“NEFARIOUS”, 2023,
Estados Unidos, 1h37m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Cary
Solomon e Chuck Konzelman. Grata surpresa este ótimo terror psicológico, baseado
no livro “A Nefarious Plot” (“Nefarious: O Plano Maligno”) livro de 2016
escrito por Steve Deace. Vamos à história. No dia da sua execução, marcada para
as 23 horas, o serial killer Edward Wayne Brady deve passar por uma última
avaliação psiquiátrica. Caso seja considerado doente mental, escapará da
cadeira elétrica. A avaliação fica a cargo do psiquiatra James Martin (Jordan
Belfi) - o psiquiatra que atendia o preso se suicidou. Dr. Martin conversa com o preso tentando descobrir sua
verdadeira situação psicológica. Os dois começam a dialogar e Edward parece
estar possuído por uma entidade demoníaca, o Nefarious do título. De início, o psiquiatra
acha que ele está fingindo, mas se surpreenderá com os fatos que virão à tona
logo depois. O embate entre os dois é o maior trunfo do filme, com diálogos em
que eles discutem filosofia, humanidade, história e religião, entre outros, temas que Edward
- ou Nefarious – demonstra conhecer a fundo. Outro destaque que não se pode
negar é o desempenho impressionante do ator Sean Patrick Flanery, tanto falando
como o demônio como na pele do serial killer acusado de pelo menos 7 assassinatos, confessando
outros quatro para o psiquiatra. Aos 59 anos, Flanery tem um extenso currículo
no cinema, embora tenha atuado em filmes pouco convincentes como “Frank & Penelope”,
“Nascido para Vencer” e “Energia Pura”, só para citar alguns. Mesmo ambientado em apenas um cenário,
ou seja, uma sala de interrogatório, o filme mantém um nível de tensão que
prende o espectador na beira da poltrona do começo ao desfecho. Dessa forma, “Nefarious”
demonstra que ainda há vida inteligente no cinema independente norte-americano. IMPERDÍVEL,
assim mesmo, com letras maiúsculas.
Páginas
sexta-feira, 27 de junho de 2025
quarta-feira, 25 de junho de 2025
“ATÉ A ÚLTIMA GOTA” (“STRAW”), 2025,
Estados Unidos, 1h48m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Tyler Perry.
Imagine você acordar e logo receber a notícia de que vai ser despejada por falta de pagamento. Assim
começou o dia de Janiyah Witkins (Taraji P. Henson), uma mãe solteira prestes
também a perder o emprego cujo salário mal dá para sobreviver e pagar os remédios da filha
doente. Já à beira de um ataque de nervos, ela ainda enfrentará muitos
problemas, como se envolver numa confusão de trânsito com um policial e ainda
ser acusada de assalto. E pior, de homicídio. Desesperada, ela entra na sua agência
bancária para descontar um cheque, o que lhe é negado. É a gota d’água (ou a
última gota do título) para ela se armar com uma pistola e ameaçar todo mundo,
mobilizando a polícia local, a SWAT e até o FBI. O filme lembra muito “Um Dia
de Fúria”, com Michael Douglas, um grande sucesso de 1993. A tensão predomina do
começo ao desfecho, destacando a excelente atuação da atriz Taraji P. Henson,
comprovando a mesma competência que já demonstrou em outros filmes, como o ótimo “Estrelas
Além do Tempo”, (2016), “Proud Mary” (2018) e “A Cor Púrpura” (2023), entre
outros. Embora eu tenha gostado de “Até a Última Gota”, me incomodou de novo o fato
do cineasta Tyler Perry escalar praticamente todo o elenco com atores negros,
embora na maioria dos seus filmes, inclusive neste, ele introduz sempre a
questão do racismo nos Estados Unidos, quando quase todas as atrizes apareçam
com os cabelos alisados, uma incoerência constante de Perry.
segunda-feira, 23 de junho de 2025
domingo, 22 de junho de 2025
EXPIAÇÃO (SWIETY), 2023, coprodução Polônia/Hungria, 1h45m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e
direção de Sebastian Buttny. Trata-se de um suspense policial com pano de fundo
político e religioso. A história é baseada em fatos reais, ou seja, as
consequências do roubo da estátua de Santo Adalberto na catedral da cidade de
Gniezno, na Polônia. O ano é 1986 e o caso teve grande repercussão no país,
pois Santo Adalberto, também conhecido como Wojciech, foi uma figura central na
história do país, um missionário e bispo célebre por difundir o cristianismo
entre os povos eslavos no século 10. O tenente Andrzej Baran (Mateusz
Kosciukiewicz), da Milícia dos Cidadãos, ficou encarregado de investigar a
autoria do roubo. Durante o seu trabalho, porém, ele começou a receber pressão de
setores da Igreja, autoridades policiais e do governo comunista por intermédio
do Ministério da Segurança Pública (SB), o equivalente polonês da KGB. Até o
desfecho o espectador acompanhará todo o trabalho do tenente Andrzej, suas idas e
vindas ao local do roubo e ainda uma série de interrogatórios que o ajudarão na
solução do caso. Uma das cenas mais poderosas do filme é aquela em que acontece
a reconstituição do roubo, acompanhada por policiais, padres, imprensa e centenas de
devotos do Santo Adalberto. O roteiro não facilita o entendimento da história para o espectador, tornando EXPIAÇÃO um filme não destinado ao grande público, mas é
muito interessante e bem feito.