“NEFARIOUS”, 2023,
Estados Unidos, 1h37m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Cary
Solomon e Chuck Konzelman. Grata surpresa este ótimo terror psicológico, baseado
no livro “A Nefarious Plot” (“Nefarious: O Plano Maligno”) livro de 2016
escrito por Steve Deace. Vamos à história. No dia da sua execução, marcada para
as 23 horas, o serial killer Edward Wayne Brady deve passar por uma última
avaliação psiquiátrica. Caso seja considerado doente mental, escapará da
cadeira elétrica. A avaliação fica a cargo do psiquiatra James Martin (Jordan
Belfi) - o psiquiatra que atendia o preso se suicidou. Dr. Martin conversa com o preso tentando descobrir sua
verdadeira situação psicológica. Os dois começam a dialogar e Edward parece
estar possuído por uma entidade demoníaca, o Nefarious do título. De início, o psiquiatra
acha que ele está fingindo, mas se surpreenderá com os fatos que virão à tona
logo depois. O embate entre os dois é o maior trunfo do filme, com diálogos em
que eles discutem filosofia, humanidade, história e religião, entre outros, temas que Edward
- ou Nefarious – demonstra conhecer a fundo. Outro destaque que não se pode
negar é o desempenho impressionante do ator Sean Patrick Flanery, tanto falando
como o demônio como na pele do serial killer acusado de pelo menos 7 assassinatos, confessando
outros quatro para o psiquiatra. Aos 59 anos, Flanery tem um extenso currículo
no cinema, embora tenha atuado em filmes pouco convincentes como “Frank & Penelope”,
“Nascido para Vencer” e “Energia Pura”, só para citar alguns. Mesmo ambientado em apenas um cenário,
ou seja, uma sala de interrogatório, o filme mantém um nível de tensão que
prende o espectador na beira da poltrona do começo ao desfecho. Dessa forma, “Nefarious”
demonstra que ainda há vida inteligente no cinema independente norte-americano. IMPERDÍVEL,
assim mesmo, com letras maiúsculas.
Páginas
sexta-feira, 27 de junho de 2025
quarta-feira, 25 de junho de 2025
“ATÉ A ÚLTIMA GOTA” (“STRAW”), 2025,
Estados Unidos, 1h48m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Tyler Perry.
Imagine você acordar e logo receber a notícia de que vai ser despejada por falta de pagamento. Assim
começou o dia de Janiyah Witkins (Taraji P. Henson), uma mãe solteira prestes
também a perder o emprego cujo salário mal dá para sobreviver e pagar os remédios da filha
doente. Já à beira de um ataque de nervos, ela ainda enfrentará muitos
problemas, como se envolver numa confusão de trânsito com um policial e ainda
ser acusada de assalto. E pior, de homicídio. Desesperada, ela entra na sua agência
bancária para descontar um cheque, o que lhe é negado. É a gota d’água (ou a
última gota do título) para ela se armar com uma pistola e ameaçar todo mundo,
mobilizando a polícia local, a SWAT e até o FBI. O filme lembra muito “Um Dia
de Fúria”, com Michael Douglas, um grande sucesso de 1993. A tensão predomina do
começo ao desfecho, destacando a excelente atuação da atriz Taraji P. Henson,
comprovando a mesma competência que já demonstrou em outros filmes, como o ótimo “Estrelas
Além do Tempo”, (2016), “Proud Mary” (2018) e “A Cor Púrpura” (2023), entre
outros. Embora eu tenha gostado de “Até a Última Gota”, me incomodou de novo o fato
do cineasta Tyler Perry escalar praticamente todo o elenco com atores negros,
embora na maioria dos seus filmes, inclusive neste, ele introduz sempre a
questão do racismo nos Estados Unidos, quando quase todas as atrizes apareçam
com os cabelos alisados, uma incoerência constante de Perry.
segunda-feira, 23 de junho de 2025
domingo, 22 de junho de 2025
EXPIAÇÃO (SWIETY), 2023, coprodução Polônia/Hungria, 1h45m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e
direção de Sebastian Buttny. Trata-se de um suspense policial com pano de fundo
político e religioso. A história é baseada em fatos reais, ou seja, as
consequências do roubo da estátua de Santo Adalberto na catedral da cidade de
Gniezno, na Polônia. O ano é 1986 e o caso teve grande repercussão no país,
pois Santo Adalberto, também conhecido como Wojciech, foi uma figura central na
história do país, um missionário e bispo célebre por difundir o cristianismo
entre os povos eslavos no século 10. O tenente Andrzej Baran (Mateusz
Kosciukiewicz), da Milícia dos Cidadãos, ficou encarregado de investigar a
autoria do roubo. Durante o seu trabalho, porém, ele começou a receber pressão de
setores da Igreja, autoridades policiais e do governo comunista por intermédio
do Ministério da Segurança Pública (SB), o equivalente polonês da KGB. Até o
desfecho o espectador acompanhará todo o trabalho do tenente Andrzej, suas idas e
vindas ao local do roubo e ainda uma série de interrogatórios que o ajudarão na
solução do caso. Uma das cenas mais poderosas do filme é aquela em que acontece
a reconstituição do roubo, acompanhada por policiais, padres, imprensa e centenas de
devotos do Santo Adalberto. O roteiro não facilita o entendimento da história para o espectador, tornando EXPIAÇÃO um filme não destinado ao grande público, mas é
muito interessante e bem feito.
sábado, 21 de junho de 2025
“O ÚLTIMO RESPIRO” (“LAST
BREATH”), 2025, coprodução Estados Unidos/Inglaterra/Irlanda do
Norte, 1h33m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Alex Parkinson (“Lucy, O
Chimpanzé Humano”, A Vida dos Leopardos”), que também assina o roteiro ao lado
de Mitchel LaFortune e David Brooks. O filme conta uma história incrível de
sobrevivência ocorrida em setembro de 2012. Uma equipe de mergulhadores profissionais
sai do porto da cidade de Aberdeen, na Escócia, a bordo do navio “Bibby Topaz”,
para realizar uma manutenção periódica de equipamentos localizados em águas
profundas do Mar do Norte. Enquanto dois mergulhadores descem numa “gaiola” para fazer
o serviço, a embarcação, devido ao mau tempo e mar agitado, sofre problemas no
sistema de posicionamento dinâmico, ficando praticamente à deriva. Nessa hora,
o cordão de sustentação de um dos mergulhadores se parte e ele fica praticamente
isolado nas profundezas, preso num equipamento a cerca de 100 metros de
profundidade e restando apenas 10 minutos de oxigênio. Pouco tempo para que o
seu resgate seja possível. Somente 29 minutos depois que o seu oxigênio
terminou é que um outro mergulhador consegue puxá-lo de volta à gaiola. Dado
inicialmente como morto, o mergulhador consegue literalmente ressuscitar, um
verdadeiro milagre que nem a ciência e os especialistas conseguem explicar. “O
Último Respiro” conta toda essa história com muita competência, destacando as
primorosas imagens submarinas e uma tensão que leva o espectador a eriçar os
pelos da nuca. O elenco conta com Finn Cole, Woody Harrelson, Simu Liou, Cliff Curtis,
Myanna Buring, Bobby Raisnbury, Djimon Hounsou e Mark Bonnar. A ideia do filme
surgiu depois que o próprio diretor Alex Parkinson realizou o documentário “Last Breath”,
em 2019, contando a história sob o ponto de vista jornalístico, provando que o
mergulhador profissional é uma das profissões mais perigosas do mundo. Trocando
em miúdos, “O Último Respiro” é um filmaço! Para encerrar, lembro que após o
desfecho aparecem imagens de alguns dos personagens reais que viveram aquela
grande aventura.
