domingo, 14 de dezembro de 2025

“INVOCAÇÃO DO MAL 4 - O ÚLTIMO RITUAL” (“THE CONJURING: LAST RITES”), 2025, Estados Unidos, 2h15m, em cartaz na HBO Max, direção de Michael Chaves (“A Freira 2”, “Invocação do Mal 3”), e roteiro escrito por Ian Goldberg, Richard Naing e David Leslie Johnson-McGoldrick. É o tipo de filme para você ficar invocado. Brincadeiras à parte, o filme é de terror, com muitos sustos, espíritos maldosos e eventos sobrenaturais. Trata-se do quarto e último filme da franquia iniciada em 2013, todos com histórias reais que aconteceram nos Estados Unidos. Nelas, os principais personagens são Lorraine Warren (Vera Farmiga) e Ed Warren (Patrick Wilson), um casal de investigadores de fenômenos paranormais – os dois existiram mesmo, como aparecem em imagens nos créditos finais e que pode também ser comprovado no livro “Ed & Lorraine Warren: Vidas Eternas”, de Robert Curran, que deu origem à franquia. No caso desta quarta versão, Lorraine e Ed são convocados a ir à cidade de Union, na Pensilvânia, onde a casa de uma família com 8 pessoas está apresentando fenômenos sobrenaturais. O casal de investigadores chega à conclusão que o responsável é um espelho antigo, que atrai para a casa quatro entidades maléficas. Destaco a cena do casamento, perto do desfecho, onde aparecem nos bancos da igreja alguns atores que atuaram nos primeiros filmes, entre os quais Janet Hodgson, Carolyn Pedron, Mackenzie Foy e Lili Taylor. Aperte os braços da poltrona e se divirta. Ou então morra de medo.

 

“F1 – O FILME” (“F1 – THE MOVIE”), 2025, Estados Unidos, 2h3m, em cartaz na Apple TV, direção de Joseph Kosinski (“Top Gun: Maverick”, “Homens de Coragem”), seguindo roteiro assinado por Ehren Kruger. Filmes que têm como tema provas de automobilismo normalmente interessam apenas para o público masculino. A não ser que no elenco tenha Brad Bitt, o que certamente atrairá o público feminino. É o que acontece com “F1 – O Filme”. Sonny Hayes (Pitt) era uma jovem revelação nas pistas de Fórmula 1 nos anos 90, da equipe Lotus, quando foi obrigado a se afastar depois de um grave acidente. Ele continuou disputando algumas competições, mas jamais voltou à Fórmula 1. Quando ganhou as “24 Horas de Daytona”, nos Estados Unidos, tradicional competição para carros esportivos de endurance, Sonny chamou a atenção de um antigo amigo, Ruben Cervantes (Javier Bardem), proprietário da escuderia ApexGP, que disputa o campeonato de Fórmula 1. Cervantes convidou Sonny para ser o piloto número dois da equipe – o número 1 é o jovem Joshua Pearce (Damson Idris), que, faltando 9 corridas para o final do campeonato, ainda não havia marcado pontos. A chegada do experiente Sonny, 30 anos mais velho, mudaria o cenário, colocando a ApexGP em evidência. Apesar dos treinos, dos exercícios físicos e das reuniões de equipe para ajustar os carros e planejar as próximas corridas, o filme não deixaria de lado um romance no meio da história, envolvendo, claro, o galã Pitt com a inglesa Kerry Condon, que faz o papel de Kate McKenna, diretora técnica da equipe. O roteiro contempla tudo o que acontece nos bastidores de uma equipe de Fórmula 1, mas são as cenas de corrida, gravadas em Silverstone, Monza, Las Vegas e Abu Dhabi, que dão impulso à ação e não deixam o espectador piscar. Vários pilotos verdadeiros da Fórmula 1 atual marcam presença no filme, entre os quais o heptacampeão Lewis Hamilton (um dos produtores), Fernando Alonso, Max Verstappen e Oscar Piastri. “F1 – O Filme”, quando de seu lançamento nos cinemas dos Estados Unidos, em junho último, conquistou o 6º lugar de maior bilheteria. É um filme, sem dúvida, que garante um ótimo entretenimento.   

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

 

“SETEMBRO 5” (“SEPTEMBER 5”), 2024, coprodução Estados Unidos/Alemanha, 1h34m, em cartaz na Netflix, direção do suíço Tim Fehlbaum (“Refúgio”), que também assina o roteiro com Moritz Binder e Alex David. Filme mostra os bastidores da cobertura da equipe de esportes da emissora norte-americana ABC (American Broadcasting Company)  durante as Olimpíadas de Munique, na Alemanha, em 1972. O lado esportivo ficaria de lado quando terroristas palestinos do grupo Setembro Negro invadiram o alojamento dos atletas israelenses, fazendo 11 reféns. Num clima de alta tensão, os jornalistas da emissora, instalados numa sala especial de comando, tiveram que se organizar para cobrir segundo a segundo o caso do sequestro. Dispondo de informações do rádio da polícia alemã e dos repórteres enviados à vila olímpica, a ABC realizou uma cobertura que ficaria na história do jornalismo televisivo, sendo assistida por mais de 900 milhões de espectadores, um recorde para a época. Mesmo que toda a ação aconteça num espaço onde foi instalada a sala de comando – as tomadas externas foram resgatadas das imagens de arquivo da ABC -, não há um minuto sequer para respirar. A tensão é total, decisões tendo que ser tomadas em segundos, muito estresse como jamais se viu numa cobertura jornalística. Quem ganha com tudo isso é o espectador, que tem a oportunidade de conhecer a tensão que cerca uma cobertura jornalística em tempo real. Um show! Estão no elenco Peter Sarsgaard, John Magaro, Ben Chaplin, Leonie Benesch, Zinedine Soualem e Benjamin Walker.

“FAMÍLIA À PROVA DE BALAS” (“GUNS UP”), 2025, Estados Unidos, 1h31m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção do cineasta australiano Edward Drake, conhecido pelos vários filmes de ação que dirigiu com a participação de Bruce Willis, entre os quais “Conspiração Explosiva” e os da franquia “Detetive Knight”. No caso da “Família à Prova de Balas”, trata-se de uma comédia de ação. Ray Hayes (Kevin James) deixa a polícia após uma missão mal sucedida e concorda em trabalhar com a chefona mafiosa Michael Temple (Melissa Leo) para ganhar mais dinheiro e proporcionar conforto para a esposa Alice (Christina Ricci). Os dois filhos do casal não sabem que o pai virou capanga de uma gangue. Mas a surpresa maior acontecerá quando descobrirem que a mãe também tem um passado tenebroso. Quem também ficou surpreso foi o próprio marido. Para não revelar mais detalhes da história, vou resumir: a chefona Michael é assassinada e outro mafioso ocupa o seu lugar, o psicopata Lonny Castigan (Timothy V. Murphy). A família de Ray corre perigo depois que ele se recusa a trabalhar com o novo chefão. Embora seu desempenho seja muito bom, Christina Ricci continua com a mesma carinha da Wandinha da Família Adams, o que não combinou muito com a esposa de um brutamontes (James) e mãe de dois adolescentes. De qualquer forma, o filme é um ótimo entretenimento, pois prende a atenção e diverte muito. Recomendo para quem está precisando dar boas risadas.     

domingo, 7 de dezembro de 2025

 

“ZONA DE RISCO” (“LAND OF BAND”), 2024, Estados Unidos, 1h54m, em cartaz na Netflix, direção de William Eubank (“Ameaça Profunda”), que também assina o roteiro com David Frigerio. Filme de ação bastante interessante não apenas pela história em si, mas pelo destaque dado ao trabalho dos pilotos de drone, que de uma base nos Estados são capazes de monitorar e auxiliar equipes de operações especiais em missões pelo mundo afora, além de jogar bombas em alvos inimigos. É o caso do capitão Eddie Grimm (Russell Crowe) e da sargento Mia Branson (Chika Ikogwe). Eles ficam encarregados de monitorar um grupo de militares em missão no sul das Filipinas com o objetivo de resgatar um cidadão norte-americano capturado por guerrilheiros muçulmanos. A missão dá errado, resultando na prisão de um membro da equipe e a morte de outros dois. O único que consegue escapar é o sargento Kinney (Liam Hemsworth), justamente o mais novo do grupo. É ele que merecerá toda a atenção dos controladores Eddie e Mia, responsáveis por indicar o local onde um helicóptero o resgatará do solo inimigo. Mais uma vez, porém, a situação fica novamente perigosa e sem solução, já que o helicóptero, sob fogo inimigo, é obrigado a voltar à base sem o soldado. Kinney terá que agir por sua conta num território hostil e cercado por inimigos. “Zona de Risco” tem boas cenas de ação, mas escorrega no patético desfecho, mas não deixa de ser um bom entretenimento.    

