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sexta-feira, 27 de junho de 2025

“NEFARIOUS”, 2023, Estados Unidos, 1h37m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Cary Solomon e Chuck Konzelman. Grata surpresa este ótimo terror psicológico, baseado no livro “A Nefarious Plot” (“Nefarious: O Plano Maligno”) livro de 2016 escrito por Steve Deace. Vamos à história. No dia da sua execução, marcada para as 23 horas, o serial killer Edward Wayne Brady deve passar por uma última avaliação psiquiátrica. Caso seja considerado doente mental, escapará da cadeira elétrica. A avaliação fica a cargo do psiquiatra James Martin (Jordan Belfi) - o psiquiatra que atendia o preso se suicidou. Dr. Martin conversa com o preso tentando descobrir sua verdadeira situação psicológica. Os dois começam a dialogar e Edward parece estar possuído por uma entidade demoníaca, o Nefarious do título. De início, o psiquiatra acha que ele está fingindo, mas se surpreenderá com os fatos que virão à tona logo depois. O embate entre os dois é o maior trunfo do filme, com diálogos em que eles discutem filosofia, humanidade, história e religião, entre outros, temas que Edward - ou Nefarious – demonstra conhecer a fundo. Outro destaque que não se pode negar é o desempenho impressionante do ator Sean Patrick Flanery, tanto falando como o demônio como na pele do serial killer acusado de pelo menos 7 assassinatos, confessando outros quatro para o psiquiatra. Aos 59 anos, Flanery tem um extenso currículo no cinema, embora tenha atuado em filmes pouco convincentes como “Frank & Penelope”, “Nascido para Vencer” e “Energia Pura”, só para citar alguns. Mesmo ambientado em apenas um cenário, ou seja, uma sala de interrogatório, o filme mantém um nível de tensão que prende o espectador na beira da poltrona do começo ao desfecho. Dessa forma, “Nefarious” demonstra que ainda há vida inteligente no cinema independente norte-americano. IMPERDÍVEL, assim mesmo, com letras maiúsculas.       

 

quarta-feira, 25 de junho de 2025

“ATÉ A ÚLTIMA GOTA” (“STRAW”), 2025, Estados Unidos, 1h48m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Tyler Perry. Imagine você acordar e logo receber a notícia de que vai ser despejada por falta de pagamento. Assim começou o dia de Janiyah Witkins (Taraji P. Henson), uma mãe solteira prestes também a perder o emprego cujo salário mal dá para sobreviver e pagar os remédios da filha doente. Já à beira de um ataque de nervos, ela ainda enfrentará muitos problemas, como se envolver numa confusão de trânsito com um policial e ainda ser acusada de assalto. E pior, de homicídio. Desesperada, ela entra na sua agência bancária para descontar um cheque, o que lhe é negado. É a gota d’água (ou a última gota do título) para ela se armar com uma pistola e ameaçar todo mundo, mobilizando a polícia local, a SWAT e até o FBI. O filme lembra muito “Um Dia de Fúria”, com Michael Douglas, um grande sucesso de 1993. A tensão predomina do começo ao desfecho, destacando a excelente atuação da atriz Taraji P. Henson, comprovando a mesma competência que já demonstrou em outros filmes, como o ótimo  “Estrelas Além do Tempo”, (2016), “Proud Mary” (2018) e “A Cor Púrpura” (2023), entre outros. Embora eu tenha gostado de “Até a Última Gota”, me incomodou de novo o fato do cineasta Tyler Perry escalar praticamente todo o elenco com atores negros, embora na maioria dos seus filmes, inclusive neste, ele introduz sempre a questão do racismo nos Estados Unidos, quando quase todas as atrizes apareçam com os cabelos alisados, uma incoerência constante de Perry.                    

segunda-feira, 23 de junho de 2025

 


A SOGRA (PRISLA V NOCI), 2023, República Tcheca, 1h27m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção dos cineastas Tomas Pavlicek e Jan Vejnar. Trata-se de uma ótima comédia, pelo menos para quem tem ou teve uma sogra legal. Para os que têm ou tiveram uma sogra chata e invasiva, o filme pode ser encarado como de puro terror. De mala e cuia, a viúva sessentona Valerie (Simona Peková) chega de surpresa à casa do filho Jirka (Jirí Rendl), pedindo para passar uma noite. Se fosse apenas uma noite já teria sido um horror, mas a mulher foi ficando, ficando... De início, Aneta (Annette Nesvadbova), esposa de Jirka, teve pena da sogra e se esforçou para agradá-la. Ledo (Ivo) engano. Valerie começou a interferir no dia a dia do jovem casal, mudando os objetos de lugar, sujando a cozinha e ocupando o banheiro por horas, além de invadir o quarto do casal bem na hora do sexo. Não bastasse, passou a jogar na cara do filho que o apartamento ainda era dela, embora seu falecido marido tenha doado a Jirka, além de dar ordens e convidar gente estranha para dentro de casa. Confusão instalada, Jirka e Aneta começaram a se desentender, sem saber como se livrar da velha. O filme é bem divertido, embora o desfecho seja um tanto incompreensível e mal acabado, mas nem isso prejudicou o resultado final. Recomendo.                      

domingo, 22 de junho de 2025

 

EXPIAÇÃO (SWIETY), 2023, coprodução Polônia/Hungria, 1h45m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Sebastian Buttny. Trata-se de um suspense policial com pano de fundo político e religioso. A história é baseada em fatos reais, ou seja, as consequências do roubo da estátua de Santo Adalberto na catedral da cidade de Gniezno, na Polônia. O ano é 1986 e o caso teve grande repercussão no país, pois Santo Adalberto, também conhecido como Wojciech, foi uma figura central na história do país, um missionário e bispo célebre por difundir o cristianismo entre os povos eslavos no século 10. O tenente Andrzej Baran (Mateusz Kosciukiewicz), da Milícia dos Cidadãos, ficou encarregado de investigar a autoria do roubo. Durante o seu trabalho, porém, ele começou a receber pressão de setores da Igreja, autoridades policiais e do governo comunista por intermédio do Ministério da Segurança Pública (SB), o equivalente polonês da KGB. Até o desfecho o espectador acompanhará todo o trabalho do tenente Andrzej, suas idas e vindas ao local do roubo e ainda uma série de interrogatórios que o ajudarão na solução do caso. Uma das cenas mais poderosas do filme é aquela em que acontece a reconstituição do roubo, acompanhada por policiais, padres, imprensa e centenas de devotos do Santo Adalberto. O roteiro não facilita o entendimento da história para o espectador, tornando EXPIAÇÃO um filme não destinado ao grande público, mas é muito interessante e bem feito.             

sábado, 21 de junho de 2025

“O ÚLTIMO RESPIRO” (“LAST BREATH”), 2025, coprodução Estados Unidos/Inglaterra/Irlanda do Norte, 1h33m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Alex Parkinson (“Lucy, O Chimpanzé Humano”, A Vida dos Leopardos”), que também assina o roteiro ao lado de Mitchel LaFortune e David Brooks. O filme conta uma história incrível de sobrevivência ocorrida em setembro de 2012. Uma equipe de mergulhadores profissionais sai do porto da cidade de Aberdeen, na Escócia, a bordo do navio “Bibby Topaz”, para realizar uma manutenção periódica de equipamentos localizados em águas profundas do Mar do Norte. Enquanto dois mergulhadores descem numa “gaiola” para fazer o serviço, a embarcação, devido ao mau tempo e mar agitado, sofre problemas no sistema de posicionamento dinâmico, ficando praticamente à deriva. Nessa hora, o cordão de sustentação de um dos mergulhadores se parte e ele fica praticamente isolado nas profundezas, preso num equipamento a cerca de 100 metros de profundidade e restando apenas 10 minutos de oxigênio. Pouco tempo para que o seu resgate seja possível. Somente 29 minutos depois que o seu oxigênio terminou é que um outro mergulhador consegue puxá-lo de volta à gaiola. Dado inicialmente como morto, o mergulhador consegue literalmente ressuscitar, um verdadeiro milagre que nem a ciência e os especialistas conseguem explicar. “O Último Respiro” conta toda essa história com muita competência, destacando as primorosas imagens submarinas e uma tensão que leva o espectador a eriçar os pelos da nuca. O elenco conta com Finn Cole, Woody Harrelson, Simu Liou, Cliff Curtis, Myanna Buring, Bobby Raisnbury, Djimon Hounsou e Mark Bonnar. A ideia do filme surgiu depois que o próprio diretor Alex Parkinson realizou o documentário “Last Breath”, em 2019, contando a história sob o ponto de vista jornalístico, provando que o mergulhador profissional é uma das profissões mais perigosas do mundo. Trocando em miúdos, “O Último Respiro” é um filmaço! Para encerrar, lembro que após o desfecho aparecem imagens de alguns dos personagens reais que viveram aquela grande aventura.                 