quinta-feira, 19 de junho de 2025
“MIKAELA”, 2025,
Espanha, 1h30m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Daniel Calparsoro (“O
Aviso”, “O Engregador”, “Até o Céu”) e roteiro direção de Arturo Ruiz. A tal “Mikaela”
do título é o nome que as autoridades espanholas deram à violenta nevasca sem precedentes que
atingiu e paralisou as estradas na região entre Madrid e Segóvia no feriado
religioso do Dia dos Reis, no dia 6 de janeiro. Ou seja, em pleno inverno. Impedidos
de circular, os veículos ficaram parados à noite nas estradas. Numa delas, três
assaltantes se aproveitam do caos e roubam um carro-forte, matando seus seguranças
e fugindo com o dinheiro. O alarme é acionado e chega ao conhecimento do
policial veterano Leo (Antonio Resines), que também está preso no enorme
congestionamento. Com a ajuda de uma policial novata (Natalia Azahara), Leo
parte para a ação contra os assaltantes, que na fuga ainda sequestram um pai de
família. Toda a ação é acompanhada pela central de monitoramento da polícia,
que orienta a dupla de policiais na perseguição aos assaltantes debaixo de
muita neve. A tensão não para até o desfecho, o que torna “Mikaela” um ótimo
entretenimento, dosado com algumas boas cenas de ação e humor. Completam o elenco Roger Casamajor,
Adriana Torrebejano, Antón Pavel, Cristina Kovani, Patricia Vico, Rocio Muñoz,
Bernabé Fernández e Javier Albalá.
segunda-feira, 16 de junho de 2025
“TEMPO DE GUERRA” (“WARFARE”),
2025, Estados Unidos, 1h35m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Ray
Mendoza e Alex Garland (“Guerra Civil”). É um filme para espectadores de
estômago forte, ainda mais por ser baseado em fatos reais. O ano é 2006 durante
a Guerra do Iraque e o cenário é a cidade de Ramadi, ocupada por militantes ligados à Al Qaeda. Um pelotão
de fuzileiros navais do exército dos Estados Unidos ocupa uma casa estrategicamente
localizada para vigiar os movimentos dos guerrilheiros. Só que o tirou saiu
pela culatra, pois foram os inimigos que localizaram a casa, colocando-a sob
fogo intenso. Uma granada é jogada pela janela e fere gravemente dois soldados.
Pelo rádio, os norte-americanos pedem socorro médico e, minutos depois, chega
um tanque para resgatar os feridos. Durante o procedimento, uma bomba explode o
veículo, matando e ferindo gravemente mais outros soldados. Enfim, uma
carnificina, que depois acabou sendo chamada de “a batalha de Ramadi”. O
episódio foi vivido pelo co-diretor Ray Mendonza, ex-fuzileiro naval que estava
naquele pelotão. Dessa forma, o filme foi realizado de acordo com o relato de
Mendonza, mostrando a tensão dos soldados diante da possível invasão da casa
pelos terroristas, gerando cenas intensas de violência e suspense. Não tenho dúvida em afirmar que “Tempo
de Guerra” é um dos retratos mais viscerais sobre os horrores de uma guerra.
Lembrei de um filme bastante semelhante, “Falcão Negro em Perigo”, de 2001,
dirigido por Ridley Scott. “Tempo de Guerra” não é melhor, mas é tão bom
quanto. É igualmente perturbador, realista e claustrofóbico, com alto nível de
tensão. Quanto ao elenco, é formado por atores jovens que dão conta do recado. IMPERDÍVEL!, assim mesmo, em letras maiúsculas.
domingo, 15 de junho de 2025
“UM ÁLIBI” (“AN ALIBI”), 2022,
França, 1h30m, em cartaz na Prime Vídeo,
direção de Orso Miret, seguindo roteiro assinado por Emmanuel Mauro e Laurente Roggero.
Quem assistir a este suspense vai lembrar na hora do velho ditado popular “Mentira
tem Perna Curta”. A história é bem legal, prende atenção até o desfecho, graças
a um primoroso roteiro e um ótimo elenco. Quando um grupo de amigos chega à casa da amiga
aniversariante Lucie (Sara Martins), o cenário é trágico: ela está morta nos
braços do marido Max (Pascal Demolon). Eles chamam a polícia e, percebendo que Max,
todo cheio de sangue, poderá ser considerado suspeito, inventam um álibi. Interrogados
pela inspetora Garnier (Aurélia Petit), os amigos mantêm o álibi, mas a policial,
experiente, não cai na história. Sobra para o marido, que, embora negue ser o
culpado, é detido por ser o principal suspeito. O mistério sobre o assassinato
só será revelado perto do desfecho, numa reviravolta surpreendente. Completam o
elenco Annelise Hesme, Michaël Cohen, Yannick Choirat, Grégori Derangère e
Saverio Maligno. Sem dúvida, um filme bastante interessante e agradável de
assistir. Um suspense de primeira.
quinta-feira, 12 de junho de 2025
“A NOITE DAS BRUXAS” (“A
HAUNTING IN VENICE”), 2023, coprodução Inglaterra/Estados
Unidos/Itália, 1h43m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Kenneth Branagh, que
também assina o roteiro com Michael Green. Este é o terceiro filme da trilogia
adaptada para o cinema pelo ator e cineasta inglês Kenneth Branagh da obra da
escritora Agatha Christie. O primeiro foi “Assassinato no Expresso Oriente (2017),
e o segundo “Morte no Nilo” (2022), sempre com Branagh atuando no papel do
inspetor Hercule Poirot. “A Noite das Bruxas” foi adaptado do livro “Hallowe’en
Party”, de 1969. A história é ambientada em 1947, quando Poirot curte sua
aposentadoria em Veneza, protegido pelo seu guarda-costas italiano Vitale
Portfloglio (Ricardo Scamarcio). Mas seu descanso não durará muito. Ao receber
a visita de sua amiga Ariadne Oliver (Tina Fey), uma escritora de romances de
mistério, ele aceita participar de uma sessão espírita na casa da cantora
lírica Rowena Drake (Kelly Reilly). A convidada especial é a misteriosa médium
sra. Reynolds (Michelle Yeoh). Rowena promoveu a reunião para tentar se
comunicar com a filha, que morreu afogada meses antes. Após o encerramento da
sessão, porém, mais uma morte misteriosa acontece, levando Poirot a acreditar
que o assassino está entre os convidados. E por aí vai a história, quando o
responsável pelas mortes será revelado adivinha por quem? Poirot, claro.
Completam o ótimo elenco Tina Fey, Camille Cottin, Jamie Dornan, Rowan Robinson,
Kyle Allen e Emma Laird. O filme é ótimo, destacando-se a primorosa direção de
arte, fotografia (Haris Zambarloukos), cenários, figurinos e, em especial, a vista aérea de Veneza
na cena que antecede os créditos finais, um espetáculo visual de levantar da poltrona
e aplaudir de pé. Trocando em miúdos, “A Noite das Bruxas” fecha com chave de
ouro a trilogia de Kenneth Branagh. Imperdível!
terça-feira, 10 de junho de 2025
“FÚRIA PRIMITIVA” (“MONKEY MAN”), 2024,
coprodução Estados Unidos/Canadá/Índia/Cingapura, 2h1m, em cartaz na Prime
Vídeo, direção de Dev Patel, que também assina o roteiro com a colaboração de
Paul Angunawela e John Collee. Este filme de ação marca a estreia do ator inglês
de origem indiana Dev Patel no roteiro e direção (a história foi criada por
ele). Como ator, ele é conhecido por filmes como “Quem Quer Ser um Milionário”,
“Lion: Uma Jornada para Casa” e “A Lenda do Cavaleiro Verde”, entre outros. Em “Fúria
Primitiva”, ambientado na Índia, ele vive o papel de Kid, um jovem que cresceu
com o trauma de ter visto a mãe e toda a população do vilarejo em que morava
assassinada por policiais a mando de um poderoso político. Para se sustentar,
Kid participa de lutas clandestinas, nas quais usa uma máscara de gorila – seus
adversários usam máscaras de outros animais. Enfim, um zoológico sangrento no
ringue. Quando tenta iniciar uma vingança contra aqueles que assassinaram sua
mãe, Kid é ferido com gravidade e acaba sendo acolhido por uma comunidade Hijra,
constituída por pessoas transgênero, intersexo e eunucos, todas devotas da
deusa Bahuchara Mata – pesquisei no Google, e essa comunidade realmente existe.