 

“JAY KELLY”, 2025, Estados Unidos, 2h12m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Noah Baumbach (“História de um Casamento”, “Frances Ha”), que também assina o roteiro com Emily Mortmer (atriz que atua no filme). George Clooney é Jay Kelly, um ator famoso. Jay Kelly é George Clooney, o ator famoso. Difícil distinguir um do outro na história. Claro que há algumas diferenças, uma delas é o fato de Jay Kelly ter duas filhas e George não é pai. O personagem Jay Kelly é um ator norte-americano famoso, cercado por uma equipe chefiada pelo empresário Ron Sulgenick (Adam Sandler), com segurança, motorista particular, assessor de imprensa, maquiador, figurinista, nutricionista, enfim, um séquito que somente um astro é capaz de reunir. Jay Kelly, há muito envolvido em produções para o cinema, nunca foi um pai presente para as duas filhas. Agora, mais maduro, quer um contato maior com elas, mas recuperar o tempo perdido pode ser muito mais difícil. Aproveitando sua viagem à Itália para receber um prêmio alusivo à sua carreira, Kelly viverá uma verdadeira aventura pelas belas paisagens da Toscana, o que incluiu até um ato de herói e o reencontro com seu pai. Achei o filme muito irregular, com algumas boas sacadas e outras nem tanto, acrescidas a diálogos infelizes e até patéticos. O que não se pode negar é a qualidade do elenco, que ainda conta com Billy Crudup, Laura Dern, Emily Mortimer, Erica Sweany, Riley Keough, Greta Gerwig (esposa do diretor), Patrick Wilson, Isla Fisher, Alba Rohrwacher, Jim Broadbenty, Eve Hewson e Grace Edwards. “Jay Kelly” não é tão ruim quanto dois dos recentes filmes de Clooney, como “Lobos”, de 2024, quando contracenou com Brad Pitty, e “Ingresso para o Paraíso”, de 2022, quando fez par romântico com Julia Roberts. “Jay Kelly” não fez jus ao astro George Clooney.  

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

 

“NOVEMBRO” (“NOVIEMBRE”), 2025, coprodução Colômbia/Brasil/México/Noruega, 1h18m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Tomás Corredor, que também assina o roteiro juntamente com Jorge Goldenberg. O contexto histórico é a invasão do Palácio da Justiça, sede da Suprema Corte da Colômbia, em Bogotá, no dia 6 de novembro de 1985, por guerrilheiros esquerdistas do M-19. Depois de 27 horas angustiantes, as tropas do governo resolveram a parada, mas o saldo foi trágico: 100 mortos, dezenas de feridos e mais de 6 mil processos destruídos. Entre os mortos, 12 juízes, incluindo o presidente da Suprema Corte, Alfonso Reyes Echandía. Alternando com vídeos jornalísticos da invasão, a ação de “Novembro” transcorre apenas no cenário de um banheiro, onde estão confinadas dezenas de reféns, civis e alguns guerrilheiros, além de pessoas feridas. No meio deles, importantes magistrados e um dos chefes dos guerrilheiros. Eles conversam entre si e extravasam o seu desespero quanto ao final da situação, enquanto explosões acontecem do lado de fora, o exército tentando invadir o palácio e libertar os reféns. O filme estreou no Toronto International Film Festival e depois foi exibido por aqui no São Paulo International Film Festival. Achei o filme bastante interessante, mas não o recomendo para o público acostumado a ver filmes para entretenimento, pois o clima é pesado demais.     

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

“DROP: AMEAÇA ANÔNIMA” (“DROP”), 2025, Estados Unidos, 1h36m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Christopher B. Landon (“Freaky: No Corpo de um Assassino”, “A Morte te dá Parabéns”), seguindo roteiro assinado por Jillian Jacobs e Chris Roach. Finalmente um suspense de qualidade, com muita tensão do começo ao desfecho, prendendo a atenção do espectador a cada cena. Dois anos depois de viver um episódio trágico e traumático envolvendo a morte de seu marido, Violet (Meghann Fahy) resolve dar um passo adiante na sua vida. Entra num site de relacionamento e, depois de muito papo on-line, resolve marcar um jantar com Henry (Brandon Sklenar), um sujeito bonitão e bom de papo. O encontro é marcado num restaurante de luxo no 38º andar de um edifício também luxuoso. Ocorre que, de repente, ela começa a receber mensagens ameaçadoras em seu celular. Algum psicopata anônimo, que propõe um jogo que pode levar à morte o filho dela, assim como sua irmã, que ficou em casa cuidando do garoto. Mas o sufoco de Violet não acaba por aqui. Ela percebe que o psicopata pode estar no próprio restaurante. Dessa forma, todos os clientes são suspeitos, desde um garçom, o pianista, um sujeito que foi rejeitado pela mulher, uma bartender e até um grupo de jovens, assim como o próprio Henry. O espectador acompanha o desespero de Violet tentando adivinhar também quem é o possível maluco das mensagens. Embora o desfecho tenha lá muitas situações absurdas - confesso que não entendi muito bem a motivação do vilão da história -, o suspense prende a atenção do começo ao fim. Completam o elenco Violett Beane, Reed Diamond, Gabrielle Ryan, Jeffery Self, Ed Weeks e Travis Nelson. Mas é a bela Mehann Fahy (de “The White Lotus”) quem leva o filme nas costas, com uma atuação primorosa. Trocando em miúdos, “Drop – Ameaça Anônima” é um suspense de primeira. Imperdível.


sábado, 29 de novembro de 2025

 

“LEFTER: O PROFESSOR” (“LEFTER: BIR ORDINARYÜS HIKAYESI”), 2025, Turquia, 2h6m, em cartaz na Netflix, direção de Can Ylkay (“Ayla”, “Filhos de Istambul”), seguindo roteiro assinado por Ayse Ilker Turgut. Cinebiografia de Lefter Küçükandonyadis (1924/2012), o lendário jogador de futebol turco titular da seleção de seu país em 50 jogos, incluindo a primeira participação na Copa do Mundo de 1954. Ao contrário do eu imaginava, o futebol serviu apenas como pano de fundo na história. Desde sua infância e adolescência na ilha de Büyükada, onde ajudava o pai pescador, até sua despedida do futebol, aos 39 anos, o filme dá maior destaque à vida particular de Lefter, o relacionamento com a família, o   casamento com Stavrini (Deniz Isin), sua aventura amorosa com Meri (Alishan Malbora) quando jogava na Fiorentina (Itália) e o retorno ao time do Fenerbahçe, além das questões políticas da época, incluindo a rivalidade com a Grécia por causa de Chipre. Estranhamente, não houve qualquer menção à participação da seleção turca na Copa de 1954, a primeira de sua história. O roteiro preferiu destacar o amistoso disputado em 1956 entre a seleção turca e a máquina de jogar da Hungria, do craque Puskás, vencido pelos turcos por 3 a 1, um dos gols marcados por Lefter. Tal qual Sócrates, o saudoso ex-craque corintiano, Lefter também recebeu o apelido de “professor” por causa de suas atuações nas quatro linhas. Trocando em miúdos, achei que o filme falhou ao adotar o estilo novelesco, aspecto muito comum à maioria dos filmes do cinema turco. Mas vale a pena conhecer quem foi o astro Lefter, para mim, até assistir ao filme, um ilustre desconhecido.  