quinta-feira, 19 de junho de 2025

“MIKAELA”, 2025, Espanha, 1h30m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Daniel Calparsoro (“O Aviso”, “O Engregador”, “Até o Céu”) e roteiro direção de Arturo Ruiz. A tal “Mikaela” do título é o nome que as autoridades espanholas deram à violenta nevasca sem precedentes que atingiu e paralisou as estradas na região entre Madrid e Segóvia no feriado religioso do Dia dos Reis, no dia 6 de janeiro. Ou seja, em pleno inverno. Impedidos de circular, os veículos ficaram parados à noite nas estradas. Numa delas, três assaltantes se aproveitam do caos e roubam um carro-forte, matando seus seguranças e fugindo com o dinheiro. O alarme é acionado e chega ao conhecimento do policial veterano Leo (Antonio Resines), que também está preso no enorme congestionamento. Com a ajuda de uma policial novata (Natalia Azahara), Leo parte para a ação contra os assaltantes, que na fuga ainda sequestram um pai de família. Toda a ação é acompanhada pela central de monitoramento da polícia, que orienta a dupla de policiais na perseguição aos assaltantes debaixo de muita neve. A tensão não para até o desfecho, o que torna “Mikaela” um ótimo entretenimento, dosado com algumas boas cenas de ação e humor. Completam o elenco Roger Casamajor, Adriana Torrebejano, Antón Pavel, Cristina Kovani, Patricia Vico, Rocio Muñoz, Bernabé Fernández e Javier Albalá.             

segunda-feira, 16 de junho de 2025

 

“TEMPO DE GUERRA” (“WARFARE”), 2025, Estados Unidos, 1h35m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Ray Mendoza e Alex Garland (“Guerra Civil”). É um filme para espectadores de estômago forte, ainda mais por ser baseado em fatos reais. O ano é 2006 durante a Guerra do Iraque e o cenário é a cidade de Ramadi,  ocupada por militantes ligados à Al Qaeda. Um pelotão de fuzileiros navais do exército dos Estados Unidos ocupa uma casa estrategicamente localizada para vigiar os movimentos dos guerrilheiros. Só que o tirou saiu pela culatra, pois foram os inimigos que localizaram a casa, colocando-a sob fogo intenso. Uma granada é jogada pela janela e fere gravemente dois soldados. Pelo rádio, os norte-americanos pedem socorro médico e, minutos depois, chega um tanque para resgatar os feridos. Durante o procedimento, uma bomba explode o veículo, matando e ferindo gravemente mais outros soldados. Enfim, uma carnificina, que depois acabou sendo chamada de “a batalha de Ramadi”. O episódio foi vivido pelo co-diretor Ray Mendonza, ex-fuzileiro naval que estava naquele pelotão. Dessa forma, o filme foi realizado de acordo com o relato de Mendonza, mostrando a tensão dos soldados diante da possível invasão da casa pelos terroristas, gerando cenas intensas de violência e suspense. Não tenho dúvida em afirmar que “Tempo de Guerra” é um dos retratos mais viscerais sobre os horrores de uma guerra. Lembrei de um filme bastante semelhante, “Falcão Negro em Perigo”, de 2001, dirigido por Ridley Scott. “Tempo de Guerra” não é melhor, mas é tão bom quanto. É igualmente perturbador, realista e claustrofóbico, com alto nível de tensão. Quanto ao elenco, é formado por atores jovens que dão conta do recado. IMPERDÍVEL!, assim mesmo, em letras maiúsculas.           

domingo, 15 de junho de 2025

 

“UM ÁLIBI” (“AN ALIBI”), 2022, França, 1h30m, em cartaz na Prime  Vídeo, direção de Orso Miret, seguindo roteiro assinado por Emmanuel Mauro e Laurente Roggero. Quem assistir a este suspense vai lembrar na hora do velho ditado popular “Mentira tem Perna Curta”. A história é bem legal, prende atenção até o desfecho, graças a um primoroso roteiro e um ótimo elenco. Quando um grupo de amigos chega à casa da amiga aniversariante Lucie (Sara Martins), o cenário é trágico: ela está morta nos braços do marido Max (Pascal Demolon). Eles chamam a polícia e, percebendo que Max, todo cheio de sangue, poderá ser considerado suspeito, inventam um álibi. Interrogados pela inspetora Garnier (Aurélia Petit), os amigos mantêm o álibi, mas a policial, experiente, não cai na história. Sobra para o marido, que, embora negue ser o culpado, é detido por ser o principal suspeito. O mistério sobre o assassinato só será revelado perto do desfecho, numa reviravolta surpreendente. Completam o elenco Annelise Hesme, Michaël Cohen, Yannick Choirat, Grégori Derangère e Saverio Maligno. Sem dúvida, um filme bastante interessante e agradável de assistir. Um suspense de primeira.      

quinta-feira, 12 de junho de 2025

“A NOITE DAS BRUXAS” (“A HAUNTING IN VENICE”), 2023, coprodução Inglaterra/Estados Unidos/Itália, 1h43m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Kenneth Branagh, que também assina o roteiro com Michael Green. Este é o terceiro filme da trilogia adaptada para o cinema pelo ator e cineasta inglês Kenneth Branagh da obra da escritora Agatha Christie. O primeiro foi “Assassinato no Expresso Oriente (2017), e o segundo “Morte no Nilo” (2022), sempre com Branagh atuando no papel do inspetor Hercule Poirot. “A Noite das Bruxas” foi adaptado do livro “Hallowe’en Party”, de 1969. A história é ambientada em 1947, quando Poirot curte sua aposentadoria em Veneza, protegido pelo seu guarda-costas italiano Vitale Portfloglio (Ricardo Scamarcio). Mas seu descanso não durará muito. Ao receber a visita de sua amiga Ariadne Oliver (Tina Fey), uma escritora de romances de mistério, ele aceita participar de uma sessão espírita na casa da cantora lírica Rowena Drake (Kelly Reilly). A convidada especial é a misteriosa médium sra. Reynolds (Michelle Yeoh). Rowena promoveu a reunião para tentar se comunicar com a filha, que morreu afogada meses antes. Após o encerramento da sessão, porém, mais uma morte misteriosa acontece, levando Poirot a acreditar que o assassino está entre os convidados. E por aí vai a história, quando o responsável pelas mortes será revelado adivinha por quem? Poirot, claro. Completam o ótimo elenco Tina Fey, Camille Cottin, Jamie Dornan, Rowan Robinson, Kyle Allen e Emma Laird. O filme é ótimo, destacando-se a primorosa direção de arte, fotografia (Haris Zambarloukos), cenários, figurinos e, em especial, a vista aérea de Veneza na cena que antecede os créditos finais, um espetáculo visual de levantar da poltrona e aplaudir de pé. Trocando em miúdos, “A Noite das Bruxas” fecha com chave de ouro a trilogia de Kenneth Branagh. Imperdível!    

