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terça-feira, 26 de novembro de 2024

“TRANSMITZVAH”, 2024, Argentina, 1h42m, em cartaz na Netflix, direção de Daniel Burman (“Ninho Vazio”, “O Décimo Homem”), que também assina o roteiro com Ariel Gurevich. Divulgado como uma comédia, longe disso, “Transmitzvah” é um drama com muita música que tem como pano de fundo a tradição judaica. Se tivesse partido para a comédia, o filme certamente seria muito melhor e não tão decepcionante. Começa o filme e temos uma família de judeus ortodoxos sentada para jantar e anunciar que o seu filho Rubén (Milo Burgess-Webb), de 12 anos, participará em breve do seu Bar Mitzvah, cerimônia de passagem para a vida adulta. Só que a passagem foi outra. Rubén anunciou que dali em diante seria Mumy, ou seja, uma menina. E, portanto, sem Bar Mitzvah. A história dá um salto de vinte anos e agora Mumy é a cantora trans Mumy Singer (Penélope Guerrero, de “Sky Rojo”, “Nacho” e “Vestidas de Azul”), que faz enorme sucesso pelo mundo afora cantando músicas pop em iídiche, língua falada pelos judeus no mundo inteiro. Ao retornar à Argentina - ela estava morando na Itália -, para  fazer shows e rever os pais e o irmão mais velho Eduardo (Juan Minujín, de “Golpe Duplo” e “Dois Papas”), Mumy resolve procurar um rabino que concorde em fazer o seu Bar Mitzvah. No fim, os irmãos viajam para a Espanha em busca de um guru - e aí o filme descamba realmente para o desastre. Recheado de números musicais e coreografias com bailarinos – o que me fez lembrar dos filmes indianos que abusam daquelas irritantes danças coletivas – e uma história um tanto mirabolante e pouco convidativa, “Transmitzvah” se arrasta em ritmo lento, o que faz com que a 1h42m pareça muito mais. O consagrado diretor Daniel Borman desta vez pisou em la pelota.                        

domingo, 24 de novembro de 2024

 

“VENCER OU MORRER” (“VENCER O MORIR”), 2024, Chile, minissérie baseada em fatos reais de 8 episódios em cartaz na Prime Vídeo, direção de Rodrigo Sepúlveda e Gabriel Díaz, com roteiro de Josefina Fernández, Mauricio Dupuis e Francesca Bernardi. Dez anos após o golpe militar desfechado contra o presidente Salvador Allende, um grupo de jovens resolve fundar a Frente Patriótico Manuel Rodríguez (FPMR) para lutar contra a ditadura do General Augusto Pinochet. A FPMR atuava sob a orientação do partido comunista chileno, que indicava os atentados que deveriam ser efetuados contra a ditadura, mas o planejamento e a execução eram de responsabilidade dos jovens. A minissérie destaca a atuação no grupo guerrilheiro da professora de sociologia Cecília Magni Camino (a ótima Mariana Di Girolamo), que ingressou na FPMR como soldado e logo atingiu o posto de comandante, sob o pseudônimo de Tamara. Acima dela estava o comandante Rodrigo (o ator uruguaio Nicolás Furtado), guerrilheiro mais experiente por ter lutado pela causa comunista em outros países. O grupo terrorista era perseguido pelos agentes da Central Nacional de Informações (CNI), comandados pelo violento comissário Bareta (Gabriel Urzúa). Depois de vários atentados, incluindo o sequestro de um general de alta patente, o FPMR resolveu planejar o assassinato do próprio Pinochet. Quem conhece um pouco essa história saberá o seu final, mas deixo a surpresa para quem não conhece. Não tenho dúvida em apontar a minissérie chilena como uma das melhores do ano, bastante movimentada, roteiro bem elaborado e uma primorosa ambientação de época, na qual se destacam os cenários, os figurinos e a trilha sonora. “Vencer ou Morrer” – o grito de guerra da FPMR – é um registro histórico da melhor qualidade. Imperdível!