Curado de seus ferimentos, Kid aspira um pó mágico – tipo espinafre do
Popeye - que lhe dá força e coragem para consumar seu objetivo de vingança. Com
sangue nos olhos e uma enorme raiva reprimida, lá vai nosso herói atrás dos
assassinos, principalmente o chefe de polícia Rana Singh (Sikandar Kher) e o
próprio Baba Shakt (Makarand Deshpande), o poderoso líder político. A violência
corre solta até o final, com muita ação, pancadaria e sangue jorrando. As cenas
são muito bem realizadas. Como já aconteceu com outros filmes cujo herói parte
para a vingança na base da violência, os críticos profissionais logo o comparam
com o personagem John Wick, que ficou famoso com o ator Keanu Reeves. Assim
aconteceu também com este “Fúria Primitiva”, já chamado de “o novo John Wick” e
ainda com o recém-lançado “Bailarina”, cuja heroína é uma mulher, papel da
atriz cubana Ana de Armas. Trocando em miúdos, “Fúria Primitiva” faz jus ao
título, com muita ação e violência.
sábado, 7 de junho de 2025
“O CONTADOR 2” (“THE
ACCOUNTANT 2”), 2025, Estados Unidos, 2h13m, em cartaz na
Prime Vídeo, direção de Gavin O’Connor, seguindo roteiro assinado por Bill
Dubuque. Sequência de “O Contador”, de 2016, do mesmo diretor e com grande
parte do elenco original, na época um grande sucesso de bilheteria nos EUA. Só para
relembrar, o personagem principal é Christian Wolff (Ben Affleck), um contador
que presta serviços para organizações criminosas, paralelamente ao seu
escritório legítimo de contabilidade. Neste segundo filme, Christian é
contratado pela agente Marybeth Medina (Cynthia Addai-Robinson), do Tesouro Americano, para ajudá-la a desvendar
o mistério que envolve o assassinato do seu ex-chefe Ray King (J.K. Simmons). Como
demonstrará na prática, Christian utiliza métodos politicamente incorretos para
obter respostas, incluindo muita violência e chantagens. Para isso, conta com a ajuda do
irmão Brax (Jon Bernthal), além de uma equipe de adolescentes gênios em informática. Em comparação com o primeiro filme, este tem mais ação e humor,
mas não é melhor do que o primeiro. O roteiro dificulta o entendimento da
história, deixando o espectador meio perdido. Não é a única falha. Os diálogos,
de tão sem graça e sem conteúdo nenhum, beiram a mediocridade. Mesmo com
algumas ótimas cenas de ação, o resultado final é decepcionante.
quinta-feira, 5 de junho de 2025
“SEM RASTRO” (“IMMERSTILL”), 2023,
coprodução Áustria/Alemanha, 1h33m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Eva
Spreitzhofer, que também assina o roteiro em conjunto com Wolf Jakoby. Suspense
policial ambientado num vilarejo austríaco fictício durante um rigoroso inverno. Depois
de uma festa de carnaval num clube, duas adolescentes desaparecem misteriosamente.
Como a polícia local demora para iniciar as buscas, Lisa Schiller (Christina
Cervenka), irmã mais velha de uma delas e que acaba de chegar de Viena,
pressiona os policiais a tomarem alguma atitude. Durante as buscas iniciais realizadas com a ajuda de moradores, uma das garotas é encontrada morta à beira de um
rio. Resta saber onde está a outra, justamente a irmã de Lisa. Como a polícia
está mais perdida que cego em tiroteio, ela resolve investigar por conta
própria, com a ajuda do jovem policial Patrick Pollanc (Michael Glantshnig),
seu ex-namorado. Um dos primeiros suspeitos é Hubert Lipus (Michael Weger), um
sujeito de meia-idade conhecido por assediar as mocinhas do vilarejo. Outros
suspeitos aparecem pelo meio do caminho, motivando o espectador a adivinhar
quem será o provável culpado, revelado apenas no desfecho, numa reviravolta
surpreendente. Trocando em miúdos, o filme demora a engrenar, o ritmo é lento e
o roteiro pouco criativo, tão frio quanto os cenários.
terça-feira, 3 de junho de 2025
“O JOGO DA VIÚVA” (“LA VIUDA NEGRA”), 2025, Espanha, 2h2m, em cartaz na Netflix, direção de Carlos Sedes (“O Caso Asunta”, “Fariña), seguindo roteiro assinado por Ramón Campos e Gemar R. Neira. Ótimo suspense espanhol baseado em fatos reais. Em agosto de 2017, o corpo do engenheiro Antonio Navarro Cerdán foi encontrado na garagem de um edifício no Bairro de Patraix, em Valência. Ele havia sido assassinado com sete facadas. O caso, de grande repercussão na mídia espanhola, ficou conhecido como “A viúva negra de Patraix”, já que a viúva, Maria Jesús Moreno, foi apontada como uma das principais suspeitas do crime – não vou dar spoilers sobre o desfecho do caso. Na adaptação da história para o cinema, a viúva é Maje (a ótima Ivana Baquero, de “O Labirinto do Fauno"), uma enfermeira que tem dois empregos, um num hospital e outro em uma casa de repouso. Mesmo noiva do engenheiro Antonio Navarro (Álex Gadea), ela tem um caso com outro homem. Antonio a perdoou. Só que o casamento não segurou o ímpeto baladeiro da moça, que continuou saindo com as amigas para dançar e, pior, colecionar amantes. Quando o marido é encontrado morto, Maje fica arrasada, mas acaba caindo na desconfiança da inspetora Eva (Carmen Machi), encarregada de investigar o caso, que também aponta como suspeitos os amantes da viúva. Numa trama bem urdida, graças ao primoroso roteiro e uma história envolvente, além do ótimo elenco, “O Jogo da Viúva” é um excelente entretenimento, um filmaço!
segunda-feira, 2 de junho de 2025
“MÁFIA S.A.” (“MAFIA INC.”), 2020,
Canadá, 2h15m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Daniel Grou, seguindo
roteiro assinado por Sylvain Guy. O tema Máfia já gerou inúmeros filmes, dois
deles verdadeiras obras-primas do cinema: “O Poderoso Chefão” e “Os Bons
Companheiros”. Posso garantir que “Máfia S.A.” também é um dos melhores. É violento e ao mesmo tempo nostálgico, com uma trilha sonora de primeira. A
história, fictícia, é baseada no livro “Mafia Inc.: The Long, Bloody Reign of
Canada’s Sicilian Clan” (“Máfia S.A.: O Longo e Sangrento Reinado do Clã
Siciliano do Canadá”), dos jornalistas Andre Cédilot e André Noël. A família
Paternò, comandada com mão de ferro por Don Frank Paternò (o ator italiano Sergio
Castellitto, ótimo), que durante os anos 90 do século passado dominava o crime
organizado em Montreal, no Canadá. Seu braço direito é o sanguinário e violento
Vincente ‘Vince’ Gamache (Marc-André Grondin), originário de outra família
mafiosa, os Gamache. Em meio às inúmeras desavenças e traições nesse núcleo
mafioso, o filme destaca também um lance ousado de Don Frank, que reúne outras
famílias mafiosas para investir num grande projeto: uma ponte que ligaria a
Sicília ao continente italiano. Enfim, “Máfia S.A.” é mais um grande filme
sobre a máfia italiana.