terça-feira, 10 de junho de 2025

“FÚRIA PRIMITIVA” (“MONKEY MAN”), 2024, coprodução Estados Unidos/Canadá/Índia/Cingapura, 2h1m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Dev Patel, que também assina o roteiro com a colaboração de Paul Angunawela e John Collee. Este filme de ação marca a estreia do ator inglês de origem indiana Dev Patel no roteiro e direção (a história foi criada por ele). Como ator, ele é conhecido por filmes como “Quem Quer Ser um Milionário”, “Lion: Uma Jornada para Casa” e “A Lenda do Cavaleiro Verde”, entre outros. Em “Fúria Primitiva”, ambientado na Índia, ele vive o papel de Kid, um jovem que cresceu com o trauma de ter visto a mãe e toda a população do vilarejo em que morava assassinada por policiais a mando de um poderoso político. Para se sustentar, Kid participa de lutas clandestinas, nas quais usa uma máscara de gorila – seus adversários usam máscaras de outros animais. Enfim, um zoológico sangrento no ringue. Quando tenta iniciar uma vingança contra aqueles que assassinaram sua mãe, Kid é ferido com gravidade e acaba sendo acolhido por uma comunidade Hijra, constituída por pessoas transgênero, intersexo e eunucos, todas devotas da deusa Bahuchara Mata – pesquisei no Google, e essa comunidade realmente existe. Curado de seus ferimentos, Kid aspira um pó mágico – tipo espinafre do Popeye - que lhe dá força e coragem para consumar seu objetivo de vingança. Com sangue nos olhos e uma enorme raiva reprimida, lá vai nosso herói atrás dos assassinos, principalmente o chefe de polícia Rana Singh (Sikandar Kher) e o próprio Baba Shakt (Makarand Deshpande), o poderoso líder político. A violência corre solta até o final, com muita ação, pancadaria e sangue jorrando. As cenas são muito bem realizadas. Como já aconteceu com outros filmes cujo herói parte para a vingança na base da violência, os críticos profissionais logo o comparam com o personagem John Wick, que ficou famoso com o ator Keanu Reeves. Assim aconteceu também com este “Fúria Primitiva”, já chamado de “o novo John Wick” e ainda com o recém-lançado “Bailarina”, cuja heroína é uma mulher, papel da atriz cubana Ana de Armas. Trocando em miúdos, “Fúria Primitiva” faz jus ao título, com muita ação e violência.      

sábado, 7 de junho de 2025

 

“O CONTADOR 2” (“THE ACCOUNTANT 2”), 2025, Estados Unidos, 2h13m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Gavin O’Connor, seguindo roteiro assinado por Bill Dubuque. Sequência de “O Contador”, de 2016, do mesmo diretor e com grande parte do elenco original, na época um grande sucesso de bilheteria nos EUA. Só para relembrar, o personagem principal é Christian Wolff (Ben Affleck), um contador que presta serviços para organizações criminosas, paralelamente ao seu escritório legítimo de contabilidade. Neste segundo filme, Christian é contratado pela agente Marybeth Medina (Cynthia Addai-Robinson), do Tesouro Americano, para ajudá-la a desvendar o mistério que envolve o assassinato do seu ex-chefe Ray King (J.K. Simmons). Como demonstrará na prática, Christian utiliza métodos politicamente incorretos para obter respostas, incluindo muita violência e chantagens. Para isso, conta com a ajuda do irmão Brax (Jon Bernthal), além de uma equipe de adolescentes gênios em informática. Em comparação com o primeiro filme, este tem mais ação e humor, mas não é melhor do que o primeiro. O roteiro dificulta o entendimento da história, deixando o espectador meio perdido. Não é a única falha. Os diálogos, de tão sem graça e sem conteúdo nenhum, beiram a mediocridade. Mesmo com algumas ótimas cenas de ação, o resultado final é decepcionante.         

quinta-feira, 5 de junho de 2025

“SEM RASTRO” (“IMMERSTILL”), 2023, coprodução Áustria/Alemanha, 1h33m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Eva Spreitzhofer, que também assina o roteiro em conjunto com Wolf Jakoby. Suspense policial ambientado num vilarejo austríaco fictício durante um rigoroso inverno. Depois de uma festa de carnaval num clube, duas adolescentes desaparecem misteriosamente. Como a polícia local demora para iniciar as buscas, Lisa Schiller (Christina Cervenka), irmã mais velha de uma delas e que acaba de chegar de Viena, pressiona os policiais a tomarem alguma atitude. Durante as buscas iniciais realizadas com a ajuda de moradores, uma das garotas é encontrada morta à beira de um rio. Resta saber onde está a outra, justamente a irmã de Lisa. Como a polícia está mais perdida que cego em tiroteio, ela resolve investigar por conta própria, com a ajuda do jovem policial Patrick Pollanc (Michael Glantshnig), seu ex-namorado. Um dos primeiros suspeitos é Hubert Lipus (Michael Weger), um sujeito de meia-idade conhecido por assediar as mocinhas do vilarejo. Outros suspeitos aparecem pelo meio do caminho, motivando o espectador a adivinhar quem será o provável culpado, revelado apenas no desfecho, numa reviravolta surpreendente. Trocando em miúdos, o filme demora a engrenar, o ritmo é lento e o roteiro pouco criativo, tão frio quanto os cenários.    

terça-feira, 3 de junho de 2025

“O JOGO DA VIÚVA” (“LA VIUDA NEGRA”), 2025, Espanha, 2h2m, em cartaz na Netflix, direção de Carlos Sedes (“O Caso Asunta”, “Fariña), seguindo roteiro assinado por Ramón Campos e Gemar R. Neira. Ótimo suspense espanhol baseado em fatos reais. Em agosto de 2017, o corpo do engenheiro Antonio Navarro Cerdán foi encontrado na garagem de um edifício no Bairro de Patraix, em Valência. Ele havia sido assassinado com sete facadas. O caso, de grande repercussão na mídia espanhola, ficou conhecido como “A viúva negra de Patraix”, já que a viúva, Maria Jesús Moreno, foi apontada como uma das principais suspeitas do crime – não vou dar spoilers sobre o desfecho do caso. Na adaptação da história para o cinema, a viúva é Maje (a ótima Ivana Baquero, de “O Labirinto do Fauno"), uma enfermeira que tem dois empregos, um num hospital e outro em uma casa de repouso. Mesmo noiva do engenheiro Antonio Navarro (Álex Gadea), ela tem um caso com outro homem. Antonio a perdoou. Só que o casamento não segurou o ímpeto baladeiro da moça, que continuou saindo com as amigas para dançar e, pior, colecionar amantes. Quando o marido é encontrado morto, Maje fica arrasada, mas acaba caindo na desconfiança da inspetora Eva (Carmen Machi), encarregada de investigar o caso, que também aponta como suspeitos os amantes da viúva. Numa trama bem urdida, graças ao primoroso roteiro e uma história envolvente, além do ótimo elenco, “O Jogo da Viúva” é um excelente entretenimento, um filmaço!  


segunda-feira, 2 de junho de 2025

 

“MÁFIA S.A.” (“MAFIA INC.”), 2020, Canadá, 2h15m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Daniel Grou, seguindo roteiro assinado por Sylvain Guy. O tema Máfia já gerou inúmeros filmes, dois deles verdadeiras obras-primas do cinema: “O Poderoso Chefão” e “Os Bons Companheiros”. Posso garantir que “Máfia S.A.” também é um dos melhores. É violento e ao mesmo tempo nostálgico, com uma trilha sonora de primeira. A história, fictícia, é baseada no livro “Mafia Inc.: The Long, Bloody Reign of Canada’s Sicilian Clan” (“Máfia S.A.: O Longo e Sangrento Reinado do Clã Siciliano do Canadá”), dos jornalistas Andre Cédilot e André Noël. A família Paternò, comandada com mão de ferro por Don Frank Paternò (o ator italiano Sergio Castellitto, ótimo), que durante os anos 90 do século passado dominava o crime organizado em Montreal, no Canadá. Seu braço direito é o sanguinário e violento Vincente ‘Vince’ Gamache (Marc-André Grondin), originário de outra família mafiosa, os Gamache. Em meio às inúmeras desavenças e traições nesse núcleo mafioso, o filme destaca também um lance ousado de Don Frank, que reúne outras famílias mafiosas para investir num grande projeto: uma ponte que ligaria a Sicília ao continente italiano. Enfim, “Máfia S.A.” é mais um grande filme sobre a máfia italiana.    

