“BALADA DE UM JOGADOR” (“BALLAD
OF A SMALL PLAYER”), 2025, coprodução Inglaterra/Alemanha, 1h41m, em cartaz na
Netflix, direção de Edward Berger, seguindo roteiro assinado por Rowan Joffe e adaptado do romance escrito por Lawrence Osborne em 2014. Existem dois
excelentes motivos para recomendar este drama: a impressionante atuação do ator
Colin Farrell e a primorosa fotografia de James Friend, responsável por um
visual deslumbrante. A história é toda centrada no ex-advogado e jogador
compulsivo Riley (Farrell), que foge da Inglaterra depois de dar um golpe numa
milionária e se estabelece em Macau, na China. Explica-se: Macau é considerada
a “Las Vegas da Ásia”, repleta de cassinos e outras atrações para quem tem
muito dinheiro e gosta de jogar e se divertir. Utilizando o pseudônimo de Lord Doyle, um suposto aristocrata inglês,
Riley chega a Macau com pompa e circunstância, hospeda-se nos melhores hotéis,
bebe e come do melhor e, quando não ganha do jogo, o que acontece sempre, acaba
fugindo do hotel pela porta dos fundos. Não é um sujeito normal, pois além de
viciado é propenso a crises de pânico e arritmia cardíaca. Além do azar nas
mesas de bacará, Riley é perseguido por uma detetive particular (Tilda Swinton)
contratada pelas vítimas que o viciado deixou pelo caminho. Como anunciado na
cena de abertura do filme, o final de Riley será trágico. Se há mais um aval
para o filme, este deve ser dado também ao diretor suíço Edward Berger, cujo
currículo conta com filmes de grande sucesso e de qualidade, entre os quais “Nada de Novo no Front”,
Oscar de Melhor Filme Internacional em 2023, e o excelente “Conclave”, também
premiado em festivais mundo afora.
sexta-feira, 7 de novembro de 2025
quinta-feira, 6 de novembro de 2025
“IMPIEDOSO” (“RUTHLESS”), 2023,
Estados Unidos, 1h32m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Art Camacho, que
também assina o roteiro com Javier Reyna e James Dean Simington. Harry (Dermot
Mulroney) é cinquentão especialista em artes marciais e instrutor de luta greco-romana aos
alunos do Ensino Médio numa escola municipal (o material de divulgação diz que
é luta livre, mas o correto é mesmo luta greco-romana). Uma das alunas da luta
é Catia (Melissa Diaz), de 16 anos, a mesma idade em que a filha de Harry foi
assassinada alguns anos antes. Como Catia aparecia nas aulas muitas vezes com
hematomas no rosto, Harry resolveu perguntar o que estava acontecendo. O culpado
é o padrasto dela, um sujeito violento que vivia bêbado e também agredia a mãe
de Catia. Harry foi confrontá-lo, resultando em alguns ossos quebrados. Logo
depois disso, a jovem desaparece misteriosamente e Harry acaba descobrindo que
a menina tinha sido vítima de uma gangue de exploração sexual. Com a ajuda de
um detetive de polícia, Harry vai atrás dos sequestradores. Até o desfecho,
muita pancadaria e ossos quebrados. Tudo bem que o ator Dermot Mulroney não é
nenhum brucutu assustador, mas seu desempenho não decepciona. Só para lembrar, o ator é mais conhecido como galã de filmes românticos, principalmente depois que fez par com Júlia Roberts em "O Casamento do Meu Melhor Amigo", em 1997. Se você é
daqueles que gostam de assistir mocinho se vingando e bandidos muito machucados, este
é o filme certo.
segunda-feira, 3 de novembro de 2025
“A MULHER DA FILA” (“LA MUJER
DE LA FILA”), 2025, coprodução Argentina/Espanha, 1h45m, em
cartaz na Netflix, direção de Benjamín Avilla (“Infância Clandestina”), que
também assina o roteiro com Marcelo Müller. A história é baseada em fatos reais
ocorridos na Argentina em 2004. A viúva Andrea Casamento, mãe de três filhos, viveu
o drama de ver seu filho mais velho, de 18 anos, ser preso acusado de
participar de uma gangue de assaltantes. Desde o início, ela acreditou na
inocência do filho e lutou com todas as forças para libertá-lo. Durante esse
tempo, ela conviveu com outras mães e familiares dos presos, o que a motivou a
fundar mais tarde a ACIFAD (Asociación Civil de Familiares de Detenidos). No filme, Andrea
é interpretada por Natalia Oreiro, atriz uruguaia radicada na Argentina. Ela é
a alma do filme, numa interpretação visceral, digna de prêmio. Completam o elenco Amparo
Noguera, Alberto Ammann e Federico Heinrichi. As mulheres que aparecem no filme
dando depoimentos, sofrendo na fila da visita na penitenciária e sendo
submetidas a revistas íntimas constrangedoras, são personagens reais,
recrutadas como figurantes. Embora o contexto seja dramático, o filme consegue
ser sensível na medida em que enfatiza o sofrimento dessas mulheres e a força
que mantêm apesar da situação. Na minha opinião, assim como a de muitos
críticos especializados, “A Mulher da Fila” é até agora o melhor filme
argentino do ano. Não perca!
domingo, 2 de novembro de 2025
“CRISE EM SEIS CENAS” (“CRISIS
IN SIX SCENES”), 2016, Estados Unidos, minissérie da Prime
Vídeo, roteiro e direção de Woody Allen. Mesmo sendo fã incondicional de Allen,
não sei como deixei escapar essa minissérie que o cineasta escreveu e dirigiu
para a Amazon Studios. Ambientados na segunda metade da década de 60, são seis
episódios curtos, de cerca de 23 minutos cada um, com Allen atuando como Sidney
J. Munsinger, um redator de comerciais que se vê envolvido em várias confusões
desde que sua esposa Kay (Elaine May) resolve esconder em sua casa a ativista Lennie
Dale (Miley Cyrus), procurada pela polícia de Nova Iorque depois de assaltar um
banco. Neurótico como todo personagem que já viveu no cinema, Woody fica
apavorado com a possibilidade de também ser preso como cúmplice. As confusões
não dizem respeito apenas à ativista, mas também ao grupo de mulheres que se
reúnem semanalmente na casa, os pacientes de Kay, que é psicóloga, além do jovem Alan
(John Magaro), outro hóspede, e outros tantos personagens que surgem a cada
episódio. O desfecho é hilariante. Resumindo, a minissérie - a única de Allen –
traz o melhor de Woody Allen: diálogos inteligentes e irônicos alternando temas
como filosofia, história e literatura, e ainda piadas sobre religião, política
e comportamento social. Destaque para a participação da atriz Rachel Brosnahan,
que logo depois faria grande sucesso na série “Maravilhosa Sra. Maisel” e em
outros filmes. A crítica profissional não gostou de “Crise em Seis Cenas”,
assim como o próprio Allen, mas eu me diverti muito. Imperdível!