domingo, 1 de junho de 2025
“CORAÇÃO DELATOR” (“CORAZÓN
DELATOR”), 2025, Argentina, 1h29m, em cartaz na Netflix, roteiro e
direção de Marcos Carnevale. Trata-se de um drama romântico leve, sensível e muito
agradável de assistir. Conta uma história simples sem pretensão de chegar a um
filme cult. Juan Manuel (Benjamín Vicuña) é proprietário de uma grande
empresa da construção civil em Buenos Aires. Solteiro, vive num casarão às
vezes visitado por uma namorada de ocasião. Tudo vai às mil maravilhas até que
um dia ele sofre um infarto. Ele precisa de um transplante de coração. O doador
acaba sendo um trabalhador humilde residente na periferia da capital argentina,
casado e pai de um menino. A cirurgia é um sucesso e Juan Manuel se recupera
rapidamente. Como acontece na maioria desses casos, o receptor do órgão quer
saber quem é o doador. Mal sabe ele que o bairro onde o doador morava é alvo de
desapropriação por parte de sua empresa. Fingindo ser primo do padre da
paróquia, Juan vai ao bairro e conhece a viúva do seu doador, Valeria (Julieta
Díaz). Mais do que previsível, os dois se apaixonam. Ao interagir com o pessoal
do bairro, Juan começa a rever os seus conceitos. O maior trunfo do filme é a
química entre o casal protagonista. Benjamín Vicuña é um ator simpático que já
mostrou seu talento principalmente no recente “O Silêncio de Marcos Tremmer”,
outro ótimo filme argentino. A atriz Julieta Díaz é conhecida pelas comédias “Coração
de Leão – O Amor não tem Tamanho” e “2 mais 2”. O cineasta Marcos Carnevale
comprova mais uma vez o seu talento, tendo em seu currículo pequenas obras-primas
do cinema argentino, como “Elsa & Fred”, “Inseparáveis” e “Coração de Leão”,
quando também dirigiu Julieta Diaz. Trocando em miúdos, “Coração Delator” é um filme
que toca o coração, emociona e diverte.
quinta-feira, 29 de maio de 2025
“SUPERBOYS DE MALEGAON” (“SUPERBOYS
OF MALEGAON”), 2024, Índia, 2h07m, em cartaz na Prime Vídeo,
direção de Reema Kagti, que também assina o roteiro com a colaboração de Varun
Grover e Shoaib Nazeer. Em 2008, o documentário “Supermen of Malegaon” contou
uma incrível história ocorrida na cidade indiana de Malegaon, onde, na segunda
metade dos anos 90, um cineasta amador reuniu alguns amigos para realizar um
filme. Pois é neste documentário que se
inspirou “Superboys de Malegaon”. Misturando cenas de comédias de Buster Keaton
e dos filmes de pancadaria de Jackie Chan, a turma conseguiu realizar um filme
que agradou a população da cidade – lembrando que o cinema era uma das únicas
diversões de Malegaon. A equipe técnica do filme, liderada pelo cineasta amador
Nasir Shaikh, faria outro filme, mas sem alcançar o sucesso do primeiro. Dessa
forma, o grupo de amigos se separou e cada um foi para o seu lado. Em 2010,
quando um dos integrantes da equipe ficou gravemente doente, os amigos voltaram
a se encontrar e resolveram realizar outro filme, uma sátira do Super-Homem de
Hollywood, cujo papel principal foi destinado justamente ao amigo doente
terminal. Sensível, divertido e comovente, simples ao extremo, “Superboys de
Malegaon” é uma grata surpresa do cinema indiano independente, com um elenco em
sua maioria constituído por amadores recrutados entre a população da cidade. O
filme estreou no Festival de Toronto (Canadá), em setembro de 2024, recebendo
elogios tanto da crítica como do público. Matt Zoller Seitz, do site rogerebert.com,
escreveu: “É um dos filmes mais acessíveis e divertidos sobre o impulso
criativo que você verá”. Quem assistiu ao filme chileno “A Contadora de Filmes”,
de 2023, comentado neste blog, e gostou, vai gostar ainda mais deste filme indiano,
o qual recomendo como um dos filmes mais interessantes do cinema indiano. Mais uma singela homenagem ao cinema.
terça-feira, 27 de maio de 2025
segunda-feira, 26 de maio de 2025
“A FONTE DA JUVENTUDE”
(“FOUNTAIN OF YOUTH”), 2025, Inglaterra, 2h5m, em cartaz na
Apple TV, direção de Guy Ritchie, seguindo roteiro assinado por James
Vanderbilt. Filme de aventura que segue, como tantos outros, no vácuo da
franquia Indiana Jones. Neste “A Fonte da Juventude”, o Indiana da vez é o
arqueólogo Luke Purdue (John Krasinski), um caçador de tesouros que não
titubeia em roubar obras de arte para conseguir seus objetivos. Luke agora quer
encontrar a mitológica e lendária Fonte da Juventude. Para isso, porém, terá de
decifrar um misterioso código que supostamente revelaria o local desse verdadeiro tesouro. Com esse objetivo, Luke, com o patrocínio de um milionário (Domhnall
Gleeson), contrata um time de especialistas, entre as quais sua própria irmã
Charlote Pardue (Natalie Portman), parceira de outras aventuras, e seu sobrinho adolescente Thomas (Benjamin
Chivers), um garoto muito esperto. O grupo descobre que as pistas estão numa
Bíblia antiga que afundou com um navio no século XVI e também codificadas em seis
obras de arte de pintores famosos. Até o desfecho, Luke e sua turma enfrentarão
muitos perigos, entre os quais a perseguição inclemente de uma máfia poderosa
ligada, acredite, ao Vaticano. Além disso, Luke também é procurado por ter
roubado algumas obras de arte de museus famosos. Completam o elenco Eiza
González, Stanley Tucci, Carmen Ejogo e Arian Moayede. Mais um bom filme de
ação do cineasta inglês Guy Ritchie, que já havia deixado sua marca em filmes
como “Snatch – Porcos e Diamantes” e “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”.
sexta-feira, 23 de maio de 2025
“SING SING”, 2024,
Estados Unidos, 1h47, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Greg Kwedar, que
também assina o roteiro com a colaboração de Clint Bentley. Indicado a vários
prêmios em festivais pelo mundo afora, inclusiva a três categorias do Oscar
2025 (Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Canção e Melhor Ator - Colman Domingo), o filme é baseado
em fatos reais ocorridos na penitenciária de segurança máxima Sing Sing, no estado de Nova York. A história é toda centrada num grupo de teatro formado por presos
que se inscreveram no RTA (Rehabilitation Through the Arts), ou Reabilitação
Através das Artes, programa instituído em várias prisões dos Estados Unidos com
grande sucesso. Para se ter uma ideia, enquanto a média nacional de
reincidência nas prisões chega a 60%, entre os participantes do RTA esse número fica abaixo de 5%. Voltemos ao filme. O grupo de teatro de Sing Sing começa a
ensaiar uma peça que recebeu o título de “Breakin’ The Mummy’s”, escrita por
um de seus integrantes, Divine G (Colman Domingo), tendo como diretor
voluntário Brent Buell (Paul Raci), dois dos poucos atores profissionais, sendo
que os demais integrantes do elenco são ex-presos de Sing Sing que participaram
do RTA quando estiveram presos. Ao mesmo tempo dramático e sensível, o filme acompanha os ensaios do
grupo, buscando explorar o lado psicológico de cada um de seus participantes,
seus traumas, remorsos, dúvidas e expectativas. Acima de tudo, demonstra a
importância do companheirismo como fator fundamental para a readaptação social.
