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sábado, 22 de março de 2025

 

“A CONTADORA DE FILMES” (“LA CONTADORA DE PELÍCULAS”), 2023, coprodução Chile/Espanha/França, direção da cineasta dinamarquesa Lone Scherfig, seguindo roteiro assinado por Walter Salles (ele mesmo, o diretor de “Ainda Estou Aqui”), Rafa Russo e Isabel Coixet, adaptado do romance homônimo escrito pelo novelista e poeta chileno Hernán Rivera Letelier. Trata-se de mais uma bela, sensível e tocante homenagem ao cinema. A história é centrada numa família que vive numa pequena cidade no deserto do Atacama (Chile), cuja maioria dos habitantes trabalha em uma mina de salitre chefiada por Nansen, papel do ator Daniel Brühl. Medardo (o ator espanhol Antonio de La Torre) e Maria Magnolia (Bérénice Bejo, atriz argentina radicada na França) e seus quatro filhos vão ao cinema todos os domingos. Maria Margaríta (quando criança, Alontra Valenzuela, e quando jovem, interpretada por Sara Becker), é a mais nova dos quatros irmãos e a que mais curte os filmes exibidos pelo pequeno cinema da cidade, a maioria deles de Hollywood. O programa familiar de domingo, porém, seria prejudicado depois que Medardo sofre um acidente e fica impossibilitado de trabalhar, afetando a situação financeira da família. Para economizar, o casal resolve comprar apenas um ingresso para as sessões de cinema no domingo e a escolhida para assistir é Maria Margaríta, pois ela sempre demonstrou capacidade para reproduzir as falas dos atores, descrever as situações e interpretar a história. Sua fama de “contadora de filmes” chegou aos vizinhos, que, em sessões especiais, acompanhavam com toda atenção o desempenho da menina. E assim segue a história, acompanhando a família desde o final dos anos 50, percorrendo a década de 60 e chegando ao final em 1973, quando um golpe militar depôs o presidente Salvador Allende. “A Contadora de Filmes” é mais um daqueles filmes para ficar do lado esquerdo do peito de qualquer cinéfilo, como tantos outros filmes que também homenagearam o cinema, entre os quais considero “Cinema Paradiso” o melhor de todos.   

quarta-feira, 19 de março de 2025

“ADOLESCÊNCIA” (“ADOLESCENCE”), 2025, Inglaterra, minissérie da Netflix em 4 episódios, direção de Philip Barantini (“Enola Holmes 3”, “O Chef”, “Villain”) em 4 episódios, criação e roteiro de Stephen Graham (ator da minissérie) e Jack Thorne. Acusado de ter assassinado uma colega de escola, o adolescente Jamie Miller (Owen Cooper, em sua estreia como ator), de 13 anos, é preso em casa e levado à delegacia. O jovem é interrogado pelos detetives Luke Bascomber (Ashley Waters) e Misha Frank (Faye Marsay), teimando sempre que não cometeu o assassinato. Eddie (Stephen Graham) e Manda (Christine Tremarco), os pais de Jamie, além da sua irmã também adolescente Lisa (Amelie Pease), também afirmam ter certeza de que o menino é inocente. Os policiais buscam testemunhas entre os colegas de colégio, sugerindo que entre eles possa estar o verdadeiro assassino ou talvez um cúmplice ou uma testemunha. Até que um vídeo acaba mostrando toda a verdade. Evidente que não vou dar nenhum spoiler sobre o que acontece no final da história. O que posso garantir é que a minissérie é excelente, muito acima da média de outras do gênero, mas exige uma certa paciência por parte do espectador, já que o roteiro se baseia em diálogos, muitos dos quais de fundo psicológico, tentando saber o que se passa na cabeça dos adolescentes da atual geração. O longo diálogo entre o jovem acusado e a psicóloga Briony (Erin Doherty) é bastante esclarecedor. A grande sacada do diretor foi filmar cada episódio num único plano-sequência, sem cortes, fazendo com que vários personagens apareçam na próxima cena cruzando com aqueles que estavam na cena anterior. Uma aula de cinema, um achado que acabou se constituindo em um dos principais trunfos desta minissérie, além do excelente elenco. Não perca!    

domingo, 16 de março de 2025

“LEE MILLER: NA LINHA DE FRENTE” (“LEE”), 2023, Inglaterra, em cartaz na Prime Vídeo, 1h57m, direção de Ellen Kuras, seguindo roteiro assinado por Liz Hannah e John Collee. A história é baseada em fatos reais da vida da norte-americana Elizabeth “Lee” Miller (1907-1977), que ficou famosa como modelo,  fotógrafa e correspondente de guerra. O filme retrata Lee Miller desde a época em que foi modelo – década de 30 – e logo em seguida fotógrafa de moda da revista Vogue francesa e correspondente de guerra no final da Segunda Guerra Mundial. Ela ficou famosa depois de cobrir a libertação de Paris dos nazistas em 1944 e pelas fotografias chocantes que fez nos campos de concentração de Buchenwald e Dachau, na Alemanha. A foto dela tomando banho na banheira particular de Hitler, tirada por seu amigo também fotógrafo David Scherman, ficou ainda mais famosa. Além dessa incrível história, o filme conta com um elenco de primeira linha, a começar pela a atriz inglesa Kate Winslet como Lee Miller – por esse papel, foi indicada ao Globo de Ouro –, além de Marion Cottilard, Andy Samberg, Alexander Skarsgard, Andrea Riseborough, Noèmie Merlant, Enrique Arce, Josh Connor e Samuel Barnett. Como informação adicional, lembro que o roteiro foi baseado no livro “The Lives of Lee Miller”, de 1985, escrito por Antony Penrose, filho de Lee e Roland Penrose. Resumo da ópera: um filmaço!