sábado, 5 de agosto de 2017

“HIPÓCRATES” (“Hippocrate”), 2014, França, marcou a estreia no roteiro e direção de Thomas Lilti. Trata-se de uma singela homenagem ao trabalho dos médicos, principalmente aqueles que estão se iniciando na profissão, os chamados residentes. A narrativa alterna momentos dramáticos com outros de bom humor, tornando o filme um ótimo entretenimento. A história acompanha um grupo de médicos residentes em sua rotina de plantões exaustivos, enfrentando suas inseguranças quanto a um diagnóstico ou mesmo suas dúvidas em decidir sobre o procedimento correto a aplicar num paciente. O diretor Lilti, também médico na vida real, é responsável por outro excelente filme sobre o tema da medicina, “Médecin de Campagne” (aqui traduzido por “Insubstituível”), lançado em 2016, com o astro François Cluzet. A história de “Hipócrates” é centrada em Benjamin Barois (Vicente Lacoste), um jovem de 23 anos recém-formado em Medicina, que começa sua residência num hospital de Paris cujo diretor é seu pai, o respeitável Dr. Barois (Jacques Gamblin). Nos primeiros dias de trabalho, Benjamin se vê à frente com inúmeros casos difíceis, um deles envolvendo um morador de rua alcoólatra que costuma tumultuar os plantões do hospital. Por isso, recebeu o apelido de “Tsunami” (Therry Levaret). Benjamin ficou responsável pelo paciente, que morreria horas depois. Sentindo-se culpado, o jovem médico recebe o apoio de outro médico residente, Abdel Rezzak (Reda Kateb), formado na Argélia – para exercer a profissão na França, o médico já diplomado em outro país é obrigado a fazer residência. A história destaca os bastidores do trabalho desses médicos, com suas inseguranças, falta de recursos e muito estresse. O filme foi lançado no Festival de Cannes 2014, com críticas bastante elogiosas. No ano seguinte, Reda Caleb conquistaria, merecidamente, o Prêmio César (o Oscar francês) de “Melhor Ator". Enfim, um filme bastante agradável de assistir. 


                                                                 


                                   

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Todo mundo conhece o envolvimento do ator norte-americano Sean Penn em causas políticas e humanitárias. Em seu quinto filme como diretor - “A ÚLTIMA FACE” (“THE LAST FACE”) –, Penn denuncia a situação dos refugiados africanos obrigados a sair dos seus países de origem para não serem mortos e faz uma crítica pesada à omissão dos países ricos. O roteiro, escrito por Erin Dignam, destaca os crimes de guerra ocorridos na Libéria e outros países africanos. A história é centrada num grupo de médicos voluntários de uma ONG chamada “Médicos do Mundo”, cujo papel é socorrer as populações em zonas de conflito, arriscando suas próprias vidas. Um desses médicos é o espanhol Miguel Leon (Javier Barden). Numa de suas missões ele conhece Wren Petersen (Charlize Theron), também médica e diretora de uma agência humanitária. Eles e mais alguns outros médicos tentam fazer o possível para salvar o maior número de pessoas, mesmo em condições bastante precárias, além de enfrentar a violência e o sadismo de soldados dos exércitos rebeldes. Sean Penn não economiza nas cenas chocantes. Se a sua intenção foi chocar as plateias, acertou em cheio. Por outro lado, fica evidente a influência do diretor Terrence Malick, com o qual Penn fez o abominável “A Árvore da Vida”. Como nos filmes de Malick, estão lá os cenários contemplativos da Natureza, com florestas e o céu avermelhado, ilustrando monólogos existencialistas narrados in-off por algum personagem. Essas partes são chatérrimas. Também fazem parte do elenco Adèle Exarchopoulos, Jean Reno e Jared Harris. O filme estreou na 69ª edição do Festival de Cannes 2016, concorrendo à Palma de Ouro. Recebeu duras críticas e ainda foi eleito o pior filme do festival. Também me decepcionou bastante.         