Enfim, um filme impactante, sincero na sua proposta. Vale a pena conferir.
quinta-feira, 22 de maio de 2025
“FIGHT OR FLIGHT” – foi
com esse título, original, que o filme chegou à Prime Vídeo, podendo ser
traduzido por “Lutar ou Fugir” -, 2025, coprodução Estados Unidos/Inglaterra,
1h41m, direção de James Madigan (“Homem de Ferro 2”, “Transformers: O Despertar
das Feras”), seguindo roteiro assinado por Brooks McLaren e DJ Cotrona. Comédia
de ação das melhores, com um show de atuação do ator Josh Hartnett como Lucas
Reyes, um ex-agente do FBI caído em desgraça depois de uma operação mal sucedida
dois anos aantes. Depois disso, ele resolve morar em Bangkok, capital da
Tailândia. Seu único contato com o ocidente é uma outra ex-agente, Katherine
Brunt (Kate Sackhoff), que agora trabalha como executiva de uma empresa de alta
tecnologia. Ela telefona para Lucas a fim de contratá-lo para identificar e prender
um hacker e assassino profissional de codinome “The Ghost” (“O Fantasma”), que
embarcaria num voo comercial de Bangkok para São Francisco, nos Estados Unidos,
levando um equipamento com poder suficiente para transformar o mundo da
tecnologia. Só que no avião, entre centenas de passageiros, estão assassinos
contratados das máfias russa, italiana e chinesa, além de terroristas
muçulmanos, todos com o objetivo de matar “O Fantasma” e roubar o seu
equipamento. Recompensas milionárias esperam o autor da façanha. Dessa forma, o
enorme avião, de dois andares, vira um verdadeiro campo de batalha, assassinos contra
assassinos do começo ao fim. Apesar de muito sangue jorrando, toda a ação é
levada no maior bom humor, com cenas hilariantes que divertem o espectador. O diálogo final entre os principais protagonistas dá a entender que haverá uma sequência. Tipo do filme que diverte sem ofender a nossa inteligência. Imperdível!”
terça-feira, 20 de maio de 2025
“MARIA CALLAS” (“MARIA”), 2024, em cartaz na Prime Vídeo, coprodução Estados Unidos/Alemanha/Chile/Itália, 2h3m, direção do cineasta chileno Pablo Larraín, seguindo roteiro assinado por Steven Knight. Larraín já havia dirigido outras cinebiografias de mulheres importantes, “Jackie”, de 2016, sobre Jacqueline Kennedy Onassis, e “Spencer”, de 2021, sobre Diana, princesa de Gales. “Maria Callas” revê os últimos dias da soprano Maria Callas (1923-1977), nascida na Grécia como Maria Anna Cecilia Sofia Kalogerópulos. Desde o início dos anos 70, Callas (Angelina Jolie), que já havia parado de cantar, vive reclusa numa mansão em Paris tendo apenas a companhia de seu mordomo Ferruccio (Pierfrancesco Favino) e sua governante Bruna (Alba Rohrwacher), além de dois cachorros. Viciada em remédios, ela pouco se alimenta e costuma ter alucinações, algumas delas responsáveis pelos melhores momentos do filme. Callas vive deprimida, não gosta de ouvir os seus discos e jamais perdeu a arrogância, tratando todos como cidadãos de segunda classe. Coisas de diva. O filme destaca também alguns fatos ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial quando Callas ainda adolescente juntamente com a irmã cantam para oficiais nazistas. Callas jovem é interpretada por Angelina Papadopoulou. “Maria Callas” também relembra como o empresário grego Aristóteles Onassis (Haluk Gilginer) consegue seduzí-la, a conversa que ela teve "face to face" com o então presidente norte-americano John Kennedy e suas tentativas fracassadas de voltar a cantar. A atriz Angelina Jolie dá conta do recado, embora bonita demais para interpretar a feiosa Callas. Completam o elenco Valeria Golina (Yakinthi Callas, irmã de Maria), Haluk Bilginer (Aristóteles Onassis), Caspar Phillipson (John F. Kennedy), Stephen Ashfield (o pianista Jeffrey Tate) e Suzie Kennedy (Marilyn Monroe). A famosa soprano já havia sido tema de uma cinebiografia sob a direção de Franco Zeffirelli em 2002 (“Callas Forever”), com Fanny Ardant no papel principal. Em 2014, no filme “Grace de Mônaco”, foi a vez da atriz espanhola Paz Veja interpretar Callas. Acho que só, fora os inúmeros documentários sobre as apresentações da cantora nos principais teatros do mundo. Após o desfecho, antes e durante os créditos finais são exibidos vídeos com a verdadeira Callas. Aproveito para registrar minha grande admiração pelo trabalho do cineasta chileno Pablo Larraín, principalmente porque assisti vários de seus filmes, alguns deles excelentes, tais como “No”, “Neruda”, “Spencer, “O Clube” e “O Conde”, este último uma pequena obra-prima, todos eles comentados neste blog. No caso de "Maria Callas", aproveito para elogiar a ótima recriação de época, graças a uma primorosa direção de arte, sem contar, é claro, com a maravilhosa trilha sonora. Filmaço imperdível!
segunda-feira, 19 de maio de 2025
“O DIPLOMATA” (“THE DIPLOMAT”), 2025,
Índia, 2h10m, em cartaz na Netflix, direção de Shivan Nair, seguindo roteiro
assinado por Ritesh Shah. A história é baseada num fato real ocorrido em 2017.
Começa em Kuala Lampur, capital da Malásia, onde a indiana Uzma Ahmed (Sadia
Khateeb) conhece o motorista de táxi paquistanês Tahir Ali (Jagjeet Sandhu). Os
dois ficam amigos e um tempo depois o taxista convida Uzma a conhecer sua
família no Paquistão, mais exatamente na isolada aldeia de Buner, nas colinas
da província de Khyber Pakhtunkhwa. A primeira impressão do lugar é a pior
possível, mas a coisa irá piorar muito mais quando Tahir obriga Uzma a casar
com ele, que já é casado e pai de dois filhos. Além de estuprada, Tahir é violentamente espancada quando reclamava de alguma coisa. Depois de sofrer
tanto, ela criou um estratagema genial para convencer o marido a levá-la até o
escritório do Alto Comissariado da Índia. Num descuido do marido, ela se
esconde no prédio e pede proteção. É aqui que entra em cena o diplomata JP
Singh (John Abraham), alto comissário adjunto da Índia. Ele será o responsável
pela segurança da moça, ainda mais porque as autoridades paquistanesas acreditam
que ela é uma espiã agindo em solo paquistanês. A situação fica ainda pior
quando Uzma é obrigada a comparecer numa audiência no tribunal onde deverá encarar o marido agressor. Mas JP Singh, o diplomata do título, não deixará de defender a
moça até o fim. Assim como em vários filmes de ação de Bollywood, o ator John
Abraham faz novamente o papel de herói, o machão sem medo, atuando com uma pose afetada no mínimo irritante. Mas tudo bem, deixa pra lá, o cara é o maior galã de Bollywood. Quanto ao
filme, achei ótimo, principalmente por contar uma incrível história de coragem
e sobrevivência.
sábado, 17 de maio de 2025
“RESGATE IMPLACÁVEL” (“A
WORKING MAN”), 2025, Estados Unidos, 1h56m, em cartaz na
Prime Vídeo, direção de David Ayer (“Esquadrão Suicida”, “Beekeeper”, “Infiltrado”),
que também assina o roteiro com Sylvester Stallone. Isso mesmo, o velho Stallone.
Trata-se da adaptação para o cinema de um dos livros escritos por Chuck Dixon.
Como todo bom filme de ação, “Resgate Implacável” não economiza na pancadaria,
nas perseguições e tiroteios, além de muito sangue jorrando, é claro. Levon
Cade (o brucutu inglês Jason Statham), um ex-agente de operações secretas do
exército dos EUA, agora trabalha numa empresa ligada à construção civil e é o
homem de confiança dos donos (Michael Peña e Noemi González). Quando a filha adolescente
do casal, Jenni (Arianna Rivas), desaparece misteriosamente, Cade entra em ação
para investigar o que aconteceu, e chegará à conclusão de que a moça foi
sequestrada por uma poderosa organização comandada pela temida máfia russa.
