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quarta-feira, 3 de setembro de 2025

  

“CÚPULA DO CAOS” (“RUMOURS”), 2024, coprodução Alemanha/Canadá, 1h58m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro de Evan Johnson e direção de Guy Maddin e Galen Johnson. O filme é um verdadeiro exemplar do nonsense – sem sentido, disparate, besteira ou algo sem coerência. Enfim, um filme maluco. Concordo plenamente e, para amenizar um pouco esse contexto, acrescento que se trata de uma sátira política, uma paródia, uma comédia de humor negro. Reunidos para mais uma cúpula anual do G7 (Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Itália, França e Japão), desta vez na Alemanha, os representantes desses países prometem discutir a crise global e elaborar um documento conjunto com propostas para resolver os problemas mundiais. Depois de fotos para a imprensa, eles se isolam num bosque para discutir os grandes problemas da humanidade. É aqui que surgem as situações mais bizarras, verdadeiramente surreais. Não vou relatá-las para não estragar as inúmeras surpresas que acontecem. O elenco é de primeira: Cate Blanchett, Denis Menochet, Roy Dupuis, Charles Dance, Takehiro Hira, Nikki Amuka-Bird, Rolando Ravello, Zlatko Buric e Alicia Vikander. Trocando em miúdos, o filme não tem pé nem cabeça, tronco e membros, concebido para causar polêmica e irritar o espectador. Por incrível que pareça, eu até dei algumas risadas, mas a sensação foi a de que mentes insanas foram responsáveis pelo filme.    

terça-feira, 2 de setembro de 2025

“NÃO SE MEXA” (“DON’T MOVE”), 2024, Estados Unidos, 1h32m, em cartaz na Netflix, direção de Adam Schindler e Brian Netto, seguindo roteiro assinado por T. J. Cimfel e David White, produzido por Sam Raimi, diretor de “Uma Noite Alucinante”. Fazia algum tempo que eu não via um suspense tão bom, apesar de ser uma produção enxuta e claramente independente. Praticamente o filme inteiro apenas dois personagens participam da trama, vivendo situações angustiantes de muita tensão. Começa o filme e vemos uma jovem mulher visitando o local onde seu filho morreu, num canto de floresta da Califórnia. Um  homem entra em cena e, conversa vai conversa vem, acaba convencendo a moça a desistir de um ato trágico. O que aparentemente possa parecer o início de uma amizade, pelo contrário, é o começo de uma série de demonstrações da mais alta psicopatia. Isso mesmo, o sujeito é um psicopata. Resumindo a história: o cara injeta uma substância paralisante que fará efeito dali a 20 minutos, o que deixará a moça sem ação por um longo período. Ela precisa fugir antes que comece os efeitos. O que ela vai sofrer até o final do filme deixará o espectador grudado na poltrona, o que tem tudo a ver com o título. A vítima é a atriz Kelsey Asbille, de “Terra Selvagem” e da série “Yellowstone”. O vilão é o ator Finn Wittrock, de “Uma Garota de Muita Sorte”. Trocando em miúdos, “Não se Mexa” é um suspense de primeira. Não perca. ,

domingo, 31 de agosto de 2025

“O BRUTALISTA” (“THE BRUTALIST”), 2024, coprodução Estados Unidos/Hungria/Inglaterra, 3h36m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Brady Corbet (de “Vox Lux”, “Violência Gratuita” e da série “Entre Estranhos”), que também assina o roteiro com Mona Fastvold. Vencedor de três estatuetas do Oscar 2025, além dos principais prêmios no Festival de Veneza, no BAFTA (o Oscar inglês), e no Globo de Ouro, o filme é uma verdadeira obra de arte cinematográfica, um épico deslumbrante. Tudo bem que não é um filme para qualquer público. A história começa nos anos 40, quando o arquiteto visionário húngaro judeu László Toth (Adrien Brody) consegue fugir de um campo de concentração nazista e viaja para os Estados Unidos, onde o espera seu primo Attila (Alessandro Nivola). Estabelecido na Pensilvânia, László logo cai nas graças do rico industrial Harrison Van Buren (Guy Pearce), para quem passa a trabalhar num grande projeto: um centro comunitário com biblioteca, teatro, ginásio e uma capela. Enquanto isso, aguarda a chegada da esposa Erzsébet (Felicity Jones) e a sobrinha Zsófia (Raffey Cassidy), ambas resgatadas de um campo de concentração nazista. Ou seja, gente que sofreu muito durante o conflito mundial e que não encontraria muita facilidade no Tio Sam. Completam o excelente elenco Emma Laird, Joe Alwyn, Stacy Martin, Mark Rylance, Isaach de Bankolé, Johathan Hyde e Salvatore Sansone. Das dez indicações que recebeu ao Oscar 2025, o filme ganhou apenas três: Melhor Ator (Brody), Melhor Trilha Sonora Original (Daniel Blumberg) e Melhor Fotografia (Lol Crawley). Pouco para um grande filme, na minha opinião, o melhor de 2024. Perder para “Anora” foi uma injustiça. Só para acrescentar uma informação, Brutalista refere-se ao arquiteto que adota o Brutalismo, estilo arquitetônico que utiliza o concreto como principal componente. Também importante destacar que o personagem fictício László Toth foi inspirado na trajetória do arquiteto judeu Marcel Lajos Breue, adepto do estilo nos anos 40. “O Brutalista” é imperdível para quem curte cinema de altíssima qualidade.