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

“AS LOUCURAS” (“LAS LOCURAS”), 2025, México, 2h01m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Rodrigo García Saiz. Alvíssaras! Rufem os tambores! Comemorem, cinéfilos do meu Brasil. Acaba de chegar na Netflix um dos filmes mais interessantes, inteligentes e criativos dos últimos anos. É o terceiro longa do jovem cineasta Rodrigo García Saiz - os outros dois foram "Lluvia" e "Morro" -, mais conhecido como diretor de curtas. “As Loucuras” é uma pérola do cinema mexicano, com um elenco de muito respeito, principalmente atrizes do mais alto gabarito, um primoroso roteiro e pitadas de humor tratadas com muita inteligência. São seis histórias envolvendo mulheres, cada qual à sua maneira, atingidas por uma intensidade emocional de um colapso nervoso. Em quase todas, com exceção da segunda, os eventos estão relacionados com Renata (Cassandra Ciangherotti), uma jovem problemática que cumpre prisão domiciliar depois de promover uma grande confusão num supermercado. Diagnosticada com transtorno bipolar no mais alto grau, ela vive dando um trabalho danado ao pai e à madrasta. Na segunda história, uma veterinária tem um ataque de nervos depois de praticar eutanásia numa cadela que tem seu nome: Penélope. Nas demais, Renata aparece também como protagonista, mas não a principal, inclusive naquela em que sua psiquiatra participa de um almoço em família que acaba na maior confusão. Enfim, cada história reserva uma situação diferente das demais, com muito humor e histerismo feminino. Além de Cassandra Ciangherotti, que dá um show como a desequilibrada Renata, estão no ótimo elenco Naian González Norind, Adriana Barraza, Fernando Cattori, Raúl Briones, Fernanda Castillo, Natalia Solian, Ilse Salas e Natalia Plascencia, além do veterano ator chileno Alfredo Castro, o único não mexicano do elenco. Resumindo, “As Loucuras” é um filme agradável que trata com muita eficiência as fragilidades humanas que atingem mulheres à beira de um ataque de nervos. IMPERDÍVEL, com letras maiúsculas.     

domingo, 23 de novembro de 2025

 

“MISS REVOLUÇÃO” (“MISBEHAVIOUR”) – já encontrei o mesmo filme com o título de “Mulheres ao Poder” – 2021, coprodução Inglaterra/Irlanda/Austrália, 1h46m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Philippa Lowthorpe, com roteiro assinado por Rebecca Frayn e Gaby Chiappe. Pouco divulgado por aqui e escondidinho no catálogo da Prime, resolvi assistir e comentar porque uma grande amiga minha participou do concurso Miss Mundo 1970. Sonia Yara Guerra ficou em segundo lugar no Miss Brasil e conquistou o direito de disputar o Miss Mundo em Londres. “Miss Revolução” conta os bastidores do concurso e o que aconteceu no dia da sua realização, que ficou marcado não apenas pelo tumulto promovido por ativistas feministas, mas também por eleger a primeira mulher negra como Miss Mundo, a miss Granada (Gugu MBatha-Raw). Outra curiosidade foi a participação da África do Sul, que, por causa do apartheid, concorreu com duas candidadas, uma negra e uma branca. Outro destaque foi a participação, como mestre de cerimônias, do consagrado comediante norte-americano Bob Hope (Greg Kinnear). Também fazem parte do ótimo elenco Keira Knightley, Jessie Buckley, Rhys Ifans, Lesley Manville, Keeley Hawes, Suki Watershouse, Emma Corrin, Loreece Harrison e Phyllis Logan. O filme agradou a crítica. O rigoroso site Rotten Tomatoes, por exemplo, apurou 88% de aprovação com base em 33 críticas. Eu também gostei, pois relembrou, com uma caprichada recriação de época, aquele que foi um dos anos de muita ebulição cultural e política no mundo. Recomendo.



“DEPOIS DA CAÇADA” (“AFTER THE HUNT”), 2025, coprodução Estados Unidos/Itália, 2h19m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Luca Guadagnino (“Me Chame pelo Seu Nome”), com roteiro assinado por Nora Garrett. Numa das primeiras cenas, professores e alunos do Instituto de Filosofia da Universidade de Yale conversam sobre comportamento humano, psicologia e, claro, filosofia. Os diálogos são afetados, recheados de citações filosóficas e muita erudição. Enfim, enfadonhos. Confesso que tive vontade de desistir, mas continuei firme, mais como curiosidade. E, afinal, também tem Julia Roberts comandando o elenco. Resumo da história: a professora Alma Imhoff (Roberts) é procurada pela aluna Magguie (Ayo Edebiri) que denuncia ter sido estuprada pelo professor Henrik Gibson (Andrew Garfield). Alma fica sem saber o que fazer, pois Henrik é seu grande amigo e ex-namorado. A dúvida sobre quem está dizendo a verdade fica ainda maior depois que Alma confronta Henrik. Em meio a toda essa confusão, Alma ainda é obrigada a conviver com fortes dores causadas por úlceras não tratadas, o que aumenta ainda mais o seu estresse, além do marido passivo, ausente e metódico. Assim como o público e a maioria dos críticos profissionais, também achei o filme muito chato, apesar do elenco competente, que conta ainda com Chloë Sevigny (irreconhecível) e Michael Stuhlbarg. Não duvido que Julia Roberts seja indicada ao prêmio de Melhor Atriz do próximo Oscar.     

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

“BELÉN – UMA HISTÓRIA DE INJUSTIÇA” (“BELÉN”), 2015, Argentina, 1h40m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Dolores Fonzi, que também assina o roteiro juntamente com Laura Paredes e Agustina San Martín. Este é o segundo filme dirigido pela atriz Dolores Fonzi, muito conhecida por sua participação em vários filmes argentinos, entre os quais “Blondi”, o qual dirige e atua, além dos ótimos “Paulina” e “A Cordilheira”. Em “Belén”, cuja história é baseada em fatos reais ocorridos em 2014 e descritos no livro “Somos Belén”, da jornalista Ana Correa, Fonzi é a advogada Soledad Deza, que assume a defesa de Julieta (Camila Plaate), a “Belén” do título, acusada de cometer infanticídio. Tudo aconteceu num hospital da cidade de Tucumán, norte da Argentina, região marcada por um forte conservadorismo religioso. Com dores abdominais, Julieta estava prestes a ser atendida quando pede para ir ao banheiro. Quando volta, é imediatamente colocada numa maca, mas no meio do atendimento chega a polícia e a algema, pois denunciaram que havia um feto no banheiro. Mesmo negando que o feto era dela, Julieta foi presa, julgada e condenada por infanticídio. A advogada Soledad Deza, que assume a defesa de Julieta depois que a primeira advogada desiste do caso, entra com recurso e consegue um novo julgamento, desta vez com um grande apoio popular, porém a libertação de “Belén” – codinome dado a Julieta visando preservar sua segurança na penitenciária – aconteceria somente mais tarde. O filme foi selecionado para representar a Argentina na disputa do “Melhor Filme Estrangeiro” no Oscar 2026, uma verdadeira consagração para Dolores Fonzi. Realmente, o filme é ótimo.        

 

“MANGA” (“MANGO”), 2025, Dinamarca, 1h36m, em cartaz na Netflix, direção do cineasta iraniano Mehdi Avaz (“Toscana”, “Uma Linda Vida”), seguindo roteiro assinado por Milad Schwartz Avaz. Com apenas 10 minutos de filme você já sabe o que vai acontecer. Tudo muito previsível, um clichê da maioria das comédias românticas. A história é centrada em Laerke (Josephine Park), uma mulher de meia idade que trabalha para uma grande corretora, papel de Paprika Steen. Laerke fica responsável de viajar para Málaga, na Espanha, com o objetivo de comprar um terreno para construir um grande hotel. Só que esse terreno é ocupado por uma grande plantação de mangas, cujo proprietário é o viúvo Alex (Dar Salim). A negociação deve ser fácil, pois Alex está afundado em dívidas. Só que ele rejeita todas as ofertas, já que a plantação preserva a memória de uma tragédia que resultou na morte de sua esposa. Trocando em miúdos, “Manga” é uma comédia romântica bastante simpática, tem um bom elenco de atores bem conhecidos do cinema dinamarquês e belos cenários do campo. Para relaxar numa tarde com pipoca.    