domingo, 1 de junho de 2025

“CORAÇÃO DELATOR” (“CORAZÓN DELATOR”), 2025, Argentina, 1h29m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Marcos Carnevale. Trata-se de um drama romântico leve, sensível e muito agradável de assistir. Conta uma história simples sem pretensão de chegar a um filme cult. Juan Manuel (Benjamín Vicuña) é proprietário de uma grande empresa da construção civil em Buenos Aires. Solteiro, vive num casarão às vezes visitado por uma namorada de ocasião. Tudo vai às mil maravilhas até que um dia ele sofre um infarto. Ele precisa de um transplante de coração. O doador acaba sendo um trabalhador humilde residente na periferia da capital argentina, casado e pai de um menino. A cirurgia é um sucesso e Juan Manuel se recupera rapidamente. Como acontece na maioria desses casos, o receptor do órgão quer saber quem é o doador. Mal sabe ele que o bairro onde o doador morava é alvo de desapropriação por parte de sua empresa. Fingindo ser primo do padre da paróquia, Juan vai ao bairro e conhece a viúva do seu doador, Valeria (Julieta Díaz). Mais do que previsível, os dois se apaixonam. Ao interagir com o pessoal do bairro, Juan começa a rever os seus conceitos. O maior trunfo do filme é a química entre o casal protagonista. Benjamín Vicuña é um ator simpático que já mostrou seu talento principalmente no recente “O Silêncio de Marcos Tremmer”, outro ótimo filme argentino. A atriz Julieta Díaz é conhecida pelas comédias “Coração de Leão – O Amor não tem Tamanho” e “2 mais 2”. O cineasta Marcos Carnevale comprova mais uma vez o seu talento, tendo em seu currículo pequenas obras-primas do cinema argentino, como “Elsa & Fred”, “Inseparáveis” e “Coração de Leão”, quando também dirigiu Julieta Diaz. Trocando em miúdos, “Coração Delator” é um filme que toca o coração, emociona e diverte.    

quinta-feira, 29 de maio de 2025

 

“SUPERBOYS DE MALEGAON” (“SUPERBOYS OF MALEGAON”), 2024, Índia, 2h07m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Reema Kagti, que também assina o roteiro com a colaboração de Varun Grover e Shoaib Nazeer. Em 2008, o documentário “Supermen of Malegaon” contou uma incrível história ocorrida na cidade indiana de Malegaon, onde, na segunda metade dos anos 90, um cineasta amador reuniu alguns amigos para realizar um filme. Pois é neste documentário que  se inspirou “Superboys de Malegaon”. Misturando cenas de comédias de Buster Keaton e dos filmes de pancadaria de Jackie Chan, a turma conseguiu realizar um filme que agradou a população da cidade – lembrando que o cinema era uma das únicas diversões de Malegaon. A equipe técnica do filme, liderada pelo cineasta amador Nasir Shaikh, faria outro filme, mas sem alcançar o sucesso do primeiro. Dessa forma, o grupo de amigos se separou e cada um foi para o seu lado. Em 2010, quando um dos integrantes da equipe ficou gravemente doente, os amigos voltaram a se encontrar e resolveram realizar outro filme, uma sátira do Super-Homem de Hollywood, cujo papel principal foi destinado justamente ao amigo doente terminal. Sensível, divertido e comovente, simples ao extremo, “Superboys de Malegaon” é uma grata surpresa do cinema indiano independente, com um elenco em sua maioria constituído por amadores recrutados entre a população da cidade. O filme estreou no Festival de Toronto (Canadá), em setembro de 2024, recebendo elogios tanto da crítica como do público. Matt Zoller Seitz, do site rogerebert.com, escreveu: “É um dos filmes mais acessíveis e divertidos sobre o impulso criativo que você verá”. Quem assistiu ao filme chileno “A Contadora de Filmes”, de 2023, comentado neste blog, e gostou, vai gostar ainda mais deste filme indiano, o qual recomendo como um dos filmes mais interessantes do cinema indiano. Mais uma singela homenagem ao cinema. 

terça-feira, 27 de maio de 2025

 

“HISTÓRIAS QUE É MELHOR NÃO CONTAR” (“HISTORIAS PARA NO CONTAR”), 2022, Espanha, 1h40m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Cesc Gay (“Truman”, “O Que os Homens Falam”). O que me levou a assistir foi o ótimo elenco (veja no fim do comentário). São cinco pequenas histórias do cotidiano de pessoas como a gente e que se envolvem em situações das mais variadas, todas levadas com humor. Impossível não lembrar de Nelson Rodrigues e sua série de crônicas intitulada “A Vida Como Ela É”, que ele escreveu de 1951 a 1961 no jornal carioca Última Hora. No filme espanhol, a primeira história acompanha uma jovem esposa atraída por um outro homem. Na segunda, um homem desiludido com seu último relacionamento é forçado por amigos a conhecer outras mulheres. No terceiro, um grupo de amigas atrizes escondem segredos uma da outra. No quarto, um professor universitário vive o fim de um relacionamento com uma aluna bem mais jovem. E no último, o mais fraco, um homem casado resolve contar para a esposa um caso que teve com uma amiga dela. A cereja do bolo é realmente o elenco: José Coronado, Javier Cámara, Chico Darín (filho do ator argentino Ricardo Darín), Antonio de La Torre, Alejandra Onieva, Alexandra Jiménez, Maribel Verdú, Verónica Echegui, Ana Castillo e Maria León, só para citar os mais conhecidos. Trocando em miúdos, trata-se de um filme bem leve e divertido.  

segunda-feira, 26 de maio de 2025

“A FONTE DA JUVENTUDE” (“FOUNTAIN OF YOUTH”), 2025, Inglaterra, 2h5m, em cartaz na Apple TV, direção de Guy Ritchie, seguindo roteiro assinado por James Vanderbilt. Filme de aventura que segue, como tantos outros, no vácuo da franquia Indiana Jones. Neste “A Fonte da Juventude”, o Indiana da vez é o arqueólogo Luke Purdue (John Krasinski), um caçador de tesouros que não titubeia em roubar obras de arte para conseguir seus objetivos. Luke agora quer encontrar a mitológica e lendária Fonte da Juventude. Para isso, porém, terá de decifrar um misterioso código que supostamente revelaria o local desse verdadeiro tesouro. Com esse objetivo, Luke, com o patrocínio de um milionário (Domhnall Gleeson), contrata um time de especialistas, entre as quais sua própria irmã Charlote Pardue (Natalie Portman), parceira de outras aventuras, e seu sobrinho adolescente Thomas (Benjamin Chivers), um garoto muito esperto. O grupo descobre que as pistas estão numa Bíblia antiga que afundou com um navio no século XVI e também codificadas em seis obras de arte de pintores famosos. Até o desfecho, Luke e sua turma enfrentarão muitos perigos, entre os quais a perseguição inclemente de uma máfia poderosa ligada, acredite, ao Vaticano. Além disso, Luke também é procurado por ter roubado algumas obras de arte de museus famosos. Completam o elenco Eiza González, Stanley Tucci, Carmen Ejogo e Arian Moayede. Mais um bom filme de ação do cineasta inglês Guy Ritchie, que já havia deixado sua marca em filmes como “Snatch – Porcos e Diamantes” e “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”.    

sexta-feira, 23 de maio de 2025

“SING SING”, 2024, Estados Unidos, 1h47, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Greg Kwedar, que também assina o roteiro com a colaboração de Clint Bentley. Indicado a vários prêmios em festivais pelo mundo afora, inclusiva a três categorias do Oscar 2025 (Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Canção e Melhor Ator - Colman Domingo), o filme é baseado em fatos reais ocorridos na penitenciária de segurança máxima Sing Sing, no estado de Nova York. A história é toda centrada num grupo de teatro formado por presos que se inscreveram no RTA (Rehabilitation Through the Arts), ou Reabilitação Através das Artes, programa instituído em várias prisões dos Estados Unidos com grande sucesso. Para se ter uma ideia, enquanto a média nacional de reincidência nas prisões chega a 60%, entre os participantes do RTA esse número fica abaixo de 5%. Voltemos ao filme. O grupo de teatro de Sing Sing começa a ensaiar uma peça que recebeu o título de “Breakin’ The Mummy’s”, escrita por um de seus integrantes, Divine G (Colman Domingo), tendo como diretor voluntário Brent Buell (Paul Raci), dois dos poucos atores profissionais, sendo que os demais integrantes do elenco são ex-presos de Sing Sing que participaram do RTA quando estiveram presos. Ao mesmo tempo dramático e sensível, o filme acompanha os ensaios do grupo, buscando explorar o lado psicológico de cada um de seus participantes, seus traumas, remorsos, dúvidas e expectativas. Acima de tudo, demonstra a importância do companheirismo como fator fundamental para a readaptação social. Enfim, um filme impactante, sincero na sua proposta. Vale a pena conferir.    

