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sexta-feira, 27 de junho de 2025

“NEFARIOUS”, 2023, Estados Unidos, 1h37m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Cary Solomon e Chuck Konzelman. Grata surpresa este ótimo terror psicológico, baseado no livro “A Nefarious Plot” (“Nefarious: O Plano Maligno”) livro de 2016 escrito por Steve Deace. Vamos à história. No dia da sua execução, marcada para as 23 horas, o serial killer Edward Wayne Brady deve passar por uma última avaliação psiquiátrica. Caso seja considerado doente mental, escapará da cadeira elétrica. A avaliação fica a cargo do psiquiatra James Martin (Jordan Belfi) - o psiquiatra que atendia o preso se suicidou. Dr. Martin conversa com o preso tentando descobrir sua verdadeira situação psicológica. Os dois começam a dialogar e Edward parece estar possuído por uma entidade demoníaca, o Nefarious do título. De início, o psiquiatra acha que ele está fingindo, mas se surpreenderá com os fatos que virão à tona logo depois. O embate entre os dois é o maior trunfo do filme, com diálogos em que eles discutem filosofia, humanidade, história e religião, entre outros, temas que Edward - ou Nefarious – demonstra conhecer a fundo. Outro destaque que não se pode negar é o desempenho impressionante do ator Sean Patrick Flanery, tanto falando como o demônio como na pele do serial killer acusado de pelo menos 7 assassinatos, confessando outros quatro para o psiquiatra. Aos 59 anos, Flanery tem um extenso currículo no cinema, embora tenha atuado em filmes pouco convincentes como “Frank & Penelope”, “Nascido para Vencer” e “Energia Pura”, só para citar alguns. Mesmo ambientado em apenas um cenário, ou seja, uma sala de interrogatório, o filme mantém um nível de tensão que prende o espectador na beira da poltrona do começo ao desfecho. Dessa forma, “Nefarious” demonstra que ainda há vida inteligente no cinema independente norte-americano. IMPERDÍVEL, assim mesmo, com letras maiúsculas.       

 

quarta-feira, 25 de junho de 2025

“ATÉ A ÚLTIMA GOTA” (“STRAW”), 2025, Estados Unidos, 1h48m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Tyler Perry. Imagine você acordar e logo receber a notícia de que vai ser despejada por falta de pagamento. Assim começou o dia de Janiyah Witkins (Taraji P. Henson), uma mãe solteira prestes também a perder o emprego cujo salário mal dá para sobreviver e pagar os remédios da filha doente. Já à beira de um ataque de nervos, ela ainda enfrentará muitos problemas, como se envolver numa confusão de trânsito com um policial e ainda ser acusada de assalto. E pior, de homicídio. Desesperada, ela entra na sua agência bancária para descontar um cheque, o que lhe é negado. É a gota d’água (ou a última gota do título) para ela se armar com uma pistola e ameaçar todo mundo, mobilizando a polícia local, a SWAT e até o FBI. O filme lembra muito “Um Dia de Fúria”, com Michael Douglas, um grande sucesso de 1993. A tensão predomina do começo ao desfecho, destacando a excelente atuação da atriz Taraji P. Henson, comprovando a mesma competência que já demonstrou em outros filmes, como o ótimo  “Estrelas Além do Tempo”, (2016), “Proud Mary” (2018) e “A Cor Púrpura” (2023), entre outros. Embora eu tenha gostado de “Até a Última Gota”, me incomodou de novo o fato do cineasta Tyler Perry escalar praticamente todo o elenco com atores negros, embora na maioria dos seus filmes, inclusive neste, ele introduz sempre a questão do racismo nos Estados Unidos, quando quase todas as atrizes apareçam com os cabelos alisados, uma incoerência constante de Perry.                    

segunda-feira, 23 de junho de 2025

 


A SOGRA (PRISLA V NOCI), 2023, República Tcheca, 1h27m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção dos cineastas Tomas Pavlicek e Jan Vejnar. Trata-se de uma ótima comédia, pelo menos para quem tem ou teve uma sogra legal. Para os que têm ou tiveram uma sogra chata e invasiva, o filme pode ser encarado como de puro terror. De mala e cuia, a viúva sessentona Valerie (Simona Peková) chega de surpresa à casa do filho Jirka (Jirí Rendl), pedindo para passar uma noite. Se fosse apenas uma noite já teria sido um horror, mas a mulher foi ficando, ficando... De início, Aneta (Annette Nesvadbova), esposa de Jirka, teve pena da sogra e se esforçou para agradá-la. Ledo (Ivo) engano. Valerie começou a interferir no dia a dia do jovem casal, mudando os objetos de lugar, sujando a cozinha e ocupando o banheiro por horas, além de invadir o quarto do casal bem na hora do sexo. Não bastasse, passou a jogar na cara do filho que o apartamento ainda era dela, embora seu falecido marido tenha doado a Jirka, além de dar ordens e convidar gente estranha para dentro de casa. Confusão instalada, Jirka e Aneta começaram a se desentender, sem saber como se livrar da velha. O filme é bem divertido, embora o desfecho seja um tanto incompreensível e mal acabado, mas nem isso prejudicou o resultado final. Recomendo.                      

domingo, 22 de junho de 2025

 

EXPIAÇÃO (SWIETY), 2023, coprodução Polônia/Hungria, 1h45m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Sebastian Buttny. Trata-se de um suspense policial com pano de fundo político e religioso. A história é baseada em fatos reais, ou seja, as consequências do roubo da estátua de Santo Adalberto na catedral da cidade de Gniezno, na Polônia. O ano é 1986 e o caso teve grande repercussão no país, pois Santo Adalberto, também conhecido como Wojciech, foi uma figura central na história do país, um missionário e bispo célebre por difundir o cristianismo entre os povos eslavos no século 10. O tenente Andrzej Baran (Mateusz Kosciukiewicz), da Milícia dos Cidadãos, ficou encarregado de investigar a autoria do roubo. Durante o seu trabalho, porém, ele começou a receber pressão de setores da Igreja, autoridades policiais e do governo comunista por intermédio do Ministério da Segurança Pública (SB), o equivalente polonês da KGB. Até o desfecho o espectador acompanhará todo o trabalho do tenente Andrzej, suas idas e vindas ao local do roubo e ainda uma série de interrogatórios que o ajudarão na solução do caso. Uma das cenas mais poderosas do filme é aquela em que acontece a reconstituição do roubo, acompanhada por policiais, padres, imprensa e centenas de devotos do Santo Adalberto. O roteiro não facilita o entendimento da história para o espectador, tornando EXPIAÇÃO um filme não destinado ao grande público, mas é muito interessante e bem feito.