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

 

“O NAUFRÁGIO DO HEWELIUSZ” (“HEWELIUSZ”), 2025, Polônia, minissérie de cinco episódios em cartaz na Netflix, direção de Jan Holoubek e roteiro assinado por Kasper Bajon, baseado em fatos reais ocorridos em janeiro de 1993. O cargueiro “MS Jan Heweliusz”, que saiu de Swinoujscie, na Polônia, para Ystad, na Suécia, naufragou no Mar Báltico, matando 55 dos seus 64 ocupantes, a maioria por hipotermia. Nas investigações sobre as causas do acidente, chegou-se à conclusão de que os culpados seriam o capitão e sua tripulação, mesmo que tenha sido registrada uma tempestade violenta com ventos de 180 km/h, dificultando o controle da embarcação. Os três primeiros capítulos são dedicados a mostrar os momentos que antecederam o naufrágio, as tentativas infrutíferas de salvamento e o desespero dos tripulantes na hora fatal. As cenas são angustiantes e realistas, levando o espectador a sofrer junto com as pessoas querendo se salvar. Nos dois capítulos finais, a minissérie destaca o julgamento que determinará quem foram os culpados pela tragédia: a empresa proprietária do navio, que não realizou a manutenção necessária ou um erro humano, ou seja, do capitão e da tripulação. Neste último caso, a empresa fica livre de indenizar as famílias das vítimas. Participam do elenco alguns dos nomes mais conhecidos do cinema polonês, tais como Magdalena Rózczka, Jacek Koman, Borys Szyc, Mia Goti (não confundir com a inglesa Mia Goth), Michalina Labacz, Michal Zurawski e Anna Dereszowska. Aos que costumam enjoar no mar, aconselho a tomar um Dramin antes de ligar o play. Trocando em miúdos, a minissérie é ótima.

domingo, 16 de novembro de 2025

“A CAÇA” (“THE HUNTED”), 2024, em cartaz na Prime Vídeo, 1h35m, coprodução Inglaterra/França/Bélgica, direção do cineasta francês Louis Lagayette (“The Hole”, “Tigres e Hienas”), que também assina o roteiro com Jérôme Genevray. Com problemas no motor, um barco lotado de refugiados do Sudão e outros países da África fica à deriva no Mar Mediterrâneo. Quando os passageiros estão quase perdendo as esperanças, surge um iate luxuoso que os resgata, levando-os para uma ilha. Aqui, são acolhidos, tomam banho, recebem roupas limpas e jantam na companhia da dona da mansão (Marlene Kaminsky) e outros convidados. Na hora lembrei daquele ditado que diz “Quando a esmola é grande, até o santo desconfia”. Não deu outra. No dia seguinte, dopados, os refugiados são avisados que serão caçados e terão 10 minutos para correr e se esconder pela ilha. Só que os caçadores não contavam que Wael (Lily Banda) é uma ex-soldado treinada no Sudão, que até o desfecho tentará se manter viva e ajudar os companheiros caçados. Não há muito mais a comentar. Só lamentar o decepcionante elenco de ilustres desconhecidos, as cenas de ação mal feitas e uma história que permanece inexplicável, pois fica devendo a explicação de quem é quem entre os caçadores e, principalmente, a proprietária da mansão. O resultado final é decepcionante. Como garantido pela nossa democracia relativa, fique à vontade para assistir ou não.   

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

“A ÚLTIMA SESSÃO DE FREUD” (“FREUD’S LAST SESSION”), 2023, coprodução Estados Unidos/Irlanda/Inglaterra, 1h50m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Matthew Brown (“O Homem que Viu o Infinito”). Londres, setembro de 1939. Em seus últimos dias de vida, o psicanalista Sigmund Freud recebe a visita do escritor e professor universitário irlandês C.S. Lewis, que mais tarde ficaria famoso pela autoria de “Crônicas de Nárnia”, entre outros romances. Esse encontro fictício foi imaginado pelo psiquiatra Armand Nicholi no livro “The Question of God: C.S. Lewis and Sigmund Freud Debate God, Love, Sex and The Meaning of Life”, que mais tarde seria adaptado para o teatro na peça “Freud’s Last Session”, do dramaturgo Mark St. Germain. Agora, o tema acabou virando o filme que comento neste espaço. Aliás, um filme excelente, não muito fácil de digerir, pois é integralmente feito de diálogos em que Freud e C.S. Lewis discutem temas como amor, sexualidade, filosofia, espiritualidade, religião, a existência de Deus, o futuro da humanidade. Enfim, conversas do mais alto nível entre dois dos mais importantes cérebros do século XX, com direito a uma participação especial, também fictícia, do escritor J.R.R. Tolkien (“O Senhor dos Anéis”). Em meio aos diálogos, o filme destaca cenas de batalha da 1ª Guerra Mundial, motivo principal dos traumas de C.S. Lewis, que lutou no conflito. Estão no elenco Anthony Hopkins (Freud), Matthew Goode (Lewis), Liv Lisa Fries (Anna Freud), Jody Balfour (Dorothy Burlingham, amante de Anna), Sephen Campbell Moor (J.R.R. Tolkien), Jeremy Northam (Ernest Jones) e Orla Brady (Nanie Moore). Trocando em miúdos, um filme que passa longe de um entretenimento leve, mas de muita qualidade.    

terça-feira, 11 de novembro de 2025

 

“IL BOEMO”, 2022, em cartaz na Prime Vídeo, coprodução República Tcheca/Itália/Eslováquia, 2h20m, direção de Petr Václav, cineasta tcheco radicado na França, que também assina o roteiro com a colaboração de Gilles Taurand. Trata-se da cinebiografia do compositor e maestro tcheco Josef Myslivecek (1737/1781), que teve grande importância na história da música erudita e da ópera na segunda metade do século 18. O filme acompanha a chegada de Josef em Veneza, na Itália, para estudar música com o maestro Finocchietti (Alberto Gracco). Para sobreviver, Josef dava aulas de violino e piano. Nessa época, então um ilustre desconhecido, o músico tcheco começou um romance com uma mulher da corte, que o incentivou a compor uma ópera. Assim começou a fase áurea de Myslivecek, também conhecido pelo apelido de “Il Boemo”, contratado por vários teatros italianos para dirigir suas orquestras e compor óperas. O filme dedica espaço para as inúmeras aventuras amorosas do músico, interpretado pelo ator Vojtech Dyk, também músico e cantor de profissão. E ainda um encontro muito especial com Wolfgang Amadeus Mozart, um menino prodígio que surpreendeu o musico tcheco reproduzindo com perfeição uma música do maestro que acabara de ouvir. A vida promíscua de Myslivecek teria um resultado trágico depois que o maestro contraiu sífilis terciária, causando-lhe a morte. Completam o elenco Elena Radonicich, Barbara Ronchi, Lana Vlady e Federica Vecchio. O filme é um deleite visual e sonoro. A recriação de época é primorosa, destacando os cenários e os figurinos, além de uma maravilhosa trilha sonora, um brinde especial para quem gosta de música erudita. “Il Boemo” representou a República Tcheca na disputa da categoria Melhor Filme Internacional no Oscar 2023. Imperdível.     

domingo, 9 de novembro de 2025

“FRANKENSTEIN”, 2025, Estados Unidos, 2h29m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção do cineasta mexicano Guillermo Del Toro, cujo currículo compreende uma excelente filmografia, na qual incluo “A Forma da Água”, Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor em 2018, “O Labirinto do Fauno”, “A Espinha do Diabo” e a animação “Pinóquio”, vencedor da categoria no Oscar 2023. Acredito que “Frankenstein” deva ser também indicado para algumas categorias no Oscar 2026. O filme é um deleite visual, ao estilo romantismo gótico que o cineasta mexicano domina como poucos. Esta nova adaptação do romance escrito por Mary Shelley em 1818 traz o ator guatemalteco Oscar Isaac como o médico e cientista Victor Frankenstein, criador do monstro que tem assustado plateias desde 1931, quando a criatura foi papel de Boris Karloff. Outras adaptações foram feitas, mas a melhor continuo achando a de Karloff, quando a criatura tinha a cabeça quadrada e um enorme parafuso no pescoço, como também foi estilizado em revistas de quadrinhos. Completam o elenco nesta última versão de Frankenstein a atriz Mia Goth, Jacob Elordi (a criatura), Christoph Waltz, Felix Kammerer, Charles Dance, David Bradley e Lar Mikkelsen. Sob a batuta de Guillermo Del Toro, "Frankenstein" ganhou um tratamento estético dos mais primorosos. Não perca!   

