“EL REINO”, 2018,
Espanha, 2h12m, roteiro e direção de Rodrigo Sorogoyen (“Que Dios nos Perdone”).
Um filme poderoso e impactante, onde os bastidores sujos da política – corrupção,
traições, negociatas etc. – são expostos de forma crua e impiedosa. A história
é inspirada num dos mais famosos esquemas de corrupção da Espanha, o “Caso Gürtel”,
descoberto em novembro de 2007 e que levou gente graúda do Partido Popular (PP)
para a cadeia. No filme, o personagem principal é Manuel López-Vidal (Antonio
de la Torre, ótimo), vice-secretário de um governo regional que está sendo cotado para
ser candidato de seu partido a um alto cargo no governo espanhol. A turma partidária
de Manuel inclui políticos importantes (é nesse grupo que se baseou o título
original do filme). São os chamados “caciques” do partido. Eles se reúnem constantemente
em restaurantes e hotéis luxuosos e até no iate de um deles, além de festinhas
tipo Sérgio Cabral e quadrilha em Paris. O objetivo dessas reuniões é o de
sempre: festejar alguma maracutaia bem-sucedida, derrubar algum inimigo (ou até
um amigo) político e planejar o próximo golpe. Enfim, gente da pior qualidade e
sempre com a pior das intenções (lembram políticos de algum país que você conhece?).
Até que um dia Paco (Nacho Fresnada), um dos políticos da turma de Manuel,
acaba denunciado e preso acusado de conceder contratos públicos a empresas em
troca de dinheiro. As acusações recaem também sobre Manuel, que, ao ver sua
carreira política praticamente arruinada, decide que não vai “cair” sozinho. O elenco
conta ainda com Bárbara Lennie (excelente), Josep Maria Pou, Mónica López, Luis
Zahera e Ana Wagener. “El Reino” foi o grande vencedor do 33º Prêmio Goya de
Cinema (o Oscar espanhol), recebendo nada menos do que 13 indicações. Ganhou em
sete categorias, entre as quais Melhor Diretor, Melhor Ator (Antonio de La
Torre) e Melhor Roteiro Original. Também arrancou elogios entusiasmados quando
foi exibido no 66º Festival de San Sebastian e ainda na Seção “Contemporany
World Cinema” do Toronto International Film Festival/2018. Sem dúvida, um
grande filme. Imperdível!
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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019
terça-feira, 17 de dezembro de 2019
PÂNICO NAS ALTURAS (“OTRYV”), 2019,
Rússia, 1h25m, direção de Tigran Sakakyan, que também é autor do roteiro com a
colaboração de Denis Kosyakov e Alexandr Nazarov. É o primeiro longa-metragem
do cineasta russo Tigran. Uma boa estreia, aliás, pois realizou um suspense de
tirar o fôlego. Na noite de Ano Novo, cinco amigos resolver alugar um
teleférico para subir numa montanha dos Montes Urais e de lá descer até a base de
snowboarding. Programa de maluco, enfrentar um frio de muitos graus
abaixo de zero (a cordilheira é uma das mais frias do mundo), tempestades etc.
No meio do caminho, quando estão bem lá no alto, lá embaixo, na sala de
controle, o maquinista sofre um grave acidente, provocando a parada do
equipamento. Ou seja, o teleférico ficou ao sabor do vento, deixando os amigos
apavorados. O filme relata o sofrimento desse pessoal até o desfecho. A gente
acompanha tudo na maior aflição, num alto nível de tensão e suspense, pois a
cada minuto acontece algo para piorar ainda mais a situação. A gente fica com a
impressão de que apenas nós, os espectadores, sobreviveremos. No elenco – para mim, de ilustres
desconhecidos - estão Irina Antonenko (uma atriz russa lindíssima), Anastasiya
Grachyova, Vladimir Gusev, Denis Kostakov (também um dos roteiristas) e Andrey
Nazimov. Um bom programa para quem gosta de sofrer curtindo o sofrimento dos
outros.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

domingo, 15 de dezembro de 2019