quinta-feira, 22 de maio de 2025


“FIGHT OR FLIGHT” – foi com esse título, original, que o filme chegou à Prime Vídeo, podendo ser traduzido por “Lutar ou Fugir” -, 2025, coprodução Estados Unidos/Inglaterra, 1h41m, direção de James Madigan (“Homem de Ferro 2”, “Transformers: O Despertar das Feras”), seguindo roteiro assinado por Brooks McLaren e DJ Cotrona. Comédia de ação das melhores, com um show de atuação do ator Josh Hartnett como Lucas Reyes, um ex-agente do FBI caído em desgraça depois de uma operação mal sucedida dois anos aantes. Depois disso, ele resolve morar em Bangkok, capital da Tailândia. Seu único contato com o ocidente é uma outra ex-agente, Katherine Brunt (Kate Sackhoff), que agora trabalha como executiva de uma empresa de alta tecnologia. Ela telefona para Lucas a fim de contratá-lo para identificar e prender um hacker e assassino profissional de codinome “The Ghost” (“O Fantasma”), que embarcaria num voo comercial de Bangkok para São Francisco, nos Estados Unidos, levando um equipamento com poder suficiente para transformar o mundo da tecnologia. Só que no avião, entre centenas de passageiros, estão assassinos contratados das máfias russa, italiana e chinesa, além de terroristas muçulmanos, todos com o objetivo de matar “O Fantasma” e roubar o seu equipamento. Recompensas milionárias esperam o autor da façanha. Dessa forma, o enorme avião, de dois andares, vira um verdadeiro campo de batalha, assassinos contra assassinos do começo ao fim. Apesar de muito sangue jorrando, toda a ação é levada no maior bom humor, com cenas hilariantes que divertem o espectador. O diálogo final entre os principais protagonistas dá a entender que haverá uma sequência. Tipo do filme que diverte sem ofender a nossa inteligência. Imperdível!”

terça-feira, 20 de maio de 2025

 

“MARIA CALLAS” (“MARIA”), 2024, em cartaz na Prime Vídeo, coprodução Estados Unidos/Alemanha/Chile/Itália, 2h3m, direção do cineasta chileno Pablo Larraín, seguindo roteiro assinado por Steven Knight. Larraín já havia dirigido outras cinebiografias de mulheres importantes, “Jackie”, de 2016, sobre Jacqueline Kennedy Onassis, e “Spencer”, de 2021, sobre Diana, princesa de Gales. “Maria Callas” revê os últimos dias da soprano Maria Callas (1923-1977), nascida na Grécia como Maria Anna Cecilia Sofia Kalogerópulos. Desde o início dos anos 70, Callas (Angelina Jolie), que já havia parado de cantar, vive reclusa numa mansão em Paris tendo apenas a companhia de seu mordomo Ferruccio (Pierfrancesco Favino) e sua governante Bruna (Alba Rohrwacher), além de dois cachorros. Viciada em remédios, ela pouco se alimenta e costuma ter alucinações, algumas delas responsáveis pelos melhores momentos do filme. Callas vive deprimida, não gosta de ouvir os seus discos e jamais perdeu a arrogância, tratando todos como cidadãos de segunda classe. Coisas de diva. O filme destaca também alguns fatos ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial quando Callas ainda adolescente juntamente com a irmã cantam para oficiais nazistas. Callas jovem é interpretada por Angelina Papadopoulou. “Maria Callas” também relembra como o empresário grego Aristóteles Onassis (Haluk Gilginer) consegue seduzí-la, a conversa que ela teve "face to face" com o então presidente norte-americano John Kennedy e suas tentativas fracassadas de voltar a cantar. A atriz Angelina Jolie dá conta do recado, embora bonita demais para interpretar a feiosa Callas. Completam o elenco Valeria Golina (Yakinthi Callas, irmã de Maria), Haluk Bilginer (Aristóteles Onassis), Caspar Phillipson (John F. Kennedy), Stephen Ashfield (o pianista Jeffrey Tate) e Suzie Kennedy (Marilyn Monroe). A famosa soprano já havia sido tema de uma cinebiografia sob a direção de Franco Zeffirelli em 2002 (“Callas Forever”), com Fanny Ardant no papel principal. Em 2014, no filme “Grace de Mônaco”, foi a vez da atriz espanhola Paz Veja interpretar Callas. Acho que só, fora os inúmeros documentários sobre as apresentações da cantora nos principais teatros do mundo. Após o desfecho, antes e durante os créditos finais são exibidos vídeos com a verdadeira Callas. Aproveito para registrar minha grande  admiração pelo trabalho do cineasta chileno Pablo Larraín, principalmente porque assisti vários de seus filmes, alguns deles excelentes, tais como “No”, “Neruda”, “Spencer, “O Clube” e “O Conde”, este último uma pequena obra-prima, todos eles comentados neste blog. No caso de "Maria Callas", aproveito para elogiar a ótima recriação de época, graças a uma primorosa direção de arte, sem contar, é claro, com a maravilhosa trilha sonora. Filmaço imperdível!

segunda-feira, 19 de maio de 2025

“O DIPLOMATA” (“THE DIPLOMAT”), 2025, Índia, 2h10m, em cartaz na Netflix, direção de Shivan Nair, seguindo roteiro assinado por Ritesh Shah. A história é baseada num fato real ocorrido em 2017. Começa em Kuala Lampur, capital da Malásia, onde a indiana Uzma Ahmed (Sadia Khateeb) conhece o motorista de táxi paquistanês Tahir Ali (Jagjeet Sandhu). Os dois ficam amigos e um tempo depois o taxista convida Uzma a conhecer sua família no Paquistão, mais exatamente na isolada aldeia de Buner, nas colinas da província de Khyber Pakhtunkhwa. A primeira impressão do lugar é a pior possível, mas a coisa irá piorar muito mais quando Tahir obriga Uzma a casar com ele, que já é casado e pai de dois filhos. Além de estuprada, Tahir é violentamente espancada quando reclamava de alguma coisa. Depois de sofrer tanto, ela criou um estratagema genial para convencer o marido a levá-la até o escritório do Alto Comissariado da Índia. Num descuido do marido, ela se esconde no prédio e pede proteção. É aqui que entra em cena o diplomata JP Singh (John Abraham), alto comissário adjunto da Índia. Ele será o responsável pela segurança da moça, ainda mais porque as autoridades paquistanesas acreditam que ela é uma espiã agindo em solo paquistanês. A situação fica ainda pior quando Uzma é obrigada a comparecer numa audiência no tribunal onde deverá encarar o marido agressor. Mas JP Singh, o diplomata do título, não deixará de defender a moça até o fim. Assim como em vários filmes de ação de Bollywood, o ator John Abraham faz novamente o papel de herói, o machão sem medo, atuando com uma pose afetada no mínimo irritante. Mas tudo bem, deixa pra lá, o cara é o maior galã de Bollywood. Quanto ao filme, achei ótimo, principalmente por contar uma incrível história de coragem e sobrevivência.     

sábado, 17 de maio de 2025

“RESGATE IMPLACÁVEL” (“A WORKING MAN”), 2025, Estados Unidos, 1h56m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de David Ayer (“Esquadrão Suicida”, “Beekeeper”, “Infiltrado”), que também assina o roteiro com Sylvester Stallone. Isso mesmo, o velho Stallone. Trata-se da adaptação para o cinema de um dos livros escritos por Chuck Dixon. Como todo bom filme de ação, “Resgate Implacável” não economiza na pancadaria, nas perseguições e tiroteios, além de muito sangue jorrando, é claro. Levon Cade (o brucutu inglês Jason Statham), um ex-agente de operações secretas do exército dos EUA, agora trabalha numa empresa ligada à construção civil e é o homem de confiança dos donos (Michael Peña e Noemi González). Quando a filha adolescente do casal, Jenni (Arianna Rivas), desaparece misteriosamente, Cade entra em ação para investigar o que aconteceu, e chegará à conclusão de que a moça foi sequestrada por uma poderosa organização comandada pela temida máfia russa. Temida para nós e para a polícia da cidade – que não é nomeada, uma falha (Los Ângeles?) -, menos para Levon Cade, que não tem medo de cara feia. Ele vai irritar os russos, pois assassina um poderoso chefão e dois filhos de outro chefão, além de desafiar uma quadrilha local de traficantes. Até o desfecho, muita ação vai rolar, tornando “Resgate Implacável” um entretenimento de primeira no gênero. Também estão no elenco Eve Mauro, David Harbour, Jason Flemyng, Maximilian Osinski e Isla Gie. Filmaço!

