Páginas

sábado, 29 de março de 2025

“EM EMERGÊNCIA” (“EMERGENCY”), 2025, Índia, 2h26m, em cartaz na Netflix, direção de Kangana Ranaut, que também escreveu o roteiro com a colaboração de Ritesh Xá. O roteiro utilizou como base os livros “The Emergency”, de Coomi Kapoor, e “Priyadarshini”, de Jaiyanth Sinho. Superprodução de Bollywood centrada na vida de Indira Gandhi (1917-1984), personagem de grande importância na história política da Índia num período bastante conturbado. O filme acompanha a vida de Indira desde 1929, ao mesmo tempo em que abre espaço para os principais fatos que aconteceram no país, como sua Independência, a guerra indo-chinesa, a crise de Assam em 1962, a guerra indo-paquistanesa em 1971, culminando com o assassinato de Indira, em 1984, por um de seus seguranças. O título do filme refere-se ao período entre 1975 e 1977, quando Indira declarou estado de emergência no país, suspendeu liberdades civis e enfrentou oposição interna e internacional. Isso tudo como pano de fundo, o roteiro acompanha a ascensão de Indira no campo político, destacando o período em que foi primeira-ministra. A atriz Kangana Ranaut, que fez o papel de Indira e dirigiu o filme, também é integrante do parlamento indiano. Ela é bonita e ótima atriz, mas não achei boa sua performance como Indira. Ela utilizou nariz postiço e peruca de mechas brancas, mas seu semblante jovial e sua beleza a traíram. De qualquer forma, o filme é muito bom como registro histórico.   

quinta-feira, 27 de março de 2025

 

“DUPLICIDADE” (“TYLER PERRY’S DUPLICITY”), 2025, Estados Unidos, 1h49m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Tyler Perry. Trata-se de um drama policial com muito suspense e reviravoltas. A “Duplicidade” do título diz respeito à falsidade de alguns personagens, os famosos “lobos em pele de cordeiro”, gente de duas caras. Quando um negro é assassinado por um policial branco, Los Angeles se transforma num barril de pólvora, com revoltas, depredações e manifestações antirracistas. A vítima é Rodney Blackburn (Joshua Adeyeye), não por acaso o mesmo nome daquele negro morto por policiais em 2012 (Rodney King). A vítima era marido de Fela Blackburn (Meagan Tandy), uma apresentadora popular de um programa jornalístico de TV. A advogada Marley Wells (Kat Graham), amiga da viúva, resolve comprar a briga e levar o policial branco às barras da Justiça. No meio do caminho, porém, começam a aparecer indícios de que há algo de muito errado acontecendo, culminando com algumas reviravoltas que mudam todo o rumo da história e um desfecho pra lá de surpreendente. O diretor Tyler Perry mantém o estilo que caracteriza a maioria de seus filmes, denunciando sempre o racismo da sociedade branca do Tio Sam e colocando os negros como seres superiores. Uma evidência disso é que as atrizes negras são todas lindas, a cada cena parecendo ter saído de um salão de beleza, maquiadas e super bem vestidas. Os atores negros são bonitos, sarados e também vestidos com capricho. Todo esse estilo está em filmes do diretor como “Divórcio em Família” e “Batalhão 6888”, entre tantos outros. Resumo da ópera: entre erros e acertos, “Duplicidade” não decepciona, mas fica longe de merecer uma recomendação entusiasmada.     

quarta-feira, 26 de março de 2025

 