Temida para nós e para a polícia da cidade – que não é nomeada, uma falha (Los
Ângeles?) -, menos para Levon Cade, que não tem medo de cara feia. Ele vai
irritar os russos, pois assassina um poderoso chefão e dois filhos de outro chefão,
além de desafiar uma quadrilha local de traficantes. Até o desfecho, muita ação
vai rolar, tornando “Resgate Implacável” um entretenimento de primeira no
gênero. Também estão no elenco Eve Mauro, David Harbour, Jason Flemyng, Maximilian
Osinski e Isla Gie. Filmaço!
sexta-feira, 16 de maio de 2025
“A AVALIAÇÃO” (“THE ASSESSMENT”), 2024,
em cartaz na Prime Vídeo, coprodução Inglaterra/EUA/Alemanha, 1h54m, direção de Fleur Fortune, seguindo roteiro assinado por Dave Thomas, John
Donnelly e Nell Garfath-Cox. Trata-se de uma ficção científica ambientada num
futuro, aparentemente, bem distante. Devido à escassez de recursos naturais e a
consequente falta de alimentos, o governo (não há menção a algum país)
instituiu um programa de controle de natalidade, obrigando os casais a ingerir
uma substância esterilizante a fim de controlar o crescimento populacional
desorganizado. Nesse país do futuro, as crianças são geradas fora do útero com
o material genético do casal. Para que isso aconteça é necessário que o casal
candidato seja submetido a uma rigorosa avaliação psicológica para saber se são
capazes de arcar com a responsabilidade da paternidade. Mia (Elizabeth Olsen) e
Aaryan (Himesh Patel) formam o casal escolhido para o teste. Eles são
enclausurados numa casa isolada à espera de Virgínia (Alicia Vikander), a
avaliadora responsável por aprovar ou não a pretensão do casal. Na verdade, Mia
e Aaryan são submetidos a um verdadeiro tormento psicológico durante uma semana
até o resultado final. Também estão no elenco Minnie Driver, Nicholas Pinnock, Malaya
Stern Takeda, Charlotte Ritchie, Benny Opoku-Arthur, Leah Harvey e Indira
Varma. Este foi o primeiro longa-metragem dirigido pela cineasta francesa Fleur
Fortune, mais conhecida como diretora de curtas e vídeos musicais. “A Avaliação” é um filme perturbador, pesado, repleto de situações no
mínimo aberrantes. Os personagens parecem sofrer de deficiência mental. Tudo é
muito maluco. Imagino até que os atores devem ter se esforçado para não rir em determinadas cenas. Resumo da ópera, um verdadeiro martírio para o espectador.
terça-feira, 13 de maio de 2025
“CAOS E DESTRUIÇÃO” (“HAVOC”),
2025,
coprodução Estados Unidos/Inglaterra/Irlanda do Norte, 1h47m, em cartaz na
Netflix, roteiro e direção do cineasta inglês Gareth Evans, considerado um
mestre em filmes de ação desde que dirigiu o asiático “Operação Invasão”. Não
sei se existe alguém que conta as balas atiradas durante um filme ou se algum
programa de computador é capaz de fazer essa contagem. Uma coisa é certa: neste
“Caos e Destruição”, a munição gasta daria para abastecer os exércitos de
várias guerras, incluindo as duas mundiais. Exagero? Então assista. Teve um
momento que eu tive vontade de me esconder atrás da poltrona para não levar um
tiro. Vamos à história. Numa negociação de drogas, a situação sai do controle e o filho de uma chefona da
máfia chinesa (Yeo Yann Yann) é assassinado e ela jura vingança. Só que o contexto é bastante complicado, pois envolve também policiais corruptos, uma gangue de assaltantes e
capangas de um político também corrupto (Forest Witaker), cujo filho é acusado
de ter assassinado o filho da chefona mafiosa. Em meio a toda essa confusão
está o detetive Walker (o ator inglês Tom Hardy, de "Venom” e “Lendas do Crime”), que decide acabar
com essa confusão do seu jeito, ou seja, na base da porrada, além de se comprometer
a proteger o filho do político. Completam o elenco Luiz Gúzmán, Justin Cornwell,
Jessie Mei Li e Timothy Olyphant. O ritmo alucinante do filme, que vai do
começo ao desfecho, também destaca uma série de perseguições nas ruas e
estradas, com cenas muito bem feitas e eletrizantes. Resumindo, “Caos e Destruição” é um
filmaço no gênero ação, um dos melhores dos últimos anos. Imperdível.
segunda-feira, 12 de maio de 2025
“BABYGIRL”, 2024,
Estados Unidos, 1h54m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção da cineasta
holandesa Halina Reijn (“Morte. Morte. Morte.”, “Instinto”). Aos 57 anos, a
atriz australiana Nicole Kidman continua firme e forte trabalhando muito, tanto
em séries como em filmes para o cinema. No
suspense erótico “Babygirl”, ela tem uma ótima atuação, comprovando mais uma
vez sua competência como atriz de talento eclético. Suas cenas de sexo são
bastante ousadas. Kidman interpreta a empresária Romy, uma bem sucedida CEO –
detesto utilizar esse termo, ao qual atribuo uma afetação ridícula dos moderninhos – de uma empresa de alta tecnologia. Ela é casada
com Jacob (Antonio Bandeiras), um diretor de teatro, tem duas filhas e vive,
aparentemente, um casamento feliz. O problema é o sexo, pois ela não consegue
chegar ao orgasmo com o marido, só conseguindo prazer total assistindo a vídeos
pornôs. Quando chega à empresa um novo grupo de estagiários, Romy começa a se
interessar por um deles, Samuel (Harris Dickinson), muitos anos mais jovem. Aí vem uma situação que achei muito forçada,
longe da realidade: o estagiário começa a assediar de forma abusiva a empresária.
Em qualquer empresa ele seria demitido no ato - ou no caso, antes dele. O caso entre os dois se
transforma num jogo sexual à base de dominação psicológica, como se ele
estivesse amestrando uma cadela. Quando percebe que o relacionamento está indo
longe demais, colocando em risco seu casamento e seu cargo, Romy tenta dar um
basta, mas o estrago já havia sido feito e a situação só piora. Por sua
primorosa e corajosa atuação, Nicole ganhou a Volpi Cup de Melhor Atriz no
Festival de Veneza 2024. Mais uma razão para você assistir a este ótimo
thriller erótico.
sábado, 10 de maio de 2025
“UM LUGAR BEM LONGE DAQUI” (“WHERE
THE CRAWDADS SING”), 2022, Estados Unidos, 2h05m, em
cartaz na Netflix, direção de Olivia Newman (“Minha Primeira Luta”), seguindo
roteiro de Lucy Alibar, baseado no romance homônimo escrito por Delia Owens. Trata-se
de uma mistura de drama, romance e suspense, começando pela misteriosa morte de
um rapaz de uma família conceituada da pequena cidade de Barkley Cove, na
Carolina do Norte. A jovem Kya Clark (Daisy Edgar-Jones), moradora de uma
cabana isolada numa zona de pântanos perto da cidade, é acusada e presa como
suspeita do suposto assassinato – pode ter sido acidente. A primeira parte da
história é dedicada às tristes lembranças de Kya sobre sua família. Por causa
de seu pai violento, a mãe e os três filhos homens fogiram de casa. Só ficou a pequena Kya,
que logo depois é abandonada pelo pai. Ela sobrevive sozinha, e quando tenta
socializar com a população do vilarejo é discriminada e até insultada como “A
garota fedida do brejo”. Sem conseguir uma vaga na escola, Kya cresce estudando
e desenhando insetos, conchas, borboletas, aves e outros pequenos espécimes que
vivem nos pântanos – a autora da história, além de escritora, é também zoóloga.
Mais tarde, Kya até consegue publicar alguns livros com essas ilustrações.
Adulta e bonita, Kya chama a atenção de dois jovens da cidade, seu amigo de
infância Tate Walker (Taylor John Smith) e o arrogante e violento Chase Andrews
(Harris Dickinson), este último a vítima do suposto homicídio. Kya é levada a
julgamento no tribunal da cidade, sendo defendida pelo advogado Tom Milton
(David Strathairn). A adaptação para o cinema foi muito bem feita e o resultado
final do filme é bastante satisfatório, não só pela história em si, mas também
pelo ótimo desempenho da atriz inglesa Daisy Edgar-Jones, de 26 anos, que ficou
conhecida por suas atuações em séries como “Normal People” e “War of the Worlds
– A Arte da Guerra”.
