“CIDADE DE ASFALTO” (“ASPHALT
CITY”), 2023, Estados Unidos, 2h4m, em cartaz na Prime Vídeo,
direção do cineasta francês Jean Stéphane Sauvaire (“Johnny Mad Dog”), seguindo
roteiro assinado por Ben Mac Brown e Ryan King. A história toda é baseada no
livro “Black Flies”, escrito em 2008 por Shannon Burke. Se você está infeliz no
seu emprego e estressado é porque não assistiu a esse suspense, que mostra o
trabalho dos paramédicos – socorristas, aqui no Brasil – em Nova Iorque. O
personagem central é o jovem Ollie Cross (Tye Sheriden), que ingressa no grupo de
paramédicos enquanto se prepara para tentar o seu grande sonho, a faculdade de
medicina. Novato no trabalho, ele é escalado para o turno da noite/madrugada, e
como parceiro conta com o experiente Gene Rutkovsky (Sean Penn), que será o seu
tutor por um bom tempo. O trabalho não é fácil, principalmente quando são
chamados para atender emergências em bairros perigosos, como é o caso de
Brownsville, no Brooklyn. Aqui, a maioria dos atendimentos refere-se a feridos
em confronto de gangues, vítimas de overdose e outras ocorrências que nem
sempre terminam bem. A rotina estressante é apresentada no filme de forma bastante
realista, fazendo com que o espectador se sinta participante das cenas. Também
participam do elenco Michael Pitt (sempre em papéis de personagens
desagradáveis), Kali Reis, Raquel Nave, Katherine Waterston e Mike Tyson. Isso
mesmo, o grande lutador de boxe, que no filme desempenha o papel de chefe da
equipe de paramédicos. E olha que ele trabalhou direitinho. A primeira exibição
de “Cidade de Asfalto” aconteceu no Festival de Cannes 2023, mas a recepção por
parte dos críticos e do público não foi muito satisfatória. Eu gostei e
recomendo.
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sábado, 14 de dezembro de 2024
sexta-feira, 13 de dezembro de 2024
“TRÊS MULHERES – UMA ESPERANÇA”
(“LOST TRANSPORT”), em cartaz na Prime Vídeo, 2022, coprodução Holanda/Luxemburgo/Alemanha,
1h45m, roteiro e direção de Saskia Diesing, cineasta
alemã radicada na Holanda. A história, baseada em fatos reais, é ambientada na
primavera de 1945, nos estertores da Segunda Guerra Mundial. Como último
esforço de guerra, os nazistas tentaram transportar judeus da Bélgica, Holanda
e Polônia aprisionados no campo de concentração da Baixa Saxônia para o
interior da Alemanha. O objetivo era utilizar esses prisioneiros como moeda de
troca por soldados alemães presos pelo exército russo. No total, foram três
comboios, mas um deles não chegou ao seu destino, sendo abandonado perto do
vilarejo de Tröbitz. Ao mesmo tempo, tropas do exército russo chegavam à região
tentando organizar o problema, ou seja, garantir a sobrevivência dos judeus
libertados do comboio. A população alemã de Tröbitz foi obrigada a acolher e
alimentar os antigos prisioneiros em suas próprias casas. É nesse momento que uma
improvável amizade acontece entre três mulheres: a alemã Winnie (Anna
Bachmann), a oficial russa Vera (Eugénie Anselin) e a judia holandesa Simone
(Hanna Van Vliet). Winnie mora na casa em que se hospedam a judia e a oficial
russa. É justamente a relação entre essas mulheres que o roteiro coloca como
fio condutor da história. Embora o filme, falado em holandês, alemão e russo, adote
um tom dramático de novelão, vale a pena assisti-lo não só pelo fato histórico
relatado e pouco conhecido por aqui, mas também pela primorosa ambientação de
época.
quarta-feira, 11 de dezembro de 2024
“A INFORMANTE” (“WINNER”),
2024, coprodução Canadá/EUA, 1h52m, em cartaz na HBO Max, direção de Susanna
Fogel, que também assina o roteiro juntamente com Kerry Howley. Grata surpresa
este drama baseado em fatos reais. Depois de ter sido militar na Força Aérea
dos Estados Unidos, a jovem Reality Winner (Emilia Jones, ótima) foi trabalhar
como analista no Serviço de Inteligência da Agência de Segurança Nacional. Em 1916
ela foi acusada de vazar informações sobre a interferência russa nas eleições presidenciais
norte-americanas naquele ano, sendo presa pelo crime de traição à pátria. Quem
conviveu com a família da moça certamente adivinhou esse desfecho, pois Reality,
a exemplo do pai Ron (Zach Galifianakis), cresceu como ativista e defensora do
meio ambiente, dos direitos humanos, da justiça social e da democracia. Ou
seja, uma mulher politicamente correta. Também estão no elenco Connie Britton, Danny Ramirez e Kathryn Newton. O roteiro não deixou o filme descambar
para um drama, pois adotou um tom mais leve e bem humorado, diluindo a
gravidade dos eventos retratados, tornando o filme mais acessível e menos
impactante. Talvez este seja o único defeito do filme, já que a história
merecia um tratamento mais sério como drama político. De qualquer forma, “A Informante” consegue captar
a atenção do espectador do começo ao fim. Não perca.
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
“ECOS DO PASSADO” (“KALÁVRYTA 1943”), 2021,
Grécia, 1h39m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Nicholas Dimitropoulos, que
também assina o roteiro com Dimitrios Katsantonis. Dois motivos especiais me
motivaram a assistir a este filme grego. Primeiro, o fato histórico retratado,
baseado em fatos reais, ou seja, o massacre, por parte dos soldados nazistas,
contra a população do vilarejo de Kalávryta, em 1943. Segundo motivo é relativo
à presença no elenco do grande ator sueco Max Von Sydow neste que foi seu
último filme de uma longa carreira vitoriosa. Ele faleceu pouco depois do término das
filmagens. “Ecos do Passado” é filmado em flashbacks, contando com grande
realismo o que aconteceu no pequeno vilarejo grego. Em retaliação à morte de
soldados nazistas, o comandante do exército alemão que ocupava a Grécia ordenou
que a população local fosse totalmente dizimada. Ao final, centenas de pessoas
foram mortas. No tempo presente, o filme é centrado na advogada Caroline Martin
(Astrid Roos), que representa o governo alemão contra as reivindicações gregas
por indenização pelo massacre de Kalávrita. Caroline viaja à Grécia para
investigar o caso e encontra o único sobrevivente masculino daquela tragédia, o
escritor Nikolaos Andreou (Max Von Sydow). É o próprio Nikolaos que narra a
história, relembrando o que aconteceu. Caroline não tinha ideia das atrocidades
praticadas pelos soldados alemães e se emociona com o relato. Sob o ponto de vista histórico, o filme é
ótimo, pois revela um caso pouco conhecido pelo grande público. Trata-se de uma superprodução do cinema grego, considerado o filme mais caro dos últimos anos. Trocando em miúdos,
“Ecos do Passado” é obrigatório, poderoso e realista como poucos.
Imperdível!