realização de uma etapa do Campeonato Mundial de Triatlo, cuja prova de natação
ocorrerá no Rio Sena. Poucos dias antes, porém, um grupo ativista ambiental
descobre que um gigantesco tubarão está livre, leve e solto no Rio Sena. Em
total silêncio para não causar pânico na população, a bióloga marinha Sophia (Bérénice
Bejo) e mergulhadores da polícia parisiense tentam capturar o animal, um
espécime de mais de 7 metros de comprimento. Depois de uma tentativa frustrada
nas catacumbas do rio, Sophia e a polícia recorrem à prefeita de Paris (Anne
Marivin) e pedem para adiar a competição, caso contrário muitas mortes
ocorrerão. Claro, a política nega o pedido alegando não poder perder um
investimento já feito, além de nem mesmo acreditar que haja um tubarão no Sena. Tragédia plenamente anunciada. O filme é repleto de absurdos, aqui incluída
a própria história – Jacques Custeau deve ter se revirado no caixão. As cenas
submarinas também não contribuem, além de um elenco pobre de qualidade, mesmo
com a participação da atriz argentina naturalizada francesa Bérénice Bejo,
indicada ao Globo de Ouro e ao Oscar como Melhor Atriz Coadjuvante em 2012 pelo
filme “O Artista”, também pelo qual ganhou o “César” (Oscar francês) como
Melhor Atriz. Trocando em miúdos, “Sob as Águas do Sena” é um filme bem difícil
de recomendar, embora na "democracia relativa" em que vivemos o espectador é
livre para escolher.
“O PREÇO DA HERANÇA DA VOVÓ” (“RICCHI
A TUTTI I COSTI”), 2024, Itália, 1h30m, em cartaz na Netflix,
roteiro e direção de Giovanni Bognetti. Embora a história seja completamente diferente,
esta comédia é uma sequência de “O Preço da Família”, de 2022, com o mesmo
elenco e o roteirista/diretor. Trata-se da família de Carlo (Christian De Sica,
filho do grande ator e diretor Vittorio De Sica), Anna (Angela Fionocchiaro), e
os filhos Emilio (Claudio Colica) e Alessandra (Dharma Mangia Woods), agora às
voltas com a nova aventura amorosa da matriarca Giuliana (Fioretta Mari), que,
beirando os 90 anos, resolveu arrumar um namorado muito mais novo, o pilantrão
Nunzio (Antonino Bruschetta), cujo passado revela relacionamentos com idosas ricas na
América do Sul. O problema não é o inusitado romance, mas a herança que Giuliana
deixará para a família, avaliada em 6 milhões de euros, e que agora corre o
risco de cair nas mãos de Nunzio. Anunciado o casamento, prestes a ser
realizado na paradisíaca ilha espanhola de Minorca, a família tentará a
qualquer custo acabar com a relação e começa a montar um plano para desmascarar
o noivo. O filme é leve e divertido, sem ofender nossa inteligência, mas está
longe, muito longe, por exemplo, das antigas comédias italianas do diretor
Mário Monicelli (1915-2010), tais como “Parente é Serpente”, “Quinteto
Irreverente” e “O Incrível Exército de Brancaleone”. Ou daquelas com Nino
Manfredi, Vittorio Gassman, Ugo Tognazzi e tantos outros.