“RIPHAGEN”, 2016,
Holanda, disponível na plataforma Netflix, 2h11m, direção de Pieter Kuijpers,
com roteiro de Paul Jan Nelissen e Thomas van der Ree. O filme é baseado em
fatos reais ocorridos na Holanda durante a 2ª Guerra Mundial. Bernardus Andries
Riphagen (Jeroen van Konings Brugge) foi um grande colaborador dos nazistas
invasores, denunciando pelo menos 200 judeus , principalmente em Amsterdam. Antes, porém, chantageava as vítimas, sequestrando os seus pertences – dinheiro, joias,
objetos de arte e até imóveis. Ele prometia às famílias judias que assim que a
guerra terminasse devolveria tudo aos proprietários. Em seguida, porém, dava os
endereços de suas vítimas aos nazistas, que as enviavam para os campos de
concentração na Polônia. Quando a guerra acabou, Riphagen foi considerado traidor
e maior criminoso de guerra da Holanda. Para não ser preso, conseguiu fugir para a Espanha e
depois para a Argentina, onde fez amizade com Juan e Evita Peron, que conseguiram
evitar sua extradição para a Holanda. O filme conta toda a essa história e
ainda revela os bastidores da vida de Riphagen, como seu casamento com Greetje
(Lisa Zeerman), sua ligação com os alemães e como chantageava suas vítimas. Enfim,
Riphagen foi um verdadeiro monstro. O filme é excelente e o elenco é ótimo (atuam também Kay Greidanus, Anna Raadsveld e Sigrid Ten Napel), além
de uma primorosa reconstituição de época, destacando-se os cenários e figurinos.
Filmaço!
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sábado, 30 de maio de 2020
sexta-feira, 29 de maio de 2020

quinta-feira, 28 de maio de 2020
“A MULHER MAIS ODIADA DOS ESTADOS
UNIDOS” (“THE MOST HATED WOMAN IN AMERICA”), 2017, Estados Unidos,
1h31m – está no catálogo da Netflix. O roteiro e a direção são assinados por
Tommy O’Haver. Trata-se do filme biográfico de Madalyn Murray O’Hair, uma dona
de casa que nos anos 60 do século passado conseguiu que a Suprema Corte dos EUA
derrubasse a obrigatoriedade da leitura da Bíblia nas escolas públicas. Madalyn
defendia sua causa afirmando que “A religião é uma questão privada e só deveria
ser celebrada dentro de casa ou das igrejas”. Madalyn também questionou a
realização de cerimônias religiosas semanais na Casa Branca e contestou a
inclusão da frase “In God We Trust” (“Em Deus Nós Confiamos”) nas moedas e notas
de dólar. Não bastasse tudo isso, ainda conseguiu que a Constituição do Estado
do Texas eliminasse a exigência de acreditar em Deus para os candidatos a
cargos públicos. Além disso, ainda participava de debates com padres e pastores,
transmitidos pela TV, durante os quais falava um monte de palavrões, ofendia
Deus, o Papa e os santos, como também rasgava as Bíblias que estivessem ao seu
alcance. Imaginem a repercussão negativa que isso causou num país onde 70% da
população segue a religião cristã. Tanto é que, em 1964, ganhou capa na famosa
revista Life com o título “The Most Hated Woman in America” ao lado de sua
foto. Ao mesmo tempo, fundou a associação “Ateístas da América”, que durante
muitos anos arrecadou tantas doações que Madalyn ficou milionária, o que seria
motivo para o seu fim trágico, em 1995, quando foi sequestrada, juntamente com
seu filho e neta. O filme conta isso e mais um pouco, como as maracutaias
de Madalyn (Melissa Leo) para ganhar dinheiro e enganar o fisco. Ela chegou até
mesmo a encenar uma farsa com um pastor da igreja cristã – papel vivido por
Peter Fonda num de seus últimos filmes antes de morrer, em 2019 – para lucrar
ainda mais. Além de Melissa Leo e Peter Fonda, estão no elenco Juno Temple,
Adam Scott, Josh Lucas e Machel Chernus. Mas quem carrega o filme nas costas é
mesmo Melissa Leo, atriz norte-americana de 59 anos que já tem um Oscar de
Melhor Atriz Coadjuvante por “The Fighter” (2011). “A Mulher mais Odiada dos
Estados Unidos” é muito bom, tem um roteiro bem elaborado e atuações bastante
competentes.
quarta-feira, 27 de maio de 2020
“CONSPIRAÇÃO TERRORISTA” (“UNLOCKED”), 2017,
Inglaterra, produção Netflix, 1h43m, direção de Michael Apted (“Tudo por um
Sonho”), seguindo roteiro assinado por Peter O’Brien. O elenco é de primeira: Noomi
Rapace, John Malkovich, Michael Douglas, Toni Collette e Orlando Bloom. Mas o
filme nem tanto. Não que seja ruim. Como filme de ação até que funciona.