“HEDDA”, 2025, Estados Unidos, 1h48m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Nia DaCosta (“A Lenda de Candyman”, “As Marvels”). Logo nas primeiras cenas percebi que os diálogos eram bem teatrais. Acertei em cheio, pois depois verifiquei que se tratava de uma releitura da peça “Hedda Gabler”, escrita em 1891 pelo dramaturgo norueguês Henrik Ibsen. A adaptação é provocativa e moderna, sendo toda a ação ambientada numa única noite em que Hedda Gabler (Tessa Thompson) e seu marido George Tesman (Tom Bateman) promovem uma grande festa para apresentar a mansão totalmente reformada para a qual o casal acaba de se mudar – o imóvel pertencia ao General Gabler, pai de Hedda. Os convidados representam a alta sociedade, incluindo professores universitários e algumas autoridades. Fácil perceber que Hedda, insatisfeita no casamento e infeliz como dona de casa, é uma mulher manipuladora. Com intrigas e mentiras, ela desenvolve uma série de atritos que acabam gerando desavenças. Nesse contexto são envolvidos os personagens de seu marido, de sua ex-amante Eileen Lovborg (a atriz alemã Nina Hoss) e de uma mulher que não havia sido convidada, papel de Imogen Poots. Muita bebida, cocaína à vontade e sexo casual pelos jardins da mansão. Enfim, uma festa que provavelmente não terminará bem. Completam o elenco Nicholas Pinnock, Finbar Lynch e Mirren Mack. Não conheço a peça de Ibsen, portanto não sei se a adaptação foi bem feita. De qualquer forma, achei o filme bastante interessante. 

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

“BALADA DE UM JOGADOR” (“BALLAD OF A SMALL PLAYER”), 2025, coprodução Inglaterra/Alemanha, 1h41m, em cartaz na Netflix, direção de Edward Berger, seguindo roteiro assinado por Rowan Joffe e adaptado do romance escrito por Lawrence Osborne em 2014. Existem dois excelentes motivos para recomendar este drama: a impressionante atuação do ator Colin Farrell e a primorosa fotografia de James Friend, responsável por um visual deslumbrante. A história é toda centrada no ex-advogado e jogador compulsivo Riley (Farrell), que foge da Inglaterra depois de dar um golpe numa milionária e se estabelece em Macau, na China. Explica-se: Macau é considerada a “Las Vegas da Ásia”, repleta de cassinos e outras atrações para quem tem muito dinheiro e gosta de jogar e se divertir. Utilizando o pseudônimo de Lord Doyle, um suposto aristocrata inglês, Riley chega a Macau com pompa e circunstância, hospeda-se nos melhores hotéis, bebe e come do melhor e, quando não ganha do jogo, o que acontece sempre, acaba fugindo do hotel pela porta dos fundos. Não é um sujeito normal, pois além de viciado é propenso a crises de pânico e arritmia cardíaca. Além do azar nas mesas de bacará, Riley é perseguido por uma detetive particular (Tilda Swinton) contratada pelas vítimas que o viciado deixou pelo caminho. Como anunciado na cena de abertura do filme, o final de Riley será trágico. Se há mais um aval para o filme, este deve ser dado também ao diretor suíço Edward Berger, cujo currículo conta com filmes de grande sucesso e de qualidade, entre os quais “Nada de Novo no Front”, Oscar de Melhor Filme Internacional em 2023, e o excelente “Conclave”, também premiado em festivais mundo afora.   

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

“IMPIEDOSO” (“RUTHLESS”), 2023, Estados Unidos, 1h32m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Art Camacho, que também assina o roteiro com Javier Reyna e James Dean Simington. Harry (Dermot Mulroney) é cinquentão especialista em artes marciais e instrutor de luta greco-romana aos alunos do Ensino Médio numa escola municipal (o material de divulgação diz que é luta livre, mas o correto é mesmo luta greco-romana). Uma das alunas da luta é Catia (Melissa Diaz), de 16 anos, a mesma idade em que a filha de Harry foi assassinada alguns anos antes. Como Catia aparecia nas aulas muitas vezes com hematomas no rosto, Harry resolveu perguntar o que estava acontecendo. O culpado é o padrasto dela, um sujeito violento que vivia bêbado e também agredia a mãe de Catia. Harry foi confrontá-lo, resultando em alguns ossos quebrados. Logo depois disso, a jovem desaparece misteriosamente e Harry acaba descobrindo que a menina tinha sido vítima de uma gangue de exploração sexual. Com a ajuda de um detetive de polícia, Harry vai atrás dos sequestradores. Até o desfecho, muita pancadaria e ossos quebrados. Tudo bem que o ator Dermot Mulroney não é nenhum brucutu assustador, mas seu desempenho não decepciona. Só para lembrar, o ator é mais conhecido como galã de filmes românticos, principalmente depois que fez par com Júlia Roberts em "O Casamento do Meu Melhor Amigo", em 1997. Se você é daqueles que gostam de assistir mocinho se vingando e bandidos muito machucados, este é o filme certo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

 

“A MULHER DA FILA” (“LA MUJER DE LA FILA”), 2025, coprodução Argentina/Espanha, 1h45m, em cartaz na Netflix, direção de Benjamín Avilla (“Infância Clandestina”), que também assina o roteiro com Marcelo Müller. A história é baseada em fatos reais ocorridos na Argentina em 2004. A viúva Andrea Casamento, mãe de três filhos, viveu o drama de ver seu filho mais velho, de 18 anos, ser preso acusado de participar de uma gangue de assaltantes. Desde o início, ela acreditou na inocência do filho e lutou com todas as forças para libertá-lo. Durante esse tempo, ela conviveu com outras mães e familiares dos presos, o que a motivou a fundar mais tarde a ACIFAD (Asociación Civil de Familiares de Detenidos). No filme, Andrea é interpretada por Natalia Oreiro, atriz uruguaia radicada na Argentina. Ela é a alma do filme, numa interpretação visceral, digna de prêmio. Completam o elenco Amparo Noguera, Alberto Ammann e Federico Heinrichi. As mulheres que aparecem no filme dando depoimentos, sofrendo na fila da visita na penitenciária e sendo submetidas a revistas íntimas constrangedoras, são personagens reais, recrutadas como figurantes. Embora o contexto seja dramático, o filme consegue ser sensível na medida em que enfatiza o sofrimento dessas mulheres e a força que mantêm apesar da situação. Na minha opinião, assim como a de muitos críticos especializados, “A Mulher da Fila” é até agora o melhor filme argentino do ano. Não perca!       


domingo, 2 de novembro de 2025

 

“CRISE EM SEIS CENAS” (“CRISIS IN SIX SCENES”), 2016, Estados Unidos, minissérie da Prime Vídeo, roteiro e direção de Woody Allen. Mesmo sendo fã incondicional de Allen, não sei como deixei escapar essa minissérie que o cineasta escreveu e dirigiu para a Amazon Studios. Ambientados na segunda metade da década de 60, são seis episódios curtos, de cerca de 23 minutos cada um, com Allen atuando como Sidney J. Munsinger, um redator de comerciais que se vê envolvido em várias confusões desde que sua esposa Kay (Elaine May) resolve esconder em sua casa a ativista Lennie Dale (Miley Cyrus), procurada pela polícia de Nova Iorque depois de assaltar um banco. Neurótico como todo personagem que já viveu no cinema, Woody fica apavorado com a possibilidade de também ser preso como cúmplice. As confusões não dizem respeito apenas à ativista, mas também ao grupo de mulheres que se reúnem semanalmente na casa, os pacientes de Kay, que é psicóloga, além do jovem Alan (John Magaro), outro hóspede, e outros tantos personagens que surgem a cada episódio. O desfecho é hilariante. Resumindo, a minissérie - a única de Allen – traz o melhor de Woody Allen: diálogos inteligentes e irônicos alternando temas como filosofia, história e literatura, e ainda piadas sobre religião, política e comportamento social. Destaque para a participação da atriz Rachel Brosnahan, que logo depois faria grande sucesso na série “Maravilhosa Sra. Maisel” e em outros filmes. A crítica profissional não gostou de “Crise em Seis Cenas”, assim como o próprio Allen, mas eu me diverti muito. Imperdível!        

