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sábado, 15 de fevereiro de 2025

 

“O ASSASSINO DO CALENDÁRIO” (“DER HEIMWEG”), 2024, Alemanha, 1h37m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Adolfo J. Kolmerer, seguindo roteiro assinado por Susanne Schneider. A história é baseada no livro “Walk Me Home”, best-seller escrito por Sebastian Fitzek. Jules (Sabin Tambrea), atendente de um serviço telefônico de apoio à segurança de mulheres solitárias a caminho de suas casas à noite e de madrugada, recebe a ligação de uma mulher desesperada que diz estar sendo seguida pelo Assassino do Calendário. Ela se identifica como Klara (Luise Heyer) que, depois ficaremos sabendo, é esposa de Martin (Friedrich Mücke), um funcionário do alto escalão do governo alemão prestes a ser nomeado secretário. Martin costuma agredir Klara, além de colocá-la frequentemente em situações constrangedoras, como numa ida a um clube exclusivo, onde ela é agredida e estuprada. Enquanto conversa com Jules, Klara é perseguida por um homem misterioso cuja identidade só será revelada ao espectador no desfecho. Confesso que não entendi grande parte da história e a motivação dos personagens com relação às suas atitudes. A fotografia, sombria e escura o tempo todo, também dificulta o entendimento e torna o filme ainda mais desagradável. Isso mesmo, desagradável, angustiante e incompreensível. Faço uma exceção à ótima atuação da jovem atriz Luise Heyer, talvez o único ponto positivo desse suspense alemão. Não vou recomendar, ressaltando, porém, que a democracia também faz parte do cinema: assiste quem quiser.                     

 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

“BOA SORTE, LEO GRANDE” (“GOOD LUCK TO YOU, LEO GRANDE”), 2022, Inglaterra, 1h37m, em cartaz na Netflix, direção da cineasta australiana Sophie Hyde, seguindo roteiro assinado por Katy Brand. Imagine um filme com apenas dois protagonistas em cena. O cenário é um quarto de hotel. A professora aposentada Nancy Stokes (Emma Thompson) contrata o garoto de programa Leo Grande (Daryl McCormack). O primeiro encontro serve mais para os dois se conhecerem melhor através de muita conversa, confidências e desabafos, quase uma sessão de terapia. O sexo é o tema principal, já que ela relembra a falta dele num casamento morno, sem nenhuma emoção e nenhum orgasmo. Ele responde lembrando o relacionamento com a mãe, que até hoje não sabe que o filho é um garoto de programa. O sexo entre Nancy e Leo fica para o fim. No segundo encontro, no mesmo quarto de hotel, o papo rola com mais desenvoltura, mas o encontro não acaba bem. No terceiro encontro, depois de muita conversa, eles, principalmente ela, se entrega totalmente e é aqui que a veterana atriz inglesa mostra todo o seu enorme talento em algumas cenas que também exigiram muita coragem – cenas de nudez e sexo. Embora o filme mostre apenas um casal em cena do começo ao fim, em nenhum momento o espectador terá sono. Os diálogos são espertos, bem humorados, e os dois atores parecem estar bem à vontade. É um filme direcionado para um público adulto e, certamente, será melhor absorvido pelas mulheres de meia idade, que se colocarão na pele de Nancy. O filme recebeu indicações aos prêmios de Melhor Atriz e Melhor Ator no British Academy Film Awards. Emma Thompson também disputou o Globo de Ouro de Melhor Atriz. Resumo da ópera, trata-se de um filme no mínimo interessante que deve ser visto.                 