“CILADA” (“ATRAPADOS”), 2025,
Argentina, minissérie de seis episódios em cartaz na Netflix, direção de Miguel
Cohan e Hernán Goldfrid, que também assinam o roteiro com a colaboração de Ana Cohan, Maria Meira e Gonzalo Salaya. Esta é mais uma adaptação de um livro do
escritor norte-americano Harlan Coben, especialistas em dramas policiais. A história, ambientada na cidade de
Bariloche, é centrada na jornalista investigativa Ema Garay (Soledad Villamil, de "O Segredo dos seus Olhos"),
que não costuma ser muito ética em seu trabalho, pois muitas vezes acusa pessoas que
depois comprovam ser inocentes. Quando uma adolescente de 16 anos desaparece,
Garay acusa Leo Mercer (Alberto Ammann), que é obrigado a fugir para não ser
preso. Enquanto a polícia investiga o caso, vários personagens surgem na
história, todos possíveis suspeitos, o que motiva o espectador a adivinhar quem
será o verdadeiro culpado. Paralelamente à investigação policial, Ema Garay tenta
por conta própria comprovar sua acusação contra Leo Mercer, mas aos poucos
acaba acreditando que talvez tenha cometido um erro grave. Completam o elenco Juan
Minujin, Carmela Rivero, Fernan Miras, Mike Amigorena e Matías Recalt. Trocando
em miúdos, “Cilada” tinha um material muito bom em se tratando de um romance de
Harlan Coben, mas não soube explorá-lo a contento. A qualidade do resultado
final ficou bem longe de outras adaptações da obra de Coben para séries
televisivas e para o cinema.
quarta-feira, 7 de maio de 2025
“LONGLEGS – VÍNCULO MORTAL” (“LONGLEGS”), 2024,
EUA, 1h41m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Ozgood Perkins. Com
o avanço da idade, o ator Nicolas Cage está cada vez mais canastrão, até mesmo disfarçado com uma maquiagem que o tornou irreconhecível neste drama policial recheado de
suspense, terror e sobrenatural. Na verdade, uma história bem maluca, difícil
de digerir. A agente Lee Harker (Maika
Monroe), uma novata no FBI que adota uma postura catatônica e convive com uma
intuição à beira da vidência. Ela consegue enxergar situações que os outros agentes
não conseguem. Por isso, caiu nas graças do seu chefe, o agente William Carter
(Blair Underwood), que a indica para resolver o caso de um serial killer que há
anos assassina famílias inteiras. Graças ao trabalho de Harker, o FBI chega ao
principal suspeito, um maluco conhecido como Longlegs (Cage), que é preso e submetido
a um interrogatório. E adivinha quem vai interrogá-lo: isso mesmo, a agente
Harker. O FBI chega à conclusão de que o psicopata tem alguém que trabalha para
ele, um assassino tal qual o próprio. O caso começa a tomar uma conexão com
satanismo, práticas ocultistas e lavagem cerebral. Numa grande reviravolta, a
conclusão revela fatos assustadores da infância de Harker. Completam o elenco
Alicia Witt, Kiernan Shipka, Erin, Boyes, Lisa Chandler, Dakota Daulby e
Michelle Choi-Lee. Como afirmei no início do comentário, você não reconhecerá
Nicolas Cage, que atua debaixo de uma maquiagem carregada e próteses, além de
uma cabeleira desgrenhada e suja que chega aos ombros. Para concluir, o
resultado final de “Longlegs” chega perto de uma grande bobagem
cinematográfica.
segunda-feira, 5 de maio de 2025
“EXPLOSÃO NO TREM-BALA” (“SHINKANSEN
DAIBAKUHA”) - nos países de língua inglesa, "Bullet Train Explosion" -, 2025, Japão, 2h14m, em cartaz na Netflix,
direção de Shinji Higuchi (“Shin Godzilla”), seguindo roteiro assinado por
Kazuhiro Nakaha e Norichika Ôba. Um trem-bala sai de uma cidade do interior do
Japão com destino a Tóquio oara cumprir uma distância de cerca de 600 quilômetros. Durante
o trajeto estão previstas paradas em várias estações. Só que terroristas entram
no circuito e ameaçam explodir o trem se a velocidade ficar abaixo dos 100 km
por hora. De início, as autoridades acham que é um trote, mas os terroristas mostram
que estão falando a verdade. Para comprovar, explodem um trem de carga e
avisam: querem 100 bilhões de yenes para não provocar a explosão do trem-bala. Ou
seja, os 340 passageiros do trem-bala correm um tremendo risco de vida. Diante da situação
crítica, o governo japonês, juntamente com os diretores da empresa JR East –
dona do trem-bala -, engenheiros ferroviários, policiais e bombeiros montam um
gabinete de crise e entram numa corrida contra o tempo para achar uma solução.
A prioridade é salvar os passageiros e impedir que o trem-bala chegue a Tóquio,
pois explodindo na capital os danos serão muito maiores. O espectador acompanha
o drama dos passageiros e a enorme tensão que domina as autoridades na medida
em que o trem-bala avança em sua viagem. O filme é um primor de imagens, as
cenas de ação são impressionantes. Vale lembrar que esse tipo de situação já
foi tema de filmes como “Velocidade Máxima”, de 1994, quando Keanu Reeves não pode
diminuir a velocidade de um ônibus, e ainda o filme também japonês “Trem-Bala”,
de 1975. Trocando em miúdos, “Explosão no Trem-Bala” garante muita tensão,
suspense e ação do começo ao fim. Imperdível!
sexta-feira, 2 de maio de 2025
“EXTERRITORIAL”, 2025,
Alemanha, 1h39m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Cristian Zübert.
Começa o filme com Sara Wulf (Jeanne
Goursaud, da série ”Bárbaros”) entrando no consulado dos Estados Unidos em
Frankfurt com seu filho Josh. Ex-soldada das forças especiais da Alemanha,
viúva de um soldado norte-americano, ela queria solicitar um visto de trabalho
para os Estados Unidos, onde havia uma oferta de emprego. Mas o que seria uma
solução virou um verdadeiro inferno. O filho dela sumiu misteriosamente dentro
do consulado e ela entrou em desespero. Quando pediu que os seguranças a
ajudassem a encontrar o menino, eis que vem a desagradável surpresa. As câmeras de segurança
mostravam que Sara entrara sozinha no consulado. A explicação dada pelo
administrador Erik Kynch (Dougray Scott), chefe da segurança: Sara sofre de alucinações causadas pelo Transtorno de Estresse Pós-Traumático depois de uma
missão militar no Afeganistão. Detida numa sala, a ex-soldada consegue fugir e
ainda ajudar uma imigrante russa (papel de Lera Abova) também presa no consulado.
Toda a ação transcorre dentro do prédio do consulado, Sara tentando achar o
filho desaparecido e descobrir porque está sendo perseguida. Muito suspense vai rolar até o desfecho, quando tudo o que
aconteceu será esclarecido. Trocando em miúdos, “Exterritorial” não é daqueles
filmes que a gente recomenda com entusiasmo, mas não chega a decepcionar.
quarta-feira, 30 de abril de 2025
“COVIL DE LADRÕES 2: PANTERA”
(“DEN OF THIEVES 2: PANTERA”), 2025, Estados Unidos, 2h10m,
em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Christian Gudegast (“Invasão a
Londres”, “Alerta Máximo”). Não vi o primeiro, que aliás está disponível também na Prime, e portanto não posso dizer qual o melhor. Este segundo manteve a
dupla principal de protagonistas (Gerard Butler e O’Shea Jackson Jr.), além do
mesmo diretor e equipe técnica. A história deste segundo filme é baseada num caso
real, o famoso roubo de diamantes ocorrido em 2003 na cidade holandesa de
Antuérpia. No filme, uma gangue intitulada “Os Panteras” planeja roubar diamantes
valiosos no edifício World Diamond, em Nice (França), um deles o famoso “Octopus”.
Em Los Angeles (EUA), o policial Nick (Butler) vê imagens de vídeo de outro
roubo na Europa onde aparece seu antigo conhecido, o marginal Donnie (“O’Shea”).