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

ÉDEN (EDEN), 2024, coprodução Estados Unidos/Canadá, 2h09m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Ron Howard, que também assina o roteiro com Noah Pink. A história é inspirada em fatos reais que começaram em 1929, quando o médico alemão Friedrich Ritter (Jude Law) chega à ilha de Floreana, no longínquo arquipélago de Galápagos. Com sua companheira Dore Strauch (Vanessa Kirby), o médico, famoso na Alemanha, buscava uma vida alternativa na natureza selvagem, assim como escrever um livro de filosofia que mudasse o entendimento do mundo. Em seu rastro, três anos depois, chega também à ilha o casal também alemão Hans e Margret Wittmer (Daniel Brühl e Sydney Sweeney) e seu filho. Não demora muito e também joga sua âncora em Floreana a excêntrica e promíscua baronesa Eloise Von Wagner Bousquet (Ana de Armas) e seus dois amantes. O objetivo da baronesa é construir um hotel na praia da ilha para hóspedes ricos e famosos. Ao contrário do seu significado na Bíblia, conforme o título Éden deixa subentender, com a chegada desses “turistas” a ilha deixa de ser um paraíso para se transformar num local de conflito social, desentendimentos e tragédias. Lançado no Festival de Cinema de Toronto, no Canadá, “Éden“ dividiu opiniões, com a maioria dos críticos afirmando que Ron Howard desta vez errou feio – lembro que o diretor foi responsável por vários filmes de sucesso, tais como “Apolo 13”, “Cocoon”, “Rush”, “O Código da Vinci” e “Uma Mente Brilhante”, este último vencedor do Oscar 2010 de Melhor Filme e Melhor Direção. “Éden” também não foi bem de bilheteria nos Estados Unidos. Como curiosidade, destaco que as filmagens ocorreram em Queensland, na Austrália, e não em Galápagos. Como sou um cinéfilo amador relativamente democrático, deixo a critério do espectador apertar o play.    


terça-feira, 28 de outubro de 2025

 

“CASA DE DINAMITE” (“HOUSE OF DYNAMITE”), 2025, Estados Unidos, 1h52, em cartaz na Netflix, direção de Kathryn Bigelow, seguindo roteiro assinado por Noah Oppenheim. Não dá para sair ileso deste suspense (geo) político. A história é de uma tensão sufocante, já que toda a ação prevê a possibilidade de um iminente conflito nuclear cujas consequências todo mundo já conhece. Começa o filme com a constatação de que um míssil nuclear intercontinental acaba de ser lançado contra os Estados Unidos e cuja rota aponta como alvo provável a cidade de Chicago. Quem enviou? As principais suspeitas recaem sobre a Rússia, China ou Coreia do Norte. A situação mobiliza toda infraestrutura do governo norte-americano, desde o seu presidente até os comandantes das forças armadas, além da Agência de Defesa de Mísseis (MDA), que imediatamente ordena o lançamento de mísseis interceptadores. Erraram na primeira e na segunda tentativas. Os minutos vão se passando e o desespero toma conta de todos. Enfim, uma guerra nuclear pode estar a caminho, pois uma ordem do presidente pode resultar numa retaliação. Haja coração! Méritos para a diretora Katryn Bigelow, que já nos presenteou com ótimos suspenses, entre os quais “Guerra ao Terror” – Oscar 2010 de Melhor Filme e Melhor Direção -, “A Hora mais Escura”, “Detroit em Rebelião” e “Quando Chega a Escuridão”. Neste seu recente “Casa de Dinamite”, a diretora deixa o espectador adivinhar o que poderá ter acontecido no desfecho, já que o filme termina abruptamente sem um final explicado. Numa de suas entrevistas sobre o filme, Kathryn Bigelow afirmou: "Quero que as pessoas sintam o peso da incerteza. Vivemos em um mundo onde a catástrofe pode começar com um clique – e, ainda assim, escolhemos acreditar que temos tempo”. O elenco é de primeira: Idris Alba, Rebecca Ferguson, Gabriel Basso, Jason Clarke,  Willa Fizgerald, Jonah Hauer, Tracy Letts, Kaitlyn Denver, Moses Ingram, Anthony Ramos, Jared Harris, Kyle Allen, Brian Tee e Greta Lee.  Filmaço!  

domingo, 26 de outubro de 2025

“27 NOITES” (“27 NOCHES”), 2025, Argentina, 1h47m, em cartaz na Netflix, direção do cineasta e ator uruguaio Daniel Hendler (que atua no filme), que também assina o roteiro com Mariano Llinás e Martin Mauregui. Drama e humor estão juntos numa história baseada em fatos reais descritos no livro “Veintisiete Noches”, romance de Natalia Zito, envolvendo a idosa Natália Cohen (1919-2022), uma artista plástica e escritora argentina internada numa clínica psiquiátrica pelas próprias filhas. No filme, a vítima do internamento compulsório é Martha Hoffman (Marilu Marini), uma senhora de 83 anos que passa internada 27 noites por causa de um laudo médico assinado por um conhecido neurologista e por uma psiquiatra que depois confessou que nem conhecia Martha. Segundo o laudo, a idosa sofreria de demência frontotemporal – a mesma doença do ator Bruce Willis. Além da idosa e das suas duas filhas, interpretadas por Paula Grinszpan e Carla Peterson, o personagem de maior destaque ficou por conta do próprio diretor, que faz o papel de Leandro Casares, perito designado por um tribunal para avaliar a condição de Martha, com quem acaba tendo uma grande amizade e é responsável pelas principais cenas de humor. O filme é um tanto irregular, com algumas situações que fogem do contexto da história, como aquela em que o perito e a idosa ingressam numa comunidade artística que, esta sim, parece mais um manicômio.  


“O MONSTRO DE FLORENÇA” (“IL MOSTRO”), 2025, Itália, minissérie em 4 episódios em cartaz na Netflix, direção de Stefano Sollima (“Suburra”, “Sicário”), que também assina o roteiro com Leonardo Fasoli. Baseada em fatos reais descritos no livro “O Monstro de Florença (2009), escrito por Douglas Preston e Mario Spezi, a história é centrada nos crimes de um serial killer que aterrorizou a Itália por quase duas décadas. Embora a polícia italiana tenha detido vários suspeitos, nenhum deles foi preso como o autor dos assassinatos. No total, desde 1968, foram mortas 18 pessoas, geralmente casais que faziam sexo em veículos nos arredores de Florença. O modus operandi do assassino era sempre o mesmo. Ele utilizava a mesma arma, uma pistola Beretta calibre 22, com balas Winchester “série H”, e mutilava as mulheres, removendo seus órgãos sexuais. Por pressão dos familiares das vítimas, o caso foi reaberto várias vezes, mas a polícia até hoje não conseguiu identificar o criminoso. Estão no elenco Francesca Olia, Liliana Bottone, Marco Bullitta, Giacomo Fadda, Valentino Mannias, Chloé Groussard, Adele Piras e Niccolo Cancellieri. Achei o roteiro meio confuso, principalmente pela utilização exagerada de flashbacks – alguns repetidos no último episódio, além de um elenco que não convence. Em todo caso, a história é de arrepiar os pelos da nuca.

terça-feira, 21 de outubro de 2025

 

 