terça-feira, 1 de agosto de 2017

O drama argentino “O AMIGO ALEMÃO” (“El Amigo Alemán”), 2012, roteiro e direção de Jeanine Meerapfel, apresenta como pano de fundo diversos acontecimentos históricos e políticos, como a queda de Juan Domingo Perón em 1955, até o período nefasto da ditadura militar argentina (1976-1983), além de explorar temas como o nazismo, os movimentos esquerdistas de 1968 na Europa e a queda de Salvador Allende no Chile. Um filme, enfim, situado num forte contexto político. A história é centrada em dois amigos de infância, vizinhos num bairro de classe média alta de Buenos Aires, Sulamit Löwnstein e Friedrich Burg. Amizade que tinha tudo para dar errado, pois ela faz parte de uma família de refugiados judeus e ele é filho de um casal de alemães também refugiados. Além disso, o pai de Friedrich teria sido um oficial da SS durante a Segunda Grande Guerra. Para desespero das duas famílias, Sulamit e Friedrich assumem o namoro e seus destinos estarão ligados por mais de trinta anos. O elenco é muito bom, com destaque para Celeste Cid, Max Riemelt, Benjamin Sadler, Noemi Frankel e Jean Pierre Noher. Mais um belo filme argentino, exibido por aqui como uma das atrações da 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2016.    

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Em 1955, o jornalista Denne Bart Petitclerc, do jornal The Miami Herald, escreveu uma carta para o seu ídolo, o escritor Ernest Hemingway, agradecendo por ter sido ele o grande incentivador de sua carreira. Hemingway gostou tanto da carta que telefonou para Denne convidando-o para visitá-lo em Cuba, onde morava há décadas. A partir dessa primeira visita, o jovem jornalista ficou amigo de Hemingway e de sua esposa Mary. A história dessa amizade é contada em “PAPA – HEMINGWAY IN CUBA”, 2016, EUA, direção de Bob Yari, o primeiro filme norte-americano filmado em território cubano desde 1959. Denne, no filme Ed Myers (Giovanni Ribisi), aproveitava suas visitas ao grande escritor para escrever reportagens não só sobre Hemingway, mas também sobre a situação política de Cuba, às vésperas da revolução comandada por Fidel Castro. Hemingway (Adrian Sparks, cuja semelhança com o escritor é impressionante) é mostrado como realmente devia ser, um beberrão contumaz, um gênio irascível, briguento e, naquela época em que a história é ambientada, em crise criativa e conjugal. Todas as filmagens ocorreram em Cuba nos lugares originais frequentados por Hemingway, incluindo seu bar favorito (“La Floridita”) e a casa onde morou o escritor com Mary (Joely Richardson, filha de Vanessa Redgrave), no vilarejo de San Francisco de Paula, a 25 quilômetros de Havana. Aliás, o roteiro do filme foi submetido à aprovação do governo cubano, que o aprovou sem restrições (tudo isso antes do fim do embargo promovido por Obama). Filmaço!  

                                                                   

domingo, 30 de julho de 2017

“PASTORAL AMERICANA” (“American Pastoral”), EUA, 2016, marca a estreia na direção do ator escocês Ewan McGregor, que também está no elenco. Com roteiro de John Romano, baseado em livro homônimo de Philip Roth, o filme tem como pano de fundo a conturbada década de 60 nos EUA, com manifestações violentas em prol dos direitos civis dos negros, protestos também violentos contra a Guerra do Vietnã e atentados terroristas praticados pelos próprios norte-americanos. O filme acompanha, desde os anos 50, a trajetória de Seymour Levov (McGregor), que ficou famoso no início dos anos 50 como “O Sueco”, astro do futebol americano universitário e herdeiro de uma bem sucedida fábrica de luvas. Ele acabaria casando com a bela Dawn (Jennifer Connelly, cada vez mais bonita; deve ter bebido da fonte da juventude), eleita miss em vários concursos. Enfim, formavam um casal lindo e invejado por muitos. Até nascer a filha deles, Merry (Dakota Fanning na fase adulta), uma criança problemática que sofria de uma gagueira crônica. Pouco depois de passar a fase adolescente, Merry resolve se insurgir contra o sistema, transformando-se numa ativista política radical e envolvida com um grupo terrorista (um tipo Patty Hearst). Depois de um atentado pelo qual foi acusada, Merry some do mapa e vira uma fugitiva, para desespero dos pais. E por aí vai a história. O filme vale mais pelo elenco, que ainda conta com David Strathairn, Molly Parker e Peter Riegart. McGregor poderia ter feito um filme mais interessante, principalmente pelo excelente material deixado por Philip Roth. O filme estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 2016.