sexta-feira, 16 de maio de 2025

 

“A AVALIAÇÃO” (“THE ASSESSMENT”), 2024, em cartaz na Prime Vídeo, coprodução Inglaterra/EUA/Alemanha, 1h54m, direção de Fleur Fortune, seguindo roteiro assinado por Dave Thomas, John Donnelly e Nell Garfath-Cox. Trata-se de uma ficção científica ambientada num futuro, aparentemente, bem distante. Devido à escassez de recursos naturais e a consequente falta de alimentos, o governo (não há menção a algum país) instituiu um programa de controle de natalidade, obrigando os casais a ingerir uma substância esterilizante a fim de controlar o crescimento populacional desorganizado. Nesse país do futuro, as crianças são geradas fora do útero com o material genético do casal. Para que isso aconteça é necessário que o casal candidato seja submetido a uma rigorosa avaliação psicológica para saber se são capazes de arcar com a responsabilidade da paternidade. Mia (Elizabeth Olsen) e Aaryan (Himesh Patel) formam o casal escolhido para o teste. Eles são enclausurados numa casa isolada à espera de Virgínia (Alicia Vikander), a avaliadora responsável por aprovar ou não a pretensão do casal. Na verdade, Mia e Aaryan são submetidos a um verdadeiro tormento psicológico durante uma semana até o resultado final. Também estão no elenco Minnie Driver, Nicholas Pinnock, Malaya Stern Takeda, Charlotte Ritchie, Benny Opoku-Arthur, Leah Harvey e Indira Varma. Este foi o primeiro longa-metragem dirigido pela cineasta francesa Fleur Fortune, mais conhecida como diretora de curtas e vídeos musicais. “A Avaliação” é um filme perturbador, pesado, repleto de situações no mínimo aberrantes. Os personagens parecem sofrer de deficiência mental. Tudo é muito maluco. Imagino até que os atores devem ter se esforçado para não rir em determinadas cenas. Resumo da ópera, um verdadeiro martírio para o espectador.    

terça-feira, 13 de maio de 2025

“CAOS E DESTRUIÇÃO” (“HAVOC”), 2025, coprodução Estados Unidos/Inglaterra/Irlanda do Norte, 1h47m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção do cineasta inglês Gareth Evans, considerado um mestre em filmes de ação desde que dirigiu o asiático “Operação Invasão”. Não sei se existe alguém que conta as balas atiradas durante um filme ou se algum programa de computador é capaz de fazer essa contagem. Uma coisa é certa: neste “Caos e Destruição”, a munição gasta daria para abastecer os exércitos de várias guerras, incluindo as duas mundiais. Exagero? Então assista. Teve um momento que eu tive vontade de me esconder atrás da poltrona para não levar um tiro. Vamos à história. Numa negociação de drogas, a situação sai do controle e o filho de uma chefona da máfia chinesa (Yeo Yann Yann) é assassinado e ela jura vingança. Só que o contexto é bastante complicado, pois envolve também policiais corruptos, uma gangue de assaltantes e capangas de um político também corrupto (Forest Witaker), cujo filho é acusado de ter assassinado o filho da chefona mafiosa. Em meio a toda essa confusão está o detetive Walker (o ator inglês Tom Hardy, de "Venom” e “Lendas do Crime”), que decide acabar com essa confusão do seu jeito, ou seja, na base da porrada, além de se comprometer a proteger o filho do político. Completam o elenco Luiz Gúzmán, Justin Cornwell, Jessie Mei Li e Timothy Olyphant. O ritmo alucinante do filme, que vai do começo ao desfecho, também destaca uma série de perseguições nas ruas e estradas, com cenas muito bem feitas e eletrizantes. Resumindo, “Caos e Destruição” é um filmaço no gênero ação, um dos melhores dos últimos anos. Imperdível.

segunda-feira, 12 de maio de 2025

“BABYGIRL”, 2024, Estados Unidos, 1h54m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção da cineasta holandesa Halina Reijn (“Morte. Morte. Morte.”, “Instinto”). Aos 57 anos, a atriz australiana Nicole Kidman continua firme e forte trabalhando muito, tanto em séries como em filmes para o cinema.  No suspense erótico “Babygirl”, ela tem uma ótima atuação, comprovando mais uma vez sua competência como atriz de talento eclético. Suas cenas de sexo são bastante ousadas. Kidman interpreta a empresária Romy, uma bem sucedida CEO – detesto utilizar esse termo, ao qual atribuo uma afetação ridícula dos moderninhos – de uma empresa de alta tecnologia. Ela é casada com Jacob (Antonio Bandeiras), um diretor de teatro, tem duas filhas e vive, aparentemente, um casamento feliz. O problema é o sexo, pois ela não consegue chegar ao orgasmo com o marido, só conseguindo prazer total assistindo a vídeos pornôs. Quando chega à empresa um novo grupo de estagiários, Romy começa a se interessar por um deles, Samuel (Harris Dickinson), muitos anos mais jovem.  Aí vem uma situação que achei muito forçada, longe da realidade: o estagiário começa a assediar de forma abusiva a empresária. Em qualquer empresa ele seria demitido no ato - ou no caso, antes dele. O caso entre os dois se transforma num jogo sexual à base de dominação psicológica, como se ele estivesse amestrando uma cadela. Quando percebe que o relacionamento está indo longe demais, colocando em risco seu casamento e seu cargo, Romy tenta dar um basta, mas o estrago já havia sido feito e a situação só piora. Por sua primorosa e corajosa atuação, Nicole ganhou a Volpi Cup de Melhor Atriz no Festival de Veneza 2024. Mais uma razão para você assistir a este ótimo thriller erótico.     

sábado, 10 de maio de 2025

 

“UM LUGAR BEM LONGE DAQUI” (“WHERE THE CRAWDADS SING”), 2022, Estados Unidos, 2h05m, em cartaz na Netflix, direção de Olivia Newman (“Minha Primeira Luta”), seguindo roteiro de Lucy Alibar, baseado no romance homônimo escrito por Delia Owens. Trata-se de uma mistura de drama, romance e suspense, começando pela misteriosa morte de um rapaz de uma família conceituada da pequena cidade de Barkley Cove, na Carolina do Norte. A jovem Kya Clark (Daisy Edgar-Jones), moradora de uma cabana isolada numa zona de pântanos perto da cidade, é acusada e presa como suspeita do suposto assassinato – pode ter sido acidente. A primeira parte da história é dedicada às tristes lembranças de Kya sobre sua família. Por causa de seu pai violento, a mãe e os três filhos homens fogiram de casa. Só ficou a pequena Kya, que logo depois é abandonada pelo pai. Ela sobrevive sozinha, e quando tenta socializar com a população do vilarejo é discriminada e até insultada como “A garota fedida do brejo”. Sem conseguir uma vaga na escola, Kya cresce estudando e desenhando insetos, conchas, borboletas, aves e outros pequenos espécimes que vivem nos pântanos – a autora da história, além de escritora, é também zoóloga. Mais tarde, Kya até consegue publicar alguns livros com essas ilustrações. Adulta e bonita, Kya chama a atenção de dois jovens da cidade, seu amigo de infância Tate Walker (Taylor John Smith) e o arrogante e violento Chase Andrews (Harris Dickinson), este último a vítima do suposto homicídio. Kya é levada a julgamento no tribunal da cidade, sendo defendida pelo advogado Tom Milton (David Strathairn). A adaptação para o cinema foi muito bem feita e o resultado final do filme é bastante satisfatório, não só pela história em si, mas também pelo ótimo desempenho da atriz inglesa Daisy Edgar-Jones, de 26 anos, que ficou conhecida por suas atuações em séries como “Normal People” e “War of the Worlds – A Arte da Guerra”.

