sexta-feira, 17 de maio de 2024

 

“O ENTREGADOR” (“EL CORREO”), 2024, em cartaz na Netflix, coprodução Espanha/Bélgica, 1h42m, direção de Daniel Calparsoro, seguindo roteiro assinado por Patxi Amezcua e Alejo Flah. A história é baseada em fatos reais e acompanha a incrível trajetória de Iván Márquez (Arón Piper), um jovem do bairro de Vallecas, na periferia de Madrid, desde o início dos anos 90 até a virada do século 21. Esperto, ambicioso e ousado, Iván deixa o emprego de manobrista e se envolve em esquemas de lavagem de dinheiro e corrupção, trabalhando para políticos, mafiosos e empresários inescrupulosos. Sua missão é levar o dinheiro sujo para fora da Espanha, principalmente para a Suíça e a Bélgica. Sua ambição, porém, não tem limites. De “mula”, ele passa ao topo da hierarquia criminosa, traindo seus antigos chefes. A partir daí, gastando milhares de euros em festas regadas a muita bebida e cocaína, Iván começa a chamar a atenção da polícia espanhola. O pano de fundo de toda a história é a crise econômica espanhola nos anos 90 e as mudanças verificadas no período, incluindo a introdução do euro. Além do jovem e promissor ator Arón Piper, fazem parte do excelente elenco Luis Tosar, María Pedraza, Laura Sépul, Lara Martorell, Luis Zahera, Nourdin Batau, José Manuel Poga, Arantxa Aranguren, Geert Van Rampelberg, Stefan Weinert e Antonio Buil. Filmado em ritmo alucinante e com muita ação, “O Entregador” chega à Netflix recomendado como possível melhor filme espanhol do ano, com toda justiça, pois realmente é muito bom. Não perca!            

quarta-feira, 15 de maio de 2024

 

PUAN (PUÁN), 2023, coprodução Argentina, Brasil, Alemanha, França e Itália, 1h50, em cartaz no Prime Vídeo, roteiro e direção de María Alché (“A Família Submersa”) e Benjamin Naishtat (“Vermelho Sol”). Grande sucesso de bilheteria na Argentina em 2023, além da participação em vários festivais mundo afora, recebendo premiações no San Sebastián International Film Festival (melhor ator para Marcelo Subiotto e melhor roteiro). Por aqui, foi exibido na 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Trata-se de uma comédia dramática que tem como pano de fundo a crise econômica argentina pré-Millei, provocando um grande colapso nas universidades públicas. Após a morte do professor Caselli, titular da cadeira de Filosofia da Universidade de Buenos Aires, o substituto natural seria seu adjunto, Marcelo Pena (Marcelo Subiotto). Só que surge um novo postulante ao cargo, Rafael Sujarchuk (Leonardo Sbaraglia), antigo aluno do professor falecido e que agora lecionava em Frankfurt (Alemanha). De férias, Rafael retorna à Argentina e participa das homenagens póstumas ao antigo professor, quando então acaba se interessando em disputar a vaga. O roteiro explora com maestria essa disputa entre os dois professores, dedicando, porém, um maior tempo ao cotidiano de Marcelo, seu relacionamento com a família, com os demais professores, com a direção da universidade e com seus alunos. Completam o elenco Julieta Zylberberg, Camila Peralta, Damián Dreizik, Juan Luppi, Cristina Banegas, Gaspar Offhanden e Lali Espósito. Apenas para esclarecer: Puan é o nome do bairro onde se encontra a Universidade de Buenos Aires. Resumo da ópera: mais um bom filme argentino que merece ser visto. Não perca!            

segunda-feira, 13 de maio de 2024

 

 

