domingo, 14 de abril de 2024

 

“HOLY SPIDER” (“ANKABUT-E MOQADDAS”), 2022, coprodução Dinamarca/Suécia/Jordânia/França, 1h59m, em cartaz na Netflix, direção do cineasta iraniano Ali Abbasi, que também assina o roteiro juntamente com Afshin Kamran Bahrami.  Filme conta a história real do serial killer Saeed Hanei, que em 2000 e 2001 assassinou 16 mulheres na cidade de Mashhad (Maxede no filme), conhecida como a capital espiritual do Irã. Todas as vítimas eram prostitutas ou usuárias de drogas e, por isso mesmo, Saeed as matou. Em seu julgamento, ele afirmou que atendia às ordens de Allah no sentido de limpar a sociedade de mulheres indignas. Grande parte da população fanática religiosa apoiou o criminoso, chegando a exigir sua libertação. Ao escrever o roteiro, Ali Abbasi e Afshin criaram a personagem de uma jornalista investigativa, Arezoo Rahimi, que saiu de Teerã para fazer uma reportagem sobre o caso. Além da história em si, retratada da forma mais realista possível, com algumas cenas muito fortes de sexo e aquelas em que mostram o criminoso assassinando suas vítimas, o filme escancara a cultura machista predominante no Irã, além da incompetência e corrupção da polícia e do sistema jurídico. Claro que, diante desses aspectos, as filmagens ocorreram fora do Irã, ou seja, na Jordânia. A atriz principal, Zar Amir Ebrahimi, foi obrigada a sair do Irã alguns anos antes e vive hoje na França. O governo iraniano criticou o filme, proibindo-o de ser exibido no país. Os aiatolás o compararam ao livro “Versos Satânicos”, de Salman Rushdie, pelo qual o escritor foi jurado de morte pelas autoridades iranianas. Independente de toda essa polêmica, “Holy Spider” estreou com grande sucesso no Festival de Cannes, onde foi aplaudido pela plateia durante sete minutos e que premiou Zar Amir como Melhor Atriz. Além disso, a atriz foi eleita pela BBC uma das 100 mulheres mais inspiradoras do mundo em 2022. O filme também foi selecionado para representar a Dinamarca na disputa do Oscar na categoria Melhor Filme Internacional. Trocando em miúdos, trata-se de um filme obrigatório para quem curte cinema de qualidade. Sem dúvida, um dos melhores lançamentos da Netflix nos últimos anos.                     

          

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