 

 

“CILADA” (“ATRAPADOS”), 2025, Argentina, minissérie de seis episódios em cartaz na Netflix, direção de Miguel Cohan e Hernán Goldfrid, que também assinam o roteiro com a colaboração de Ana Cohan, Maria Meira e Gonzalo Salaya. Esta é mais uma adaptação de um livro do escritor norte-americano Harlan Coben, especialistas em dramas policiais. A história, ambientada na cidade de Bariloche, é centrada na jornalista investigativa Ema Garay (Soledad Villamil, de "O Segredo dos seus Olhos"), que não costuma ser muito ética em seu trabalho, pois muitas vezes acusa pessoas que depois comprovam ser inocentes. Quando uma adolescente de 16 anos desaparece, Garay acusa Leo Mercer (Alberto Ammann), que é obrigado a fugir para não ser preso. Enquanto a polícia investiga o caso, vários personagens surgem na história, todos possíveis suspeitos, o que motiva o espectador a adivinhar quem será o verdadeiro culpado. Paralelamente à investigação policial, Ema Garay tenta por conta própria comprovar sua acusação contra Leo Mercer, mas aos poucos acaba acreditando que talvez tenha cometido um erro grave. Completam o elenco Juan Minujin, Carmela Rivero, Fernan Miras, Mike Amigorena e Matías Recalt. Trocando em miúdos, “Cilada” tinha um material muito bom em se tratando de um romance de Harlan Coben, mas não soube explorá-lo a contento. A qualidade do resultado final ficou bem longe de outras adaptações da obra de Coben para séries televisivas e para o cinema.  

quarta-feira, 7 de maio de 2025

 

“LONGLEGS – VÍNCULO MORTAL” (“LONGLEGS”), 2024, EUA, 1h41m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Ozgood Perkins. Com o avanço da idade, o ator Nicolas Cage está cada vez mais canastrão, até mesmo disfarçado com uma maquiagem que o tornou irreconhecível neste drama policial recheado de suspense, terror e sobrenatural. Na verdade, uma história bem maluca, difícil de digerir.  A agente Lee Harker (Maika Monroe), uma novata no FBI que adota uma postura catatônica e convive com uma intuição à beira da vidência. Ela consegue enxergar situações que os outros agentes não conseguem. Por isso, caiu nas graças do seu chefe, o agente William Carter (Blair Underwood), que a indica para resolver o caso de um serial killer que há anos assassina famílias inteiras. Graças ao trabalho de Harker, o FBI chega ao principal suspeito, um maluco conhecido como Longlegs (Cage), que é preso e submetido a um interrogatório. E adivinha quem vai interrogá-lo: isso mesmo, a agente Harker. O FBI chega à conclusão de que o psicopata tem alguém que trabalha para ele, um assassino tal qual o próprio. O caso começa a tomar uma conexão com satanismo, práticas ocultistas e lavagem cerebral. Numa grande reviravolta, a conclusão revela fatos assustadores da infância de Harker. Completam o elenco Alicia Witt, Kiernan Shipka, Erin, Boyes, Lisa Chandler, Dakota Daulby e Michelle Choi-Lee. Como afirmei no início do comentário, você não reconhecerá Nicolas Cage, que atua debaixo de uma maquiagem carregada e próteses, além de uma cabeleira desgrenhada e suja que chega aos ombros. Para concluir, o resultado final de “Longlegs” chega perto de uma grande bobagem cinematográfica.  

segunda-feira, 5 de maio de 2025

 

“EXPLOSÃO NO TREM-BALA” (“SHINKANSEN DAIBAKUHA”) - nos países de língua inglesa, "Bullet Train Explosion" -, 2025, Japão, 2h14m, em cartaz na Netflix, direção de Shinji Higuchi (“Shin Godzilla”), seguindo roteiro assinado por Kazuhiro Nakaha e Norichika Ôba. Um trem-bala sai de uma cidade do interior do Japão com destino a Tóquio oara cumprir uma distância de cerca de 600 quilômetros. Durante o trajeto estão previstas paradas em várias estações. Só que terroristas entram no circuito e ameaçam explodir o trem se a velocidade ficar abaixo dos 100 km por hora. De início, as autoridades acham que é um trote, mas os terroristas mostram que estão falando a verdade. Para comprovar, explodem um trem de carga e avisam: querem 100 bilhões de yenes para não provocar a explosão do trem-bala. Ou seja, os 340 passageiros do trem-bala correm um tremendo risco de vida. Diante da situação crítica, o governo japonês, juntamente com os diretores da empresa JR East – dona do trem-bala -, engenheiros ferroviários, policiais e bombeiros montam um gabinete de crise e entram numa corrida contra o tempo para achar uma solução. A prioridade é salvar os passageiros e impedir que o trem-bala chegue a Tóquio, pois explodindo na capital os danos serão muito maiores. O espectador acompanha o drama dos passageiros e a enorme tensão que domina as autoridades na medida em que o trem-bala avança em sua viagem. O filme é um primor de imagens, as cenas de ação são impressionantes. Vale lembrar que esse tipo de situação já foi tema de filmes como “Velocidade Máxima”, de 1994, quando Keanu Reeves não pode diminuir a velocidade de um ônibus, e ainda o filme também japonês “Trem-Bala”, de 1975. Trocando em miúdos, “Explosão no Trem-Bala” garante muita tensão, suspense e ação do começo ao fim. Imperdível!

sexta-feira, 2 de maio de 2025

“EXTERRITORIAL”, 2025, Alemanha, 1h39m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Cristian Zübert. Começa o filme com Sara Wulf  (Jeanne Goursaud, da série ”Bárbaros”) entrando no consulado dos Estados Unidos em Frankfurt com seu filho Josh. Ex-soldada das forças especiais da Alemanha, viúva de um soldado norte-americano, ela queria solicitar um visto de trabalho para os Estados Unidos, onde havia uma oferta de emprego. Mas o que seria uma solução virou um verdadeiro inferno. O filho dela sumiu misteriosamente dentro do consulado e ela entrou em desespero. Quando pediu que os seguranças a ajudassem a encontrar o menino, eis que vem a desagradável surpresa. As câmeras de segurança mostravam que Sara entrara sozinha no consulado. A explicação dada pelo administrador Erik Kynch (Dougray Scott), chefe da segurança: Sara sofre de alucinações causadas pelo Transtorno de Estresse Pós-Traumático depois de uma missão militar no Afeganistão. Detida numa sala, a ex-soldada consegue fugir e ainda ajudar uma imigrante russa (papel de Lera Abova) também presa no consulado. Toda a ação transcorre dentro do prédio do consulado, Sara tentando achar o filho desaparecido e descobrir porque está sendo perseguida. Muito suspense vai rolar até o desfecho, quando tudo o que aconteceu será esclarecido. Trocando em miúdos, “Exterritorial” não é daqueles filmes que a gente recomenda com entusiasmo, mas não chega a decepcionar.   

quarta-feira, 30 de abril de 2025

“COVIL DE LADRÕES 2: PANTERA” (“DEN OF THIEVES 2: PANTERA”), 2025, Estados Unidos, 2h10m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Christian Gudegast (“Invasão a Londres”, “Alerta Máximo”). Não vi o primeiro, que aliás está disponível também na Prime, e portanto não posso dizer qual o melhor. Este segundo manteve a dupla principal de protagonistas (Gerard Butler e O’Shea Jackson Jr.), além do mesmo diretor e equipe técnica. A história deste segundo filme é baseada num caso real, o famoso roubo de diamantes ocorrido em 2003 na cidade holandesa de Antuérpia. No filme, uma gangue intitulada “Os Panteras” planeja roubar diamantes valiosos no edifício World Diamond, em Nice (França), um deles o famoso “Octopus”. Em Los Angeles (EUA), o policial Nick (Butler) vê imagens de vídeo de outro roubo na Europa onde aparece seu antigo conhecido, o marginal Donnie (“O’Shea”). Nick segue para a Europa com a intenção de prendê-lo, e logo descobre que Donnie está planejando um outro golpe com “Os Panteras”. Nick consegue entrar para a gangue, chefiada por uma mulher, a exótica Jovana (Evin Ahmad). O filme dedica uma grande parte de sua duração ao planejamento do assalto ao World Diamond Center, um dos edifícios mais seguros da Europa. A partir do momento do assalto, o filme se transforma num grande suspense, repleto de ação e muitas reviravoltas. Completam o elenco Salvatore Esposito, Orli Shuka, Dino Kelly e Nazmiye Oral. Confesso que não gostei da atuação do astro escocês Gerard Butler, um tanto canastrão e com desempenho muito forçado. Apesar dos pesares, “Covil de Ladrões 2” é um bom entretenimento, cujo desfecho dá a entender que vem por aí o número 3. Aguardemos.