“CRISE” (“CRISIS”), 2021, coprodução Canadá/Bélgica, 1h58m, em cartaz na Netflix desde o dia 22 de abril de 2024, roteiro e direção de Nicholas Jarecki (“A Negociação”). Trata-se de mais uma poderosa denúncia contra a indústria farmacêutica responsável pela produção de opioides, droga com efeitos analgésicos e sedativos potentes, altamente viciante, responsável por viciar – e matar -, só nos EUA, centenas de milhares de pessoas. A trama acompanha a trajetória de três personagens: um agente da DEA (Departamento Antidrogas dos EUA), uma arquiteta que perde o filho adolescente e um cientista professor universitário. Cada um deles terá papel fundamental no transcorrer da história, os três envolvidos no combate inglório contra a fabricação e vendas dos opioides. O elenco é de primeira: Armie Hammer, Gary Oldman, Evangeline Lilly, Luke Evans, Michelle Rodriguez, Veronica Ferres, Greg Kinnear, Lily-Rose Depp (filha do ator Johnny Depp e da atriz francesa Vanessa Paradis), Indira Varma, Guy Nadon e Nicholas Jarecki (diretor do filme), só para citar os mais conhecidos. É revoltante constatar o poder que a indústria farmacêutica exerce sobre autoridades do governo, órgãos de fiscalização e a mídia em geral, corrompidos por muito dinheiro e sem qualquer compaixão pela saúde pública. “Crise” cutuca essa ferida com muito realismo e competência. Não perca!            

 

CINZAS (KÜL), 2024, Turquia, 1h40m, em cartaz na Netflix, direção de Erdem Tepegöz, seguindo roteiro assinado por Erdi Isik. Drama romanceado com algum suspense da metade para o fim. Gökçe (Funda Erygit) é casada com Kenan (Mehme Günsür), dono de uma grande editora de livros em Istambul. Ele é dona de uma loja de roupas femininas de alto padrão. O editor Kenan faz questão de que Gökce faça a primeira leitura dos livros enviados à editora e sua opinião é levada a sério. Até que chega, pelo correio, o rascunho de um romance intitulado “Kül”, porém sem o nome do autor ou autora. Ao ler a história, um romance entre um homem chamado apenas de “M” e uma mulher, Gökçe começa a ficar obcecada pelas situações relatadas, começando a ter fantasias sobre o livro, imaginando-se como a personagem principal - eu não sabia, mas existe uma tal de Fictofilia: amor ou obsessão por personagens fictícios. Seguindo alguns locais citados no livro, a maioria deles na periferia pobre de Istambul, Gökçe acaba encontrando o suposto autor do livro, um carpinteiro chamado Metin Ali (Alperen Duymaz). Surge uma amizade entre eles, mas fica claro que Metin tem um passado misterioso. Mesmo assim, Gökçe se apaixona perdidamente pelo carpinteiro, uma relação que pode levar a uma tragédia. Não comento mais para não estragar as surpresas deixadas para o desfecho. Além disso, a cena final deixa o espectador com a pulga atrás da orelha, pois dá a entender que a realidade talvez seja ficção, ou vice-versa. Este final intrigante valoriza e faz de “Cinzas” um ótimo entretenimento – sem falar na beleza e competência da atriz Funda Erygit, uma das mais conhecidas do cinema turco.           

domingo, 12 de maio de 2024

 

RASTROS DE UM CRIME (THE CLEANER), 2022, Estados Unidos, 1h33m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Erin Elders, que também assina o roteiro juntamente com King Orba (ator principal da história). Trata-se de um suspense com pouca ação, as coisas demoram a acontecer, mas nem por isso deixa de ser um filme interessante. Buck Enderly (King Orba) é um sujeito de meia idade que faz bicos como faxineiro de casas e de veículos de concessionárias. Ele vive isolado com a mãe, Sharon (Shelley Long), uma idosa complicada de se conviver. Ao oferecer os seus serviços à idosa viúva Carlene Briggs (Lynda Carter, a Mulher Maravilha dos anos 60/70), ele acaba numa grande confusão. Carlene o contrata para ser seu detetive particular com a missão de encontrar seu filho Andrew (Shiloh Fernandez), um jovem complicado envolvido com drogas e outras contravenções. Durante suas “investigações”, Buck acaba dentro de um cenário de assassinato e terá de provar que não tem nada com isso. Completam o elenco Luke Wilson, numa rápida e pouco convincente aparição, Eden Brolin, James Paxton, Mike Starr e Hopper Penn. O filme chega a ser entediante pela falta de ação e muito blá-blá-blá até pouco antes do desfecho. Dessa forma, não merece uma indicação entusiasmada, a não ser para os fãs da ex-Mulher Maravilha, que terão a oportunidade de vê-la agora aos 74 anos de idade, metida a cantora.