“A ÚLTIMA PARADA DO ARIZONA” (“THE LAST STOP IN YUMA COUNTY”), 2023, Estados Unidos, 1h30m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção do estreante Francis Galluppi. Este é mais um daqueles filmes pouco divulgados que surpreendem por sua qualidade. A história é ambientada em 1970 e acontece praticamente em apenas um cenário, a lanchonete anexa a um posto de gasolina num lugar ermo do condado de Yuma, Arizona, bem próximo à fronteira com o México. O primeiro cliente é um vendedor de facas (Jim Cummings), que parou para abastecer seu veículo. Acontece que o posto está sem combustível e o caminhão-tanque só chegará dali a três ou quatro horas. Diante da situação, o vendedor é encaminhado para a lanchonete. Chegam também dois sujeitos mal-encarados que acabaram de assaltar um banco e agora estão impedidos de continuar sua fuga por falta de combustível. Eles ameaçam a garçonete Charlotte (Jocelin Donahue) e o vendedor caso eles os denunciem aos próximos clientes que chegarem. No caso, um casal de jovens, um casal de idosos, um policial atrapalhado e um índio mestiço, além do encarregado do posto. O que acontece depois é um segredo que não vou revelar, mas posso garantir: serão cenas hilariantes e um desfecho com direito a um grand finale. Completam o ótimo elenco Ricard Breake, Nicholas Logan, Michael Abbot Jr., Faizon Love, Jon Proudstar, Gene Jones, Sierra McCormick e Alex Essoe. Méritos totais ao roteiro e à direção do cineasta estreante Francis Galluppi. Imperdível!

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

 

“UM FANTASMA NA BATALHA” (“UN FANTASMA EN LA BATALLA”), 2025, Espanha, 1h48m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Agustín Días Yanes (“Oro: A Cidade Perdida”). Baseada em fatos reais, a história é centrada em Amaia (Susana Abaitua, ótima!), jovem policial da Guarda Civil que passou vários anos infiltrada no ETA, grupo separatista basco, entre os anos 90 e 2000. Fundado em 1968, o ETA foi responsável por inúmeros atentados à bomba e assassinatos à bala de políticos, autoridades do governo e civis. O arriscado trabalho de Amaia, supervisionado pelo tenente-coronel Castro (Andrés Gertrudix), consistia em fornecer informações importantes sobre o planejamento dos atentados, identificação dos membros e a localização dos esconderijos dos chefes do grupo, principalmente no sul da França. O filme entrega um suspense intenso, pois a cada missão Amaia corria o risco de ter sua verdadeira identidade descoberta, o que resultaria na sua morte imediata. Resumindo, Amaia deu uma grande contribuição para o fim da organização separatista. Completam o elenco Ariadna Gil, Raúl Arévalo e Iraia Elias. De forma primorosa, o cineasta Agustín Yanes soube colocar o filme dentro do contexto histórico e político da época, principalmente ao acrescentar imagens dos telejornais da época, o que contribuiu para dar maior credibilidade à história. Imperdível.   

sábado, 18 de outubro de 2025

“GTmax”, 2024, coprodução França/Bélgica, 1h39m, em cartaz na Netflix, direção de Olivier Schneider, seguindo roteiro assinado por Jean-André Yerles e Rachid Santaki. Existem dois bons motivos para assistir a este filme de ação: a bela atriz Ava Baya e as ótimas cenas de perseguição e corridas de motocross. Ao verem que o pai Daniel (Gérard Lanvin) enfrenta problemas financeiros, a ponto de estar prestes a perder a pista de motocross e as motos da equipe Carella, da qual é chefe, os irmãos Soélie (Baya) e Michael (Riadh Belaïche), jovens astros das competições, resolvem ingressar na gangue Raptors, famosa por realizar assaltos em motocicletas. Os irmãos deverão participar do próximo roubo, cujo alvo é uma coleção de pedras preciosas valiosas. Desconfiada das intenções do grupo criminoso, a polícia monta um esquema para prender os assaltantes, sabendo que eles utilizarão motocicletas. Apesar disso, o assalto é bem sucedido, só que os marginais não contavam com a posterior perseguição dos policiais, o que resultarão em mais algumas cenas de alta tensão. Não dá pra comentar o desfecho, mas fica a sensação, de acordo com a última cena, de que haverá uma sequência. Como disse no começo do comentário, existem dois motivos para assistir, mas outros tantos para passar longe.    

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

“O ROYAL HOTEL” (“THE ROYAL HOTEL”), 2023, coprodução Austrália/Inglaterra, 1h31m, em cartaz na Netflix, direção da cineasta australiana Kitty Green (“A Assistente”), seguindo roteiro assinado por Oscar Redding. A história foi inspirada num documentário de 2016 que retratou um caso real ocorrido no pequeno vilarejo de Coolgardie, numa região inóspita da Austrália Ocidental. “O Royal Hotel” é centrado em duas jovens mochileiras à procura de aventura. Amigas que não se desgrudam, as canadenses Hanna (Julia Garner) e Liv (Jessica Henwick) resolvem se aventurar pelo interior da Austrália, chegando ao vilarejo de Coolgardie, cuja população é, em sua maioria, composta por trabalhadores de uma mineração. Sem dinheiro, as duas topam se hospedar no Royal Hotel, uma espelunca cujo proprietário é Billy (Hugo Weaving, de “Matrix”), um sujeito irresponsável cuja fama é de um beberrão contumaz. Para pagar a hospedagem e faturar algum dinheiro, elas topam trabalhar como garçonetes no bar do hotel, frequentado por bêbados da pior espécie, sedentos de sexo. As bebedeiras são homéricas. Dessa forma, as duas jovens trabalham correndo o risco de serem assediadas o tempo inteiro. Quando o filme terminou, de forma trágica, fiquei pensando o que levou as duas jovens a se aventurar num lugar tão lamentável, longe de qualquer sinal de civilização. Enfim... Completam o elenco Toby Wallace, Daniel Henshall, James Frecheville, Herbert Nordrum e Ursula Yovich. Na dúvida se recomendo ou não, resolvi conceder aos meus dois leitores o direito ao livre arbítrio. 

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

 

“A MULHER NA CABINE 10” (“THE WOMAN IN CABIN 10”), 2025, Estados Unidos, 1h32m, em cartaz na Netflix, direção do cineasta suíço radicado na Austrália Simon Stone (“A Escavação”, “A Filha”), que também assina o roteiro com Joe Shrapnel e Anna Waterhouse. Suspense de primeira, movimentado e repleto de tensão e reviravoltas. Começa com a jornalista investigativa Laura Blacklock (Keira Knightley) sendo convidada a participar de um cruzeiro no luxuoso iate da bilionária Anne Bullmer (Lisa Loven Kongsli). Entre os convidados, alguns membros da fundação criada por Anne e jornalistas. Durante a viagem, Anne, com câncer terminal, assinaria um testamento no qual consta sua intenção de deixar toda sua fortuna para a fundação dedicada às pesquisas da cura para o câncer e tratamentos para pacientes com a doença. Na primeira noite, Laura está em seu camarote quando ouve uma violenta discussão e depois testemunha um corpo sendo jogado ao mar. Ela alerta o ocorrido à equipe de segurança da embarcação, que faz a contagem dos passageiros e tripulantes, constatando que nenhum está desaparecido. Com a intenção de descobrir o que aconteceu, Laura começa a investigar e acaba descobrindo algumas verdades que gente poderosa tenta esconder. A partir daí, ela correrá grande perigo até o desfecho da história, num grand finale que valoriza qualquer bom suspense. Completam o elenco Guy Pearce, Gitte Witt, Kaya Scodelario, David Ajala, Gugu MBatha-Raw e Hannah Waddingham. Sem dúvida, um dos melhores suspenses lançados este ano. Imperdível!      