 

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

 

“CONSENTIMENTO” (“APRÈS LE SILENCE”), 2022, França, 1h30m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Jérôme Cornuau (“Chic!”, “Brigadas do Tigre”, “Dissonances”), seguindo roteiro assinado por Raphaëlle Roudaut. A temática do filme é das mais atuais: o assédio sexual, o sexo sem consentimento, ou seja, o estupro. A história é baseada em fatos reais. A professora Marina (Caroline Anglade) vai à polícia denunciar o ex-marido Gregory (Clovis Cornillac), com o qual teve o filho Tom, por violência sexual. Sem apresentar testemunhas, o caso acaba virando “Minha palavra contra a dele”, e o caso é arquivado. Mas Marina segue em frente, ainda mais depois que Gregory ameaça entrar na Justiça com pedido de guarda total de Tom, alegando insanidade mental da ex-mulher e também o fato dela estar desempregada e, portanto, sem conseguir sustentar o filho. Marina tentará de todas as maneiras comprovar sua denúncia, nem que para isso recorra a uma ex-namorada de Gregory, Samia (Samira Laccab) e a atual dele, Chloe (Alice David). O espectador, e, principalmente, a espectadora, aguarda com ansiedade o desfecho do caso. Será que Marina está mentindo? Antes dos créditos finais é apresentado um balanço dos casos de assédio sexual e estupro na França. O filme foi produzido e exibido pela France Télévisions. Não confundir com outro filme francês, este de 2023, também intitulado “Consentimento” (“Le Consentement”).               

 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

“REALITY”, 2023, Estados Unidos, 1h23m, em cartaz na Netflix, direção de Tina Satter, que também assina o roteiro com a colaboração de James Paul Dallas. Baseada em fatos reais, trata-se de uma adaptação para o cinema da peça de teatro “In This a Room”, escrita por Tina Satter e encenada, com grande sucesso, na Broadway. É quase um documentário, restrito à sala de uma casa, onde os agentes Garrick (Josh Hamilton) e Taylor (Marchánt Davis), do FBI, em 2017, interrogam Reality Winner (Sydney Sweeney), suspeita de fornecer informações confidenciais do governo dos EUA para o site de notícias “The Intercept”. O interrogatório foi gravado e sua transcrição integral serviu como base para o texto da peça e do filme. Os diálogos do interrogatório exigem muita paciência do espectador. Chegam a ser enfadonhos na medida em que os agentes não vão direto ao ponto, ficam rodeando com perguntas aleatórias, tentando minar as defesas de Reality. Verdadeiro manual de persuasão psicológica do FBI. Ainda sobre a história de Reality Winner, presa por espionagem e traição, foi feito um filme em 2024 intitulado “A Informante” (“Winner), em cartaz na HBO Max, muito melhor e mais esclarecedor do que “Reality”. Na dúvida, vá de “A Informante”.           

domingo, 9 de fevereiro de 2025

 

“A ORDEM” (“THE ORDER”), 2024, coprodução EUA/Canadá, 1h56m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Justin Kurzel (“Nitram”, “Snowtown”), seguindo roteiro assinado por Zach Baylin. A história é baseada em fatos reais ocorridos no início da década de 80 narrados no livro “The Silent Brotherhood”, de Kevin Flynn e Gary Gerhardt. Encarregado de investigar uma série de assaltos a bancos, carros-fortes, falsificação de dinheiro e atentados à bomba na pequena cidade de Coeur D’Alene (Idaho) e outras cidades da região, o experiente agente do FBI Terry Husk (Judy Law) chega à conclusão de que os crimes estão sendo cometidos por supremacistas brancos integrantes de uma célula neonazista intitulada “A Ordem”. Auxiliado pelo detetive Jamie Bowen (Tye Sheridan) e sua equipe da polícia local, Husk tentará conter os criminosos, cujo principal objetivo é continuar promovendo assaltos e atentados mais violentos e até derrubar o governo federal. O grupo racista é chefiado por Bob Mathews (Nicholas Hoult, de “O Jurado nº 2”), um extremista fanático e violento. “A Ordem” é um filme com muita tensão e violência, conduzido de forma magistral pelo cineasta australiano Justin Kurzel. Garanto: é o melhor lançamento do ano, até agora, da Prime Vídeo. Não perca!