Trata-se de um thriller de espionagem centrado na ex-agente da CIA Alice
Racine (Rapace), especialista em interrogar suspeitos de terrorismo, mas que
agora trabalha numa Ong dedicada a atender refugiados que chegam à Europa. Quando
ela recebe o convite de seu antigo chefe na CIA, requisitando-a para ajudá-lo a
interrogar um árabe suspeito de planejar um futuro atentado com armas químicas em Londres, Alice acabará se
envolvendo num emaranhado de situações de perigo, envolvendo agentes de organizações governamentais como a
CIA, M15 e M16, estes dois últimos pertencentes ao serviço secreto da
Inglaterra. E dá-lhe tiros, pancadarias, perseguições e muita ação. A atriz
sueca Noomi Rapace, revelada nos filmes da Série Millennium (o primeiro foi “Os
Homens que não Gostavam de Mulheres"), dá conta do recado com muita competência. Ela é boa de briga e
não usa dublê para as cenas mais perigosas, tanto que quebrou o nariz durante
as filmagens. Rapace também é boa de língua: fala nada menos do que seis,
contando o sueco nativo - islandês, norueguês, dinamarquês, inglês e francês. Além
de boa atriz, Rapace também é bonita e muito simpática, conforme pude constatar
numa de suas entrevistas à televisão inglesa. Resumo da ópera: apesar de alguns
defeitos de roteiro e situações inverossímeis, “Conspiração Terrorista” é um
ótimo entretenimento.
terça-feira, 26 de maio de 2020

Atenção, colegas e amigos cinéfilos, críticos e estudantes de cinema e amantes da Sétima Arte em geral. Não dá para perder “FILMANDO CASABLANCA” (“CURTIZ”), 2018, Hungria, 1h38m, produção Netflix (estreou dia 20 de março de 2020), direção de Tamás Yvan Topolánszky, que também assina o roteiro juntamente com Zsuzsanna Bak e Ward Parry. O filme é todo centrado no consagrado diretor húngaro Michael Curtiz (1886-1962), responsável por “Casablanca”, talvez o filme mais elogiado e badalado do século 20. Falado em inglês e húngaro e ambientado nos primeiros meses de 1942, “Filmando Casablanca” acompanha os bastidores das filmagens do clássico norte-americano, mas o foco central é sempre Curtiz, apresentado como um homem arrogante, autoritário (humilhava aos berros o pessoal da sua equipe, atores e figurantes) e mulherengo ao extremo, mas um gênio da Sétima Arte. Todo em preto e branco, com uma fotografia exuberante de Zoltán Dévényi, o set das filmagens de “Filmando Casablanca” foi construído como uma verdadeira réplica do cenário original, criado nos estúdios da Warner Bros. O filme mostra o alto nível de estresse que tomou conta das filmagens, a começar pelas reuniões entre Jack L. Warner (Andrew Hefler), o produtor Hal B. Wallis (Scott Alexander Young)o chefão do estúdio, e Michael Curtiz, que contavam ainda com a presença do representante (censor) do governo norte-americano, Johnson (Declan Hannigan), que insistia toda hora em interferir no roteiro – as filmagens começaram logo após o ataque dos japoneses a Pearl Harbor, o que resultou na entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial. Johnson insistia para que o filme servisse como propaganda patriótica em tempos de guerra. Não bastasse isso, Curtiz teria de lidar com a visita inesperada de sua filha Kitty (Evelin Dobos), que não via há muitos anos. Outro fator que atormentava Curtiz eram os pedidos desesperados de sua irmã que tentava fugir da Hungria para não ser mandada para algum campo de concentração (a família de Curtiz era judia). Para aumentar ainda mais a alegria dos cinéfilos, o filme mostra ainda como as gravações foram feitas, as inesperadas mudanças no roteiro e o surpreendente detalhe sobre o avião ao fundo na cena final, construído de papelão sobre uma armação de madeira. Os atores que representam Humphrey Bogard e Ingrid Bergman aparecem sempre de relance, desfocados, uma maneira que o jovem diretor Topolánszky, de apenas 33 anos, encontrou para enfatizar que o astro do seu filme é o diretor Michael Curtiz. Enfim, um filme delicioso que os amantes de cinema terão - como eu tive - o privilégio de saborear. IMPERDÍVEL com letra maiúscula!
domingo, 24 de maio de 2020