“ZOE, MINHA AMIGA MORTA” (“MY DEAD FRIEND ZOE”), 2024, Estados Unidos, 1h42m, em cartaz na Prime Vídeo, estreia na direção de longas do cineasta Kyle Hausmann-Stokes, que também assina o roteiro com AJ Bermudez e Cherish Chen. O titulo pode parecer que o filme é uma produção de terror ou comédia. Nenhuma das duas. Trata-se de um drama cujo pano de fundo é a Síndrome do Estresse Pós-Traumático que atinge a maioria dos veteranos de guerra, levando-os, muitas vezes, ao suicídio. A história é centrada na soldado Merit (Sonequa Martin-Green, de “The Walking Dead” e “Star Trek: Discovery’), uma veterana da guerra no Afeganistão. Seu trauma principal foi a morte de sua companheira e melhor amiga Zoe (Natalie Morales). Para tratar do seu problema psicológico, Merit é encaminhada a um programa de terapia destinado a veteranos de guerra, supervisionado pelo psicólogo militar Dr. Cole (Morgan Freeman). Ao mesmo tempo, Merit é obrigada a cuidar do pai Dale (Ed Harris), em processo adiantado de Alzheimer. Além disso, Merit vê a todo momento o fantasma de Zoe, um lance arriscado do roteiro, mas eficiente no contexto do drama. Em vários flashbacks, o enredo evoca cenas das duas amigas em missão no Afeganistão, levando o espectador a supor que Zoe teria sido morta durante combate. O fato do diretor Kyle ser também um ex-veterano de guerra como paraquedista no Iraque – anos 90 – fornece credibilidade ao tratar de um tema tão sensível como os traumas de guerra. Completam o elenco Gloria Reuben, Utkarsh Ambudkar e Alicia Borja. Trocando em miúdos, um filme muito interessante e sensível.        

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

“STEVE”, 2025, coprodução Irlanda/Inglaterra, 1h32m, em cartaz na Netflix, direção do cineasta belga Tim Mielants. Trata-se da adaptação de “Shy”, romance de Max Porter, que também assina o roteiro. A história de “Steve” é ambientada durante um dia em um colégio interno para jovens problemáticos. Steve (Cillian Murphy, Oscar de Melhor Ator por “Oppenheimer”) é o diretor do estabelecimento, cujo objetivo é realizar um estudo sobre os desafios do sistema de ensino alternativo inglês, muito em comum nos anos 90 do século passado, proporcionando aos jovens problemáticos, ao contrário dos reformatórios comuns, um tratamento mais humano e menos punitivo. Missão difícil, quase impossível, pois os jovens internos são agressivos, raivosos e violentos. Nesse dia específico, o colégio recebe a visita de um deputado, que termina de forma desastrosa, e logo em seguida Steve recebe a notícia de que o colégio será fechado. Como se não bastasse, Shy (Jay Lycuyrgo), um dos jovens internos mais problemáticos, foge da instituição. Diante de tantas situações conflituosas, Steve entra em colapso emocional. Mesmo com tanto drama, o desfecho reserva uma cena bastante comovente. Completam o elenco Emily Watson, Tracey Ullman e Little Simz, além de vários atores estreantes. Trocando em miúdos, “Steve” é um drama poderoso de muita qualidade.         

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

 

“ÔNIBUS PERDIDO” (“THE LOST BUS”), 2025, Estados Unidos, 2h10m, em cartaz na Apple TV+, direção do cineasta inglês Paul Greengrass (“Voo United 93”, “Capitão Phillips”, “A Supremacia Bourne”). O roteiro, escrito pelo diretor e por Brad Ingelsby, é baseado no livro “Paradise: One Town’s Struggle to Survive an American Wildfire”, da jornalista Lizzie Johnson. Os fatos adaptados ocorreram no dia 18 de novembro de 2028, quando um terrível incêndio iniciado na mata de Paradise, na Califórnia, matando 85 pessoas e queimando 18 mil casas - o mais letal de toda a história da Califórnia. O incêndio mobilizou as autoridades locais, a polícia e os bombeiros, que conseguiram evacuar cerca de 50 mil pessoas. Utilizando cenas reais e algumas outras por computação gráfica, o filme destaca o feito heroico de  Kevin McKay (Matthew McConaughey), motorista de ônibus escolar, e da professora Mary Ludwig (America Ferrera), que conseguiram salvar as 22 crianças que ocupavam o veículo em meio à floresta em chamas. O motorista procurou saídas alternativas às estradas completamente congestionadas – muitas das vítimas dessa tragédia morreram carbonizadas no interior de seus veículos -, buscando caminhos alternativos como rodovias vicinais e estradas de terra. O sufoco durou mais de 5 horas. O espectador é colocado dentro do ônibus, vivendo igualmente inúmeros momentos de muita tensão, medo e perigo. O suspense é de roer as unhas e apertar os braços da poltrona. Como diria Galvão Bueno, “Haja Coração!”. Ou seja, se for cardíaco(a), não assista. O filme é muito bom.    

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

“A ESTRANHA COMÉDIA DA VIDA” (“LA STRANEZZA), 2023, Itália, 1h44m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Roberto Andò (“As Confissões”, “O Caravaggio Roubado”, “Viva a Liberdade”), que também assina o roteiro com Massimo Gaudioso. Mesmo quem não curte muito teatro, como eu, sabe quem foi Luigi Pirandello (1867/1936), dramaturgo italiano autor de peças memoráveis e premiado com o Nobel de Literatura em 1934. Pois é Pirandello, papel do ator Toni Servillo, o principal personagem desta comédia dramática que mistura ficção com realidade. A história é ambientada no início da década de 20 do século passado. Em crise de criatividade, o dramaturgo viaja de Roma para sua cidade natal Agrigento, na Sicília, para visitar um antigo amigo. Quando chega, recebe a notícia da morte de sua antiga babá. Ele comparece ao velório e se responsabiliza pela organização do enterro. É quando conhece dois hilários agentes funerários, Onofrio Principato (Salvatore Ficarra) e Sebastiano Vella (Valentino Picone), que também mantêm uma companhia de teatro amador prestes a estrear uma peça escrita por Sebastiano. Pirandello acompanha, escondido, os ensaios e se diverte com as confusões do elenco. Numa segunda etapa, a história passa para Roma durante a estreia da peça “Seis Personagens em Busca do Autor”, talvez a mais famosa de Pirandello. O público presente se dividiu em vaias e aplausos, mas depois a peça seria aclamada como um divisor de águas do teatro internacional. “A Estranha Comédia da Vida” venceu o Prêmio David Di Donatello (o Oscar italiano) em quatro categorias: Melhor Roteiro Original, Melhor Produção, Cenografia e Figurino. Complementando, destaco a incrível semelhança entre o ator Toni Servillo e Pirandello. Comparei as fotos e realmente são muito parecidos. Trocando em miúdos, o filme é ótimo e vai agradar, especialmente, os amantes do teatro.  

domingo, 5 de outubro de 2025

“MISSÃO RESGATE 2: VINGANÇA” (“ICE ROAD 2: VENGEANCE”), 2025, Estados Unidos, 1h54m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Jonathan Hensleigh. A partir de “Busca Implacável”, sucesso de 2008, o ator Liam Neeson passou a ser requisitado para atuar em filmes de ação, na maioria das vezes como o mocinho da história. Mesmo agora, aos 73 anos, ele continua firme, mas já sem a mobilidade de antes – ele também é a figura central do remake “Corra que a Polícia Vem Aí”, em cartaz nos cinemas. Em “Missão Resgate 2: Vingança”, ele, no papel de Mike McCann, resolve atender a um pedido do irmão Gurty (Marcus Thomas), soldado do exército, que caso morra em alguma missão suas cinzas sejam jogadas no Monte Everest – na juventude, os irmãos praticavam alpinismo. Claro que o irmão acaba morrendo. E lá vai Mike para o Nepal levar o pote de cinzas. Em Katmandu (capital do Nepal) Mike ingressa num ônibus de turismo caindo aos pedaços que o levará, assim como a outros passageiros, ao Everest. No caminho, porém, o ônibus é perseguido por mercenários, já que entre os passageiros está o filho de um líder de uma comunidade local que se recusa a abandonar o vilarejo a mando de um mafioso. Ao lado da guia turística Dhani Yang Chem (a atriz chinesa Bingbing Fan), Mike lutará com os bandidos, proporcionando cenas de ação com grande suspense, pois as perseguições acontecem em estradas à beira de abismos. Completam o elenco Amelia Bishop, Mahesh Jadu, Bernard Curry e Grace O’Sullivan. O diretor Jonathan Hensleigh é mais conhecido como roteirista de alguns sucessos de Hollywood, como “Jumanji”, “Armagedon”, “O Justiceiro” e a série “The Adventures of Young Indiana Jones”.