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sábado, 14 de dezembro de 2024

“CIDADE DE ASFALTO” (“ASPHALT CITY”), 2023, Estados Unidos, 2h4m, em cartaz na Prime Vídeo, direção do cineasta francês Jean Stéphane Sauvaire (“Johnny Mad Dog”), seguindo roteiro assinado por Ben Mac Brown e Ryan King. A história toda é baseada no livro “Black Flies”, escrito em 2008 por Shannon Burke. Se você está infeliz no seu emprego e estressado é porque não assistiu a esse suspense, que mostra o trabalho dos paramédicos – socorristas, aqui no Brasil – em Nova Iorque. O personagem central é o jovem Ollie Cross (Tye Sheriden), que ingressa no grupo de paramédicos enquanto se prepara para tentar o seu grande sonho, a faculdade de medicina. Novato no trabalho, ele é escalado para o turno da noite/madrugada, e como parceiro conta com o experiente Gene Rutkovsky (Sean Penn), que será o seu tutor por um bom tempo. O trabalho não é fácil, principalmente quando são chamados para atender emergências em bairros perigosos, como é o caso de Brownsville, no Brooklyn. Aqui, a maioria dos atendimentos refere-se a feridos em confronto de gangues, vítimas de overdose e outras ocorrências que nem sempre terminam bem. A rotina estressante é apresentada no filme de forma bastante realista, fazendo com que o espectador se sinta participante das cenas. Também participam do elenco Michael Pitt (sempre em papéis de personagens desagradáveis), Kali Reis, Raquel Nave, Katherine Waterston e Mike Tyson. Isso mesmo, o grande lutador de boxe, que no filme desempenha o papel de chefe da equipe de paramédicos. E olha que ele trabalhou direitinho. A primeira exibição de “Cidade de Asfalto” aconteceu no Festival de Cannes 2023, mas a recepção por parte dos críticos e do público não foi muito satisfatória. Eu gostei e recomendo.     

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

 

“TRÊS MULHERES – UMA ESPERANÇA” (“LOST TRANSPORT”), em cartaz na Prime Vídeo, 2022, coprodução Holanda/Luxemburgo/Alemanha, 1h45m, roteiro e direção de Saskia Diesing, cineasta alemã radicada na Holanda. A história, baseada em fatos reais, é ambientada na primavera de 1945, nos estertores da Segunda Guerra Mundial. Como último esforço de guerra, os nazistas tentaram transportar judeus da Bélgica, Holanda e Polônia aprisionados no campo de concentração da Baixa Saxônia para o interior da Alemanha. O objetivo era utilizar esses prisioneiros como moeda de troca por soldados alemães presos pelo exército russo. No total, foram três comboios, mas um deles não chegou ao seu destino, sendo abandonado perto do vilarejo de Tröbitz. Ao mesmo tempo, tropas do exército russo chegavam à região tentando organizar o problema, ou seja, garantir a sobrevivência dos judeus libertados do comboio. A população alemã de Tröbitz foi obrigada a acolher e alimentar os antigos prisioneiros em suas próprias casas. É nesse momento que uma improvável amizade acontece entre três mulheres: a alemã Winnie (Anna Bachmann), a oficial russa Vera (Eugénie Anselin) e a judia holandesa Simone (Hanna Van Vliet). Winnie mora na casa em que se hospedam a judia e a oficial russa. É justamente a relação entre essas mulheres que o roteiro coloca como fio condutor da história. Embora o filme, falado em holandês, alemão e russo, adote um tom dramático de novelão, vale a pena assisti-lo não só pelo fato histórico relatado e pouco conhecido por aqui, mas também pela primorosa ambientação de época.         

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024


“A INFORMANTE” (“WINNER”), 2024, coprodução Canadá/EUA, 1h52m, em cartaz na HBO Max, direção de Susanna Fogel, que também assina o roteiro juntamente com Kerry Howley. Grata surpresa este drama baseado em fatos reais. Depois de ter sido militar na Força Aérea dos Estados Unidos, a jovem Reality Winner (Emilia Jones, ótima) foi trabalhar como analista no Serviço de Inteligência da Agência de Segurança Nacional. Em 1916 ela foi acusada de vazar informações sobre a interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas naquele ano, sendo presa pelo crime de traição à pátria. Quem conviveu com a família da moça certamente adivinhou esse desfecho, pois Reality, a exemplo do pai Ron (Zach Galifianakis), cresceu como ativista e defensora do meio ambiente, dos direitos humanos, da justiça social e da democracia. Ou seja, uma mulher politicamente correta. Também estão no elenco Connie Britton, Danny Ramirez e Kathryn Newton. O roteiro não deixou o filme descambar para um drama, pois adotou um tom mais leve e bem humorado, diluindo a gravidade dos eventos retratados, tornando o filme mais acessível e menos impactante. Talvez este seja o único defeito do filme, já que a história merecia um tratamento mais sério como drama político. De qualquer forma, “A Informante” consegue captar a atenção do espectador do começo ao fim. Não perca.   

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

 

“ECOS DO PASSADO” (“KALÁVRYTA 1943”), 2021, Grécia, 1h39m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Nicholas Dimitropoulos, que também assina o roteiro com Dimitrios Katsantonis. Dois motivos especiais me motivaram a assistir a este filme grego. Primeiro, o fato histórico retratado, baseado em fatos reais, ou seja, o massacre, por parte dos soldados nazistas, contra a população do vilarejo de Kalávryta, em 1943. Segundo motivo é relativo à presença no elenco do grande ator sueco Max Von Sydow neste que foi seu último filme de uma longa carreira vitoriosa. Ele faleceu pouco depois do término das filmagens. “Ecos do Passado” é filmado em flashbacks, contando com grande realismo o que aconteceu no pequeno vilarejo grego. Em retaliação à morte de soldados nazistas, o comandante do exército alemão que ocupava a Grécia ordenou que a população local fosse totalmente dizimada. Ao final, centenas de pessoas foram mortas. No tempo presente, o filme é centrado na advogada Caroline Martin (Astrid Roos), que representa o governo alemão contra as reivindicações gregas por indenização pelo massacre de Kalávrita. Caroline viaja à Grécia para investigar o caso e encontra o único sobrevivente masculino daquela tragédia, o escritor Nikolaos Andreou (Max Von Sydow). É o próprio Nikolaos que narra a história, relembrando o que aconteceu. Caroline não tinha ideia das atrocidades praticadas pelos soldados alemães e se emociona com o relato. Sob o ponto de vista histórico, o filme é ótimo, pois revela um caso pouco conhecido pelo grande público. Trata-se de uma superprodução do cinema grego, considerado o filme mais caro dos últimos anos. Trocando em miúdos, “Ecos do Passado” é obrigatório, poderoso e realista como poucos. Imperdível!