“O SILÊNCIO DE MARCOS TREMMER” (“EL SILENCIO DE MARCOS TREMMER”), 2024, coprodução Espanha/Uruguai, 1h52m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Miguel García de La Calera, seguindo roteiro assinado por Javier Dampierre e Ricardo Urroz. Drama sensível e comovente tendo como principal protagonista o publicitário Marcos Tremmer (Benjamín Vicuña), que um dia recebe a chocante notícia de que está com um câncer terminal. Com a cumplicidade do irmão médico, ele esconde a doença da esposa Lucía (Adriana Ugarte), que acabara de passar por um luto doloroso por causa da morte da irmã. Com o prognóstico de poucos meses de vida, Marcos resolve mudar seu comportamento em relação a Lucía, passando a tratá-la mal para que ela não sofra com sua morte. Além disso, ele deseja que Lúcia seja feliz com outro homem. Claro que Marcos sofre muito com a situação, pois ama demais Lucía, com quem é casado há 7 anos. Marcos consegue o objetivo de magoar a esposa, mas uma reviravolta inesperada perto do desfecho muda toda a situação. Completam o elenco Mirta Busnelli, Félix Gomez e Daniel Hendler. Recomendo.

segunda-feira, 24 de março de 2025

 

“GEORGE FOREMAN: SUA HISTÓRIA” (“BIG GEORGE FOREMAN”), 2023, Estados Unidos, 2h9m, direção de George Tillman Jr. (“Notorious”, “Homens de Honra”), também autor do roteiro com Dan Gordon e Frank Baldwin. Quando soube da morte de George Foreman, no dia 21 de março, naquela semana mesmo eu havia resolvido assistir a este filme biográfico daquele que é considerado um dos maiores lutadores de boxe do século XX, bicampeão mundial dos pesos pesados. E com um fato inusitado: sua segunda conquista foi aos 45 anos. O filme conta sua história desde a infância, adolescência e juventude, mostrando um jovem raivoso que partia para briga a qualquer hora. Até que apareceu em sua vida Doc Broadus (Forest Whitaker), técnico de boxe que viu naquele rapaz um potencial enorme para lutar profissionalmente. Foreman (Khris Davis) enfrentou os melhores lutadores da época, como o genial Muhammad Ali, Archie Moore, Sonny Liston, Joe Frazier e Evander Holyfield. As cenas de luta são ótimas – algumas das quais reproduzidas com flashes das verdadeiras. O roteiro também dá espaço para a conturbada vida particular de Foreman, a pobreza na infância, sua opção de abandonar os ringues para trabalhar como pastor e depois como empresário. O filme é excelente, com um primoroso roteiro e um elenco de primeira. Não precisa gostar de boxe para curtir este ótimo filme biográfico. Imperdível!   

domingo, 23 de março de 2025

 

“FÚRIA” (“RABID”), 2019, Canadá, 1h50m, em cartaz na Prime Vídeo, direção das irmãs Jen e Sylvia Soska, que também assinam o roteiro com John Serge. O filme é um remake de “Enraivecida na Fúria do Sexo” (o título original também era “Rabid”), filme de 1977 dirigido pelo polêmico e veterano cineasta canadense David Cronenberg, pelo qual as irmãs gêmeas cineastas confessam enorme admiração. Pois foi seguindo o estilo de terror típico dos filmes de Cronenberg (“Crash: Estranhos Prazeres”, “A Mosca”, entre tantos outros) que elas realizaram “Fúria”. Vamos à história: a recatada Rose (Laura Vandervoort) trabalha como estilista no estúdio de moda do afetado Gunter (Mackenzie Gray). Quando sofre um acidente de moto, ela fica totalmente desfigurada, perdendo parte do rosto na altura da boca. Desesperada, Rose ingressa como paciente voluntária em uma clínica que oferece um tratamento radical e experimental com células-tronco não testadas. Um risco e tanto, mas ela encara o desafio com muita coragem. O resultado é milagroso, pois Rose volta a ter o seu antigo rosto bonito, mas as sequelas são terríveis. Até a metade de sua duração, “Fúria” parece bastante promissor, preservando um cenário de suspense muito bem elaborado. Da metade para o fim, porém, o filme descamba para um terror de corpos estraçalhados, deformados e outras aberrações. Trocando em miúdos, “Fúria” tem tudo para agradar quem gosta de ver sangue jorrando na tela.