Nick segue para a Europa com a intenção de prendê-lo, e logo descobre que
Donnie está planejando um outro golpe com “Os Panteras”. Nick consegue entrar
para a gangue, chefiada por uma mulher, a exótica Jovana (Evin Ahmad). O filme dedica
uma grande parte de sua duração ao planejamento do assalto ao World Diamond
Center, um dos edifícios mais seguros da Europa. A partir do momento do
assalto, o filme se transforma num grande suspense, repleto de ação e muitas
reviravoltas. Completam o elenco Salvatore Esposito, Orli Shuka, Dino Kelly e
Nazmiye Oral. Confesso que não gostei da atuação do astro escocês Gerard
Butler, um tanto canastrão e com desempenho muito forçado. Apesar dos pesares, “Covil
de Ladrões 2” é um bom entretenimento, cujo desfecho dá a entender que vem por
aí o número 3. Aguardemos.
sábado, 26 de abril de 2025
“MESTRES DO ASSALTO” (“CARJACKERS”), 2025, França, 1h37m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Kamel Guemra (“Bala Perdida”, série “Marselha em Perigo”), que também assina o roteiro com a colaboração de Morade Aissaoui e Sledge Bidounga. Não é de hoje que o cinema francês nos brinda com ótimos filmes de ação. Este “Mestres do Assalto” é mais um deles. Muita ação, perseguições, tiroteios, suspense. Enfim, tem tudo para agradar os fãs do gênero. A história é centrada em quatro amigos, duas mulheres e dois homens, que se empregam em hotéis de luxo para roubar clientes ricos. No filme, eles estão empregados em um hotel de luxo na cidade de Nice, capital da Riviera Francesa, também conhecida como Côte d’Azur. Ou seja, os cenários, principalmente vistos do alto, são deslumbrantes. Depois que um cliente é assaltado, a direção do hotel decide contratar Elias (Frank Gastambide), um detetive particular que nas horas vagas também é um matador profissional. Quando o quarteto resolve assaltar um mafioso russo, Elias consegue uma pista e, a partir dela, descobre a identidade dos quatro assaltantes, mas não será fácil capturá-los. É esta caça que gera as melhores cenas de ação, que seguem ininterruptas até o desfecho. Completam o elenco Zoé Marchal (filha do cineasta Olivier Marchal, craque em filmes de ação), Mylène Jampanoï, Alassane Diong, Florence Fauquet, Wendy Grenier e Colin Bates. Resumo da ópera: mais um ótimo filme francês de ação.
quarta-feira, 23 de abril de 2025
“EM FUGA” (“9 BULLETS”), 2022,
Estados Unidos, 1h37m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Gigi
Gaston. De início, o filme não me interessou muito, mas depois que vi nos
créditos a presença da atriz inglesa Lena Headey resolvi assistir e comentar. Depois
que atuou como a personagem Cersey Lannister na série “Game of Thrones” e no
filme “300”, Lena deu uma sumida. Este seu retorno me motivou. “Em Fuga” é um
filme de suspense e ação que não convence do começo ao fim, repleto de furos e
situações forçadas sem nenhuma credibilidade. Salve-se a presença de Lena
Headey, que aos 51 anos continua bonita e ainda em grande forma física. No
filme, ela é Gypsy, uma dançarina que é a grande atração em um bar espelunca de
beira de estrada. Quando seus vizinhos são assassinados, ela acolhe o menino
sobrevivente de 11 anos, Sam (Dean Scott Vazquez) e o coloca sob sua proteção,
já que o garoto esconde informações sobre os assassinos em seu celular. Coincidência
das coincidências, o chefe da gangue que matou a família é justamente um ex-namorado de Gypsy, o truculento Jack (Sam Worthington). Gypsy pega a estrada
com o garoto para fugir de Jack e aí o filme se transforma num verdadeiro road movie, com
direito a uma participação especial de Barbara Hershey, outra atriz que também andava meio
sumida. Completam o elenco Cornelia Guest, Emma Holzer, Chris Mullinax, Martin
Sensmeier, Stephanie Arcila e Colleen Camp. Para encerrar, lembro mais um furo
homérico na história, quando Gypsy diz ao garoto que tem 9 vidas, assim como os
gatos. Ora, não eram sete? Vários outros filmes também exploraram o tema "mulheres protegem crianças", mas nenhum foi melhor do que "Gloria", de 1980, com Gina Rowlands dirigida pelo seu marido, John Cassavetes. Quanto a "Em Fuga", o resultado final pode não decepcionar, mas fica bem longe de uma recomendação entusiasmada.
domingo, 20 de abril de 2025
“iHOSTAGE” (a
Netflix manteve o título original – hostage quer dizer refém – não tenho ideia
do que o “i” quer dizer), 2025, Holanda, 1h40m, direção de Bobby Boermans, que
também assina o roteiro com a colaboração de Simon De Waal. Trata-se de um
ótimo suspense valorizado ainda mais por ter sido baseado num fato real ocorrido
na cidade de Amsterdam (Holanda) em 2022. Um homem bem armado e com um colete
supostamente com bombas, invade a loja da Apple Store, localizada na praça
Leidseplein, uma das mais movimentadas e importantes de Amsterdam. Ele faz
inúmeros reféns, muitos deles no andar superior, quatro trancados numa despensa
e apenas um diretamente com ele, um cidadão búlgaro que está em viagem de trabalho na
cidade. Uma psicóloga da polícia é designada para negociar com o sequestrador –
que depois seria identificado como o imigrante sírio Abdel Rahman Akkad, de 27
anos. Para liberar os reféns, ele exige a absurda quantia de 200 milhões de euros
em criptomoedas e um veículo blindado para sua fuga. Se não for atendido, ameaça explodir o prédio. O sequestro se arrasta por
angustiantes 5 horas, envolvendo negociações bastante tensas, o que contribuiu
para manter o suspense do começo ao fim. Achei muito interessante a abordagem dada
aos efeitos psicológicos traumáticos que atingiram alguns dos principais
participantes do evento, tanto os reféns quanto o pessoal da polícia. Sem
dúvida, um dos melhores lançamentos da Netflix em 2025. Imperdível!
sábado, 19 de abril de 2025
“CONCLAVE”, 2024,
coprodução Inglaterra/Estados Unidos, 2h00m, em cartaz no Prime Vídeo, direção
do cineasta alemão Edward Berger (“Nada de Novo no Front”), seguindo roteiro
assinado por Peter Straughan. Indicado ao Oscar 2025 em oito categorias (ganhou
a de “Melhor Roteiro Adaptado” e vencedor de vários prêmios no Globo de Ouro e
no BAFT, o Oscar inglês), “Conclave” desnuda os bastidores de uma votação para
a escolha do novo papa. É sabido que a escolha do papa é um dos eventos mais
secretos do mundo. No filme, o personagem central é o cardeal Thomas Lawrence
(Ralph Fiennes), encarregado de organizar o conclave por indicação do papa antes de morrer. O espectador é conduzido pelos meandros do Vaticano, acompanhando os conchavos e as intrigas entre os
cardeais, alguns deles assumindo a ambição de ser o novo papa. Administrar toda
essa situação leva o cardeal Thomas a um grande estresse, o que o faz rever até
mesmo a própria fé. O polêmico desfecho não agradou as autoridades eclesiásticas,
merecendo críticas contundentes. Realmente, o final apresenta uma situação
chocante para os católicos que, como eu, também não gostaram. Completam o
elenco Stanley Tucci, John Lithgow, Carlos Diehz, Sergio Castellitto e Isabella
Rossellini, esta última indicada ao Oscar 2025 na categoria “Melhor Atriz
Coadjuvante”, o que achei um absurdo, já que ela pouco aparece no filme. Como
se vê, o elenco é um dos grandes trunfos do filme. Os cenários, construídos no
estúdio de cinema Cinecittà, nos arredores de Roma, também são incríveis, reproduzindo até mesmo detalhes artísticos da Capela Sistina. Para
escrever o livro homônimo em 2016 que deu origem ao roteiro do filme, o
romancista inglês Robert Harris fez uma acurada pesquisa sobre os bastidores de
um conclave, tendo entrevistado, inclusive, um cardeal que participou da última
votação. Trocando em miúdos, “Conclave” é um grande filme que chega ao streaming
em 2025. Imperdível!