sábado, 20 de julho de 2024


“BLUE BAYOU” (é com esse título original que o drama chega à Netflix – trata-se de um termo utilizado na Louisiana, sul dos EUA, que também pode ser entendido como “Lagoa Calma”), 2021, coprodução Estados Unidos/Canadá, em cartaz na Netflix, escrito, dirigido e estrelado por Justin Chon, ator norte-americano de ascendência coreana. Trata-se de um drama social que aborda a questão dos imigrantes adotados que vivem nos Estados Unidos, muitos dos quais foram entrevistados por Chon para escrever o roteiro. A história do filme é baseada na experiência de um desses imigrantes, o personagem denominado Antonio LeBlanc. Adotado aos três anos por um casal de norte-americanos, Antonio cresceu, estudou e casou como um cidadão do país. Por causa de sua ficha criminal – roubo de motos na juventude -, Antonio tem muita dificuldade em arrumar emprego. O dinheiro que consegue vem de seu trabalho como tatuador. Sua esposa Kathy (a atriz sueca Alicia Vikander) ajuda no orçamento trabalhando como assistente numa clínica de fisioterapia. O casal tem uma filha, Jessie (Sidney Kowalske), do primeiro casamento de Kathy, que aceitou Antonio como seu verdadeiro pai. A mãe de Kathy tenta ajudar, mas sempre deixou clara sua antipatia pelo atual genro, um comportamento xenofóbico destacado pelo roteiro. As dificuldades financeiras e o fato de Kathy estar novamente grávida aumentam o nível de dramaticidade da história, que piora ainda mais a partir do momento em que Antonio recebe a notícia de que será deportado para a Coreia do Sul, pois seus pais adotivos não o naturalizaram norte-americano. Completam o elenco Mark o'Brien, Linh-Dan Pham, Vondie Curtis e Geraldine Singer. "Blue Bayou” estreou no Festival de Veneza e dividiu a opinião dos críticos, muitos dos quais acharam o filme excessivamente dramático. Também, não é para menos... Com base na opinião de 125 críticos ouvidos pelo site agregador Rotten Tomatoes, o filme ganhou a aprovação de 75%. O filme foi ainda mais valorizado pela presença da ótima atriz sueca Alicia Vikander, vencedora do Oscar de melhor Atriz Coadjuvante por sua atuação em “A Garota Dinamarquesa”, de 2015. Resumo da ópera: “Blue Bayou” é um excelente drama social, capaz de emocionar até mesmo o espectador menos sensível. Portanto, antes de assisti-lo, separe uma caixa de lenços de papel.      

sexta-feira, 19 de julho de 2024

 

“DARKLAND: O RETORNO” (“UNDERVERDEN II”), 2023, Dinamarca, 1h50m, em cartaz na Prime Vídeo, direção do dinamarquês de origem iraquiana Fenar Ahmad, seguindo roteiro assinado por Behrouz Bigdeli. Trata-se da sequência de “Darkland: Guerreiro da Escuridão”, de 2017, repetindo a mesma equipe técnica e grande parte do elenco, com destaque para o ator Dar Salim, que dá vida ao personagem central, o médico Thomas Zaid, que no primeiro filme, depois de vingar a morte do irmão, acaba na prisão. Seis anos depois, portanto, em “Darkland: O Retorno”, Zaid é procurado pela detetive Helle (Birgitte Hjorty Sørensen), que lhe oferece a liberdade se ele concordar em se infiltrar numa poderosa gangue de traficantes, em sua maioria imigrantes árabes. Ele topa, mais pelo fato de ter a oportunidade de finalmente conhecer Noah (Asgar Hansen), seu filho que nasceu quando ele estava na prisão. Zaid, porém, não terá vida fácil, sendo obrigado a participar das atividades criminosas da gangue chefiada pelo sádico Muhdir (Soheil Bavi). Como se não bastasse, surge no cenário outra gangue disposta a tomar o lugar de Muhdir, tornando a missão de Zaid ainda mais perigosa. O filme garante boas cenas de ação e muito suspense. Pelo que dá a entender o desfecho, haverá certamente mais uma sequência. Completam o elenco Stine Fischer, Soheil Bavi, Abdu Mustafa, Mohamed Ayman e Noah Carter. Um dos grandes trunfos do filme é contar com o carismático ator iraquiano Dar Salim, radicado na Dinamarca e conhecido por participações destacadas em filmes como “Um Marido Fiel”, Caranguejo Negro”, “O Pacto” e “O Dublê do Diabo”, além do já citado “Guerreiro da Escuridão, entre outros.           