sábado, 26 de abril de 2025

“MESTRES DO ASSALTO” (“CARJACKERS”), 2025, França, 1h37m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Kamel Guemra (“Bala Perdida”, série “Marselha em Perigo”), que também assina o roteiro com a colaboração de Morade Aissaoui e Sledge Bidounga. Não é de hoje que o cinema francês nos brinda com ótimos filmes de ação. Este “Mestres do Assalto” é mais um deles. Muita ação, perseguições, tiroteios, suspense. Enfim, tem tudo para agradar os fãs do gênero. A história é centrada em quatro amigos, duas mulheres e dois homens, que se empregam em hotéis de luxo para roubar clientes ricos. No filme, eles estão empregados em um hotel de luxo na cidade de Nice, capital da Riviera Francesa, também conhecida como Côte d’Azur. Ou seja, os cenários, principalmente vistos do alto, são deslumbrantes. Depois que um cliente é assaltado, a direção do hotel decide contratar Elias (Frank Gastambide), um detetive particular que nas horas vagas também é um matador profissional. Quando o quarteto resolve assaltar um mafioso russo, Elias consegue uma pista e, a partir dela, descobre a identidade dos quatro assaltantes, mas não será fácil capturá-los. É esta caça que gera as melhores cenas de ação, que seguem ininterruptas até o desfecho. Completam o elenco Zoé Marchal (filha do cineasta Olivier Marchal, craque em filmes de ação), Mylène Jampanoï, Alassane Diong, Florence Fauquet, Wendy Grenier e Colin Bates. Resumo da ópera: mais um ótimo filme francês de ação.   

quarta-feira, 23 de abril de 2025

“EM FUGA” (“9 BULLETS”), 2022, Estados Unidos, 1h37m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Gigi Gaston. De início, o filme não me interessou muito, mas depois que vi nos créditos a presença da atriz inglesa Lena Headey resolvi assistir e comentar. Depois que atuou como a personagem Cersey Lannister na série “Game of Thrones” e no filme “300”, Lena deu uma sumida. Este seu retorno me motivou. “Em Fuga” é um filme de suspense e ação que não convence do começo ao fim, repleto de furos e situações forçadas sem nenhuma credibilidade. Salve-se a presença de Lena Headey, que aos 51 anos continua bonita e ainda em grande forma física. No filme, ela é Gypsy, uma dançarina que é a grande atração em um bar espelunca de beira de estrada. Quando seus vizinhos são assassinados, ela acolhe o menino sobrevivente de 11 anos, Sam (Dean Scott Vazquez) e o coloca sob sua proteção, já que o garoto esconde informações sobre os assassinos em seu celular. Coincidência das coincidências, o chefe da gangue que matou a família é justamente um ex-namorado de Gypsy, o truculento Jack (Sam Worthington). Gypsy pega a estrada com o garoto para fugir de Jack e aí o filme se transforma num verdadeiro road movie, com direito a uma participação especial de Barbara Hershey, outra atriz que também andava meio sumida. Completam o elenco Cornelia Guest, Emma Holzer, Chris Mullinax, Martin Sensmeier, Stephanie Arcila e Colleen Camp. Para encerrar, lembro mais um furo homérico na história, quando Gypsy diz ao garoto que tem 9 vidas, assim como os gatos. Ora, não eram sete? Vários outros filmes também exploraram o tema "mulheres protegem crianças", mas nenhum foi melhor do que "Gloria", de 1980, com Gina Rowlands dirigida pelo seu marido, John Cassavetes. Quanto a "Em Fuga", o resultado final pode não decepcionar, mas fica bem longe de uma recomendação entusiasmada.   

domingo, 20 de abril de 2025

“iHOSTAGE” (a Netflix manteve o título original – hostage quer dizer refém – não tenho ideia do que o “i” quer dizer), 2025, Holanda, 1h40m, direção de Bobby Boermans, que também assina o roteiro com a colaboração de Simon De Waal. Trata-se de um ótimo suspense valorizado ainda mais por ter sido baseado num fato real ocorrido na cidade de Amsterdam (Holanda) em 2022. Um homem bem armado e com um colete supostamente com bombas, invade a loja da Apple Store, localizada na praça Leidseplein, uma das mais movimentadas e importantes de Amsterdam. Ele faz inúmeros reféns, muitos deles no andar superior, quatro trancados numa despensa e apenas um diretamente com ele, um cidadão búlgaro que está em viagem de trabalho na cidade. Uma psicóloga da polícia é designada para negociar com o sequestrador – que depois seria identificado como o imigrante sírio Abdel Rahman Akkad, de 27 anos. Para liberar os reféns, ele exige a absurda quantia de 200 milhões de euros em criptomoedas e um veículo blindado para sua fuga. Se não for atendido, ameaça explodir o prédio. O sequestro se arrasta por angustiantes 5 horas, envolvendo negociações bastante tensas, o que contribuiu para manter o suspense do começo ao fim. Achei muito interessante a abordagem dada aos efeitos psicológicos traumáticos que atingiram alguns dos principais participantes do evento, tanto os reféns quanto o pessoal da polícia. Sem dúvida, um dos melhores lançamentos da Netflix em 2025. Imperdível!

 

sábado, 19 de abril de 2025

“CONCLAVE”, 2024, coprodução Inglaterra/Estados Unidos, 2h00m, em cartaz no Prime Vídeo, direção do cineasta alemão Edward Berger (“Nada de Novo no Front”), seguindo roteiro assinado por Peter Straughan. Indicado ao Oscar 2025 em oito categorias (ganhou a de “Melhor Roteiro Adaptado” e vencedor de vários prêmios no Globo de Ouro e no BAFT, o Oscar inglês), “Conclave” desnuda os bastidores de uma votação para a escolha do novo papa. É sabido que a escolha do papa é um dos eventos mais secretos do mundo. No filme, o personagem central é o cardeal Thomas Lawrence (Ralph Fiennes), encarregado de organizar o conclave por indicação do papa antes de morrer. O espectador é conduzido pelos  meandros do Vaticano, acompanhando os conchavos e as intrigas entre os cardeais, alguns deles assumindo a ambição de ser o novo papa. Administrar toda essa situação leva o cardeal Thomas a um grande estresse, o que o faz rever até mesmo a própria fé. O polêmico desfecho não agradou as autoridades eclesiásticas, merecendo críticas contundentes. Realmente, o final apresenta uma situação chocante para os católicos que, como eu, também não gostaram. Completam o elenco Stanley Tucci, John Lithgow, Carlos Diehz, Sergio Castellitto e Isabella Rossellini, esta última indicada ao Oscar 2025 na categoria “Melhor Atriz Coadjuvante”, o que achei um absurdo, já que ela pouco aparece no filme. Como se vê, o elenco é um dos grandes trunfos do filme. Os cenários, construídos no estúdio de cinema Cinecittà, nos arredores de Roma, também são incríveis, reproduzindo até mesmo detalhes artísticos da Capela Sistina. Para escrever o livro homônimo em 2016 que deu origem ao roteiro do filme, o romancista inglês Robert Harris fez uma acurada pesquisa sobre os bastidores de um conclave, tendo entrevistado, inclusive, um cardeal que participou da última votação. Trocando em miúdos, “Conclave” é um grande filme que chega ao streaming em 2025. Imperdível!