quinta-feira, 18 de julho de 2024

“DIVÓRCIO EM FAMÍLIA” (“DIVORCE IN THE BLACK”), 2024, EUA, em cartaz na Prime Vídeo, 2h23m, roteiro e direção de Tyler Perry. Trata-se de um drama que trata da violência doméstica. Ava (Meagan Good), executiva de um banco, é a figura central da história. Durante anos, ela sofreu nas mãos do marido Dallas (Cory Hardrict), até que chegou ao ponto de chegarem a um acordo sobre o divórcio. A gota da d’água foi o que aconteceu durante o velório de um dos irmãos de Dallas, quando o reverendo, pai de Ava, afirmou que o falecido não era uma pessoa que merecia respeito. Influenciado pela mãe maluca e pelos irmãos, Dallas resolve se divorciar. Porém, quando soube que Ava estava saindo com outro homem, Dallas se enfurece e vai tirar satisfações. A guerra entre as famílias estava declarada. Completam o elenco Debbi Morgan, Joseph Lee Anderson, Taylor Polidore, Richard Lawson e Shannon Wallace. Como na maioria dos seus filmes, Tyler Perry escala um elenco formado, em sua maioria, por atores negros. Tyler até que vinha obtendo bons resultados com filmes como “O Limite da Traição” e “O Homem do Jazz”, mas desta vez não conseguiu agradar a crítica. No rigoroso site Rotten Tomatoes, por exemplo, o índice de aprovação foi de 0%, uma tragédia. O restante da crítica especializada também não gostou. Chegaram a considerá-lo, desde já, como o pior filme de 2024. E o pior é que o desfecho dá a entender que poderá haver uma sequência.           

quarta-feira, 17 de julho de 2024

“PERSEGUIÇÃO EM MALTA” (“LOVE ON THE ROCK”), 2023, coprodução Estados Unidos/República de Malta, 1h39m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Matt Shapira, que também assina o roteiro com Tommy Blaze e David Andrew Roy White. Pensei que assistiria a um bom filme de ação, mas o que vi de bom foram os belos cenários de Malta, uma ilha localizada no Mar Mediterrâneo entre a Europa e a África. Sem dúvida, as imagens favorecem bastante o turismo de Malta e talvez tenham minimizado um pouco a mediocridade do filme. Trata-se de um filme de ação, repleto de humor e momentos da mais pura sátira, garantida pela própria atuação caricata dos atores. Vamos à história. Uma poderosa organização criminosa quer roubar a fórmula de um soro capaz de curar qualquer tipo de doença. Ou seja, um remédio que renderá, ao seu proprietário, uma fortuna incalculável. Uma agência secreta também está atrás da fórmula. Algumas evidências indicam que a pequena mostra está em poder de Colton Riggs (David A.R. White), um ex-policial de Chicago que comprou um barco e promove excursões pagas em volta da ilha. Sem saber de nada, ele passa a ser o alvo de quem quer recuperar o soro. E por aí segue a história, com algumas cenas de ação e perseguições, com direito a um inesperado romance entre uma bela espiã (Lauriane Gilliéron, miss Suíça em 2005) e o protagonista principal. Completam o elenco Nathalie Rapti Gomez, Jeff Fahey, Steven Bauer, Kira Reed, Jon Lovitiz, Vincente De Paul, Andrea Sabatino e Lisel Hlista. Quem gosta de cinema vai reconhecer dois rostos bastante conhecidos. Um deles é o ator norte-americano Jon Lovitz, de tantas comédias, e também o ator e roteirista David Andrew Roy White, que atua em filmes evangélicos feitos por sua produtora Pinnacle Peak Pictures. Trocando em miúdos, “Perseguição em Malta” é um filme que prioriza a sátira e o turismo, deixando de lado a qualidade como cinema.        

domingo, 14 de julho de 2024

 

“OS REJEITADOS” (“THE HOLDOVERS”), 2023, Estados Unidos, 2h13m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Alexander Payne (“Sideways”, “Nebraska”), seguindo roteiro assinado por David Hemingson. Indicado a disputar o Oscar 2024 em cinco categorias (ganhou em uma – leia no fim do comentário), “Os Rejeitados” é um drama ambientado no último mês de 1970, quando os alunos do colégio interno Barton Academy, na Nova Inglaterra, preparavam-se para passar as festas de final de ano com suas famílias. Como o título já deixa antever, três desses personagens foram obrigados a permanecer no campus: o professor rabugento e exigente Paul Hunham (Paul Giamatti), o aluno problemático Angus Tully (o estreante Dominic Sessa) e a cozinheira-chefe Mary Lamb (Da’Vine Joy Randolph), que vive o luto recente pela perda de seu filho na guerra do Vietnã. A partir dessa relação meio forçada, surge uma forte ligação entre os três, cada qual dando uma força para o outro. É o lado sensível da história, muito bem trabalhado pelo roteiro recheado de diálogos bem-humorados que emocionam a cada cena. “Os Rejeitados” tem uma produção simples, ao estilo dos filmes independentes, mas mesmo assim mereceu cinco indicações ao Oscar 2024: Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Atriz Coadjuvante (Da’Vine ganhou o prêmio), Melhor Roteiro Original e Melhor Edição. O excelente desempenho do veterano Paul Giamatti foi reconhecido pelo Globo de Ouro. Completam o elenco Carrie Preston, Gillian Vigman, Michael Provost, Tate Donovan, Oscar Wahlberg e Darby Lee-Stack. Enfim, um ótimo programa, sensível, divertido e inteligente. Não perca.